Autor Tópico: Lingüística  (Lida 69054 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline André Luiz

  • Nível 38
  • *
  • Mensagens: 3.657
  • Sexo: Masculino
    • Forum base militar
Re:Lingüística
« Resposta #425 Online: 05 de Janeiro de 2016, 15:35:10 »
Quando foi que os francos deixaram de rosnar em alto alemão para utilizar o francês?

No tratado de Verdun?

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:Lingüística
« Resposta #426 Online: 05 de Janeiro de 2016, 16:29:03 »
http://www.iflscience.com/environment/worlds-most-spoken-languages-and-where-they-are-spoken

Achava que fosse muito mais gente que falasse espanhol do que português. Nesse nível dá até para ambicionar que ao longo dos séculos o português correto seja eventualmente adotado pelos falantes de espanhol, que por sua vez poderá então ser descartado como um pequeno equívoco histórico.


Achava que teria uma divisão significativa do inglês para a Índia aí. :hein:

Segundo a WP é o segundo país com mais falantes em absoluto:
https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_English-speaking_population

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re:Lingüística
« Resposta #427 Online: 05 de Janeiro de 2016, 20:07:23 »
Quando foi que os francos deixaram de rosnar em alto alemão para utilizar o francês?

No tratado de Verdun?


Provavelmente foi algo gradual que, quando deram por conta, estavam falando francês. Os registros mais antigos são os juramentos de Estrasburgo,  de 842.

Offline Fernando Silva

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 7.505
Re:Lingüística
« Resposta #428 Online: 06 de Janeiro de 2016, 10:12:36 »
Quando foi que os francos deixaram de rosnar em alto alemão para utilizar o francês?

No tratado de Verdun?
Provavelmente foi algo gradual que, quando deram por conta, estavam falando francês. Os registros mais antigos são os juramentos de Estrasburgo,  de 842.
Suponho que tenham começado a falar latim, nem que fosse como segunda língua, ao se tornarem súditos dos romanos.
Até o ano de 486 d.C., pelo menos, os francos estiveram sob controle romano.
O seu latim mal falado, com influências do gaulês, é que deu origem ao francês (ou "langue d'oil").

Sim, o documento mais antigo conhecido é o Juramento de Estrasburgo.

Citar
«Pro deo amur et pro christian poblo et nostro commun salvament, d'ist di in avant, in quant deus savir et podir me dunat, si salvarai eo cist meon fradre Karlo et in aiudha et in cadhuna cosa, si cum om per dreit son fradra salvar dist, in o quid il mi altresi fazet, et ab Ludher nul plaid nunquam prindrai, qui meon vol cist meon fradre Karle in damno sit»

Pelo amor de Deus e pelo bem do povo cristão e nosso bem a todos os dois, a partir deste dia, enquanto Deus me dará sabedoria e poder, eu darei socorro a meu irmão Carlos com minha ajuda e toda outra coisa, como se deve acudir seu irmão por igualdade, à condição que ele faça o mesmo por mim, e não passarei nenhum acordo com Lotário que, de minha vontade, possa ser prejudicial a meu irmão Carlos.

Offline André Luiz

  • Nível 38
  • *
  • Mensagens: 3.657
  • Sexo: Masculino
    • Forum base militar
Re:Lingüística
« Resposta #429 Online: 06 de Janeiro de 2016, 10:36:38 »
Legal este juramento de Estrasburgo, dois irmãos separados por um rio já não se entendiam mutuamente  :)



Offline Johnny Cash

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.936
Re:Lingüística
« Resposta #430 Online: 07 de Janeiro de 2016, 08:05:33 »
« Última modificação: 07 de Janeiro de 2016, 08:18:08 por Johnny Cash »

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:Lingüística
« Resposta #431 Online: 07 de Janeiro de 2016, 10:54:15 »
É curioso que várias dessas línguas não são completamente mortas, tem lá uns bairros em que falam essas coisas. E acho que tem wikipédia em cada uma delas.


Aquele cantor português que deve ser naturalizado no Brasil... sobrenome "Leal", acho... falava também algum idioma ou dialeto português absolutamente indecifrável...

Offline Fernando Silva

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 7.505
Re:Lingüística
« Resposta #432 Online: 08 de Janeiro de 2016, 09:27:28 »
É curioso que várias dessas línguas não são completamente mortas, tem lá uns bairros em que falam essas coisas. E acho que tem wikipédia em cada uma delas.


Aquele cantor português que deve ser naturalizado no Brasil... sobrenome "Leal", acho... falava também algum idioma ou dialeto português absolutamente indecifrável...
Portugal e Espanha ainda têm trocentos dialetos, ainda que falados por pouca gente cada um.

O "Pai Nosso" nos três principais dialetos do asturiano:

Citar
O "Pai Nosso" nos três dialectos:

Ocidental

Pai nuesu que tás en cielu, sentificáu seya´l tou nome. Amiye´l tou reinu, fáigase la túa voluntá lu mesmu na tierra comu´n cielu. El nuesu pan de tolus días dánuslu guoi ya perdónamus las nuesas ofensas lu mesmu que nós facemus conus que mus faltoren. Ya nun mus deixes cayere na tentación ya llíbramus del mal. Amén.

Central

Padre nuesu que tas en cielu, santificáu seya'l to nome. Amiye'l to reinu, fáigase la to voluntá lo mesmo na tierra qu'en cielu. El nuesu pan de tolos díes dánoslo güei y perdónamos les nueses ofenses lo mesmo que nós facemos colos que mos faltaren. Y nun mos dexes cayer na tentación, y llíbramos del mal. Amén.

Oriental

Padre nuestru que tas en cielu, santificáu seya´l tu nome. Amiye´l tu reinu, h.ágase la tu voluntá lu mesmu ena tierra qu´en cielu. El nuestru pan de tolus días dánuslu güei y perdónanus las nuestras tentaciones lu mesmu que nosotros h.acemus colus que nus faltaren. Y nun nus dexes cayer ena tentación, y líbranus del mal. Amén.
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_asturiana

Offline Johnny Cash

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.936
Re:Lingüística
« Resposta #433 Online: 08 de Janeiro de 2016, 09:32:15 »
Na Itália também persistem diversos dialetos, mas tenho a impressão de que vão morrer com o pessoal mais velho.

É muito difícil ver gente nova que saiba falar, normalmente somente algumas expressões mais engraçadas de uso em butecos.

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:Lingüística
« Resposta #434 Online: 08 de Janeiro de 2016, 22:05:48 »
Eu já tinha ouvido dizer que na Itália os dialetos são até mais regra do que um italiano padrão.




...

Se alguém tiver interesse excepcional no tema original, "lingüística":

<a href="https://www.youtube.com/v/urrNTVxuCxs" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/urrNTVxuCxs</a>

Esbarrei com isso, não vi, nem verei.

Offline Johnny Cash

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.936
Re:Lingüística
« Resposta #435 Online: 09 de Janeiro de 2016, 01:14:07 »
Na Itália também persistem diversos dialetos, mas tenho a impressão de que vão morrer com o pessoal mais velho.

É muito difícil ver gente nova que saiba falar, normalmente somente algumas expressões mais engraçadas de uso em butecos.
Eu já tinha ouvido dizer que na Itália os dialetos são até mais regra do que um italiano padrão.





http://www.istat.it/en/archive/136517

Citar
Reference period
Year 2012

Date of publication
Monday, 27 October 2014

Over the past 18 years, from 1995 to 2012, the share of people using the Italian language as their main language or in combination with the dialect has steadily increased in every context: in the family, with friends and when dealing with strangers. From 1995 to 2012 the prevailing use of Italian in the family increased by about 10 percentage points (from 43.2% in 1995 to 53.1% in 2012), by 10.3 percentage points the proportion of those who use Italian language with friends (from 46.1% to 56.4%), and by 13.4 percentage points the use with strangers (from 71.4% in 1995 to 84.8% in 2012). The sole use of dialect, especially within the family, declined quite significantly over time: between 1995 and 2012 the percentage of those who spoke dialect only in their families decreased from 23.7% to 9%; from 16.4% to 9% when speaking with friends and from 6.3% to 1.8% when speaking with strangers.

In 2012, 91.3% of the population aged 18-74 claimed to be Italian native speakers; 3% had two native languages ​​(including Italian) and 5.8% were not Italian native speakers. As a consequence of the presence of immigrants and linguistic minorities within the resident population, the share of those who spoke a mother tongue other than Italian was 8.8%.

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re:Lingüística
« Resposta #436 Online: 09 de Janeiro de 2016, 09:22:39 »
O Brasil possui vários dialetos.

Offline Lorentz

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 10.735
  • Sexo: Masculino
Re:Lingüística
« Resposta #437 Online: 09 de Janeiro de 2016, 11:31:38 »
O Brasil possui vários dialetos.

Uma vez fiz essa afirmação em outro fórum e disseram que eu estava errado.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re:Lingüística
« Resposta #438 Online: 09 de Janeiro de 2016, 12:59:24 »

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:Lingüística
« Resposta #439 Online: 09 de Janeiro de 2016, 15:33:59 »
Os dialetos do português são autorizados e definidos pela entidade que teve a idéia de que "idéia" não tem mais acento agudo no "é"? :hein:

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re:Lingüística
« Resposta #440 Online: 09 de Janeiro de 2016, 16:38:30 »
Não existe entidade que regule. Eles apenas surgem quando uma língua é falada muito tempo entre grupos até certo ponto isolados, seja no tempo ou geograficamente, por exemplo. A grafia tem a ver com o registro. Esses dialetos ainda escrevem como o português padrão.

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:Lingüística
« Resposta #441 Online: 09 de Janeiro de 2016, 17:35:59 »
Eu sei como surgem dialetos. A questão é que se tem algum órgão ou o que quer que seja que decreta uma grafia correta ao português, e ainda assim existem dialetos, estes seriam então variações "clandestinas"/erradas do idioma, a menos que fosse aberta alguma exceção permitindo o idioma "natural" apenas em nível regional.

Mas agora fiquei curioso. Achava que dialeto sempre implicava em grafias diferentes. Mal imagino como pode haver algo como influência de outros idiomas sem haver também diferença de grafia com relação ao português autorizado.


Pesquisando na wikipédia, parece que "dialeto" não é algo além de "sotaque".  :hein: Supunha ser uns dois ou três passos além, meio como uns dez passos antes do portunhol da fronteira, mas nessa direção, e provavelmente incluindo isso.



Citar


Dialetos do português brasileiro

1 - Caipira
2 - Costa norte
3 - Baiano
4 - Fluminense
5 - Gaúcho
6 - Mineiro
7 - Nordestino central
8 - Nortista
9 - Paulistano
10 - Sertanejo
11 - Sulista
12 - Florianopolitano
13 - Carioca
14 - Brasiliense
15 - Serra amazônica
16 - Recifense

https://pt.wikipedia.org/wiki/Dialetos_da_l%C3%ADngua_portuguesa#Brasil



Em contrapartida, muitos dos "dialetos" italianos não são dialetos, mas outros idiomas italianos:

Citar
Meanwhile, the "dialects" subordinate to the standard language are generally not variations on the standard language but rather separate (but often related) languages in and of themselves. For example, most of the various regional Romance languages of Italy, often colloquially referred to as Italian "dialects," are, in fact, not actually derived from modern standard Italian, but rather evolved from Vulgar Latin separately and individually from one another and independently of standard Italian, long prior to the diffusion of a national standardized language throughout what is now Italy. These various Latin-derived regional languages are therefore, in a linguistic sense, not truly "dialects" of the standard Italian language, but are instead better defined as their own separate languages.

Supostamente divergências independentes do latim antes da unificação da Itália.


...


http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/08/comum-na-fronteira-do-rs-portunhol-pode-virar-patrimonio-uruguaio.html

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re:Lingüística
« Resposta #442 Online: 09 de Janeiro de 2016, 18:32:06 »
Quando dois falantes de dialetos diferentes mas aparentados já não se entendem então na verdade já existem duas línguas separadas. Isso teoricamente, porque na prática as línguas guardam relação com a auto afirmação dos povos e a formação dos estados-nação. O português não se diferenciava muito do galego-português quando dom Dinis I decretou que a língua de Portugal era o português. Da mesma maneira, o norueguês e o sueco são mais próximos que o português e o espanhol e um sueco e um norueguês se entendem mutualmente, como se fossem um uma variação dialetal do outro, contudo são línguas independentes.

Offline Johnny Cash

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.936
Re:Lingüística
« Resposta #443 Online: 14 de Janeiro de 2016, 16:59:46 »
Eu sei como surgem dialetos. A questão é que se tem algum órgão ou o que quer que seja que decreta uma grafia correta ao português, e ainda assim existem dialetos, estes seriam então variações "clandestinas"/erradas do idioma, a menos que fosse aberta alguma exceção permitindo o idioma "natural" apenas em nível regional.

Mas agora fiquei curioso. Achava que dialeto sempre implicava em grafias diferentes. Mal imagino como pode haver algo como influência de outros idiomas sem haver também diferença de grafia com relação ao português autorizado.


Pesquisando na wikipédia, parece que "dialeto" não é algo além de "sotaque".  :hein: Supunha ser uns dois ou três passos além, meio como uns dez passos antes do portunhol da fronteira, mas nessa direção, e provavelmente incluindo isso.



Citar


Dialetos do português brasileiro

1 - Caipira
2 - Costa norte
3 - Baiano
4 - Fluminense
5 - Gaúcho
6 - Mineiro
7 - Nordestino central
8 - Nortista
9 - Paulistano
10 - Sertanejo
11 - Sulista
12 - Florianopolitano
13 - Carioca
14 - Brasiliense
15 - Serra amazônica
16 - Recifense

https://pt.wikipedia.org/wiki/Dialetos_da_l%C3%ADngua_portuguesa#Brasil



Em contrapartida, muitos dos "dialetos" italianos não são dialetos, mas outros idiomas italianos:

Citar
Meanwhile, the "dialects" subordinate to the standard language are generally not variations on the standard language but rather separate (but often related) languages in and of themselves. For example, most of the various regional Romance languages of Italy, often colloquially referred to as Italian "dialects," are, in fact, not actually derived from modern standard Italian, but rather evolved from Vulgar Latin separately and individually from one another and independently of standard Italian, long prior to the diffusion of a national standardized language throughout what is now Italy. These various Latin-derived regional languages are therefore, in a linguistic sense, not truly "dialects" of the standard Italian language, but are instead better defined as their own separate languages.

Supostamente divergências independentes do latim antes da unificação da Itália.


Pensava de forma próxima, também.

Eu achava que sotaques eram coisas menores, que englobavam apenas diferença sonora/pronunciação das palavras, enquanto dialetos seriam diferentes em todo o "sistema linguístico" ou mesmo que não na totalidade mas significativamente.

Não sei, mas suspeito que no final das contas, se existem grupos que falam com um sotaque similar e utilizam conjuntos de palavras não existentes/comuns em outras regiões, pra declarar o modo com que falam como sendo um dialeto diferente basta apenas vontade política/acadêmica/outra.

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:Esperanto encontra nova popularidade através da internet
« Resposta #444 Online: 21 de Janeiro de 2016, 12:36:42 »
simplesmente porque passei a desprezar Sapir-Whorf depois que descobri que até a gorila Koko sabia mentir sem precisar de uma palavra para tal.

<a href="https://www.youtube.com/v/_hq0HYyNhcU" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/_hq0HYyNhcU</a>



Citar
Koko has been "involved" in several sexual harassment lawsuits.[4] At least three former employees, all female, have claimed that they were pressured into showing their breasts to Koko. They alleged that Dr. Patterson encouraged the behavior, often interpreted Koko's signs as requests for nipple display, and let them know that their job would be in danger if they "did not indulge Koko's nipple fetish." Koko has been known to playfully grab both male and female nipples without warning or provocation. Dr. Patterson claims that Koko uses the word "nipple" to refer to humans.[5]

All claims of harassment have been permanently dropped as of 21 November 2005 after the foundation and the parties involved reached a settlement. [6]

:lol:
http://en.wikipedia.org/wiki/Koko_%28gorilla%29


Quanto a esses gorilas e chimpanzés que supostamente sabiam falar linguagem de sinais, a coisa não é tão certa quanto geralmente se escuta. Uma mistura de fenômenos como o do cavalo Hans, que sabia matemática e geografia, e "comunicação facilitada" com crianças autistas. Ilusões produzidas por uma combinação de associação pavloviana e um esforço exagerado na interpretação das "frases" deles. Se você vir algumas transcrições das "conversas", percebe que são bem decepcionantes e como a pessoa atribui significadoe coerência às coisas mais aleatórias.

Me parece que o melhor caso a favor disso seria um chimpanzé ou bonobo que se comunicava não com sinais, mas com um "computador", com símbolos em uma tela ou algo assim, esse parece que mostrava menos possibilidade dessas explicações mais prováveis.


http://www.straightdope.com/columns/read/2443/are-gorillas-using-sign-language-really-communicating-with-humans

http://www.skepdic.com/essays/apinglanguage.html


Offline Fernando Silva

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 7.505
Re:Lingüística
« Resposta #445 Online: 30 de Janeiro de 2016, 11:10:24 »
Quando dois falantes de dialetos diferentes mas aparentados já não se entendem então na verdade já existem duas línguas separadas. Isso teoricamente, porque na prática as línguas guardam relação com a auto afirmação dos povos e a formação dos estados-nação. O português não se diferenciava muito do galego-português quando dom Dinis I decretou que a língua de Portugal era o português. Da mesma maneira, o norueguês e o sueco são mais próximos que o português e o espanhol e um sueco e um norueguês se entendem mutualmente, como se fossem um uma variação dialetal do outro, contudo são línguas independentes.
Uma definição que eu encontrei é que "língua" é importante. É falada por um povo ou país. Já dialeto é algo de importância menor, falado por pouca gente e sem implicar na separação em povo ou país diferente.

Um outro linguista disse que "pode-se considerar que são duas línguas diferentes quando aqueles que as falam acham que são línguas diferentes".

Offline Fernando Silva

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 7.505
Re:Lingüística
« Resposta #446 Online: 30 de Janeiro de 2016, 11:13:30 »
Dialeto dos "manezinhos" de Florianópolis:

Citar
O Falar Ilhéu, cantado e corrido... Eis o Manezês
 
O manezês é a linguagem comum utilizada pelo manezinho do interior e comunidades pesqueiras da Ilha de Santa Catarina, pois encontram-se nestas localidades pessoas que, de pai para filho mantêm as mesmas tradições por serem descendentes dos imigrantes açorianos que fundaram estas comunidades.
http://www.manezinhodailha.com.br/Manezario.htm

Citar
Istepô!

"No final do arrastão, quando milhares de tainhas pulavam nas areias da praia, um rapaz surrupiava algumas tainhas e já se esgueirava entre a multidão que ali estava assistindo à bela cena do triunfo dos manezinhos pescadores, quando foi interpelado por um deles que, largando o balaio na areia, correu e disse-lhe:

Ó, lhó, lhó, rapagi, tás tolo, istepô, intiquento, miserento, digraçado! A pinta da tua mãe tá cheia de bicho berne! Tás querendo uma camassada de pau, sô amarelo? Num tô ti parando pelo valori das tainha, cadiquê tem peixe à migueli, magi pramode di ti dizê pra ti, caquí na Ilha num tem genti da tua parecença não. Sí tás brocado e maleixo, tudu bem é só pidi qui nós dãmu; magi si é a farsafé, e dimalinagi pra engabelar e morcegar nós, qui tamo aqui di sóli-a-sóli nomaió saragaço, ti acarqueto os zóio, ti assico a buçica, ti enfenco a mão nas venta e ainda chamo os meganha pra ti alevá!

O rapaz, ainda meio atordoado, pergunta baixinho: ' Meu caro pescador, afinal eu levo ou não levo os peixinhos?"
http://dicionariodailha.blogspot.com.br/2010/04/istepo.html
« Última modificação: 30 de Janeiro de 2016, 11:16:29 por Fernando Silva »

Offline Pedro Reis

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 4.084
Re:Lingüística
« Resposta #447 Online: 10 de Fevereiro de 2016, 13:28:38 »
O que se seque é um protesto e uma proposta.

Estou cansado de queimar a mufa com esse nosso idioma complicado. É bem verdade que desse mal não padece só o Português; mas se os ingleses não se importam com tantas incoerências fonéticas, se os alemães acham lindo cada palavra ter dez consoantes para uma vogal, se os chineses querem ter o trabalho de memorizar milhares de ideogramas, isso é problema deles.

O que sei é que nós podemos resolver o nosso.

E o problema do Português está na ortografia. Quanta complicação desnecessária! Uma língua, é claro, nasce e evolui espontaneamente com os usos, mas a codificação da linguagem, ou seja, a escrita, deveria ser tarefa de engenheiros e não de pessoas que se formaram em Letras justamente porque não tinham competência para passar em um vestibular para exatas.

O resultado está aí: toda esta confusão.

É verdade que os falantes também inventam coisas muito confusas: ninguém explica porque quando as pessoas dizem "pois sim!" estão na verdade querendo dizer "De jeito nenhum! NÃO!", mas quando dizem "pois não" isso significa... "SIM"!

A dupla negação que nunca equivale a uma afirmativa também é esquisita. Quando o sujeito diz "Eu NÃO vou fazer NADA!" ele realmente está querendo dizer que vai fazer exatamente aquilo que está dizendo que não vai fazer. Ou seja, nada.

Mas isto não é nada comparado à bagunça que os gramáticos fazem. São tantas reformas ortográficas... mas pra quê!,  se nunca consertam a coisa?

Portanto me propuz demonstrar a essa gente que a questão é de fácil solução. Facílima. Eles é que não enxergam.

Para começar aboliria todos os acentos. Acentuação é só um estorvo inútil, em 99,99% dos casos nós não precisamos de acentos para saber a pronúncia tônica de palavras que já conhecemos e pronunciamos corretamente no dia a dia. Por outro lado em 99,99% das vezes precisamos do corretor ortográfico para acentuar corretamente.

Ou então decorar 30 páginas do último Novo Acordo Ortográfico dispondo sobre dezenas de regras sem sentido completamente arbitrárias.

Os acentos diferenciais também não se justificam. Quando alguém lê "o baiano subiu no coqueiro para pegar o coco" já está bem óbvio que um baiano não se deu ao trabalho de escalar uma árvore para coletar excrementos.

Além do mais é comum que palavras tenham diferentes significados e nem por isso precisamos de convenções ortográficas para identificar cada um destes significados. Basta o contexto para você saber se deve sentar no banco ou depositar o seu dinheiro nele.

Porém a maneira mais eficiente de simplificar a Língua Portuguesa seria simplesmente redefinir o nosso alfabeto e as atribuições das letras.

Muitas letras diferentes são usadas para denotar o mesmo fonema e às vezes a mesma letra que em determinada palavra representa um som, em outra palavra pode estar indicando outro.

Tomemos como exemplo o som de S:

Além do próprio S ainda usam o C, o X e o Z com a mesma finalidade. E por causa desta complicação ainda tiveram que inventar o cedilha.

Não obstante o mesmo C que faz som de S em VOCÊ faz som de K em CASA.

Eis o nosso alfabeto:

A – B – C – D – E – F – G – H – I – J – K – L – M – N – O – P – Q – R – S – T – U – V – W – X – Y – Z

E como ele deveria ser:

A - B - D - E - F - G - I - J - K - L - M - N - O - P - R - S - T - U - V - X - Z

Emagrecido das desnecessárias letras C, H, Q, W e Y.

O que mudaria:

C - Desaparece. O C é usado para indicar som de S ( como em FAÇA ) ou som de K ( como em COISA ). Se já existem o S e o K então para quê o C? E com isso nos livramos também do cedilha.

G - Passa a denotar apenas som de GÊ mesmo. Nos casos como de VIAGEM em que G faz som de J obviamente seria substituído pelo próprio J.

GU é extinto para os casos onde o U não é pronunciado, como em GUERRA. Mas seria mantido somente em palavras como AGUENTO.

H - Extinto. Não tem razão de ser. Ou representa um som mudo, como em HOJE ( e a própria ideia de "som mudo" já é ridícula ), ou se junta com outra letra para formar um som que poderia ser melhor denotado alguma outra letra. Como em CHÁCARA, que poderia muito bem ser XÁCARA.
   
H também é usado com L e N em palavras como ILHA e ESTRANHO. Passaríamos então a escrever ILIA, como em FAMÍLIA ( qual o problema? ) e o som de NHÁ, NHÕ, etc, seria simplesmente abolido da língua falada. O que seria muito bem vindo por todos os estrangeiros que tentam aprender o Português ( de fato toda esta reforma seria muito bem-vinda! ). Em vez de ESTRANHO falaríamos ESTRANO, e alguns poderiam estranhar um pouco no começo mas logo se acostumariam. Ronaldinho passa a ser Ronaldino. Nada demais, se ele tivesse nascido na Espanha chamariam de Ronaldito.   

J - Substitui o G onde ele é usado para fazer som de J.

K - O K ganha importância e é restituído ao seu legítimo papel de representar seu próprio som. CASO QUENTE passaria a ser um KASO KENTE.

L - Fica restrito ao som de L. Nas palavras onde ele é desviado para fazer som de U já existe pra isso o próprio U. É muito mais PREVIZIVIU que esta seja a ortografia desta palavra.

N - Pelo motivo óbvio de existir o M deixa de representar som de EM. Por que se escreve ONTEM? De OJE em diante passaria a ser OMTEM.

Q - Mais um letra desnecessária do nosso alfabeto.

S - Não faria mais som de Z como em CASA.

W - Sua irrelevância não precisa ser explicada e o Waldemar que se dane.

X - Substitui o CH e não é mais usado para representar som de S ou Z. Como em EXPERIMENTO EXECRÁVEL, que seria muito mais logicamente grafado como ESPERIMEMTO EZECRAVEU.

Y - Mesmo caso do W. Só serve pra pobre estragar a vida dos filhos inventando nomes como KEYRRISOM e KLEYDINELSON.

Um K, um W ou um Y é garantia de que você nunca vai encontrar seu nome na latinha.

Z - Deixa de fazer som de S.

E por fim os múltiplos e malditos usos dos porquês.

Por que tantas maneiras de se escrever os porquês? Por quê?! Sei bem por que motivo, certamente porque as classes dominantes apreciam o pedantismo de dominar estas filigranas gramaticais como uma forma de expressar sua posição superior na sociedade.

Mas isso acabaria com a reforma, todos escreveriam o mesmo e único PORKE e pronto!

Além de simplificar a vida de todos nós ainda haveria vantagens adicionais nesta reforma.

Nosso país possui taxas vergonhosas de analfabetismo e analfabetismo funcional. Com essa nova ortografia simplificada uma criança seria alfabetizada em uma semana. Um adulto em um mês!

Além disso, se você observar bem, já é mais ou menos assim que os adolescentes escrevem na internet. E é desse jeito que as pessoas semi-analfabetas escrevem também.

Ora, com essa revolucionária reforma dispensaríamos o trabalho, o tempo e o gasto de educar toda esta gente. Todo o povo se tornaria imediatamente culto, lendo e escrevendo um Português correto e perfeito. Uma meta que o MEC não almejaria alcançar nem nos próximos cem anos.

Com o intuito de motiva-lo a se juntar a mim nesta cruzada pela cultura e por uma vida mais descomplicada apresento alguns clássicos da Língua Portuguesa, demonstrando como ficariam muito mais simples e acessíveis com a ortografia simplificada.

Os Luziadas, de Luis Vas de Kamoes.

As armas e os baroes asinalados,
ke da osidentau praia Luzitana,
Por mares numka damtes navegados,
Pasaram aimda alem da Taprobana,
Em perigos e geras esforsados,
Mais do ke prometia a forsa umana,
E emtre jente remota edifikaram
Novo reino, ke tamto sublimaram.

Livros e Flores, de Maxado de Asis.

Teus olios sao meus livros.
Ke livro a aí melior,
Em ke melior se leia
A pajina do amor?

Flores me sao teus labios.
Omde a mais bela flor,
Em ke melior se beba
O balsamo do amor?


ERRATA: Que vergonha! Sou analfabeto na minha própria ortografia. Não é "balsamo", o correto seria bausamo.
« Última modificação: 10 de Fevereiro de 2016, 22:44:36 por Pedro Reis »

Offline Gabarito

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.594
  • Sexo: Masculino
Re:Lingüística
« Resposta #448 Online: 10 de Fevereiro de 2016, 17:33:40 »
O que se seque é um protesto e uma proposta.


Parabéns!
Criativo, bem-humorado, lógico, pragmático e objetivo.
Certamente, você será convidado a participar do grupo de trabalho do próximo Acordo Ortográfico.

Offline Lorentz

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 10.735
  • Sexo: Masculino
Re:Lingüística
« Resposta #449 Online: 10 de Fevereiro de 2016, 18:28:48 »
O Pedro Reis praticamente inventou o italiano. Pra mim é o idioma mais simples que existe (dos que já tive contato, claro).

https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfabeto_italiano
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!