A ciência espírita não considera a matéria como objeto de seus estudos embora teça considerações sobre o que, não ocasião, se denominava Fluido Cósmico e que hoje identificamos como matéria escura. O conceito sobre ambos é idêntico afora a nomenclatura. Não digo isto para afirmar que o Espiritismo seja Ciência como a nossa, tradicional, mas é também uma ciência quanto ao método de observação investigativa e assim lidou com os fatos que lhe diziam respeito.
Mas a semelhança para por aí.
Imaginem os senhores, por um instante, que a dimensão contígua à nossa, a espiritual, fosse uma realidade.
Quantas hipóteses, teorias e pesquisas não estariam a excitar nossa mente. Isto acontecia com os adeptos, na época de Kardec e, conveniente seria, da parte dos espíritos encarregados da formulação da nova doutrina filosófica/religiosa, apresentar, com os recursos da mediunidade, fatos que pudessem ser investigados e constatados.
É importante lembrar que a importância da DE não está nos fenômenos que, a despeito do ceticismo generalizado da parte dos religiosos da época, ocorriam com relativa frequência. Tudo lhes era propício e necessário.
Aqui é curioso notar que grande parte da classe científica da época aderia com entusiasmo e espontaneidade às assertivas espíritas.
Todavia, a grande e talvez a maior importância da DE estaria na consolação e na esperança que trazia aos infortunados, ricos ou pobres, sábios ou simplórios, pois a todos a dor visita, indistintamente.
A lógica contida em seus ensinamentos contrariava o dogmatismo corrente e arregimentava simpatizantes aos milhares, em todos os rincões da Terra. Neste particular a Revue, que era publicada e distribuída mundo a fora produzia um considerável volume de correspondência, e por isto, infatigável trabalho aos responsáveis. Pela urgência das respostas, todas por carta, a supervisão sobre o conteúdo era escasso e cobraria seu preço, até aos dias de hoje.
Então, como disse anteriormente, supondo-se verdade o que a DE propunha, o campo para pequisas e hipóteses seria vastíssimo.
Esta é a ciência a que a DE se refere.
E é por isto que exigir provas materiais, nos dias de hoje raríssimas, é inconsistente, pois a DE labora no terreno da razão e da lógica, não da fé, e não da física.
Até hoje a origem e o entendimento de algumas poucas respostas oferecidas, mediunicamente, permanecem incertos, por razões culturais e de época.
Embora alguns teimem em negar, a DE se espalha lenta e gradualmente, mas de forma irreversível pois oferece ao homem o que ele, inconscientemente, mais procura: um sentido para sua vida, para todas as coisas maravilhosas ou corriqueiras, ainda incompreendidas em toda a sua extensão.
A Epistemologia espírita é excitante e desafiadora, mas é necessário nos desvestirmos dos preconceitos e ampliarmos os horizontes da mente, não para o que já sabemos, mas para a imensidão do que ainda desconhecemos.
O futuro do homem cerca-se de melhor expectativa hoje, pois ele se esforça por consolidar o respeito a si próprio e sua dignidade. Olha com certa compaixão para os que, emocionalmente imaturos e irreverentes, se desesperam ante as incertezas e o medo daquilo que desconhecem.
É o que o Espiritismo oferece, sem pedir um tostão em troca.
Vamos pensar?