Para não dever MAIS uma análise (como no caso da Piper que ainda posto
), vou fazer uma do meu ponto de vista frente a discussão neste tópico.
Como toda a religião, temos uma doutrina (os princípios que deveriam ser básicos, os preceitos) e a prática (o que é realizado pelos fiés frente à sua religião, a liturgia, a interpretação aplicada do crente, o senso/consenso dos praticantes daquela corrente específica).
A doutrina é passível de uma leitura e uma análise, pode ser criticada, e, tirando alguns aspectos como propostas éticas, por exemplo, pode ter inclusive suas afirmações reputadas como mentira.
A doutrinaPara quem como eu que espera que seres iluminados digam mais do que obviedades mas coisas iluminadas (estou esperando o dia que isso vai acontecer), a doutrina decepciona e não diz mais nem menos que todas as outras. Tem seres iluminados, santos que atingem atributos <a href="
../forum/topic=16822.0.html#msg338764" target="_blank">super-humanos[/url] através do seguimento do caminho proposto, propõe um paraíso, o fim do ciclo de sofrimentos, renascimentos, etc..
Existe também aquele velho truque religioso que define o nosso mundo como em estado de desgraça, sofrimento, etc.. Algo como [conhecimento científico] é "dirigida exclusivamente para satisfazer interesses egoístas", que "o mundo parece estar repleto de conflito e sofrimento" <a href="
http://www.dantas.com/budismo/origem_dependente_1.htm" target="_blank">(fonte)[/url]
O código ético proposto é óbvio e bastante restrito. Como outras religiões, cria um paradigma difícil de ser seguido. A consequência para quem consegue seguí-lo basicamente é ter atributos super-humanos e encontrar o Nirvana. Deixo para outra oportunidade o detalhamento do porque considero contraproducente esses paradigmas restritos, mas citei algo <a href="
../forum/topic=16822.100.html#msg339690" target="_blank">Aqui[/url] e <a href="
../forum/topic=16822.100.html#msg339699" target="_blank">Aqui[/url]
Tirando o código de ética, citado acima, de uma maneira geral, podemos classificar as outras afirmações como besteira. E o interessante é que existe um reconhecimento tácito de que é besteira, já que os budistas insistem em se distanciar/"tirar o foco" da importância da doutrina, basicamente ao afirmar que ninguém prega os atributos super-humanos, ou que nem se toca no assunto do nirvana, por exemplo. Ou seja, tiram sua importância/foco com o velho argumento da alegoria, ou dando a ela um senso estético para a prática, ou taxando-na de complexa em um apelo a ignorância do tipo "quem sou eu para falar do Nirvana".
Mas de uma maneira geral, há a recusa de se debater a doutrina, basicamente porque seria algo como debater o livro cristão, não há muita solução no contexto da lógica e ceticismo.
Existe também uma profusão de textos de cunhos reflexivo. <a href="
../forum/topic=16822.100.html#msg339647" target="_blank">uma crítica aqui[/url]
"Verdadeiramente, bhikkhu, um nobre discípulo que é hábil e que compreendeu por ele mesmo, independente da fé em outros, que ‘Quando existe isso, aquilo existe; com o surgimento disso, aquilo surge..."
ou
"Quem vê a origem dependente vê o Dhamma; quem vê o Dhamma vê a origem dependente"
ou
"Vejam, da ignorância como requisito necessário surgem as fabricações"
ou
"Porém, esta geração se delicia com a adesão, está excitada com a adesão, desfruta da adesão. Para uma geração que se delicia com a adesão, excitada pela adesão, desfrutando da adesão, esta verdade, isto é, a condicionalidade isto/aquilo e a origem dependente são difíceis de serem vistas. E também, é difícil de ver esta verdade, isto é, o silenciar de todas as formações, o abandono de todos apegos, o fim do desejo, desapego, cessação, Nibbana. Se eu fosse ensinar o Dhamma, os outros não me entenderiam e isso seria fatigante, enervante"
Basicamente são afirmações que geram reflexão para quem está no contexto da crença, falam e nada propõe. O Budismo está repleto disso, e por isso não vejo que a doutrina pode trazer algo de diferente de outras religiões ou relevante.
A práticaUm fator que entendi que diferencia o budismo é o desapego a doutrina. O que de uma maneira geral, é bem compreensível porque conforme descrito acima, ela está repleta de afirmações que nada afirmam.
Talvez dentro daquele velho gerador de evidências anedóticas, aqueles processos que tiram o oxigênio do cérebro como o prolongado oooooommmm do Budismo, elas façam sentido.
Mas é interessante que de uma maneira geral, existe liberdade para qualquer um definir o que é o budismo, conforme:
O Budismo aceita melhor que a única alternativa a ser o que no meio cético chamamos por vezes de "ovelhas" é, de fato, fazer cada um de nós nossa própria religião a partir do que encontramos pronto no meio.
De fato, penso eu que essa <a href="../forum/topic=16822.100.html#msg339732" target="_blank">[fazer uma religião a partir do budismo][/url] é uma obrigação de todo religioso. Ninguém deveria se conformar em simplesmente repetir o que leu ou ouviu, muito menos se considerar religioso por isso...
entre [] é texto meu
Nesse sentido, é interessante entender porque então temos que seguir algo, e não simplesmente criar. Claro, temos a questão de partir de algo já feito e que é tido pelo crente como muito bom, mas então gostaria de ter visto mais determinação em defender a doutrina.
Outro ponto: Essa liberdade, tem dois lados, ela cria o bônus de não se ter que seguir coisas sem sentido mas por outro o ônus de se poder ter qualquer sentido à religião. Por isso, temos a afirmação clássica:
<a href="../forum/topic=16822.100.html#msg339717" target="_blank">Alguns grupos realmente viajam na maionese a partir desses trechos. Os instrutores e grupos sérios dificilmente o fazem.[/url]
Esta afirmação é sintomática também. E basicamente, os membros de uma corrente julgam sua corrente como séria e não a do outro, porque o outro segue a doutrina como escrita. Neste caso, que tal simplesmente abandonar a religião?
Para finalizar, eu sei que a religião causa bem estar para algumas pessoas. Eu entendo que o budismo pode causar algum bem estar e não tem o incômodo de gerar o stress de expulsar o satanás, mas entendo que se pode obter resultados melhores com uma postura secular e racional.