Acho que na correria esqueci de explicar melhor o porquê da "piada" BigBang (grandeExplosão). Na época em que a teoria estava sendo proposta haviam muitos dados experimentais (hoje em dia muito, muito mais) de que a parte vísivel daquilo que chamamos de universo, deveria ter passado por dois estágios:
1. estágio muito denso, muito quente e de dimensões reduzidas.
2. estágio de uma expansão absurdamente rápida.
O segundo estágio é conhecido por 'período de inflação', e embora não estejamos mais nele, aquilo que conhemos como universo continua se expandindo e aceleradamente.
As observações da Radiação Cósmica de Fundo com a precisão que o WMAP (um satélite planejado para esse fim) conseguiu obter só corroboram ainda mais a teoria. Para evitar futuras complicações você poderia parar de chamá-la de BigBang e passar a chamá-la de Teoria Inflacionária do Modelo de Lamâitre, Friedmann, Robertson e Walker (TILFRW). Assim ninguém mais fala em 'grande explosão' e a imaginação pouco treinada para de delirar à toa.
Bem vindo.
muito obrigado,
Uma coisa que não entendo muito bem é a resistência em usar o termo "explosão" para o BB. Ainda que o termo tenha sido proposto em tom jocoso , Lemaitre e outros se referiam ao evento como explosão.
A única diferença que vejo de uma explosão "tradicional" é que numa explosão tradicional não é o espaço a se expandir, apenas algo no espaço. Existe algo intrínsico ao conceito físico de "explosão" que faça com que não seja apropriado usar o termo a uma expansão "explosiva" do espaço?
A resistência ao termo é justamente ser didática, sim. Físico falando com outro físico sobre "explosão"
no contexto da TILFRW é uma coisa, leigo falando em explosão é outra. Como disse no tópico "apresentação", tenho participado ativamente na árdua e ingrata tarefa de divulgação da Ciência, e pude perceber que algumas pessoas se apegam à palavras e comumentemete lhes dão o significado que desejam. Esse processo é uma bola de neve que acaba afastando-as do conceito real, e só traz prejuízos. Quando você (pessoa genérica) sabe do que está falando, pode relaxar nos termos, mas se quisermos evitar fantasias prejudiciais, devemos prestar atenção nas analogias. A coisa mais comum de acontecer é o leigo tomar a analogia pelo fenômeno.
Algo bastante similar acontece por exemplo com o termo "teoria". Na maioria dos dicionários tanto alguns bons mais antigos como alguns recentes não tão bons, esclarecem que "teoria" seria uma "hipótese", algo como um "chute". Entretanto um modelo para ser tido como
Teoria Científica, precisa antes de mais nada de
extensa comprovação experimental. A esmagadora maioria de fundamentalistas teístas por exemplo, desqualificam o ensino de ciência em detrimento à por exemplo a Bíblia, pois "
tudo o que a ciência ensina é apenas teoria", ou seja, na sua (deles) concepção de mundo presa à
uma definição da palavra, tudo o que a ciência faria seria
divulgar chutes que podem estar errados (em detrimento de suas doutrinas, onde tudo o dito é verdadeiro sendo pois a palavra do deus deles!). Veja você o que um mal entendido causa à pessoas que se apegam por demais aos significados convenientes das palavras.
E a inflação não veio só para contornar problemas com o BB sem inflação?
Cosmologia é uma ciência muito nova, e por assim dizer, engatinhamos pelos seus mistérios. Dados realmente eletrizantes têm aparecido na literatura somente nos últimos 20 anos. Dessa forma, uma "teoria de universo" (neologismo que tenho tentado melhorar; uso-a para designar o conjunto de teorias científicas que modelam o universo como o reconhecemos) é hoje uma bela duma colcha de retalhos, aliás como toda "boa" teoria científica em seu início.
O universo segundo as soluções de Friedmann para as equações de Einstein, utilizando a métrica de Robertson & Walker prevêm um universo plano e uniforme, que corrobora(va) algumas das observações da época de sua proposição. Entretanto a julgar pela expansão intrínseca do modelo, algum novos dados não se encaixam, entre eles a não estrita uniformidade da radiação cósmica de fundo, levando-se em conta a não estrita uniformidade da distribuição de matéria. Foi assim proposta a teoria da inflação (que na atualidade
são várias a disputar o "cargo" de teoria mais confiável) para explicar esses correlacionamentos entre as temperaturas de vários pontos do universo.
Sem um período de inflação não teríamos como explicar que certas regiões do universo apresentam um equilíbrio termodinâmico entre si mesmo estando separadas de bilhões de anos luz; a teoria dá conta dessas uniformidade e não uniformidades ao apresentar como modelo que todo universo esteve em contato íntimo num certo período e então muito rapidamente se expandiu. A distribuição das não-uniformidades pelo universo visível se encaixa muito bem nessa parte do modelo.
Existem entretanto muitas outras partes e muitas teorias "competindo" entre si, tentando estabelecer como teriam sido as correlações enquanto agregado íntimo. Para essas partes entram em jogo regras de seleção quântica (pois as interações são dessa ordem de grandeza) e devido ao acúmulo de matéria, também da gravidade. Grandes desafios !
Então sim, a inflação foi proposta (e confirmada experimentalmente) como teoria adicional ao modelo LFRW, pois a expansão do universo nesse modelo não explicaria as uniformidades nem as não-uniformidades
como as temos medido.
Editado para acertar as citações.