OS CRIMES DE GUERRA DO HAMAS – CONTRA OS PALESTINOS.Gabriel Paciornik
30/03/2015 | Conflito, Oriente Medio.
4881 foguetes e 1753 morteiros foram lançados pelo Hamas, da Faixa de Gaza a áreas civis de Israel, durante 1 mês, duas semanas e 4 dias de conflito em julho e agosto do ano passado. Demorou à Anistia Internacional nada menos de 211 dias para determinar que o lançamento de morteiros e foguetes sobre civis – mais de 6 mil lançamentos – é um crime de guerra.
Quando tocava a sirene e eu e minha esposa (grávida) tínhamos que procurar refúgio, eu já suspeitava disso. E não precisei de 211 dias para chegar a esta conclusão.
Aliás, a esta mesma conclusão – de que se trata de crime de guerra – chegaram os analistas da Anistia com respeito ao armazenamento de munição e foguetes em residências, mesquitas e escolas, incluindo aqui as escolas da ONU. Aqui minha suspeita era menos contundente pouquinha coisa à época. Mas daí também, não sou especialista no assunto, e podia ser que as escolas tivessem sido construídas para esse propósito mesmo. Afinal de contas, nada melhor do que esconder morteiros, granadas, explosivos e foguetes embaixo de cadeiras escolares, não é verdade?
Não acho desnecessário nem repetitivo lembrar o número de mortos (2100, ficando com a conta mais modesta) nem o número de desabrigados (mais, bem mais de meio milhão) palestinos durante o confronto. E eu teria uma existência muito menos conflituosa se não tivesse que lidar com as respostas israelenses aos avanços do Hamas vindos do lado de lá. E infelizmente números não denunciam razão. Apenas tragédia.
No dia 28 de julho (cinco dias depois da nota de repúdio do Brasil a Israel, e apenas a Israel) houve uma explosão no campo de refugiados de Al-Shati, na Faixa de Gaza. Morreram 13 civis, incluindo 11 crianças. Segundo o relatório, foram mortos por fogo indiscriminado vindo do próprio Hamas, como confirmaram analistas independentes que estiveram no local, corroborando a acusação feita por Israel na época. Mais números, menos razão ainda. Muito mais tragédia. E 211 dias para esta revelação.
O relatório por hora se limita a este exemplo. Mas entre cinco e dez porcento 1 dos foguetes lançados da Faixa de Gaza caíram por lá mesmo. Há evidências, como relatos e vídeos de foguetes sendo lançado do meio de áreas civis, e várias acusações fundamentadas de lançamento a partir de escolas e de hospitais, o que levanta a suspeita de que o número de vítimas palestinas pelo próprio Hamas seja muito mais alta. A Anistia prepara mais um relatório em que revelará a investigação a respeito dos fuzilamentos sumários de supostos colaboradores de Israel pelo Hamas. Ainda não se tem um estimativa exata para o número de palestinos que morreram desta forma. Ao final, o relatório sugere que “aparentemente, palestinos mataram mais civis em Gaza do que em Israel”.
Frisei na época, como reitero agora, que a mais terrível desproporcionalidade no conflito entre Israel e o Hamas (Hamas, não os palestinos) é que quando um israelense morre, ganha o Hamas. E quando um palestino morre, ganha o Hamas.
Foram 55 dias de adjetivos bombásticos por conta de quase toda autoridade e celebridade que entendesse ou não fizesse ideia a respeito do assunto. Uma esculhambação tanto oficial quanto extra-oficial, de passeatas e até partidos pedindo não o fim da guerra, mas o fim do próprio Estado de Israel. E enquanto a guerra em si, para quem era parte dela se fazia uma maré de aflição, tristeza e decepção, eu sabia (até mesmo por experiência) que o pós-guerra seria muito pior, e muito mais deprimente.
Demorou 211 dias para alguma entidade internacional de importância se pronunciar de forma coerente a respeito. Tempo demais para as vítimas civis mortas no conflito. Para as “mártires” mortos por Israel, e os “efeitos colaterais”, completamente ignorados até agora, mortos pelo próprio Hamas.
Adjetivos bombásticos e notas diplomáticas unilaterais não ajudaram a frear o conflito, não melhoraram a situação da população civil palestina, não diminuíram a violência e agora fica claro que nem sequer descreviam a realidade ou ajudaram a elucidá-la. Enquanto escrevo isso 150 mil soldados e outros nove exércitos se juntam para mostrar que o Oriente Médio é tudo menos simples (ver gráfico 1): uma briga de bons contra maus. Inocentes contra algozes. Colocações levianas, sejam do seu amigo “que manja” no Facebook, sejam de fontes oficiais, confundem mais ainda. Confundem e adicionam para a tristeza, decepção, ódio e a tragédia.
E colocações levianas não vão ajudar para a próxima guerra. Guerra de quem sabe que não pode confiar no discernimento justo do resto do mundo.
http://www.conexaoisrael.org/os-crimes-de-guerra-do-hamas-contra-os-palestinos/2015-03-30/gabpac