Autor Tópico: Lingüística  (Lida 69055 vezes)

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Offline Fernando Silva

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Re:Lingüística
« Resposta #451 Online: 11 de Fevereiro de 2016, 09:46:39 »
Tomemos como exemplo o som de S:

Além do próprio S ainda usam o C, o X e o Z com a mesma finalidade. E por causa desta complicação ainda tiveram que inventar o cedilha.
Havia motivos para isto, já que palavras como "coser" e "cozer" eram pronunciadas de maneira diferente (se não me engano, "cozer" soava "codzer").
Com o tempo, a pronúncia deixou de corresponder à ortografia.

O irlandês é um caso extremo: "trocentas" letras por escrito e um som simples na linguagem falada, sem nem mesmo uma regra que permita deduzir a pronúncia. Cada caso é um caso.

Offline Eremita

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Re:Lingüística
« Resposta #452 Online: 11 de Fevereiro de 2016, 16:08:30 »
O que se seque é um protesto e uma proposta.


Parabéns!
Criativo, bem-humorado, lógico, pragmático e objetivo.
Certamente, você será convidado a participar do grupo de trabalho do próximo Acordo Ortográfico.
Precisamos antes saber o potencial do candidato em comer bolachinha e tomar chá, qualidades imprescindíveis para qualquer um que queira eternizar-se como membro da ABL.

[proposta]
A proposta é divertida. Mas:
Citar
Passaríamos então a escrever ILIA, como em FAMÍLIA ( qual o problema? )
Muitos falantes distinguem entre o som de "LH" e o som de "L" precedendo "I".
Outra coisa: "ilha" pressupõe duas sílabas para todos os falantes; "ília" pressupõe três sílabas para alguns (í-li-a), duas para alguns (í-lia).

Citar
o som de NHÁ, NHÕ, etc, seria simplesmente abolido da língua falada
Mas isso é uma reforma ortográfica ou uma limpeza de fonemas considerados deselegantes por certos falantes? Se for assim, por favor, aproveitem e limpem o R velar da maioria dos dialetos - o trrrrrinado do espanhol soa melhor :P

Citar
L - Fica restrito ao som de L. Nas palavras onde ele é desviado para fazer som de U já existe pra isso o próprio U. É muito mais PREVIZIVIU que esta seja a ortografia desta palavra.
O /l/ de fim de sílaba pode soar como /w/ ("u"), /l/ (vide portugueses), ou mesmo /r/ (vide interior do Paraná, tem uns pessoar que fala assim). Pode ter som diferente do L em "lado", mas ainda é parte do mesmo fonema.

Tomemos como exemplo o som de S:

Além do próprio S ainda usam o C, o X e o Z com a mesma finalidade. E por causa desta complicação ainda tiveram que inventar o cedilha.
Havia motivos para isto, já que palavras como "coser" e "cozer" eram pronunciadas de maneira diferente (se não me engano, "cozer" soava "codzer").
Com o tempo, a pronúncia deixou de corresponder à ortografia.
Certíssimo... creio que essa mudança de /dz/ para /z/ ocorreu lá por 1400, mas a grafia se manteve.
E é disso também a diferença entre C/Ç e S - caçar = /katsar/, cassar = /kasar/.
[Se quiser procuro mais info, o processo foi bem complexo e também afetou o castelhano, mas de forma diferente.]
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Offline Eremita

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Re:Lingüística
« Resposta #453 Online: 11 de Fevereiro de 2016, 16:24:08 »
Só por diversão [não é uma proposta séria]: português com ortografia lembrando a polonesa.

Dor elegąte (Paulo Leminski)

Um omę cǫ uma dor
E muįto majs elegąte
Kamińa asį de lado
Kom' se szegądo atrazado
Szegase majs adiąte

Kahega o pezo da dor
Komo se portase medaljas
Uma koroa, um miljąu de dólares
Ou kojza ke os walja

Opjos, edęns, anałzsézikos
Nąu me tokę nesa dor
Ela e tudo o ke me sobra
Sofrer wai ser a mińa úłtima obra



O quanto disso é degeneração do latim, em relação ao português, versus acréscimos do português?
Fala da ortografia? É um monte de gambiarras feitas para lidar com sons que o latim não tinha, enquanto ainda mantendo a grafia latinizada (pois latim = prestígio).
« Última modificação: 11 de Fevereiro de 2016, 16:26:40 por Piast Grimani »
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Offline Eremita

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Re:Lingüística
« Resposta #454 Online: 15 de Fevereiro de 2016, 13:56:44 »
Como unificar a ortografia da LP em simples passos, sem escrotice, de modo justo e considerando a estrutura do idioma:
1. Fonemas que são pronunciados apenas dependendo do dialeto são marcados na escrita para todos. Ex: aspecto/aspeto, fato/facto > aspecto, facto
2. Usa-se o trema, pois /gw/ e /kw/ são diferentes de /g/ e /k/: lingüiça, aqüífero.
3. Usa-se acentos em ditongos abertos, para distinguir dos fechados: idéia feia, bóia boiando.
4. Antes de N ou M, somente usa-se acento agudo, nunca circunflexo: econômico, ânimo > económico, ánimo. [Nenhum dos dialetos faz distinção entre vogal oral aberta e fechada antes de N/M, nem entre vogal nasais]
5. Palavras não cobertas pelo acima (ex: berinjela/beringela) terão sua grafia decidida pela etimologia.
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Offline SnowRaptor

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Re:Lingüística
« Resposta #455 Online: 15 de Fevereiro de 2016, 17:12:45 »
4. Antes de N ou M, somente usa-se acento agudo, nunca circunflexo: econômico, ânimo > económico, ánimo. [Nenhum dos dialetos faz distinção entre vogal oral aberta e fechada antes de N/M, nem entre vogal nasais]

Não entendi isso.
Elton Carvalho

Antes de me apresentar sua teoria científica revolucionária, clique AQUI

“Na fase inicial do processo [...] o cientista trabalha através da
imaginação, assim como o artista. Somente depois, quando testes
críticos e experimentação entram em jogo, é que a ciência diverge da
arte.”

-- François Jacob, 1997

Offline Eremita

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Re:Lingüística
« Resposta #456 Online: 15 de Fevereiro de 2016, 18:39:27 »
Não entendi isso.
A última reforma deixou grafia dupla para palavras como tônico/tónico, econômico/económico, tênis/ténis. Fizeram-no para refletir uma diferença de pronúncia, já que a maioria dos dialetos sul-americanos pronuncia tais vogais como "ê" e "ô", e a maioria dos dialetos europeus como "é" e "ó".

Só que essa diferença é apenas de pronúncia, não mexe com os fonemas do idioma, que não diferencia entre vogais abertas (é, ó) e fechadas (ê, ô) antes de N ou M. Por isso, não é necessário manter a grafia dupla, basta escrever tudo com acento agudo (marca "padrão" da sílaba tônica/tónica) e pronto.

Já há até um precedente ortográfico em palavras como "também", cujo "é" é pronunciado fechado.
« Última modificação: 15 de Fevereiro de 2016, 18:45:51 por Piast Grimani »
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Lingüística
« Resposta #457 Online: 23 de Março de 2016, 18:44:18 »
"Estadunidense" é o único gentílico que em português (brasileiro?) se abre mão do hífen? Como em "rio-grandense". Teoricamente seria preferível "estado-unidense" em português. Isso reforça minha suspeita de que se trata de um espanholismo, tal como "EEUU" (sic).

Proponho que se adote também reinunidense, e, misturando com o português lusitano, onde usam "canadiano", poderíamos ainda usar estadunidiano e reinunidiano.

Surriograndense/surriograndiano/sulorriograndense/sulorriograndiano, em vez do termo racista/cultural-apropriacionista "gaúcho".



O quanto disso é degeneração do latim, em relação ao português, versus acréscimos do português?
Fala da ortografia? É um monte de gambiarras feitas para lidar com sons que o latim não tinha, enquanto ainda mantendo a grafia latinizada (pois latim = prestígio).

A dúvida é se o português preserva letras que o latim tinha, e o italiano perdeu, ou se o italiano manteve uma simplicidade original, enquanto houve acréscimos de letras ao português.

Offline Lakatos

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Re:Lingüística
« Resposta #458 Online: 23 de Março de 2016, 20:35:27 »
"Estadunidense" é o único gentílico que em português (brasileiro?) se abre mão do hífen?

Achei alguns outros:

San Tomé - santomense (também pode ser com hífen)
Belo Horizonte - belorizontino (idem)
Boca do Acre - bocacrense (sem hífen)
São Paulo de Olivença - paulivense (sem hífen)

Mas são raríssimos.

Offline Johnny Cash

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Re:Lingüística
« Resposta #459 Online: 23 de Março de 2016, 21:06:47 »
[...] português (brasileiro?)[...]

Talvez esse seja um dos político-corretismos que eu defenderia com algum gosto, a troca do nome do idioma falado no Brasil pra Brasileiro.

Offline Lakatos

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« Resposta #460 Online: 23 de Março de 2016, 21:45:12 »
[...] português (brasileiro?)[...]

Talvez esse seja um dos político-corretismos que eu defenderia com algum gosto, a troca do nome do idioma falado no Brasil pra Brasileiro.

Por quê? Fiquei curioso porque eu defendo "politico-corretismos" mais que a média aqui do fórum e esse em especial nunca cogitei.

Offline Buckaroo Banzai

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« Resposta #461 Online: 23 de Março de 2016, 23:38:25 »
Eu quis dizer "português brasileiro", foi uma elipse, indagando se seria algo mais típico daqui.

Falar em "português" e "brasileiro" como idiomas distintos não é políticòrretismo; é nacionalismo.

É apenas o primeiro passo para o posterior separatismo do Brasil, por cada sotaque. "Aqui não falamos o português brasileiro, mas o carioca/paulista/sulorriograndense (argentino?)/baiano/nordestino/caipira/mineiro."




("??????????" :histeria: )

Offline Johnny Cash

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Re:Lingüística
« Resposta #462 Online: 24 de Março de 2016, 08:51:54 »
[...] português (brasileiro?)[...]

Talvez esse seja um dos político-corretismos que eu defenderia com algum gosto, a troca do nome do idioma falado no Brasil pra Brasileiro.

Por quê? Fiquei curioso porque eu defendo "politico-corretismos" mais que a média aqui do fórum e esse em especial nunca cogitei.

Basicamente porque é meio constrangedor, toda vez no exterior, sobretudo nos EUA, ter que explicar pra alguém que nosso idioma não se chama Brazilian e sim Portuguese. A figura do colono ressurge na hora.
Eu acredito que seria um símbolo importante politicamente falando pra criação de algum senso de independência e de responsabilidade civil.

O problema de percepção certamente não se estende aos estadunidenses/canadenses/australianos que falam Inglês, já que notoriamente se emanciparam  e, daí, ser coisa de cunho politicamente correto por aqui.


Falar em "português" e "brasileiro" como idiomas distintos não é políticòrretismo; é nacionalismo.


Trata-se de proposta não-conservadora, sendo progressista (pró-mudança) e somente no sentido bobo de chamar uma coisa de outra, sem sustentação brava em “tecnicidades”, mas na maior parte em simbologia e "sensações"/"interpretações" pessoais.

Mesmo que seja pauta nacionalista, não deixa de ser politicorretismo, da mesma forma que muito da agenda feminista, do "movimento negro" e outros normalmente é considerado politicorretismo.

Esse lance dos sotaques, do mesmo jeito q já havia me expressado, acho uma grande bobeira e ufanismo brasileiro pra dizer “Ei, nós temos vários dialetos também!!”.

**Não consegui ver a imagem, em nenhum ambiente.
« Última modificação: 24 de Março de 2016, 09:20:33 por Johnny Cash »

Offline Pagão

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« Resposta #463 Online: 24 de Março de 2016, 11:31:53 »
"...ter que explicar pra alguém que nosso idioma não se chama Brazilian e sim Portuguese. A figura do colono ressurge na hora."... Por colono estamos a falar de todos aqueles que não são ameríndios... certo? o idioma "brasileiro" é o conjunto dos idiomas ameríndios... certo?...  :?

falar micaelense (Açores-Portugal)

falar carioca (Brasil)

Advinhem qual é que eu, como lisboeta, entendo melhor... O "brasileiro" de Rio ou o português da ilha de São Miguel... 8-)
« Última modificação: 24 de Março de 2016, 11:34:14 por Pagão »
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

Offline Johnny Cash

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Re:Lingüística
« Resposta #464 Online: 24 de Março de 2016, 11:58:10 »
"...ter que explicar pra alguém que nosso idioma não se chama Brazilian e sim Portuguese. A figura do colono ressurge na hora."... Por colono estamos a falar de todos aqueles que não são ameríndios... certo? o idioma "brasileiro" é o conjunto dos idiomas ameríndios... certo?...  :?

Posso ter usado a palavra "colono" num sentido ruim. Quis dizer colono enquanto "dominado pelo colonizador" ou "que habita colônia".

O idioma Brasileiro é o conjunto do que se fala hoje no Brasil.

falar micaelense (Açores-Portugal)

falar carioca (Brasil)

Advinhem qual é que eu, como lisboeta, entendo melhor... O "brasileiro" de Rio ou o português da ilha de São Miguel... 8-)

Estive recentemente em Lisboa, pela primeira vez, e achei impressionante o quão é fácil, na maioria das vezes, se comunicar. Esperava que fosse algo mais difícil.

Mas veja, novamente, o que eu defendo politicorretamente trata-se de política e símbolo mais do tecnicalidades.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Lingüística
« Resposta #465 Online: 24 de Março de 2016, 14:10:10 »
[...] português (brasileiro?)[...]

Talvez esse seja um dos político-corretismos que eu defenderia com algum gosto, a troca do nome do idioma falado no Brasil pra Brasileiro.

Por quê? Fiquei curioso porque eu defendo "politico-corretismos" mais que a média aqui do fórum e esse em especial nunca cogitei.

Basicamente porque é meio constrangedor, toda vez no exterior, sobretudo nos EUA, ter que explicar pra alguém que nosso idioma não se chama Brazilian e sim Portuguese. A figura do colono ressurge na hora.
Eu acredito que seria um símbolo importante politicamente falando pra criação de algum senso de independência e de responsabilidade civil.

O problema de percepção certamente não se estende aos estadunidenses/canadenses/australianos que falam Inglês, já que notoriamente se emanciparam  e, daí, ser coisa de cunho politicamente correto por aqui.

Que esquisito. Se toda a América Latina fosse seguir isso, então se teria mais uns vinte "novos" idiomas. E quase todos recordes de poliglotia seriam quebrados instantaneamente. "Eu falo vinte línguas: espanhol, mexicano, argentino, venezuelano, chileno, uruguaio, paraguaio [...]"

Taí um aspecto do complexo de vira-latas com que não consigo empatizar.




Falar em "português" e "brasileiro" como idiomas distintos não é políticòrretismo; é nacionalismo.


Trata-se de proposta não-conservadora, sendo progressista (pró-mudança) e somente no sentido bobo de chamar uma coisa de outra, sem sustentação brava em “tecnicidades”, mas na maior parte em simbologia e "sensações"/"interpretações" pessoais.

Mesmo que seja pauta nacionalista, não deixa de ser politicorretismo, da mesma forma que muito da agenda feminista, do "movimento negro" e outros normalmente é considerado politicorretismo.

Esse lance dos sotaques, do mesmo jeito q já havia me expressado, acho uma grande bobeira e ufanismo brasileiro pra dizer “Ei, nós temos vários dialetos também!!”.

Não precisa ser conservador para ser opressor. Eugenia foi um movimento também "progressista".

Para ser politicòrretismo, precisa ser do ponto de vista de defender uma parcela oprimida da população. Então quem teria o DIREITO de poder falar algo nesse sentido seriam íbero-sudoestinos nativos (vulgo "portugueses", termo depreciativo, para alvos de piada), que de fato já protestam contra a opressão de colonialismo inverso do "acordo" unilateral "ortográfico". Se você não é do grupo oprimido, não pode falar nada que valha alguma coisa, de sua posição de privilégio.

Porém, temos que lembrar que os os íbero-sudoestinos são majoritariamente BRANCOS, não só brancos, mas ainda por cima EUROPEUS, nem meros euro-descendentes, europeus mesmo! Seria o cúmulo dos "problemas de primeiro mundo". Então se alguém teria direito de clamar alguma coisa seriam os angolanos.


Citar
**Não consegui ver a imagem, em nenhum ambiente.

Devem ter apagado só para me atrapalhar. :hein:


Offline Lakatos

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Re:Lingüística
« Resposta #466 Online: 24 de Março de 2016, 14:11:12 »
[...] português (brasileiro?)[...]

Talvez esse seja um dos político-corretismos que eu defenderia com algum gosto, a troca do nome do idioma falado no Brasil pra Brasileiro.

Por quê? Fiquei curioso porque eu defendo "politico-corretismos" mais que a média aqui do fórum e esse em especial nunca cogitei.

Basicamente porque é meio constrangedor, toda vez no exterior, sobretudo nos EUA, ter que explicar pra alguém que nosso idioma não se chama Brazilian e sim Portuguese. A figura do colono ressurge na hora.
Eu acredito que seria um símbolo importante politicamente falando pra criação de algum senso de independência e de responsabilidade civil.

O problema de percepção certamente não se estende aos estadunidenses/canadenses/australianos que falam Inglês, já que notoriamente se emanciparam  e, daí, ser coisa de cunho politicamente correto por aqui.

Provavelmente a maioria acha que falamos "spanish", e nem tanto "brazilian".

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Lingüística
« Resposta #467 Online: 24 de Março de 2016, 14:14:39 »
Ou seja, mais opressão contra Portugal, que tem seu passado histórico apagado.

"Portugual? Isn't it a state or territory of Spain or something?"





Estive recentemente em Lisboa, pela primeira vez, e achei impressionante o quão é fácil, na maioria das vezes, se comunicar. Esperava que fosse algo mais difícil.


Lembro de ter visto num de uma série de vídeos em que perguntavam para transeuntes nas ruas o que estavam ouvindo em seus homens-andantes walkmen. Em algum lugar em Portugal falaram com uma menina que achei que tivesse algum sotaque brasileiro, mas fiquei na dúvida se não haveria algum sotaque de lá que parecesse mais com alguns daqui. Não é tão sem sentido, já li coisas sobre os sotaques brasileiros terem conservado mais algumas características antigas que se perderam em Portugal (como não pronunciar só um terço de cada vogal, talvez). O mesmo teria ocorrido também com o inglês, o americano também ter características ancestrais (o que faz do Robin Hood de Kevin Costner o mais acurado, indo na contramão das críticas).   

Offline Johnny Cash

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Re:Lingüística
« Resposta #468 Online: 24 de Março de 2016, 14:30:18 »
[...] português (brasileiro?)[...]

Talvez esse seja um dos político-corretismos que eu defenderia com algum gosto, a troca do nome do idioma falado no Brasil pra Brasileiro.

Por quê? Fiquei curioso porque eu defendo "politico-corretismos" mais que a média aqui do fórum e esse em especial nunca cogitei.

Basicamente porque é meio constrangedor, toda vez no exterior, sobretudo nos EUA, ter que explicar pra alguém que nosso idioma não se chama Brazilian e sim Portuguese. A figura do colono ressurge na hora.
Eu acredito que seria um símbolo importante politicamente falando pra criação de algum senso de independência e de responsabilidade civil.

O problema de percepção certamente não se estende aos estadunidenses/canadenses/australianos que falam Inglês, já que notoriamente se emanciparam  e, daí, ser coisa de cunho politicamente correto por aqui.

Provavelmente a maioria acha que falamos "spanish", e nem tanto "brazilian".

Sim, provavelmente. Costumeiro me cumprimentarem com um "Hola!" entusiasmado.

De toda forma, norte-americanos nunca acham que é Portuguese.

Italianos costumam saber melhor isso. Inclusive, vários costumam saber nomes de cidade sem expressão internacional, tipo Belo Horizonte.

Offline Lakatos

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Re:Lingüística
« Resposta #469 Online: 24 de Março de 2016, 14:30:47 »
Ou seja, mais opressão contra Portugal, que tem seu passado histórico apagado.

"Portugual? Isn't it a state or territory of Spain or something?"

Not yet.

Offline Johnny Cash

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Re:Lingüística
« Resposta #470 Online: 24 de Março de 2016, 14:37:11 »
[...] português (brasileiro?)[...]

Talvez esse seja um dos político-corretismos que eu defenderia com algum gosto, a troca do nome do idioma falado no Brasil pra Brasileiro.

Por quê? Fiquei curioso porque eu defendo "politico-corretismos" mais que a média aqui do fórum e esse em especial nunca cogitei.

Basicamente porque é meio constrangedor, toda vez no exterior, sobretudo nos EUA, ter que explicar pra alguém que nosso idioma não se chama Brazilian e sim Portuguese. A figura do colono ressurge na hora.
Eu acredito que seria um símbolo importante politicamente falando pra criação de algum senso de independência e de responsabilidade civil.

O problema de percepção certamente não se estende aos estadunidenses/canadenses/australianos que falam Inglês, já que notoriamente se emanciparam  e, daí, ser coisa de cunho politicamente correto por aqui.

Que esquisito. Se toda a América Latina fosse seguir isso, então se teria mais uns vinte "novos" idiomas. E quase todos recordes de poliglotia seriam quebrados instantaneamente. "Eu falo vinte línguas: espanhol, mexicano, argentino, venezuelano, chileno, uruguaio, paraguaio [...]"

Normalmente eles passam por uma associação correta ao idioma que falam maternamente. E por ser um idioma tão falado (e ensinado fora desses países) já há pouca a associação à colonização. Quando corrigimos alguém para o Portuguese a "lembrança" vem meio instantaneamente.

De toda forma, se houvesse a mesma treta de não gostarem de se relacionar ao colonizador, ou encarem a coisa como "fator que contribui para sensação eterna de colonizado", poderia acabarmos tendo um boom de idiomas latinoamericanos.

Taí um aspecto do complexo de vira-latas com que não consigo empatizar.

Já eu tenho esse enraizado fortemente. Apoiaria totalmente a mudança do nome do nosso idioma, até mesmo para outro que não "Brasileiro", talvez até mesmo se feito por uma votação popular conduzida pelo Fantástico dando em algo ridículo infantilóide.



Devem ter apagado só para me atrapalhar. :hein:



Curioso o aparente respeito pela Argentina.

Offline Johnny Cash

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Re:Lingüística
« Resposta #471 Online: 24 de Março de 2016, 14:40:43 »
Estive recentemente em Lisboa, pela primeira vez, e achei impressionante o quão é fácil, na maioria das vezes, se comunicar. Esperava que fosse algo mais difícil.


Lembro de ter visto num de uma série de vídeos em que perguntavam para transeuntes nas ruas o que estavam ouvindo em seus homens-andantes walkmen. Em algum lugar em Portugal falaram com uma menina que achei que tivesse algum sotaque brasileiro, mas fiquei na dúvida se não haveria algum sotaque de lá que parecesse mais com alguns daqui. Não é tão sem sentido, já li coisas sobre os sotaques brasileiros terem conservado mais algumas características antigas que se perderam em Portugal (como não pronunciar só um terço de cada vogal, talvez). O mesmo teria ocorrido também com o inglês, o americano também ter características ancestrais (o que faz do Robin Hood de Kevin Costner o mais acurado, indo na contramão das críticas).   

Frequentemente, em Lisboa, eu tinha alguma dificuldade mental provocada pelo desajuste entre expectativa e realidade.

Eu estava claramente no exterior, tudo dava a ideia de Europa, daí sempre que ia me dirigir a outra pessoa me preparava para falar portunhol, inglês ou italiano. Demorei mais de um dia pra entender que podia apenas falar português mesmo.

Offline Pagão

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« Resposta #472 Online: 24 de Março de 2016, 16:39:57 »
"Portugual? Isn't it a state or territory of Spain or something?"


já li coisas sobre os sotaques brasileiros terem conservado mais algumas características antigas que se perderam em Portugal (como não pronunciar só um terço de cada vogal, talvez).   

A minha opinião atual sobre esta dúvida dos americanos em geral é a de que eles, predominantemente, não estão verdadeiramente a pensar no Estado Espanhol propriamente dito, mas falam no antigo sentido de Espanha = Hispânia = Península Ibérica, ou seja num sentido geográfico e não no político. Em Portugal, esse sentido sempre existiu e julgo que só acabou a partir da guerra da restauração 1640-1668 que restaurou em Portugal a dinastia dos Braganças enquanto legítimos sucessores da dinastia de Avis e correu com reis espanhóis (os Filipe) que governavam Portugal desde 1580 (Espanha e Portugal teoricamente dois reinos sob o mesmo rei).
Julgo que não se pode dizer pura e simplesmente que a generalidade dos americanos crê que a Península Ibérica comporta apenas um país... embora seja o parece à primeira vista.
Mas não sei até que ponto estarei correto nesta análise...

Sim o português aí é mais semelhante ao português dos séculos XVI, XVII, XVIII,... parece que foi no sec XIX que começou a ser moda em Portugal falar ao estilo dos meios académicos de Coimbra onde estava a universidade... Gerou-se a ideia (ainda hoje vigente) de que o português de Coimbra era o mais "correto"....Pelo menos foi o que eu ouvi dizer, pois não me debrucei sobre esta questão...
« Última modificação: 24 de Março de 2016, 16:43:12 por Pagão »
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

Offline Lakatos

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« Resposta #473 Online: 24 de Março de 2016, 16:50:07 »
É verdade o que dizem sobre as telenovelas brasileiras (e demais produtos de entretenimento) estarem influenciando o vocabulário e, em partes, a pronúncia do idioma em Portugal?

Offline Pagão

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« Resposta #474 Online: 24 de Março de 2016, 17:11:04 »
É verdade o que dizem sobre as telenovelas brasileiras (e demais produtos de entretenimento) estarem influenciando o vocabulário e, em partes, a pronúncia do idioma em Portugal?

Só se for em pormenores, até porque agora há bem menos telenovelas brasileiras e já muitas portuguesas... Talvez a presença de muitos cidadãos brasileiros tenha maior influência... Mas, pessoalmente, não vejo nada significativo... Talvez quando apareceram as primeiras telenovelas houvesse alguma tendência para usar algumas expressões, mas agora já não noto nada em especial...
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

 

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