Fernando, quanto ao Japão, eu não sabia dessa. Parece interessante, você tem fontes?
Li isso num jornal há muitos anos. Pesquisando agora, encontrei algo menos radical:
A transmissão imperial, porém, foi diferente. Foi preciso que os comentaristas da rádio explicassem o significado das palavras de Hiroíto, por causa de sua linguagem formal e arcaica.
http://historia.abril.com.br/politica/hiroito-varias-faces-imperador-435982.shtml
O link ajudou um monte, mas fucei um pouco na net e achei mais info...
Diglossia. O idioma do imperador era uma versão um pouco mais antiga e com mais arcaísmos do idioma falado pelos comuns. Exemplos desse tipo são raros - normalmente, o falante da versão arcaica e de prestígio consegue se comunicar numa boa na linguagem plebéia da mesma região, e o faz. Só que um ser divino não ia fazer isso, hehe.
Aquele papo de que o romeno é a lingua mais proximo do latin porque dacios e tracios eram aparentados dos latinos é verdade?
Li algo a respeito, parece que Romenia é "pequena Roma" e os tracio e dacios mesmo eslavizados nao mudaram muito o jeito de falar
Dácios e trácios eram do bloco satem, e não do centum. Provavelmente eram mais aparentados dos eslavos e dos gregos que dos romanos¹. Vide
http://en.wikipedia.org/wiki/Dacian .
O nome Romênia tem a ver com Roma, mesmo; não sei o significado exato, mas se não me engano era uma alcunha que os eslavos davam à região - terra dos romanos. O pessoalzinho lá tinha orgulho em fazer parte do Império Romano, de um modo bem similar ao encontrado na Hispânia.
Pra saber qual língua é mais "próxima" ou mais "distante", é difícil... dá pra tentar ver qual língua teve menos influência estrangeira, qual teve menos mudanças vocálicas, qual conservou mais a gramática... entretanto, se eu fosse arriscar um palpite, seria algum idioma da Itália ou o próprio português. E não o romeno, que meu palpite seria como o idioma mais divergente dos neolatinos, devido à "área lingüística balcânica"² - vide
http://en.wikipedia.org/wiki/Balkan_sprachbund .
Romeno, búlgaro, grego, albaniano e mais outros tantos idiomas dos Bálcãs influíram pesadamente um no outro. Não só com empréstimos de palavras, mas de características gramaticais, também: eles têm quatro casos³ (o esperado para o romeno seria perder os casos, como no português), futuro analítico formado com o verbo "quer" (ex: "eu quero ir" no lugar de "eu irei"), uso do subjuntivo como um imperativo educado (pense em "você devia fazer..." com um leve tom de ordem
), entre outras.
Sem contar que a evolução do romeno foi tão "agressiva" como a do francês - mesmo o repertório vindo do latim se encontra bastante diferente.
1 - Normalmente, divide-se as línguas indo-européias em dois grupos, "satem" (iraniano para "cem") e "centum" (latim para "cem", pronunciado "kentum"). Tradicionalmente, diz-se que indo-europeu original tinha três tipos de consoantes dorsais: normais (
casa,
queijo), labializadas (o mais próximo no português é o <qu> em
quase) e palatizadas (difícil explicar, o mais próximo disso no português seria o verbo <guiar> com o < i > extremamente rápido, alterando a pronúncia do <gu>).
Nas línguas satem, as dorsais palatizadas tornaram-se fricativas como /s/ (
sal) ou /ŝ/ (
chave), e as dorsais labializadas fundiram-se com as dorsais comuns. Nas centum, quem se funde com as dorsais comuns são as palatizadas, enquanto as labializadas ou permanecem como no latim ou então viram outra coisa. Vide
http://en.wikipedia.org/wiki/Satem .
2 - Uma área lingüística ocorre quando diversos idiomas influem um no outro, mesmo não sendo parentes, a ponto de haverem características destes idiomas que não são compartilhadas pelos seus parentes mais próximos. Algumas conhecidas são a mesoamericana, do subcontinente indiano, do sudeste da Ásia e a dos Bálcãs já citada.
3 - Casos são marcações nas palavras indicando sua função na frase. O latim é um exemplo clássico: compare
ursus lupum uide (o urso vê o lobo) com
ursum lupus uide (o lobo vê o urso) - mesmo se mantendo a ordem das palavras, trocar as terminações muda quem vê o quê. O português ainda mantém resquícios dos casos do latim - compare
Eu sou o dono da bola contra
a bola é minha.