Eu ando com um pé atrás com o taoísmo - depois que li o Tao Te King, até agora minha opinião sobre ele virou "um cristianismo oriental".
Acho o Taoísmo filosófico bastante interessante. Já o Taoísmo religioso com toda aquela legião de deuses e demônios...
Por que acha que virou um "cristianismo oriental"?
Não acho que
virou; acho que o conjunto de mitos (monoteísmo, p.ex.), as implicações morais (castidade fora do casamento, p.ex.), e a irracionalidade de alguns credos (p.ex., comer carne de vaca é yin, carne de boi é yang, e você tem que equilibrar os dois na dieta) fazem o papel do taoísmo bem similar ao do cristianismo.
Dessa vez, tenho a tranqüila certeza de não, não peguei o bonde andando. Li desde o começo, li a sua tentativa de argumentação, e concluí que os argumentos do Dantas são válidos e os seus são groselha. Simples.
Budismo é um sistema filosófico sobre o qual pode-se montar um conjunto de crenças. Mais ou menos como [neo]platonismo (que é uma bosta, mas é filosofia) e cristianismo. Só porque o pessoal juntou um monte de crenças no platonismo ele não virou uma religião.
Vamos lá então Eremita. Ponha alguns textos budistas aqui para analisarmos a utilidade dos seus conceitos, se alguém poderia escrever o mesmo e melhor de uma maneira mais explicativa e menos alienante..
coloque alguns textos. Todos os que li, e postei, podem servir como almanaque histórico antropológico.
obs: não estou interessado em taxonomia de religiões e filosofia
Você pode achar que separar o que é religião e o que é filosofia é... como é a palavra mesmo? ah, "groselha"; mas a distinção é bastante útil, já que filosofia é descritiva e não prescritiva.
Interessantemente, fui procurar por "livro sagrado do budismo", e descobri que... não existe.
O que existe, segundo
http://wiki.answers.com/Q/What_is_Buddhism%27s_sacred_book , são livros autoritativos de determinadas linhas do budismo.
Agnóstico, entenda o seguinte: sobre toda e qualquer filosofia, pode-se montar uma religião. Mas assim como isso não faz o platonismo deixar de ser filosofia ruim para ser religião, não faz do budismo uma religião.
De qualquer forma, quer algum texto em específico? Talvez o cânon em pali?
Talvez você tenha razão, talvez eu pudesse te acusar disso em relação ao comunismo e te dizer que você não está seguindo o mesmo critério e postura com os comunistas e budistas, por um motivo insondavel para mim, talvez uma admiração ao budismo
Acontece que eu já li textos budistas assim como eu já li textos de Karl Marx. Meu posicionamento é baseado numa atitude inquisitiva inegavelmente consistente e justa.
Se para explicar que a ação de alguém afeta outrém eu preciso falar do Bikhu de cinco olhos no mundo de Brahma, que no nirvana o sujeito não sente frio nem calor e depois ele ouve as 3 vozes do além.... eu vou descartar isso, e sinceramente Dante, esperava que você fizesse o mesmo. E se as pessoas defendem esse texto dizendo que é apenas uma estorinha, não reclamem que eu peço ONDE no mesmo texto o autor classifica isso de estorinha... Ou então não reclamem que eu diga que o texto é alienante e pode gerar confusão e fanatismo.
Outro ponto importante. Me diziam que eu criticava porque não conhecia os textos do Budismo. Me passaram um link, li boa parte dos textos e só encontrei bullshit. Após isso, me disseram que as bullshits não são bullshits porque só são estorias... e volto à minha sentença anterior
Em primeiro lugar, os princípios do budismo são a compaixão, o desapego, a impermanência e a (consciência da) causalidade. Todo o resto é alegoria, sincretismo e idiosincrasia.
Em segundo, os textos budistas são como são porque esta é a maneira pela qual os autores acreditavam que as pessoas seriam melhor instruídas acerca destes princípios.
Filósofos ocidentais tem vários estilos literários: monólogos, diálogos, meditações, experimentos mentais etc. Se você pegar, por exemplo, uma descrição categórica da filosofia de Platão, ela parece ridícula. Mas fica difícil detectar onde estaria o erro de raciocínio ao ler um de seus persuasivos diálogos. Geralmente filósofos escrevem em forma de diálogo para que um dos interlocutores seja o porta-voz de objeções que o autor já antecipou às suas idéias. No caso de Platão, ele escrevia em diálogos por acreditar que todos tem uma vaga reminescência da verdade e, dialogando com quem exerça uma posição inquisitiva, tomamos consciência da verdade.
Voltando ao budismo, enquanto nas religiões abraânicas o que vale é "devemos obedecer a Deus e ele obriga a isto e proíbe aquilo", para o budismo o que vale é "seria bom para você tentar viver de acordo com estes princípios, sendo que só você pode saber como aplicá-los em sua vida". Por isso não faz sentido textos budistas de teor categórico.
Agora, sua crítica aos textos budistas não e baseada em semiótica, hermenêutica ou teoria literária, mas somente na sua experiência pessoal de não conseguir ser instruído por eles. Sendo que desde o começo você teve uma predisposição negativa com o assunto.
Muito interessante Dante.
Sem entrar no detalhe que sua postura é inegavelmente justa segundo você mesmo, o que já é uma besteira.
Vamos direto ao ponto.
O Famado me diz que eu não estou levando em conta os mesmos fatores (Hermenêutica, exegese, que não conheço a bíblia, etc..), que não quero ser instruído e ucas. E quando alguém começa a citar esses termos para não entrar no núcleo da doutrina me parece uma clara estratégia de saída pela tangente.
Se você não sabe o que é hermenêutica e exegese, isso quer dizer apenas que está se usando jargão.
Se você não sabe o que é compaixão, desapego e causalidade, o que você precisa é dicionário. Ao meu ver, são palavras de uso culto corrente.
não importa realmente se um é menos pior do que o outro...
Se você não está interessado em catalogar se é religião ou não; não está interessado se é "melhor" ou "pior"*, você está interessado em debater...?
"Melhor", "pior" - não sei definir, então vou considerar que você quer dizer
"mais útil, menos alienante, mais verdadeiro" ("melhor") versus o inverso ("pior"). O uso dessas duas palavras devia ser tabu.
Acho que o budismo está mais para uma filosofia do que para uma religião. Mas isso não o torna imune a críticas, pelo contrário. E crítica mais pesada ao budismo do que as de Nietzsche é impossível. Nietzsche chama de niilismos a todas as doutrinas que pregam a negação da vida, que apresentam a vida terrena como insignificante ou um estorvo, segundo ele essas doutrinas impedem o amor à vida real. O budismo justamente tem como objetivo final o desligamento completo de todas as perturbações da vida. O budismo seria o ídolo, o niilismo por excelência, as críticas do alemão ao cristianismo deveriam ser elevadas ao quadrado se tratarmos da doutrina de Buda.
Bingo. Eu pessoalmente tenho lá minhas críticas ao budismo, mas o Agnóstico tá tentando procurar a gema na casca do ovo quando era só dar uma batidinha e jogar na frigideira.
Sugestão pra encaminhar o debate, que virou discussão sobre o sexo dos gnomos:
1. Pontos centrais do budismo. (já feito por Dantas e Dante.)
2. Implicações do cerne do budismo - morais, éticas, filosóficas, religiosas, etc.3. Divergência entre as linhas do budismo.4. Papel do Dalai Lama ao budismo tibetano - tanto os outros 13 como o atual.