Estou falando e pensando como militar, não como funcionário público (que, ao contrário do que pensa, também são cidadãos, pagam impostos e querem maior eficiência nos serviços, os quais também utilizam e trabalham para melhorar), ainda que militares sejam servidores públicos.
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É sério, Derfel?
Então você e os seus colegas são realmente exemplares porque a maioria dos funcionários públicos que conheço (e eu conheço muitos, mas muitos mesmo, dos três poderes e dos três níveis do executivo) não dão a mínima para nada do que se refere a melhoria na qualidade do serviço que prestam (ou deveriam prestar) para a sociedade. O que realmente querem é que os seus salários e as suas benesses estejam garantidas e... continuamente aumentadas!
Mas, reconheço, não posso extrapolar esta observação para todo o 'universo do funcionalismo'.
Sério. Aqui poderíamos cair em uma guerra de evidências anedóticas. Também conheço muitos e muitos funcionários públicos, nas 3 esferas administrativas, tanto da Atenção quanto da gestão, e muitos e muitos estão preocupados em melhorar o seu serviço. Tenho visto 3 tipos identificáveis: os que realmente nada fazem, os que fazem apenas o necessário e aqueles que vão além. Acho que talvez o segundo tipo seja a maioria, mas com certeza o terceiro é mais comum que o primeiro. Muitos usam o salário para melhorar o seu serviço. Poderia dar vários exemplos aqui, que não convém, pois teria que pedir um voto de confiança seu na minha palavra (apesar de poder mostrar alguns publicados). Porém posso citar alguns aqui que me parecem contribuir e se preocupar com o seu serviço: o Diego, Manhattan, SnowRaptor e Luiz Souto são exemplos. Acredito que tendo como amostra o FCC (que de modo algum é significativa) vemos que os funcionários públicos não são os parasitas que está se pintando. Acredito, inclusive, que todos eles têm história de usarem seus próprios recursos para o bom desempenho do serviço que executam (ou têm histórias de alguém que o faz), seja pagando a gasolina da viatura ou realizando alguma manutenção, seja comprando ou consertando (ou criando) peças de laboratório, por exemplo. Os problemas do serviço público se referem a processos e burocracia (que foram criados justamente para o controle desses serviços) mais que, na maior das vezes, os recursos humanos.
A Marinha quer o submarino nuclear, faz parte de sua estratégia de defesa e vai ser construído.
Faz parte de qual estratégia?
Nós não temos nenhum plano estratégico minimamente viável. Somente textos ufanistas e ou alarmantes enaltecendo a qualidade dos nossos soldados, mesmo que a última guerra que participamos tenha terminado há mais de 60 anos.
Não é uma questão de ser viável ou não, mas sim existir ou não. Existe um plano nacional de defesa e a Marinha, particularmente, possui uma doutrina para o que chamam de Amazônia Azul e projeção de poder. Isso envolve navios aeródromos e o submarino nuclear. Pode-se discordar, achar que é equivocada, mas é a política existente. O projeto de submarino remonta aos anos 70 e nesse meio tempo conseguiu adquirir a tecnologia de enriquecimento de urânio e para a construção de um reator.
No processo tecnologia vai ser adquirida (e já foi), inclusive no domínio do ciclo nuclear e na produção de submersíveis.
O Brasil não domina a tecnologia de produção de submersíveis. O que temos é o que foi passado pelos franceses, de projetos completamente obsoletos em termos de engenharia de casco.
Como não tínhamos também para construção de jatos comerciais, mas que foi adquirida em conjunto com os italianos no projeto do AT26 Xavante, que já era obsoleto na época. Da mesma maneira, necessita-se de uma base para aquisição de tecnologia, seja obsoleta ou não, para que se possa desenvolver a própria.
Obsolência aqui é algo de 30 e 40 anos e isso não vai ocorrer.
Não. Como é que você pode ter certeza?
Não posso, mas espera-se que um aparato seja operacional por 20 a 30 anos. Além disso, parte possui um nível de obsolência maior, parte menor. Podendo ser revitalizado. Porém, reconheço que você tem um nível muito maior que o meu para dar um parecer sobre a questão.
Ainda assim, quantos países no mundo possuem tecnologia para produção de submarinos nucleares?
Hoje e de desenho completamente próprio?
Somente o EUA, a Rússia e a França. O resto é um 'festival'de cópias, autorizadas ou não.
Cópia ou não, Reino Unido, China e Índia também possuem tecnologia para produção desses submarinos e só. São apenas 6 países.
Quantos países iriam se dispor a vender um equipamento do tipo ao Brasil?
Rússia e China são dois, desde que não representem modelos no 'estado-da-arte'.
São? E para quais países eles já venderam submarinos nucleares? Fora os 6 países que produzem esse tipo de submarino, não encontrei nenhum. Se a Rússia e a China podem vender ao Brasil, já o venderam para outros países?
Fala sério! Nunca encontrei uma pessoa com uma cegueira ideológica tão grande.
Eu conheço vários que estouram a escala.
Igual a ele, nunca encontrei.