Após 10 mil anos... hahaahahaha. Desculpem a demora.
Ja leu alguma coisa do Saussurre, Eremita?
Não li. Mas acendi uma vela pro Google e ele me disse que foi o cara que deu o pontapé inicial na hipótese laringeal (que diz que o proto-indo-europeu, língua mãe de latim, grego, eslavônio e mais uma porrada de idiomas, usaria três consoantes do fundo da garganta).
Valeu pela dica... vou ver se acho algum livro dele!
Eremita,
Isto é coisa da sua praia:
Como se pronuncia o famigerado "a" Hungaro? Seria como o primeiro "a" de cama?
Ou seria como o segundo "a", mais indistinto, mais fracamente pronunciado?
Lembro de ter visto que o simbolo IPA para o "a" em "cama" era um lambda maiusculo (um V invertido).
Porem, procurei o raio do lambda maiusculo em uma tabela de fonemas IPA e nao achei.
Percebi alguns problemas com o padrao IPA, porque que existem simbolos que cairam em desuso
e outros que nao tem carater oficial ainda.
Seria o caso do lambda? Vi este lambda na trascricao fonetica de "cama" num dicionario
Portugues-Alemao de bolso.
No mais acho bem util estudar um pouco dos fonemas e fonologia porque conhecendo os sons
existentes e os nao existentes em nossa lingua, temos uma melhor ideia de como pronuncia-los
corretamente (nem sempre é fácil imitar um falante nativo após ouvir uma gravação, principal-
mente quando pronunciam, de forma rapida, os sons inexistentes no portugues).
Por exemplo, achei algumas dicas uteis como estas a seguir:
Para pronunciar o "ü" alemao, posicione os labios como se fosse pronunciar um "u",
porem fale um "i".
Fica fácil perceber a diferenca no posicionamento se recitarmos o a-e-i-o-u e percebermos
como fazemos com o u em contraste com as demais vogais.
Tambem já achei dicas parecidas para o "ö" em "hören", o "ch" em "Ich", o "ch" em "Buch"
o "th" em "this" e o "th" em "then".
Deveria ter este tipo de dica para sons como o "a", o "Ty" e o "Gy" húngaros
Símbolos IPA: o "lambda" que você viu provavelmente é o
Λ. Não há no português: é o som do nosso "ó" com a boca "achatada" como no "é". O som de "a" de c
ama é representado por um
ɐ. Ao que me parece, não caiu em desuso. O que ocorreu, provavelmente, é que o cara que montou o dicionário pegou o símbolo mais próximo disponível: 99% dos mapas de caracteres têm letras gregas, mas um "a invertido" não é tão comum.
Esse tipo de gambiarra é comum, e útil. Imagine digitar num teclado esses símbolos IPA... não é muito legal
. Adapta-se qualquer coisa que tenha em mãos: já vi gente representando sh/s/th[surdo]/th[sonoro] por S/s/#/+, pra você ter idéia. Não vejo problemas nisso, é conveniente, e de acordo com o idioma, fica MAIS inteligível que o padrão, se for similar à ortografia.
[Em off, eu pessoalmente uso direto. Pra que vou procurar no mapa de caracteres por ɐ/ɔ/ɛ/ɲ/λ se posso usar â/ó/é/ñ/L ???]
Dê uma olhada nesse link:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/15/IPA_chart_2005.pngEssa tabela vale ouro! rsrsrsrs. São os símbolos IPA padrão. É bem explicadinha, e tem muuuuuita informação. Não vou postar aqui porque é gigantesca. Dê uma olhada no trapézio invertido, lá tem o esquema de pronúncia de vogais. É facinho de se orientar por ela, mas se quiser ajuda, só avise.
"A" húngaro: dei uma fuçada na internet pra procurar, já que idiomas fino-úgricos e alienígenas pra mim são a mesma coisa
. O húngaro diferencia vogal longa e curta; o "a longo" (á) é igual ao do português, mas um pouco mais longo. O "a curto" (a) é mais difícil de explicar, vou ver se consigo.
1)Pronuncie "ó", como no português.
2)Mantenha a abertura da boca como no "ó", mas ponha a língua LEVEMENTE para a frente, como se fosse pronunciar um "a".
3)Os lábios, ao que entendi, devem ficar levemente arredondados; algo entre a "redondeza" de quando você pronuncia "ó" (redonda) e "é" (não-redonda).
Na pior das hipóteses, pronuncie um "a" igual ao de p
alavra, que acho que dá pra entender sem problemas (e provavelmente era a pronúncia original).
Ty: esse complica pra explicar! rsrsrs
Vejamos... pronuncie "iá", e marque bem a posição da língua quando você pronuncia o "i".
Agora, pronuncie um "tch", como em
tchau ou em
tinta (dialeto brasileiro: se algum portuga estiver lendo, IGNORE O EXEMPLO!), mas com a língua aonde você pronunciou o "i" acima.
Se der certo, vai soar como um "tch" um pouco mais fraco.
Gy: se você conseguiu pronunciar o
ty, é a mesma coisa. Só que dessa vez, sonoro.
(Lembra a distinção s/z? Ou a t/d?)
Pronuncie "iá", mantenha a posição da língua no
i, pronuncie
dia (DIALETO BRASILEIRO!) com a língua naquela posição.
Como eu disse, parece coisa de alien
Como se pronuncia o famigerado "a" Hungaro? Seria como o primeiro "a" de cama?
Ou seria como o segundo "a", mais indistinto, mais fracamente pronunciado?
Eu sei que "nagy" se pronuncia "nódji". E é tudo o que eu sei.
Aliás: "nagy" = grande.
Há sites na Internet com a pronúncia das palavras em inglês. Talvez haja algum para o húngaro.
Próximo, mas não exaaaaaatamente correto. Acho que um falante nativo entenderia numa boa, mas o sotaque ficaria pesado. Vide acima.
Lembro de ter visto que o simbolo IPA para o "a" em "cama" era um lambda maiusculo (um V invertido).
Porem, procurei o raio do lambda maiusculo em uma tabela de fonemas IPA e nao achei.
Esse não é o som do u em inglês? Como em but, /bʌt/?
Para ouvir o som clique no link e no ícone do auto-falante depois.
http://dictionary.reference.com/browse/but
É próximo, só que o do inglês é um pouco mais centralizado, soa um pouco mais com o nosso â. Pra ser sincero, acho que nem daria pra distinguir o nosso "â", o "a" do húngaro e o "u" de but, no inglês.
Ah, outra coisa. Esse "ʌ" no inglês só existe no RP (Received Pronunciation, dialeto padrão da Inglaterra). No GA (General American, dialeto padrão estado-unidense), ele geralmente é substituído por "a" similar ao do português, se não me engano.
Gente, eu estava pesquisando sobre línguas artificiais auxiliares. Uma coisa que sempre me deixou cabreiro com elas é o fato de que, para uma língua pretensamente neutra criada com o intuito de não refletir dominância cultural, usar o alfabeto latino é fazer justamente o que queriam evitar. Mas eu encontrei três línguas auxiliares que não incidem nesta contradição:
Em compensação, são completamente artificiais e arbitrárias, por mais que tentem seguir uma lógica.
Talvez fosse melhor se pesquisar por que as línguas naturais são do jeito que são e daí tentar desenvolver uma língua artificial segundo esses padrões.
Línguas naturais que são arbitrárias.
Por exemplo, o prefixo "i(n)" geralmente significa "não" como em "imortal"="não-mortal". Mas em "infeliz" significa "triste" com uma conotação ainda mais negativa que esta última, sendo que "não-feliz" abarca tanto a tristeza quanto a apatia.
Arbitráriedades da linguagem natural se devem a razões históricas. Enquanto nas artificiais se devem a convenção.
Sendo assim, para que simular uma arbitrariedade histórica quando pode-se convencionar uma conveniente?
Na verdade, todo e qualquer idioma é um conjunto de símbolos arbitrários.
O que você pode fazer, no caso dos artificiais, são convenções sistemáticas e coerentes pra evitar casos como "in-mortal" vs. "in-feliz".
Ó, pra esse caso, o grego antigo é excelente exemplo. "In-" gera oposto, "an" gera ausência. Coisa que o Zamenhof não pensou quando criou o prefixo "mal-" do esperanto. Quando o latim pegou emprestadas algumas coisas do grego, parte da distinção entre os dois se perdeu. Mas ainda se mantém em "imoral" vs. "amoral".
[Em off: esse prefixo além de tudo, é mal usado pra cacete. "Morto-vivo", em esperanto, é "malmalviva"!]
Caramba... Realmente falta letra nesse mundo! Acho que afinal não foi uma idéia tão genial assim tantos povos tão diferentes adotarem o alfabeto latino.
O alfabeto latino tem um problema de junta. Junta tudo e joga fora.
Pro romanos, era excelente. Só que o latim tem uma fonologia relativamente simples, com 17 consoantes+5 vogais simples (mais 5 vogais longas e 2 semivogais, que podem ser ignoradas). Comparem com o húngaro: 25 consoantes+7 vogais simples (mais 7 longas). Ou com o inglês, que deve ter 40 e tantos fonemas. Ou com a neolatina mais conservadora, o português, que só de vogais tem 13 (dialeto brasileiro; no ibérico, sobe para 17).
Ainda se o pessoal reservasse uma ou duas letras só pra fazer dígrafos, houvesse algum consenso entre idiomas quanto a ortografias, e se largasse essa história de "ortografia etimológica" (quer etimologia? veja no dicionário!), dava até pra lidar. Mas as gambiarras foram surgindo (é, GAMBIARRAS), diferentes para cada idioma, numa época isolacionista (feudalismo) e ainda com um monte de manias de monges que nos atormentam até hoje e não servem para por...caria nenhuma (til e cedilha surgiram assim).
Ainda por cima, acho BIZARRO que os poloneses tenham trocado o cirílico... pelo latino! Sendo que o cirílico não tem "manias" como o latino (vide a confusão de c/k , g/j , existente em muuuuuitas neolatinas e no inglês) e exige muito menos diacríticos e dígrafos.
Só que...
Gente, eu estava pesquisando sobre línguas artificiais auxiliares. Uma coisa que sempre me deixou cabreiro com elas é o fato de que, para uma língua pretensamente neutra criada com o intuito de não refletir dominância cultural, usar o alfabeto latino é fazer justamente o que queriam evitar. Mas eu encontrei três línguas auxiliares que não incidem nesta contradição:
*Solresol
http://en.wikipedia.org/wiki/Solresol
http://www.omniglot.com/writing/solresol.htm
*Semantografia ou Blissymbolics
http://en.wikipedia.org/wiki/Blissymbolics
http://www.crockford.com/blissym/lesson1.pdf
http://www.blissymbolics.us/
*Ecolang
http://en.wikipedia.org/wiki/Energy_Systems_Language
http://www.youtube.com/profile_videos?user=leearnold
...talvez porque TODO teclado é capaz de digitar em alfabeto latino padrão, mesmo os idealizados para outros alfabetos:
http://www.russianstickers.com/images/stickers/russian_kbd.gif (teclado cirílico)
http://www.datacal.com/s_images/arabic-keyboard_l.jpg (teclado em abjad árabe)
http://macfannet.mycom.co.jp/special/special/images/000916ibook/000916ibook_keyboard.jpg (teclado japonês)
http://lh3.ggpht.com/_B7cZ_VSMPew/R1MU0nYVY7I/AAAAAAAAAQo/eXDBgwLNQjc/PB040306GreekKeyboard.JPG (teclado grego)
Se usa o alfabeto latino por ter "base de uso", e toda mudança obriga um custo.
No caso de conlangs, você pode
a)Usar o alfabeto latino. Que é de fácil acesso a qualquer canto do globo, mas é um dominante cultural.
b)Usar um alfabeto criado especialmente para o idioma. Não há dominância cultural nisso, mas em compensação, você tem que elaborar fontes especiais para o alfabeto, teclados especiais, etc.
c)Usar outro alfabeto já existente como padrão, o que junta desvantagens de (a) e (b).
[Nota mental:
EU NÃO QUERO USAR A DEIXA PRA RIDICULARIZAR A ORTOGRAFIA DO ESPERANTO. Nem o amor que os esperantistas têm por ela, a ponto de coibir toda e qualquer reforma. Mas ela é doentia
]
Solresol é interessante como exercício mental, mas não é muito aplicável. Cantar o idioma só funciona pra quem tem ouvido absoluto ("epa, ele falou SiSi ou DóDó?"). Mas eu gosto da idéia dele de associar letras com cores e sons.
Blissymbol tem o mesmo problema, ao que parece, de qualquer sistema de escrita com ideogramas: excesso de símbolos. O que significa maior tempo de aprendizado.
O
Ecolang talvez até funcione, mas é só para um campo restrito.
Acho que, neste caso, a coisa mais sensata a se fazer é deixar os falantes de uma língua auxiliar construída livres para escolherem usar o alfabeto/abjad que desejarem. Se a escrita for essencialmente fonêmica, meia dúzia de linhas de programação resolvem a conversão de um alfabeto pro outro.
Eu achava que sabia pronunciar aquele fonema representado por um ática, /æ/... Para mim pareceia um "é" bem aberto, mas vendo o guia de pronunciação da BBC ele definitivamente me pareceu idêntico ao nosso próprio "a", confiram.
Tudo bem que ela é britânica, mas nos dicionários eles representam as pronúncias americana e britânica do mesmo jeito, por exemplo, /bæd/, mesmo assim eu juro que me parece no inglês britânico se fala algo como "bad" e no americano como "béd". Eu estou ficando louco?
Não, não tá. A pronúncia é diferente mesmo. no GA (USA) se usa o æ um pouco mais fechado, e no RP (GB) se usa mais aberto.
Isso porque ainda é o RP, dialeto culto da Inglaterra. Se fosse o dialeto de algum subúrbio de Londres (Cockney), a coisa ficava quase não-inteligível ("ei, ele falou boy, buy ou bay?" "ele quis dizer three ou free?")