Autor Tópico: Karl Marx, para crianças  (Lida 65062 vezes)

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Offline CyberLizard

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #500 Online: 06 de Maio de 2010, 23:31:57 »

Citação de: Cyberlizard
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Mais-valia seria uma situação onde o trabalhador produz X, mas recebe menos de X. Você não rebateu até o momento NENHUMA contraposição a isso.
Sim, rebati. Usando as máquinas um trabalhador produz riqueza de 10X. Ele fica com 2X e o dono da máquina fica com 8X.

Propositalmente ocultando o fato de que os 8X foram produzidos pela máquina, e não pelo trabalhador. Ou seja, a proposição "o trabalhador produz a riqueza de 10X com a máquina" é falsa.

Citação de: Cyberlizard
Jogando o relógio de ouro da Maria dentro da máquina e destruindo-o, o trabalhador produz uma riqueza negativa de -10X (com a ajuda da máquina). Ele é obrigado a indenizar a Maria em 10X e o dono da máquina deve indenizar Maria em 0X.

Gostei da artimanha pueril. (Não sei como os comunistas não se envergonham disso. Temos aqui um futuro Lordakner).

De fato, o trabalho de destruição do relógio se deveu mais à máquina do que ao operário (talvez ele sozinho não conseguisse destruir tanto o relógio). Entretanto, não foi o dono da máquina quem a pôs numa tarefa proposital e sistemática de destruição de relógios, com o objetivo de ganhar multas no mercado à partir os relógios quebrados (se fosse, o mérito da máquina na destruição ficaria integralmente com o seu dono). 

 
Vamos supor que a pessoa que conseguisse destruir com maior intensidade o relógio da Maria ganharia "moral" entre os inimigos dela. Várias pessoas começam a disputar pra ver quem destrói. O operário tenta com a mão e não consegue. O dono combina com ele em usarem a máquina para destruirem o relógio, ficando a maior parte da "moral" com o dono da máquina, pois é a máquina quem permitirá uma maior destruição do relógio.

Toda analogia tem falhas, camarada. Esta realmente não era boa (e não há necessidade de assumir à uma "malícia" ou à "artimanha" isso). Mas o que quero ilustrar é que o fato de existir uma consciência do que se faz é o que determina punições em uma sociedade. Máquinas e animais não são punidos por si só. Se um acidente não foi causado por irresponsabilidade de um humano, assume-se que é um fato no qual não cabe punição. Portanto, segundo o que estou defendendo, só tarefas efetuadas por seres conscientes deveriam ser  recompensadas de acordo com o esforço empregado.

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Citação de: Cyberlizard
A defesa do porquê a considero útil está aí em cima e em mais algumas outras mensagens. É a única forma de valor objetiva que tem contribuição no valor final do produto que podemos usar na comparação dos modos de produção e distribuição de riqueza em qualquer tipo de sociedade humana.

Mesmo que não exista dinheiro, mesmo que não exista mercado. E o índice tem propriedades interessantes que se saem melhor que o índice de poder de compra, conforme demonstrei algumas mensagens atrás.


Não é.

Pesquise melhor os diversos métodos que os historiadores usam para atualizar valores em qualquer época.

Na verdade, sistemas econômicos diferentes não influenciam MUITO nas leis de mercado. A única diferença é que em uns há mais convenções arbitrárias imperando do que em outros. E só.
Ufa! Uma informação potencialmente útil! Seria pedir demais se você mencionasse alguns destes métodos? Ao menos só os seus nomes. Isso ajudaria na pesquisa.

(...)

Eu havia escrito mais, mas agora não vai dar para continuar. Eu estou com uma dor de cabeça infernal e vou ter que dar um tempo com isso mesmo. Depois tento continuar. Mas já aviso, DDV, que se a sua interpretação disso é que está havendo ad nauseum e que você deve agir desta forma criando uma "guerra de ad nauseums", é melhor pararmos por aqui. Também é uma boa idéia parar se começar a ter tantos espantalhos ou distorções do que a outra pessoa fala. De minha parte estou tentando evitar isso, mas acho que o outro lado não tem a mesma preocupação.

Offline CyberLizard

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #501 Online: 07 de Maio de 2010, 08:58:34 »
Citação de: DDV
As máquinas produzem. Ponto. O dono da máquina (quem a trouxe à existência) usufrui da produção de sua máquina, Ponto.

Ninguém tem direito sobre o que é dos outros. Cada um fica com o que produz, com o que é seu. Ponto
DDV, não foi o "dono" da máquina quem a trouxe à existência. Quem deu origem à ela foi a necessidade de se produzir mais (que gerou demanda por ela) e todas as pessoas que trabalharam na sua produção. Quanto à estas, eu estou de pleno acordo que sejam recompensadas. Ainda que não fôsse possíver ter uma propriedade privada desta máquina, ainda assim ela seria produzida.

Eu concordo que ninguém tem o direito sobre  que é dos outros. Mas muito da nossa divergência ocorre por causa de uma diferente noção sobre o conceito "propriedade".

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No caso agora, você afirmou que a teoria do valor-trabalho tinha "robustez" para lidar com a grande maioria dos casos na economia. Mostramos vários exemplos de outros fatores que influenciam muito mais no valor do que o trabalho, você se limitou a concordar, mas continuou repetindo as teses (como se pensasse: apesar de todas essas refutações apresentadas, o valor-trabalho continua sendo uma tese robusta e tal).
O valor-trabalho não serve para dar uma previsão exata dos preços e de como trocaremos coisas na sociedade. Eu já expliquei que nesses casos, ele funciona como um "esqueleto", a camada mais básica que justifica o valor em um mercado. Existem muitos fatores humanos, ou mesmo limitações artificiais que bagunçam os valores finais (apesar de ter uma correlação em alguns casos, vide minhas mensagens anteriores). Entretanto, o valor-trabalho fornece um índice interessante justamente por quantificar uma participação de cada um na agregação de valor à um produto, bem como o modo como a riqueza real (despida de toda a especulação, do fetiche de mercado) é produzida e se espalha na sociedade. Ela teve inclusive um desempenho melhor que o poder de compra que você propôs para avaliar a proporção do valor dos salários em relação ao valor total gerado na sociedade.

Cyberlizard, você é adepto de alguma filosofia que afirma que devemos trabalhar sempre, mesmo quando não precisamos, e que usar máquinas para realizar parte ou todo nosso trabalho é imoral?
Falando sério, é claro que não.
Aqui ele diz que não...
Citação de: Cyberlizard
Sou contra apenas uma desigüaldade causada por convenções artificiais e que permitem que um monte de gente trabalhe duro na geração de riqueza e algumas pessoas possam usufruir de riqueza sem que precisem gerá-las.
E aqui diz que sim.  :(
Desculpe, mas talvez eu esteja com algum problema de visão ou de cognição... Eu simplesmente não estou vendo onde é que eu escrevi "devemos trabalhar sempre, mesmo quando não precisamos" ou "usar máquinas é imoral".

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Citação de: Cyberlizard
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Considerar a desigualdade por ela mesma como algo ruim só faz sentido se o cara acreditar no jogo de SOMA ZERO, ou seja, na tese de que se alguém é rico, necessariamente alguém deverá ser pobre para fornecer riqueza pra ele.
Essa história de soma zero só existe em interpretações completamente ingênuas de economia. Eu não estou falando em soma zero, tanto que estou falando o tempo todo em GERAÇÃO de riqueza. Nova riqueza é gerada o tempo todo. A desigüaldade tem origem na distribuição da riqueza depois que ela é gerada.

Aqui (olhando a frase em negrito), ele separa "geração de riquezas" de "distribuição de riquezas", quando qualquer um sabe que essas 2 coisas não são separadas.

Só consigo visualizar 1 situação na economia onde ocorre uma "distribuição" de riqueza: quando os sócios se reunem para distribuir os lucros.

Na quase totalidade dos outros casos, a geração da riqueza ocorre acoplada diretamente aos donos dos empreendimentos e do trabalho: Um comerciante compra, revende e lucra. UM empresário contrata, compra, paga os custos e salários, vende e lucra. O trabalhador trabalha e recebe o salário, comissão ou honorário, etc

Cyberlizard fala como se as pessoas se juntassem em um mutirão nacional, jogassem seus dinheiros em uma bacia gigantesca, trabalhassem produzindo bens, jogando-os nessa bacia, e depois todo mundo se reune para que esses bens na bacia sejam "distribuidos". Nessa hora, uns espertinhos se proveitam e se apossam de muitos bens, enquanto outros de menos.  :lol:
É possível contestar algo ou perguntar sem fazer um espantalho e sem tentar ridicularizar. Acredite, não é difícil.

O que chamo de "distribuição" de riqueza é todo o seu fluxo na sociedade. Para onde e para quem elas vão, o que cada pessoa precisa fazer para obtê-la. Não precisa que hajam reuniões nas quais um bando de caras de terno e gravata discutem. Tudo isso acontece segundo regras e convenções sociais de cada sociedade.

Offline CyberLizard

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #502 Online: 07 de Maio de 2010, 09:20:05 »
Citação de: Cyberlizard
Se todos trabalham o quanto podem, acabamos tendo mais do que o necessário para que todos tenham o quanto precisam.

A-ha! Peguei!  :twisted:
:medo: Ah! Não! Nããão....!! Bah! Fala sério, você está encarando a discussão como uma competição na qual algum lado tem que vencer!

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Olhem a frase em negrito: os comunistas são capazes de determinar pelas pessoas o que é "necessário" ou não para elas, e o que elas precisam.

E o mais engraçado ainda é que eles acham que as pessoas produzem muito "por acidente", quando na verdade queriam produzir só "o que precisam". A produção atual não é o que elas precisavam. Existe um "excedente".

 :histeria: :histeria:
Argh! Pessoa normal: ao não entender o que se disse ou qual o sentido da frase, pergunta e pede esclarecimentos. DDV: ao não entender o sentido da frase, procura o sentido mais idiota possível. Em seguida, começa a atacar a pessoa por ela ter dito algo idiota.

Você acha que não existe um mínimo que deva ser garantido à todas as pessoas? Mesmo àquelas que não podem trabalhar por possuírem alguma limitação? Você não acha que todos devem ter direito à alimentação, saúde, educação e moradia?  Coisas básicas, presentes na declaração universal dos direitos humanos. Eu chamei de "necesário" a produção de tudo isso para todas as pessoas, simplesmente por ser o mínimo possível que deveríamos assegurar. Eu chamei de "excedente" todo o resto da produção (que certamente é muito desejável ter, garantir só o básico não é algo bom).

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a) Dividir igualmente entre todos?

SE fizessem isso, o "excedente" deixaria de existir num piscar de olhos! Os comunistas teriam que rebaixar o patamar do que é "necessário" e o que é "excedente". E novamente o "excedente" deixaria de existir.
Também não acho uma idéia muito boa.

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Citação de: Cyberlizard
b) Distribuir de acordo com o quanto cada um trabalhou?


É o que é feito, atualmente, nas economias de mercado. Cada pessoa recebe pelo seu trabalho (seja o direto, seja o trabalho de suas máquinas, animais, etc). Cada produto tem seu valor determinado pela oferta e demanda no mercado.
Se o trabalho é de "suas" máquinas e de "seus" animais, não é um trabalho dela. Ela poderia até ficar sem fazer nada, bastando contratar outros e ficar de pernas pro ar. É meio que aquela distinção medieval entre senhor e servo. Os servos trabalham, mas o senhor merece ficar com a riqueza, por que as terras são dele. Por isso é  ele quem indiretamente está nutrindo as sementes com seus nutrientes, fornecendo abrigo para todos, etc.

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Citação de: Cyberlizard
c) Eleger determinadas pessoas "donas" dos meios de produção e entregar para elas?

Se as máquinas caissem do céu prontas, eu DISCORDO que deveríamos doá-las a algumas pessoas.
Já respondi várias vezes que elas são fabricadas por outras pessoas. E que a existência da máquina não se deve à existência de um "dono".

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Citação de: Cyberlizard
Eu tendo a apoiar a segunda opção. E acho que aliando isso à estímulos como "inveja", seria um meio indireto de chegar na primeira opção.

Inveja trás mais assassinatos, roubos e sabotagens do que qualquer tipo de coisa produtiva. Estude história.
:susto: Então o comunismo já foi implantado, tendo havido uma coletivação dos meios de produção!? E onde é que eu defendi a extinção de punições ou de uma polícia!?

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Citação de: Cyberlizard
E ao contrário do que muitos falam, não acho que a propriedade privada de meios de produção estimulem "meritocracia".


Não é que a propriedade privada estimule meritocracia, é que se as pessoas não puderem ficar com o produto de seus trabalhos, elas pararão de produzir. Simples.
Concordo com a frase. Novamente, nossa discordância está primariamente na forma que concebemos a "propriedade". A meu ver, a maioria das pessoas não ficam com o produto de seu trabalho.

Offline CyberLizard

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #503 Online: 07 de Maio de 2010, 09:30:19 »
E quando essas pessoas ganharem riquezas, o que elas vao fazer com essa riqueza? Porque com o meu trabalho eu comprei terras e ganho dinheiro com elas, aliàs da pior maneira possível segundo seu ponto de vista, alugando espaços para estacionamento, eu não gero riqueza nenhuma..  O que o trabalhador deve fazer com sua riqueza? Não pode investir para trabalhar menos, ja que poupar e investir para trabalhar menos é pecado.

E por que cargas dágua seria pecado!?!?!? Eu até já disse que estes juízos de valor de "certo", "errado", "sagrado", "profano" só atrapalham discussões sociológicas e econômicas. Eu disse que achava ruim um sistema econômico recompensar alguém que não gere riqueza. Mas uma pessoa pode trabalhar e acumular riquezas como outros produtos, mercadorias, parar de trabalhar depois de acumular o suficiente e passar um tempo viajando, se dedicando à arte, lazer, cultura...

Aqui ele se revela mais ainda, afirmando que a compra ou produção particular de máquinas seria proibida para evitar que algumas pessoas desfrutem coisas produzidas pelas máquinas, trabalhando menos.

Seria mais ou menos como a proibição de armas de fogo no Japão para impedir que os zé-ninguém pudessem enfrentar os samurais.
Não. Seria como distribuir as armas de fogo para que todos possam se defender, seria acabar com o monopólio de acesso às armas que anteriormente era restrito à algumas poucas pessoas.

Offline CyberLizard

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #504 Online: 07 de Maio de 2010, 09:50:09 »
Caramba. finalmente um comunista reconhece que a inveja é o verdadeiro espírito por trás de suas idéias!

(Relembrando Montesquieu, que atribui um "espírito" a cada tipo de sistema político).

Inicialmente, devemos não confundir inveja com ressentimento. Ressentimento é o desejo do mal a outro porque esse outro nos fez algum mal. A inveja é o desejo do mal alheio (ou de ter as qualidades intrínsecas ou extrínsecas alheias) sem que o outro tenha nos causado nenhum mal ou prejuízo.

É um tema de vários filósofos. Todos concordam que a inveja é o único dos males da alma que não ninguém confessa ter.

Algumas pessoas têm, mais tendência a sentir inveja. Geralmente são pessoas que possuem uma mistura de orgulho com incompetência.

A inveja depende da proximidade. Os invejados quase nunca são pessoas em posição muito acima, mas as pessoas mais próximas. Por exemplo: é quase impossível um faxineiro invejar o presidente de uma empresa, o faxineiro irá invejar o seu colega que foi promovido a supervisor. Quem invejará o presidente será o vice-presidente.

A inveja se desenvolve mais em locais pequenos, com poucas pessoas, do que em cidades grandes. Para que a inveja se solidifique, é necessária que haja um apelo fixo e contínuo. Os apelos que ocorrem na cidada grande são tão mutáveis, difusos e inconstantes, que tendem a gerar menos inveja grave do que nas cidades pequenas.

Em várias localidades da África, já ocorreu movimentos de analfabetos para matarem os alfabetizados.
O meu comentário serviu para fazer uma contra-posição à noção de algumas pessoas de que existem "vícios" e "falhas de caráter" na humanidade, os quais deveriam ser superados ou coisas assim. Eu argumentei, justamente dizendo que eliminar totalmente qualquer uma destas coisas seria impossível, visto que há uma origem natural para coisas que consideramos "más". Argumentei que olhar destas características como elas realmente são e buscar meios de lidar com elas é mais proveitoso do que ficar fazendo juízos de valor ou censura moral. Acho essa noção de "espírito" que você está invocando como um simplismo enorme.

Eu acho que voce da muito valor ao trabalho braçal e pouquíssimo ao trabalho intelectual. Criar um produto, montar uma empresa, gerenciar um negócio da muito mais trabalho que apertar parafusos numa linha. Simplificar o salario simplesmente por horas trabalhadas é que é muito injusto e contraproduzente.

O papel do dono da máquina não é tanto o administrativo (que também pode ser feito por outro), é o fato dele ter tirado o seu dinheiro poupado de debaixo do colchão e financiado a produção (ou encomendado) de uma máquina.

Às vezes ele não tem o dinheiro suficiente: pega emprestado e vai pagando com os lucros. É necessário alguma coragem e segurança do empreendimento para entrar nessa.

Bens não destinados a consumo só podem existir se houver poupança.

É verdade que bens não destinados à consumo, mas à produção são caros. É verdade que ao abrir um negócio, existe um risco inicial, que pode até ser alto. Eu gasto uma quantia 10000X de valor para abrir uma indústria. Entretanto, ela vai à falência permitindo que eu recupere apenas 100X. Dependendo do momento em que isso ocorre, de acordo com o valor-trabalho, a quantidade de prejuízo do dono pode ser até bem maior que a mais-valia. Mas não se esqueça que esta justificativa vale para o começo de um negócio. Depois de um certo tempo, se o valor inicial for recuperado, o dono da fábrica passa a colher benefícios por tempo indeterminado. E lembrando que o tal dinheiro inicial pode nem ter sido conseguido com trabalho, caso no qual eu não fico com pena nenhuma do dono.

Offline CyberLizard

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #505 Online: 07 de Maio de 2010, 10:19:19 »
Simples a resposta Cyber e a negação disso representou a quebra de todo o socialismo.

Se não fosse o empreendedor, um humano como eu e você, que tivesse arriscado, se planejado, investido, pensado diferente, os profissionais não iriam ter essa capacidade de produção. O feito é do empreendedor, e não do funcionário.

Quer você fique triste ou não, o funcionário não é a parte mais importante nessa equação. O mais importante é realmente o empreendedor.

Se o empreendedor não é remunerado pelo seu risco, brilhantismo, planejamento, reconhecimento e utilização da oportunidade e visão, o empreendorismo acaba, gerando estagnação e pobreza.

Veja a desigualdade é bem vinda. Sua interpretação dos números dados é enviesada, porque  você coloca a igualdade como prioridade, quando na verdade coréia do norte/Cuba é mais igualitaria e todos estão numa desgraça, para citar um caso prático.

Veja, pense em uma coisa: A pessoa tem que ter a LIBERDADE de buscar a remuneração mais correta pelo seu trabalho, seja ele o operário ou o empreendedor. E a luta contra a miséria é uma das tarefas que o estado pode assumir para as correções e regulamentações necessárias.

No meu caso, que investi dinheiro em um negócio, a participação dos funcionários para a existência do negócio é praticamente NULA, eu fiz, eu construi, eu ví a oportunidade, eu arquei com o prejuizo, é assim. E os funcionários ganharam salário decente e boas condições.  Se querem algo mais, estão livres para procurar.

Se um deles se destacar e contribuir com o negócio mais do que os outros, será melhor remunerado. Sem isso, não existe a meritocracia e as pessoas vivem a vida dos toscos.
O problema é que não há meios para que muitas pessoas busquem a remuneração mais adeqüada para seus trabalhos. Há muito mais pessoas para trabalhar do que empregos, em todo o lugar. Esta reserva de força de trabalho joga para baixo o valor da força de trabalho. Certamente existem empregos  em que isso não ocorre, mas isso é exceção e tende à desaparecer. Funcionários sempre estão em desvantagem quando a força de trabalho torna-se mercadoria.

Eu concordo que sempre precisa haver uma liderança para gerir a a produção. Produzir coisas complexas é algo coletivo e deve haver uma organização para isso. Deve haver uma certa meritocracia na escolha de pessoas para ocupar estas posições. Empresas são como mini-estados, possuem as suas leis internas, governantes internos, divisão de classes interna, PIB interno (o PIB de algumas delas é maior que de alguns países) e pode-se calcular até mesmo o GINI interno. Também existem políticas internas para a escolha de governantes e estas normalmente são parecidas como as de estados absolutistas. Eu tendo a considerar a democracia uma forma muito melhor de selecionar os mais aptos em uma meritocracia, mas não acho que isso seria possível de se alcançar na organização coletiva que rege a produção, estando em uma economia capitalista. A organização coletiva de nações, condomínios e várias associações podem ser democráticas, mas empresas não,enqüanto houver a tal noção de "dono" dos bens usados na produção.

Offline CyberLizard

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #506 Online: 07 de Maio de 2010, 10:21:40 »
a) Dividir igualmente entre todos?
b) Distribuir de acordo com o quanto cada um trabalhou?
c) Eleger determinadas pessoas "donas" dos meios de produção e entregar para elas?



E se o que alguém fez gerou muito mais valor que o outro?

É o que eu respondi logo em seguida. Eu penso que quem gerou mais valor merece mais, assim como você ou o DDV. O que gera opiniões tão diferentes está em como verificar quanto valor cada um gerou.

Offline DDV

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #507 Online: 07 de Maio de 2010, 14:51:40 »
Considero-me satisfeito com as últimas postagens. As coisas ficaram mais "abertas" (foi meio difícil e demorado "desembrulhá-las"). Cada um pode conferir por si só as postagens e tirar suas conclusões.


Cyberlizard, você acha então (opinião subjetiva, valores) que as máquinas não podem ser tratadas como qualquer outro bem, onde qualquer pessoa poderia comprá-las e usá-las para proveito próprio, pois isso trás o "risco" delas poderem desfrutar bens que não foram produzidos pelo trabalho delas (e sim, pelas máquinas).

É uma opinião exótica, desejo-lhe sorte e que reflita melhor sobre as consequências de se brecar a economia (tolhendo o uso livre de determinados tipos de bens) apenas para que:

1- Todo mundo só possa ter o que lhe custou trabalho manual e intelectual e nada que tenha sido produzido por outras fontes de trabalho da natureza.

2- Que haja uma "igualdade" entre todos, por questões estéticas (ou para evitar que alguns se sintam mal porque outros tem mais do que eles).


Você pode não se lembrar, mas economia brecada JÁ FOI tentado, e MUITO, no século XX.

Em vários países, as pessoas não poderiam pegar o dinheiro poupado debaixo do colcão e comprar máquinas. Em vários países as pessoas não poderiam empregar outras mesmo quando o salário oferecido fosse maior do que nas empresas estatais.

Não é nenhuma novidade isso que você defende, e já foi exaustivamente testado, em diversas configurações.

Pesquise os resultados desses testes. Dê uma olhada especial nos testes realizados em condições ideais, quase de laboratório (aqueles onde um mesmo país era dividido em 2 partes, aplicando-se economia brecada em uma e economia livre em outra).

Poste depois o que achou.
 

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #508 Online: 07 de Maio de 2010, 15:02:12 »
Citação de: Cyberlizard
DDV, não foi o "dono" da máquina quem a trouxe à existência. Quem deu origem à ela foi a necessidade de se produzir mais (que gerou demanda por ela) e todas as pessoas que trabalharam na sua produção.

Meus Deus do céu...Haja paciência!

Eu tento parar de postar, mas...

Releia com calma essa postagem. Releia de novo.

O que ela diz?

Ela diz algo entre essas 2 sentenças:

1- As pessoas demandaram máquinas, fizeram uma prece e estas cairam do céu prontas (Lembre-se, não foi o dono!);

OU

2- As pessoas trabalharam DE GRAÇA na produção das máquinas. (O dinheiro poupado que financiou a produção dela, pagando os salároos e demais custos da produção, SUMIU do texto!!!!!)


Ele escreve essas coisas absurdas e ainda vem dizer que eu estou interpretando errado.

Teses não podem ser enunciadas sem pensar. Quando alguém posta algo, ele deve PENSAR as implicações e consequências lógicas desse algo. Quando ele posta tais coisas e eu revelo as consequências lógicas do que ele disse, ele fica gritando que eu estou interpretando errado.


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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #509 Online: 07 de Maio de 2010, 15:05:41 »
E quando essas pessoas ganharem riquezas, o que elas vao fazer com essa riqueza? Porque com o meu trabalho eu comprei terras e ganho dinheiro com elas, aliàs da pior maneira possível segundo seu ponto de vista, alugando espaços para estacionamento, eu não gero riqueza nenhuma..  O que o trabalhador deve fazer com sua riqueza? Não pode investir para trabalhar menos, ja que poupar e investir para trabalhar menos é pecado.

E por que cargas dágua seria pecado!?!?!? Eu até já disse que estes juízos de valor de "certo", "errado", "sagrado", "profano" só atrapalham discussões sociológicas e econômicas. Eu disse que achava ruim um sistema econômico recompensar alguém que não gere riqueza. Mas uma pessoa pode trabalhar e acumular riquezas como outros produtos, mercadorias, parar de trabalhar depois de acumular o suficiente e passar um tempo viajando, se dedicando à arte, lazer, cultura...

Aqui ele se revela mais ainda, afirmando que a compra ou produção particular de máquinas seria proibida para evitar que algumas pessoas desfrutem coisas produzidas pelas máquinas, trabalhando menos.

Seria mais ou menos como a proibição de armas de fogo no Japão para impedir que os zé-ninguém pudessem enfrentar os samurais.
Não. Seria como distribuir as armas de fogo para que todos possam se defender, seria acabar com o monopólio de acesso às armas que anteriormente era restrito à algumas poucas pessoas.


Você acha "errado" que máquinas substituam pessoas em algum ramo, fazendo com que o salário destas caiam ou estas fiquem obsoletas?

Bem, a única "ameaça" que a máquina apresenta às demais pessoas é esta acima.


 
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Offline DDV

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #510 Online: 07 de Maio de 2010, 15:50:31 »
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SÓ pelo mercado? Essa é a única interpretação possível? Não existe mais nada gerando limites? Existe algum modo de um avião ficar mais barato que uma caneta? Consegue perceber que algumas relações são absurdas de se pensar? Por que haveria alta demanda e pouca oferta para algo cujo tempo médio de trabalho para ser produzido é baixo?  Por que haveria baixa demanda e muita oferta para algo útil e dificílimo, que requer muito tempo para ser produzido? Consegue perceber que isso não é caótico? E consegue perceber porque os cálculos que mostrei fazem sentido no cálculo de valor justamente por existir esta lógica?

Só pelo mercado sim.

A oferta de mão-de-obra é UMA DAS coisas que influenciam no custo de produção dos bens.

Um exemplo: uma tonelada de carvão extraida por mineiros islandeses será provavelmente vendida mais cara (no mercado interno) do que a mesma tonelada extraida por mineiros chineses, mesmo que o trabalho que tenha sido despendido em ambos seja igual, simplesmente porque a OFERTA de mão-de-obra na China é muito maior do que na Islândia. 

Eu já citei muitos exemplos. Posso ficar aqui a tarde e a noite inteira mostrando exmplos onde a "quantidade de trabalho média", seja medida em tempo ou em intensidade, conta MUITO POUCO no valor final do bem.

Coloque isso na cabeça: a OFERTA é determinada por vários fatores. A quantiade de trabalho é apenas UM DOS fatores que influenciam a OFERTA. Vou aqui enumerar alguns outros:

1- Oferta de mão-de-obra

Se há mais gente disponível para trabalhar, os salários pagos serão menores, e isso INDEPENDE da "quantidade de trabalho" que despenderão por esse salário. O exemplo que dei dos mineiros islandeses e chineses ilustra isso.

2- Know How.

Se há poucas pessoas que sabem como fazer algum serviço ou bem, a oferta desse bem será menor, e os salários dessas pessoas será maior. e isso INDEPENDE da quantidade de trabalho que elas despendem. Os exemplos mais extremos de Know How que podemos citar são os artistas e atletas famosos: apenas eles podem ofertar a imagem deles mesmos.

3- Monopólio:

Se um bem é ofertado por poucos, ou apenas um ofertante, ele cobrará um preço que INDEPENDE do trabalho gasto na produção desse bem (será bem maior).

4- Trustes e Cartéis.

Idem ao monopólio

5- Taxações governamentais

Auto-explicativo

6- Oferta da matéria-prima na natureza

Já dei um exemplo do urânio e ferro. Se temos poucas jazidas de um determinado minério (ou poucas fontes de qualquer produto natural), ele será ofertado mais caro, mesmo que a quantidade de trabalho média para extrai-lo seja igual a usada em produtos com mais jazidas e fontes pelo mundo.

Petróleo, por exemplo: se descobrissem mais jazidas na África, o preço provavelmente cairia MESMO que a quantidade de trabalho média para extrair um barril num poço seja igual.

Isso sem contar a tecnologia, que permite um aumento da oferta, substituindo trabalho humano por máquinas.

E eu não falei da DEMANDA, que é um outro mundo, muito mais vasto ainda, e que provavelmente tem ainda mais influência nos preços (principalmente com bens para o consumidor final e serviços).


Resumindo: além de você atribuir a produção das máquinas aos trabalhadores, ainda coloca, injustificadamente, a quantidade de trabalho como um fator ACIMA e MAIS importante do que todos os demais na determinação do valor.

É aquilo que Bohm-Bawerk disse: Marx escolheu, entre todos os fatores que influenciam no valor dos bens, a quantidade de trabalho, e o elevou a uma categoria especial, como se fosse o único determinante. Ignorou todos os demais fatores (às vezes afastando-os da discussão como se fossem coisas secundárias), sem justificar.

Seria mais ou menos como uma pessoa, ao estdar os fatores determinantes da economia de um país, elegesse a geografia como o único ou principal fator, sendo todos os demais secundários.



Cyberlizard, porque você não faz como o Eremita e leia o Bohm-Bawerk. Talvez no ele possa lhe mostrar melhor isso.




Quanto aos aviões e canetas...

Já houve muitas situações históricas onde coisas tiveram preços malucos. Durante a mineração no Brasil, carne valia absurdos nas minas (não sei especificar quanto, só sei que era MUITO).

Teríamos que pensar em uma situação imaginária onde haja uma combinação maluca e incomum entre todos os fatores que influenciam a oferta e demanda da caneta e do avião, fazendo com que a oferta da caneta despencassem, enquanto os do avião aumentassem, combinando isso com um aumento absurdo na demanda por canetas e queda absurda na demanda por aviões.

É possível imaginar isso?

Imagine que inventassem o teletransporte, e também aparelhos voadores que as pessoas pudessem acoplar e voar como pássaros. Imagine que junto com tudo isso, 60% ou mais da população mundial seja de pessoas que sabem como construir aviões (uma onda nerd da área de engenharia tenha entrado em moda, fazendo todos se debruçarem e aprenderem). Junto com isso, toda a matéria prima para aviões seja a preço de água (por mecanização da mineração). Concomitantemente a isso, uma hecatombe climática tenha extinto todas as fontes de pigmentos imaginaveis do globo terrestre, além de uma eletricidade estática na atmosfera impedir o funcionamento de aparelhos portáteis de gravação de som e texto. Existe apenas uma pequena fonte de pigmentos no globo, que só 0,001% da população saiba, e além disso haja uma necessidade intensa de escrita para gerenciar as empresas e outras instituições existentes.

É muita maluquice (e talvez com alguns erros físicos), mas pelo menos serve pra mostrar que MUITOS fatores além do simples trabalho influencia no valor dos bens. Não é por simplesmente "dar mais trabalho" que aviçoes são mais caros. Muitas outras coisas estão em jogo.











Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #511 Online: 07 de Maio de 2010, 23:18:57 »
Cyber, mais uma vez:

Sujeito A trabalhou 5 anos para juntar um milhão.
Duas opções esse cara tem: Em um ambiente capitalista, ele se sente incentivado a investir para ganhar mais dinheiro, melhorar de vida, e gerar emprego.

Em um ambiente comunista, se esse cara pudesse guardar 1M, ele deveria gastar com ele mesmo, já que não poderia ganhar o que merece, devido à sua conta tosca que iguala o inigualável.

Como seria a Internet no comunismo? iria ter aparecido? iria ter aparecido tantas empresas e tanta inovação? NUNCA. Sua religião falha por isso, falhou em todos os casos e você insiste em fechar os olhos para o mundo prático e imaginar que o mundo funcionaria de uma maneira que é simplesmente contra o modo como os seres humanos funcionam.

Teve UM caso de sucesso cara? Um? Um caso que não caiu em ditadura? UM caso? E você fala em preocupação com bem estar?

Cai na real? Os principios do seu argumento são religiosos.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #512 Online: 07 de Maio de 2010, 23:42:38 »
Cyber, mais uma vez:

Sujeito A trabalhou 5 anos para juntar um milhão.
Duas opções esse cara tem: Em um ambiente capitalista, ele se sente incentivado a investir para ganhar mais dinheiro, melhorar de vida, e gerar emprego.

Em um ambiente comunista, se esse cara pudesse guardar 1M, ele deveria gastar com ele mesmo, já que não poderia ganhar o que merece, devido à sua conta tosca que iguala o inigualável.
Agnóstico, no que estou defendendo, a única forma de "investir para ganhar mais dinheiro e melhorar de vida" é trabalhando. Segundo as premissas que estou usando, "gerar emprego" não é nenhuma dádiva de um patrão para os empregados, visto que o patrão precisa dos empregados. E  "o que ele merece" é o quanto ele trabalha (não "suas" máquinas).

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Como seria a Internet no comunismo? iria ter aparecido? iria ter aparecido tantas empresas e tanta inovação? NUNCA. Sua religião falha por isso, falhou em todos os casos e você insiste em fechar os olhos para o mundo prático e imaginar que o mundo funcionaria de uma maneira que é simplesmente contra o modo como os seres humanos funcionam.
A Internet não foi invenção de empresas. Empresas raramente investem em ciência pura (pesquisa quanto à origem do universo) ou coisas muito arriscadas (viagens espaciais,..). A Internet foi uma invenção do governo americano. Em plena guerra fria, eles estavam interessados em criar redes de computadores que fôssem muito resistentes à falhas. Se um dos pontos da rede fôsse bombardeado, ela continuaria funcionando sem problemas. Sendo um investimento governamental, não foi coisa que só pudesse ser feito em uma economia capitalista. E a economia que mandou o Sputnik para o espaço não era capitalista. E como você explicaria o desenvolvimento das pesquisas cubanas que mencionei no outro tópico?

Além disso, eu imagino que com uma melhora na distribuição de renda  e acesso à oportunidades, as pessoas poderiam ter mais tempo para estudar e se dedicar ao lazer. Isso tende a estimular a criatividade. Isso também faria com que aquele cara mais brilhante que o Einstein, mas que nunca pôde estudar muito por ter que ajudar seus pais a sustentar a família, pudesse ter um destino diferente. :)

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Teve UM caso de sucesso cara? Um? Um caso que não caiu em ditadura? UM caso? E você fala em preocupação com bem estar?

Cai na real? Os principios do seu argumento são religiosos.
É preciso aprender com o passado. Mas sem ser simplista e assumir que tudo aconteceu pelas idéias comunistas serem inerentemente malignas/amaldiçoadas. A sociedade humana é muito mais complexa que isso.

Offline CyberLizard

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #513 Online: 07 de Maio de 2010, 23:43:34 »
Considero-me satisfeito com as últimas postagens. As coisas ficaram mais "abertas" (foi meio difícil e demorado "desembrulhá-las"). Cada um pode conferir por si só as postagens e tirar suas conclusões.

Cyberlizard, você acha então (opinião subjetiva, valores) que as máquinas não podem ser tratadas como qualquer outro bem, onde qualquer pessoa poderia comprá-las e usá-las para proveito próprio, pois isso trás o "risco" delas poderem desfrutar bens que não foram produzidos pelo trabalho delas (e sim, pelas máquinas).

É uma opinião exótica, desejo-lhe sorte e que reflita melhor sobre as consequências de se brecar a economia (tolhendo o uso livre de determinados tipos de bens) apenas para que:

1- Todo mundo só possa ter o que lhe custou trabalho manual e intelectual e nada que tenha sido produzido por outras fontes de trabalho da natureza.

2- Que haja uma "igualdade" entre todos, por questões estéticas (ou para evitar que alguns se sintam mal porque outros tem mais do que eles).
Apenas uma pequena ressalva: uma pessoa não tem como produzir sozinha tudo o que precisa. Não sou contra o dinheiro, que serviria justamente para organizar a troca de bens produzidos.

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Você pode não se lembrar, mas economia brecada JÁ FOI tentado, e MUITO, no século XX.

Em vários países, as pessoas não poderiam pegar o dinheiro poupado debaixo do colcão e comprar máquinas. Em vários países as pessoas não poderiam empregar outras mesmo quando o salário oferecido fosse maior do que nas empresas estatais.

Não é nenhuma novidade isso que você defende, e já foi exaustivamente testado, em diversas configurações.

Pesquise os resultados desses testes. Dê uma olhada especial nos testes realizados em condições ideais, quase de laboratório (aqueles onde um mesmo país era dividido em 2 partes, aplicando-se economia brecada em uma e economia livre em outra).

Poste depois o que achou.
Sei que a restrição à propriedade privada de bens usados em produção já foi abolida em vários lugares. URSS, China, Cuba, ... Tem vários problemas que vejo nestes experimentos. Durante a época da Guerra Fria foi a imensa burocratização destes estados e da produção. Os planos quinqüenais não eram o bastante e não conseguiam planejar a economia com agilidade suficiente. Eram extremamente lentos. Além do mais, houveram grandes falhas políticas, com muitos lugares convertendo-se em ditaduras. O antigo lema da revolução, "Todo o poder para os soviets", o qual seria algo bastante democrático, foi esquecido e uma longa ditadura se iniciou. É preciso evitar que as coisas tomem este rumo. Por isso sou contra o poder concentrado nas mãos de um único indivíduo ou família e acho que é extemamente necessário fortalecer métodos de democracia direta que não permitam que ditaduras se iniciem. É preciso aprender sim com o passado para que possamos cometer novos erros, nunca os mesmos erros de sempre. Uma hora acaba-se acertando.

Só não acho que seja possível realizar testes em condições ideais na sociedade, pois o número de variáveis existentes é grande demais. A complexidade de um sistema como este é gigantesca. Por isso que não acredito em unanimidade ou que um acordo um dia seja possível entre as várias correntes e escolas de economia.

Offline CyberLizard

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #514 Online: 07 de Maio de 2010, 23:43:51 »
Citação de: Cyberlizard
DDV, não foi o "dono" da máquina quem a trouxe à existência. Quem deu origem à ela foi a necessidade de se produzir mais (que gerou demanda por ela) e todas as pessoas que trabalharam na sua produção.

Meus Deus do céu...Haja paciência!

Eu tento parar de postar, mas...

Releia com calma essa postagem. Releia de novo.

O que ela diz?

Ela diz algo entre essas 2 sentenças:

1- As pessoas demandaram máquinas, fizeram uma prece e estas cairam do céu prontas (Lembre-se, não foi o dono!);

OU

2- As pessoas trabalharam DE GRAÇA na produção das máquinas. (O dinheiro poupado que financiou a produção dela, pagando os salároos e demais custos da produção, SUMIU do texto!!!!!)


Ele escreve essas coisas absurdas e ainda vem dizer que eu estou interpretando errado.

Teses não podem ser enunciadas sem pensar. Quando alguém posta algo, ele deve PENSAR as implicações e consequências lógicas desse algo. Quando ele posta tais coisas e eu revelo as consequências lógicas do que ele disse, ele fica gritando que eu estou interpretando errado.
DDV, você mesmo disse (e eu concordo) que as máquinas são boas para toda a sociedade, pois diminuem o valor das coisas (embora haja aquela polêmica se existe algum tipo de valor que é intrínseco à todas as mercadorias). Por causa disso, elas são coisas desejáveis na sociedade, tal qual saneamento básico, postos de saúde, etc. Por causa disso, existe estímulo para que a tecnologia seja usada para produzir as coisas na sociedade. Eu não acredito que as coisas se resumem à esta dicotomia (ou as máquinas devem ter um dono ou não teremos máquinas). E não se esqueça que defendo que máquinas são mercadorias como qualquer outra. Elas precisam ser compradas das pessoas que as fabricaram. Mas o que seria gerado pelas máquinas, não iria para um "dono" tendo-se uma propriedade coletiva da máquina (e dos meios de produção).

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #515 Online: 07 de Maio de 2010, 23:44:08 »
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Você acha "errado" que máquinas substituam pessoas em algum ramo, fazendo com que o salário destas caiam ou estas fiquem obsoletas?

Bem, a única "ameaça" que a máquina apresenta às demais pessoas é esta acima.

De modo algum! Pensando assim ainda estaríamos no paleolítico. A outra "ameaça" que apontei é a desigüaldade que ela geraria, bem como a possibilidade de algumas pessoas conseguirem usufruir de riquezas sem trabalhar. O que segundo a minha humilde concepção, é uma distorção, uma falha no modelo econômico.

Offline CyberLizard

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #516 Online: 07 de Maio de 2010, 23:44:32 »
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Resumindo: além de você atribuir a produção das máquinas aos trabalhadores, ainda coloca, injustificadamente, a quantidade de trabalho como um fator ACIMA e MAIS importante do que todos os demais na determinação do valor.

É aquilo que Bohm-Bawerk disse: Marx escolheu, entre todos os fatores que influenciam no valor dos bens, a quantidade de trabalho, e o elevou a uma categoria especial, como se fosse o único determinante. Ignorou todos os demais fatores (às vezes afastando-os da discussão como se fossem coisas secundárias), sem justificar.

Seria mais ou menos como uma pessoa, ao estdar os fatores determinantes da economia de um país, elegesse a geografia como o único ou principal fator, sendo todos os demais secundários.
O que motivou Marx foi que esta era a única característica numérica e objetiva, que estaria presente em absolutamente todas as mercadorias e que permitiria uma análise útil da produção e fluxo de riqueza em qualquer sociedade. Existem análises interessantes que podem ser feitas com esta métrica.

De qualquer forma, vou colocar Bohm-Bawerk na minha lista de futuras leituras junto com o "Além do Capital".

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Imagine que inventassem o teletransporte, e também aparelhos voadores que as pessoas pudessem acoplar e voar como pássaros. Imagine que junto com tudo isso, 60% ou mais da população mundial seja de pessoas que sabem como construir aviões (uma onda nerd da área de engenharia tenha entrado em moda, fazendo todos se debruçarem e aprenderem). Junto com isso, toda a matéria prima para aviões seja a preço de água (por mecanização da mineração). Concomitantemente a isso, uma hecatombe climática tenha extinto todas as fontes de pigmentos imaginaveis do globo terrestre, além de uma eletricidade estática na atmosfera impedir o funcionamento de aparelhos portáteis de gravação de som e texto. Existe apenas uma pequena fonte de pigmentos no globo, que só 0,001% da população saiba, e além disso haja uma necessidade intensa de escrita para gerenciar as empresas e outras instituições existentes.

É muita maluquice (e talvez com alguns erros físicos), mas pelo menos serve pra mostrar que MUITOS fatores além do simples trabalho influencia no valor dos bens. Não é por simplesmente "dar mais trabalho" que aviçoes são mais caros. Muitas outras coisas estão em jogo.
Sim, esta maluquice toda pode ser  explicada pela tal lei de oferta e demanda. Mas o pior é que também pode ser explicada pelo valor-trabalho. O teletransporte diminuiria o tempo socialmente necessário para produzir quase tudo. A mecanização de mineração também diminui o tempo socialmente necessário de produção do avião e de tudo o mais que depende do minério. E com apenas uma pequena fonte de pigmentos no globo, o tempo médio para produzir a caneta também aumenta, pois é preciso viajar muito para obtê-lo. O que o valor-trabalho não mede é o aumento do valor nas trocas causada pelo monopólio da produção de pigmentos e a especulação que também aumentaria o valor das canetas no mercado. Estas são aqueles "valores  adicionais" nas mercadorias, causadas por fatores puramente humanos na economia. O que Marx chama de fetiche do mercado. Apesar disso, perceba que o valor-trabalho acompanha todas estas flutuações. No fim ele parece fazer sentido porque uma pessoa não vai querer vender barato algo que leve, por exemplo, 10 anos para ser produzido, mesmo que haja pouca demanda. Uma única pessoa até pode produzir e vender, mas isso não tem como se tornar a regra na sociedade - a menos que surjam mais fenômenos malucos.

No fundo, me parece que o valor-trabalho e a oferta/demanda possuem uma relação muito próxima. Mas tenho que pensar mais sobre isso.

Bem, como você deu sinais que está satisfeito e que talvez não vá postar mais, não quero  colocar mais lenha na fogueira. Minhas últimas mensagens foram mais alguns esclarecimentos. No final das contas, apesar de alguns momentos tensos e com algumas respostas mais exaltadas, até que foi divertido. Deu pra aprender bastante coisa acompanhando e participando da discussão.  :)

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #517 Online: 07 de Maio de 2010, 23:57:31 »
Cyber, mais uma vez:

Sujeito A trabalhou 5 anos para juntar um milhão.
Duas opções esse cara tem: Em um ambiente capitalista, ele se sente incentivado a investir para ganhar mais dinheiro, melhorar de vida, e gerar emprego.

Em um ambiente comunista, se esse cara pudesse guardar 1M, ele deveria gastar com ele mesmo, já que não poderia ganhar o que merece, devido à sua conta tosca que iguala o inigualável.
Agnóstico, no que estou defendendo, a única forma de "investir para ganhar mais dinheiro e melhorar de vida" é trabalhando. Segundo as premissas que estou usando, "gerar emprego" não é nenhuma dádiva de um patrão para os empregados, visto que o patrão precisa dos empregados. E  "o que ele merece" é o quanto ele trabalha (não "suas" máquinas).

Sim. Mas eles vão ganhar muito menos do que quem fez o investimento, teve a idéia. Pensa: Não fosse isso, eu não investiria e eles não teriam o emprego. Entende isso cara?

Você parte do principio que o empreendedor tem um papel contingente na sociedade, quando na verdade é fundamental. E quem faria o papel do empreendedor?

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Como seria a Internet no comunismo? iria ter aparecido? iria ter aparecido tantas empresas e tanta inovação? NUNCA. Sua religião falha por isso, falhou em todos os casos e você insiste em fechar os olhos para o mundo prático e imaginar que o mundo funcionaria de uma maneira que é simplesmente contra o modo como os seres humanos funcionam.
A Internet não foi invenção de empresas. Empresas raramente investem em ciência pura (pesquisa quanto à origem do universo) ou coisas muito arriscadas (viagens espaciais,..). A Internet foi uma invenção do governo americano. Em plena guerra fria, eles estavam interessados em criar redes de computadores que fôssem muito resistentes à falhas. Se um dos pontos da rede fôsse bombardeado, ela continuaria funcionando sem problemas. Sendo um investimento governamental, não foi coisa que só pudesse ser feito em uma economia capitalista. E a economia que mandou o Sputnik para o espaço não era capitalista. E como você explicaria o desenvolvimento das pesquisas cubanas que mencionei no outro tópico?

ABSOLUTAMENTE NÂO. O que o governo americano fez foi a primeira infra-estrutura de rede para a internet. SÓ. Todo o restante veio de empresas privadas, de roteadores, até servidores de internet, banco de dados, servidores de aplicação, tudo.
Do mesmo modo que a maior parte do que compramos e usamos ;

Sobre o sputinik... interessante que a URSS gastava boa parte do seu PIB para competir em uma batalha e as pessoas compravam sapatos de péssima qualidade.. e não conseguiram acompanhar o desenvolvimento.
A URSS tinha que comprar máquinas dos EUA e do ocidente, sabia disso não?
PENSA..

Além disso, eu imagino que com uma melhora na distribuição de renda  e acesso à oportunidades, as pessoas poderiam ter mais tempo para estudar e se dedicar ao lazer. Isso tende a estimular a criatividade. Isso também faria com que aquele cara mais brilhante que o Einstein, mas que nunca pôde estudar muito por ter que ajudar seus pais a sustentar a família, pudesse ter um destino diferente. :)

Cara.. o que você imagina não importa. Atenha-se aos fatos. As pessoas trabalham por uma remuneração, para se diferenciar, assumem riscos e trabalham mais, em sua grande maioria, se o retorno financeiro lhes proporciona esse ambiente.

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Teve UM caso de sucesso cara? Um? Um caso que não caiu em ditadura? UM caso? E você fala em preocupação com bem estar?

Cai na real? Os principios do seu argumento são religiosos.
É preciso aprender com o passado. Mas sem ser simplista e assumir que tudo aconteceu pelas idéias comunistas serem inerentemente malignas/amaldiçoadas. A sociedade humana é muito mais complexa que isso.

Não.. simplista são as premissas dessa porcaria Cyber. Veja... 100% de fracasso pelas razões que estão claras aqui: Mata a liberdade, mata o empreendorismo, não consegue competir.

Eu tenho o direito de acumular riqueza.. e tenho o direito ganhar mais se eu trabalho melhor. E temos o problema da falta de oportunidade iguais para todos que JÁ FOI RESOLVIDA EM UMA SÉRIE DE PAISES CAPITALISTAS de uma maneira que sua crença JAMAIS poderia proporcionar.

Pensa um pouco: O que a essa porcaria pode entregar melhor do que a suécia e dezenas de casos de sucesso? Você pega apenas os fracassos do capitalismo, quando em seu caso você só tem fracassos a apresentar

Tal situação não é conjectural. È estrutural.

Eu sinceramente não consigo sequer entender como pessoas insistem em ignorar uma coisa tão  básica como a realidade, Cyber, você deveria  colocar sua visão a um crivo um mínimo mais cético, senão pelos argumentos que você insistem em desconsiderar ao colocar como axiomas coisas absolutamente questionávies, ao menos pelos casos.

Se você analisar porque faliram todos os sistemas, TODOS TODOS baseados na sua crença, verá que faliram porque tem que falir.
« Última modificação: 08 de Maio de 2010, 00:28:06 por Agnóstico »
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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #518 Online: 08 de Maio de 2010, 00:06:32 »
outra dica Cyber..

Sempre que alguém acha que tem um remédio para os males da sociedade e que ao aplicá-lo, a sociedade será uma utopia, ESSE CARA ESTÁ FALANDO MERDA.

Nós somos imperfeitos e nossas interações irão gerar problemas. O que nós temos que fazer é encontrar o melhor sistema possível e viável. Porque digo isso?

Porque pode parecer que  ninguém em sã consciência pode ir contra a uma afirmação "Ohh, você não quer que todos vivamos em harmonia e que sejamos todos contentamente iguais?" Mas não dá para falar sim se você entende um mínimo do ser humano. As pessoas não querem ser iguais. As pessoas querem POSSIBILIDADES e se aborrecem se têm sua vida e suas possibilidades tolhidas por idiotas que querem definir o que podemos fazer com a desculpa que fazem isso para proteger a população de SI mesmo.

Muitas vezes, seu diagnóstico é correto: Temos pobreza, temos miséria, e essas foram resolvidas como jamais foram. Mais ainda a temos. Mas isso não é evidência para a porcaria do comunismo funcionar. Você me mostrar uma contradição do modelo X não indica que o Y funciona. O que indica que o Y funciona são casos de sucesso anteriores ou uma lógica coerente. Não há nada no que você propoe.

Sua crença leva ou a cuba, ou a alemanha oriental, ou a coréia do norte.. qualquer uma dessas merdas.

« Última modificação: 08 de Maio de 2010, 00:10:26 por Agnóstico »
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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #519 Online: 08 de Maio de 2010, 00:24:45 »
Sujeito investiu 1M e arcou com o prejuizo operacional por 6 meses

A- No comunismo qualquer um poderia acumular 1M? Como?
B- Depois da empresa pronta, o sujeito escolhe os profissionais com melhor custo benefício. Se ele encontra alguém mais barato, ele pode trocar as pessoas se entende que outras iriam gerar maior valor por menor custo.
Ao contrário da sua crença, essa diferença pode e em muitos casos é gerada para re-investimentos.

Posso trocar as pessoas no comunismo por pessoas mais baratas?
Quem vai definir o quanto é justo pagar por esse trabalho?

C- Você sabia que a maior parte dos empregos do brasil são sustentadas por pequenas empresas não?
Quem vai substituir essa força da economia, que se dá pela capacidade e facilidade de acúmulo de capitais, respeito a propriedade privada, capacidade de ter lucro e investimentos, etc..?

D- Porque você acha que TODAS as implementações do socialismo:
1- Cairam em ditaduras?
2- Tiveram execuções sumárias durante toda a duração do regime?
3- Não pode ter imprensa livre?
4- Fracassaram redondamente?
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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #520 Online: 08 de Maio de 2010, 22:44:31 »
Citação de: Agnóstico
Sim. Mas eles vão ganhar muito menos do que quem fez o investimento, teve a idéia. Pensa: Não fosse isso, eu não investiria e eles não teriam o emprego. Entende isso cara?

Você parte do principio que o empreendedor tem um papel contingente na sociedade, quando na verdade é fundamental. E quem faria o papel do empreendedor?
Com o que é produzido com aumento de produtividade das máquinas indo para uma única pessoa, é natural que esta pessoa tenha interesses em administrar bem a produção e realizar empreendimentos. Agora se a riqueza produzida for para todas as pessoas envolvidas no processo, é do interesse de todos que haja aumento de produtividade. Com relação à administração de empresas, eu havia dado algumas sugestões antes sobre a possibilidade da produção na sociedade ser gerida de forma mais democrática. Alguém que tivesse experiência ou fôsse competente poderia ser eleito pelos demais para fazer o papel administrativo. Seria uma sugestão.

Citação de: Agnóstico
ABSOLUTAMENTE NÂO. O que o governo americano fez foi a primeira infra-estrutura de rede para a internet. SÓ. Todo o restante veio de empresas privadas, de roteadores, até servidores de internet, banco de dados, servidores de aplicação, tudo.
Do mesmo modo que a maior parte do que compramos e usamos ;

Sobre o sputinik... interessante que a URSS gastava boa parte do seu PIB para competir em uma batalha e as pessoas compravam sapatos de péssima qualidade.. e não conseguiram acompanhar o desenvolvimento.
A URSS tinha que comprar máquinas dos EUA e do ocidente, sabia disso não?
PENSA..
O geverno fez "SÓ" isso? Mas esta é a parte fundamental e mais difícil, coisa que empresa nenhuma iria fazer. A tecnologia de redes de redes heterogêneas e o protocolo TCP foi desenvolvido pelo departamento de defesa, ainda na época da ARPAnet. O IP foi desenvolvido por uma pesquisa universitária na Stanford University. A Internet Engineering Task Force, responsável por desenvolver os padrões da Internet, não é um grupo vinculado à qualquer empresa e a participação no rupo está aberta à qualquer pesquisador. A organização não tem fins lucrativos. Aliás, empresas privadas aqui iriam só atrapalhar. O sucesso da Internet está nos seus padrões abertos, na inexistência de formatos e protocolos fechados e patenteados por empresas.

A privatização dos serviços de provedores e servidores acabou acontecendo porque depois que toda a estrutura estava gerada, empresas agora sim iriam querer investir no setor para receber lucros. Como os governos não estavam querendo ficar com a tarefa de investir em infra-estrutura e expandir a rede para as pessoas acabou-se passando isso para companhias privadas. O que as empresas mais fizeram foi expandir a infra-estrutura, mas a pesquisa básica e desenvolvimento científico é feita por organizações e grupos governamenteais ou sem fins lucrativos. Agora se as tais empresas privadas não existissem, não acho que seria impossível realizar a tal expansão. Seria preciso verbas + organização. Algo que não é possível de conseguir apenas em empresas privadas.

Com relação à URSS, ela deu muitos passos maior que as pernas. Mas não deixa de ser impressionante que em tão pouco um país que ainda tinha um estrutura feudal, sem indústrias e pouco desenvolvido acabou desenvolvendo sua produção à ponto de ser pioneiro no lançamento de foguetes para o espaço.

Citação de: Agnóstico
Cara.. o que você imagina não importa. Atenha-se aos fatos. As pessoas trabalham por uma remuneração, para se diferenciar, assumem riscos e trabalham mais, em sua grande maioria, se o retorno financeiro lhes proporciona esse ambiente.
O tal sujeito que demonstrou a conjectura de Poincaré é um bom contra-exemplo para aqueles que dizem que todas as pessoas são motivadas só por fama e dinheiro. Você não acha que em meio à pessoas que não conseguem estudar o suficiente por ter que trabalhar desde cedo, ou mesmo entre pessoas que morrem de exaustão em canaviais poderiam haver físicos mais brilhantes que Einstein ou compositores mais brilhantes que Tchaikovsky? Se todos realmente tivessem a oportunidade de estudar, quanto potencial que antes era desperdiçado não haveria de se tornar acessível?

Além disso, eu acho que deve haver recompensa maior para quem trabalha mais sim. Acho que o estudo e o quanto se produz deve ser levado em conta.

Citação de: Agnóstico
Não.. simplista são as premissas dessa porcaria Cyber. Veja... 100% de fracasso pelas razões que estão claras aqui: Mata a liberdade, mata o empreendorismo, não consegue competir.

Eu tenho o direito de acumular riqueza.. e tenho o direito ganhar mais se eu trabalho melhor. E temos o problema da falta de oportunidade iguais para todos que JÁ FOI RESOLVIDA EM UMA SÉRIE DE PAISES CAPITALISTAS de uma maneira que sua crença JAMAIS poderia proporcionar.
Er... Desconheço os tais países que resolveram o problema da falta de oportunidades iguais. Nos Estados Unidos, 1/5 da população é formada por analfabetos funcionais. Mesmo na Suécia, 6% da população está abaixo da linha de pobreza e há 9,1% de desempregados (está aumentando) (FONTE: http://en.wikipedia.org/wiki/Economy_of_Sweden ). E estamos falando do grande modelo do capitalismo. Na prática, eu acho que devemos considerar o quadro global, já que cada vez mais a economia torna-se globalizada.

Ah, sim, eu havia me esquecido de uma coisa. Sabe o que mais ajuda a aumentar a desigüaldade e que também é responsável por sempre manter algum grupo de pobres, mesmo em países-modelo e bastante desenvolvidos? Primeiro, não é viável manter um desemprego nulo ou muito baixo (o artigo acima sobre a Suécia até fala sobre os problemas que eles tiveram por taxas muito baixas de desemprego). Isso não é sustentável em uma economia de mercado por gerar inflação e por aumentar muito o valor da força de trabalho. A Suécia teve uma crise no começo da década de 90 por causa disso. O segundo fator que sempre empurra para baixo boa parte da população é também justamente isso: crises. Elas podem ter várias causas, embora o excesso de produção seja comum. Elas acontecem ciclicamente em todas as economias capitalistas. E elas afetam de maneira bastante desigüal as pessoas. Trabalhadores são sempre mais afetados e vêem o seu padrão de vida baixar bastante.


Citação de: Agnóstico
outra dica Cyber..

Sempre que alguém acha que tem um remédio para os males da sociedade e que ao aplicá-lo, a sociedade será uma utopia, ESSE CARA ESTÁ FALANDO MERDA.

Nós somos imperfeitos e nossas interações irão gerar problemas. O que nós temos que fazer é encontrar o melhor sistema possível e viável. Porque digo isso?

Porque pode parecer que  ninguém em sã consciência pode ir contra a uma afirmação "Ohh, você não quer que todos vivamos em harmonia e que sejamos todos contentamente iguais?" Mas não dá para falar sim se você entende um mínimo do ser humano. As pessoas não querem ser iguais. As pessoas querem POSSIBILIDADES e se aborrecem se têm sua vida e suas possibilidades tolhidas por idiotas que querem definir o que podemos fazer com a desculpa que fazem isso para proteger a população de SI mesmo.

Muitas vezes, seu diagnóstico é correto: Temos pobreza, temos miséria, e essas foram resolvidas como jamais foram. Mais ainda a temos. Mas isso não é evidência para a porcaria do comunismo funcionar. Você me mostrar uma contradição do modelo X não indica que o Y funciona. O que indica que o Y funciona são casos de sucesso anteriores ou uma lógica coerente. Não há nada no que você propoe.

Sua crença leva ou a cuba, ou a alemanha oriental, ou a coréia do norte.. qualquer uma dessas merdas.
Eu não sou nenhum gênio que tem todas as respostas e sabe como resolver todos os problemas da sociedade. Sou apenas um humilde estudante que tem muitos palpites sobre muitas coisas, mas que na prática iria recusar se alguém lhe oferecesse um cargo para governar a economia de um país.

Citação de: Agnóstico
Sujeito investiu 1M e arcou com o prejuizo operacional por 6 meses

A- No comunismo qualquer um poderia acumular 1M? Como?
1M diz muito pouco sobre o quanto é essa quantia. Pode ser muito ou pouco, dependendo da inflação. Tá bom, vou desligar o modo-chato: coisas que uma única pessoa não teria como acumular em uma vida inteira de trabalho teriam que ser feitas coletivamente. Seria razoável, já que fábricas e todo o resto da produção seria gerido coletivamente mesmo.

Citação de: Agnóstico
B- Depois da empresa pronta, o sujeito escolhe os profissionais com melhor custo benefício. Se ele encontra alguém mais barato, ele pode trocar as pessoas se entende que outras iriam gerar maior valor por menor custo.

Ao contrário da sua crença, essa diferença pode e em muitos casos é gerada para re-investimentos.

Posso trocar as pessoas no comunismo por pessoas mais baratas?
Não seria possível demitir pessoas, mas seria possível, segundo minha opinião, recompensar de acordo com a quantidade de valor produzida com o trabalho de cada um. Isso seria um estímulo para que as pessoas produzissem mais e também faria com que as pessoas buscassem trabalhar justamente nas áreas em que tem mais afinidade e talento.

[quote author-Agnóstico]
Quem vai definir o quanto é justo pagar por esse trabalho?
[/quote]
O jeito mais simples seria medindo o quanto se produziu e distribuindo os ganhos proporcionalmente.

Citação de: Agnóstico
C- Você sabia que a maior parte dos empregos do brasil são sustentadas por pequenas empresas não?
Quem vai substituir essa força da economia, que se dá pela capacidade e facilidade de acúmulo de capitais, respeito a propriedade privada, capacidade de ter lucro e investimentos, etc..?
As mesmas pessoas que trabalham nestas empresas? Mas organizadas de uma forma diferente.

Citação de: Agnóstico
D- Porque você acha que TODAS as implementações do socialismo:
1- Cairam em ditaduras?
2- Tiveram execuções sumárias durante toda a duração do regime?
3- Não pode ter imprensa livre?
4- Fracassaram redondamente?
Todas não. :) Todas as do século XX. No século XIX também houveram várias tentativas de se criar governos comunistas e desconheço casos de ditaduras ou imprensa controlada nesta época. Entretanto, elas se caracterizaram por terem uma duração bastante curta e terem sido extremamente ingênuas. Vários teóricos estudaram estas tentativas e durante o século XX, nas novas tentativas que estavam fazendo, buscou-se à todo custo não cometer as mesmas falhas dos experimentos do século XIX. De fato eles conseguiram; e no século XX os mesmos erros do século XIX não foram cometidos - somente erros novos herdados basicamente do modelo soviético que todos buscavam imitar. Da mesma forma, eu espero que se houverem tentativas no śeculo XIX, que elas não cometam os mesmos erros do śeculo XX.

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #521 Online: 09 de Maio de 2010, 14:10:25 »
Fiz essa pergunta para o Eremita uma vez, vou colocá-la aqui para o Cyberlizard. É um copy paste de outro tópico, algumas partes podem não se aplicar à discussão desenvolvida aqui, mas são bem poucas:




Cyberlizard, já parou para pensar de onde vem os bens de capital artificiais*?
Me responda, como uma bem de capital artificial (seja qual for) é obtido?


Você está falando de um jeito como se as máquinas, indústrias, capital, insumos, etc fossem coisas dadas, que já estariam lá prontinhas à espera dos trabalhadores, que alguns espertinhos chegaram na frente e se apossaram das mesmas, e portanto cabe apenas "redistribuirmos"  as mesmas de forma igual que tudo fica Ok.

Vamos supor então esse cenário que você propôs como já dados. Vamos supor que já existiam as empresas, as máquinas, os insumos, as construções, as ferramentas, o capital de giro, etc preparados e prontinhos para serem trabalhados, e que cabe apenas preenchê-los com trabalhadores, organizá-los e os pôr para funcionar.

Vamos supor que o Sr. João, um trabalhador esforçado e esperto, conseguiu juntar após 5 anos de trabalho, a quantia de 15 000 reais. Ele percebeu que na região onde ele mora não existe sorvetes; as pessoas deslocam-se quilômetros para tomar sorvete em uma outra cidade. João tem uma idéia: pegar o seu dinheiro poupado, comprar uma máquina de sorvetes e produzí-los para vender nessa localidade.

Pergunta 1: ele poderá fazer isso?

Caso sim, então João compra a máquina e começa a produzir, de forma ainda muito amadora, as primeiras unidades de sorvetes. O sucesso é total. As pessoas (trabalhadoras de "cooperativas", como ele) fazem fila para comprar seu sorvete. João teve altos lucro e as pessoas ficaram muito satisfeitas de terem sorvetes para consumir mais perto de casa.  João percebe que poderia aumentar muito mais suas vendas,  mas para isso teria que contratar um ajudante, pois sozinho ele não conseguiria dar conta dessa maior produção (ele continua trabalhando na cooperativa). Pensa no Sr. Paulo. Paulo estava desempregado, e o governo o colocou em uma cooperativa subsidiada que serve como cabide de empregos. Lá ele ganha 400 reais por mês. João pensa em contratá-lo, pagando 700 reais por mês, para ajudá-lo com a maior produção de sorvetes.

Pergunta 2: ele poderá fazer isso?


Essa história poderia ser continuada para gerar mais perguntas, mais por ora basta.

A questão e: se você responder sim às duas perguntas, então caso encerrado. É "capitalismo" mesmo o que teríamos. Não é preciso dizer mais nada.

Caso você responda não a alguma das perguntas, então teremos uma economia seriamente brecada!

Imaginem os milhões de casos e iniciativas de pessoas como o Sr. João sendo brecados pelo governo!
Imaginem os milhões de casos de pessoas como Sr. Paulo sendo seriamente prejudicadas pelo governo!

Não é preciso muita imaginação ou esforço para deduzir como será a eficiência e eficácia da economia desse país como um todo.


É assim que as máquinas, ferramentas, insumos, instalações...enfim, o capital é construído ou obtido.

São atos de poupança e investimento como os do Sr. João que permitem o crescimento do capital e da produção, e beneficiam pessoas como o Sr. Paulo.  Os casos ilegais que você porventura citar não devem corresponder nem a 1%.
 

No exemplo dado, eu já partir de uma situação hipotética em que os bens de capital já existiam prontinhos à espera dos trabalhadores, mas isso é utópico.

Me diga, o que você propõe que seja no mínimo tão eficiente e eficaz quanto a livre iniciativa individual para tomar as decisões de investimentos?




Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #522 Online: 09 de Maio de 2010, 14:34:13 »
A única desculpa ou justificativa imaginável para se defender a abolição do direito de propriedade do fruto do seu trabalho seria se a propriedade implicasse logicamente na exploração de pessoas por outras ("exploração" no sentido de "ficar com o trabalho dos outros").

Foi mostrado nesse tópico (e em outros semelhantes), que essa exploração de trabalho alheio que os marxistas alegam existir é falsa, é uma mentira baseada em falácias, desentendimentos e confusões de linguagem e conceituais, muitas vezes propositais.

É óbvio que pode haver exploração em uma economia livre, mas esta está MUITO longe de ser uma necessidade lógica inescapável da economia de mercado. As únicas áreas onde podem haver exploração (nesse caso, de verdade) seriam áreas onde a incorporação de tecnologia e bens/serviços de capital sejam mínimas, e mesmo assim, ainda é necessária algumas outras combinações especiais no que tange à oferta de mão-de-obra, disponibilidade de terras, legislação trabalhista, etc. Exemplos dessas áreas: corte de cana, colheita de laranjas.

Portanto, ao contrário do que alegam os marxistas, a quase totalidade dos trabalhadores em uma economia livre, não é explorada. Ao contrário, desfrutam de muito mais bens e serviços do que poderiam fazer apenas com a natureza à sua disposição. Mesmo com as imperfeições existentes (no tocante à distribuição de terras, por exemplo), ainda assim quase todos os trabalhadores estão mais do que no lucro.

Cyberlizard concordou que a "exploração do homem pelo homem" na indústria (conforme Marx colocou) é falsa, que a maior parte da produção na verdade é das máquinas, e que a queda nos salários de trabalhadores do ramo se deve a questões de mercado (concorrência das máquinas), e não a questões trabalhistas (patrão "tomando" parte do seu trabalho).

Dado isso, pra que diabos alguém ainda defenderia abolição do direito de propriedade?!

Pelo que Cyberlizard colocou, ele acha errado que exista a possibilidade de uma pessoa juntar dinheiro, comprar um bem de capital e depois trabalhar menos (ou não trabalhar), aproveitando-se da produção desse bem de capital.


Ele também acha errado haver desigualdades, mesmo não havendo exploração, e mesmo não havendo pobreza e miséria.


Enfim, preferências meramente estéticas.

Aqui já entramos no campo da ética (recorrendo a Kant, Popper e demais defensores da ética liberal e humanista). O princípio básico, que Cyberlizard violaria, é o da liberdade individual.

No caso, ele defende uma espécie de "conexão" arbitrária e imposta entre os destinos das pessoas. Ninguém seria livre para fazer o que quiser com a sua vida, seu trabalho e seus bens mesmo quando não prejudica ninguém. A mera existência de outras pessoas com menos do que nós nos impediria de ter mais coisas mesmo se pudermos tê-las sem prejudicar ninguém. É uma espécie de "umbigo-preso" com todo mundo.







Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #523 Online: 09 de Maio de 2010, 16:28:28 »
Citação de: Agnóstico
Sim. Mas eles vão ganhar muito menos do que quem fez o investimento, teve a idéia. Pensa: Não fosse isso, eu não investiria e eles não teriam o emprego. Entende isso cara?

Você parte do principio que o empreendedor tem um papel contingente na sociedade, quando na verdade é fundamental. E quem faria o papel do empreendedor?
Com o que é produzido com aumento de produtividade das máquinas indo para uma única pessoa, é natural que esta pessoa tenha interesses em administrar bem a produção e realizar empreendimentos. Agora se a riqueza produzida for para todas as pessoas envolvidas no processo, é do interesse de todos que haja aumento de produtividade. Com relação à administração de empresas, eu havia dado algumas sugestões antes sobre a possibilidade da produção na sociedade ser gerida de forma mais democrática. Alguém que tivesse experiência ou fôsse competente poderia ser eleito pelos demais para fazer o papel administrativo. Seria uma sugestão.


você não respondeu. E você, por nunca ter trabalhado, imagina que as pessoas têm as mesmas capacidades Cyber. Existe um abismo que separa uma pessoa das outras, mesmo entre as de mesmo grau de instrução.
Você não entende como funciona a mente humana e provavelmente irá abandonar esse pensamento a partir do momento que tiver um bom salário.

Na verdade, as pessoas não estão preocupadas com o bem comum, muitas vezes atrapalham o ambiente de trabalho, não tem capacidade nem de gerir suas próprias economias, quanto mais um negócio.

Deixa eu te falar: eu posso trocar os profissionais dá empresa, não fazem tanta diferença, salvo um ou outro. A grande questão é todo o planejamento, dedicação, economia que as pessoas tem que fazer para abrir um negócio.*
*EDIT: NO caso a empresa é um salão de cabeleireiros, certamente não seria o mesmo para uma empresa de alta tecnologia, ou de produção mais especializada.


Ao querer dar o mesmo para pessoas completamente distintas, você preenche o abismo que as separa com a tosquice e a falência da economia, que é o que ocorre com todas as economias que partem do princípio que se pode planejar centralizamente e substituir a idéia e criatividade de muito pela idiotice de poucos, e no caso, JUSTAMENTE POUCO IDEÓLOGOS, que por definição são toscos.


E você não respondeu outro ponto importante: Mais de 50% dos trabalhos estão na pequena empresa, criado devido ao empreendorismo individual. O que substitui isso cara?

Ahh, já sei, caso todas as pessoas fossem donas de tudo, existiria um sentimento de comunidade onde todas iriam se auxiliar e... BULLSHIT. Isso simplesmente faz com que as pessoas que são distintas, e que movem as coisas, não ajam, não inovem.

Porque a URSS tinha que comprar o maquinario de grande parte de sua produção do ocidente??


Citação de: Agnóstico
ABSOLUTAMENTE NÂO. O que o governo americano fez foi a primeira infra-estrutura de rede para a internet. SÓ. Todo o restante veio de empresas privadas, de roteadores, até servidores de internet, banco de dados, servidores de aplicação, tudo.
Do mesmo modo que a maior parte do que compramos e usamos ;

Sobre o sputinik... interessante que a URSS gastava boa parte do seu PIB para competir em uma batalha e as pessoas compravam sapatos de péssima qualidade.. e não conseguiram acompanhar o desenvolvimento.
A URSS tinha que comprar máquinas dos EUA e do ocidente, sabia disso não?
PENSA..
O geverno fez "SÓ" isso? Mas esta é a parte fundamental e mais difícil, coisa que empresa nenhuma iria fazer. A tecnologia de redes de redes heterogêneas e o protocolo TCP foi desenvolvido pelo departamento de defesa, ainda na época da ARPAnet. O IP foi desenvolvido por uma pesquisa universitária na Stanford University. A Internet Engineering Task Force, responsável por desenvolver os padrões da Internet, não é um grupo vinculado à qualquer empresa e a participação no rupo está aberta à qualquer pesquisador. A organização não tem fins lucrativos. Aliás, empresas privadas aqui iriam só atrapalhar. O sucesso da Internet está nos seus padrões abertos, na inexistência de formatos e protocolos fechados e patenteados por empresas.


Sim, cara, só isso. Infraestrutura de rede, que na verdade já existia em protocolos mais antigos feito pela IBM e outras empresas. Compare o que é a internet hoje com o que foi criado pelo governo americano. É o nada, contra o tudo. E quando começou a inovação? Exatamente quando foi possível abrir primeiro para as universidades e depois para as empresas.

Compare as inovações que foram feitas pela URSS e pelos EUA, quer testar? Somando píblico e privado. CAI NA REAL a URSS não conseguia competir em sua economia com os EUA, principalmente pela pujança da empresa privada.

É difícil conversar com alguém que não tem a mínima idéia e acredita em uma religião que se provou fracassada (vamos falar mais abaixo disso)

A privatização dos serviços de provedores e servidores acabou acontecendo porque depois que toda a estrutura estava gerada, empresas agora sim iriam querer investir no setor para receber lucros. Como os governos não estavam querendo ficar com a tarefa de investir em infra-estrutura e expandir a rede para as pessoas acabou-se passando isso para companhias privadas. O que as empresas mais fizeram foi expandir a infra-estrutura, mas a pesquisa básica e desenvolvimento científico é feita por organizações e grupos governamenteais ou sem fins lucrativos. Agora se as tais empresas privadas não existissem, não acho que seria impossível realizar a tal expansão. Seria preciso verbas + organização. Algo que não é possível de conseguir apenas em empresas privadas.


Besteira, como já dito acima. Dizer que empresas privadas não podem suportar investimentos de alguns milhões quando é normal que invistam bilhões é brincadeira. Veja acima, a tecnologia praticamente estava la, a rede foi uma idéia de descentralizar, e o que vemos hoje, toda a pujança da internet, é incomparavelmente superior ao que foi planejado.


Com relação à URSS, ela deu muitos passos maior que as pernas. Mas não deixa de ser impressionante que em tão pouco um país que ainda tinha um estrutura feudal, sem indústrias e pouco desenvolvido acabou desenvolvendo sua produção à ponto de ser pioneiro no lançamento de foguetes para o espaço.

Estranho, a coréia do sul era uma merda depois que a URSS já estava se estabilizando e ficou como está hoje. Que estranho não? Que a alemanha ocidental tenha tido uma economia fabulosa enquanto a outra definhava e vivia em estado policial.

CAI NA REAL Cyber, puts, é irritante fechar os olhos para a realidade. Você não vai acreditar em mim, talvez só daqui a uns dez anos, mas você está cego pela ideologia.

Citação de: Agnóstico
Cara.. o que você imagina não importa. Atenha-se aos fatos. As pessoas trabalham por uma remuneração, para se diferenciar, assumem riscos e trabalham mais, em sua grande maioria, se o retorno financeiro lhes proporciona esse ambiente.
O tal sujeito que demonstrou a conjectura de Poincaré é um bom contra-exemplo para aqueles que dizem que todas as pessoas são motivadas só por fama e dinheiro. Você não acha que em meio à pessoas que não conseguem estudar o suficiente por ter que trabalhar desde cedo, ou mesmo entre pessoas que morrem de exaustão em canaviais poderiam haver físicos mais brilhantes que Einstein ou compositores mais brilhantes que Tchaikovsky? Se todos realmente tivessem a oportunidade de estudar, quanto potencial que antes era desperdiçado não haveria de se tornar acessível?

QUEM QUEM Disse fama e dinheiro? Quem disse apenas fama e dinheiro? E quem disse que não há pessoas que não são motivadas pelo bem comum? Quando se pensa em uma economia, não se planeja o que pode acontecer pelas excessões, e sim como as pessoas normalmente funcionam.

O problema de ideólogos é essa mania de imaginar uma utopia colaborativa de pessoas que iram se dedicar ao bem comum devido a uma promessa de melhoria que na prática não tem contato com a realidade. Planeje o futuro de acordo com o que as pessoas são, não com excessões que apenas confirmam a regra.

Além disso, eu acho que deve haver recompensa maior para quem trabalha mais sim. Acho que o estudo e o quanto se produz deve ser levado em conta.
Bullshit. Se eu trabalho menos e gero mais valor, eu devo ganhar mais. Responda a isso.
E existe em muitas empresas meritocracias. A empresa que trabalho por exemplo, todas as pessoas tem sua performance revisada por um board, avaliação de pares, etc.. e a partir disso, se recomenda aumento e promoções.
Como seria a tosqueira do comunismo aqui cara? Pense bem?

Citação de: Agnóstico
Não.. simplista são as premissas dessa porcaria Cyber. Veja... 100% de fracasso pelas razões que estão claras aqui: Mata a liberdade, mata o empreendorismo, não consegue competir.

Eu tenho o direito de acumular riqueza.. e tenho o direito ganhar mais se eu trabalho melhor. E temos o problema da falta de oportunidade iguais para todos que JÁ FOI RESOLVIDA EM UMA SÉRIE DE PAISES CAPITALISTAS de uma maneira que sua crença JAMAIS poderia proporcionar.
Er... Desconheço os tais países que resolveram o problema da falta de oportunidades iguais. Nos Estados Unidos, 1/5 da população é formada por analfabetos funcionais. Mesmo na Suécia, 6% da população está abaixo da linha de pobreza e há 9,1% de desempregados (está aumentando) (FONTE: http://en.wikipedia.org/wiki/Economy_of_Sweden ). E estamos falando do grande modelo do capitalismo. Na prática, eu acho que devemos considerar o quadro global, já que cada vez mais a economia torna-se globalizada.

Aí está!!! A premissa que você passa é que sua religião pode entregar algo melhor deixando de reconhecer o maravilhoso que foi feito. Já foi para a suécia? Bom, minha esposa é de lá, e posso te dizer que esses 6% provavelmente vivem melhor que 90% dos cubanos. CAI NA REAL.
Viajo sempre para os EUA e a quantidade de pobres é incrivelmente baixa para um pais de 300M de pessoas, a ponto de você poder andar horas sem encontrar uma casa indecente, em estados como florida, texas, NY, etc.. Tem pobreza? Sim, mas compare com o que sua religião entregou.

Ah, sim, eu havia me esquecido de uma coisa. Sabe o que mais ajuda a aumentar a desigüaldade e que também é responsável por sempre manter algum grupo de pobres, mesmo em países-modelo e bastante desenvolvidos? Primeiro, não é viável manter um desemprego nulo ou muito baixo (o artigo acima sobre a Suécia até fala sobre os problemas que eles tiveram por taxas muito baixas de desemprego). Isso não é sustentável em uma economia de mercado por gerar inflação e por aumentar muito o valor da força de trabalho. A Suécia teve uma crise no começo da década de 90 por causa disso. O segundo fator que sempre empurra para baixo boa parte da população é também justamente isso: crises. Elas podem ter várias causas, embora o excesso de produção seja comum. Elas acontecem ciclicamente em todas as economias capitalistas. E elas afetam de maneira bastante desigüal as pessoas. Trabalhadores são sempre mais afetados e vêem o seu padrão de vida baixar bastante.

Uau, melhor ter uma crise cíclica como na suécia ou uma merda de crise permanente como em todas as implementações de sua religião?

Citação de: Agnóstico
outra dica Cyber..

Sempre que alguém acha que tem um remédio para os males da sociedade e que ao aplicá-lo, a sociedade será uma utopia, ESSE CARA ESTÁ FALANDO MERDA.

Nós somos imperfeitos e nossas interações irão gerar problemas. O que nós temos que fazer é encontrar o melhor sistema possível e viável. Porque digo isso?

Porque pode parecer que  ninguém em sã consciência pode ir contra a uma afirmação "Ohh, você não quer que todos vivamos em harmonia e que sejamos todos contentamente iguais?" Mas não dá para falar sim se você entende um mínimo do ser humano. As pessoas não querem ser iguais. As pessoas querem POSSIBILIDADES e se aborrecem se têm sua vida e suas possibilidades tolhidas por idiotas que querem definir o que podemos fazer com a desculpa que fazem isso para proteger a população de SI mesmo.

Muitas vezes, seu diagnóstico é correto: Temos pobreza, temos miséria, e essas foram resolvidas como jamais foram. Mais ainda a temos. Mas isso não é evidência para a porcaria do comunismo funcionar. Você me mostrar uma contradição do modelo X não indica que o Y funciona. O que indica que o Y funciona são casos de sucesso anteriores ou uma lógica coerente. Não há nada no que você propoe.

Sua crença leva ou a cuba, ou a alemanha oriental, ou a coréia do norte.. qualquer uma dessas merdas.
Eu não sou nenhum gênio que tem todas as respostas e sabe como resolver todos os problemas da sociedade. Sou apenas um humilde estudante que tem muitos palpites sobre muitas coisas, mas que na prática iria recusar se alguém lhe oferecesse um cargo para governar a economia de um país.

Precisa conhecer mais a vida e as pessoas. Acredite em mim, 90% dessas baboseiras vão sumir no seu primeiro bom emprego.

Citação de: Agnóstico
Sujeito investiu 1M e arcou com o prejuizo operacional por 6 meses

A- No comunismo qualquer um poderia acumular 1M? Como?
1M diz muito pouco sobre o quanto é essa quantia. Pode ser muito ou pouco, dependendo da inflação. Tá bom, vou desligar o modo-chato: coisas que uma única pessoa não teria como acumular em uma vida inteira de trabalho teriam que ser feitas coletivamente. Seria razoável, já que fábricas e todo o resto da produção seria gerido coletivamente mesmo.

e por isso que não fazem nada. Porque a maior parte das pessoas não tem como se planejar dessa maneira. Cara, de valor a individualidade, seu pensamento e seu regime é autoritário.
Só para você pensar: Me mostre por favor o quanto a coletividade em Cuba ou na antiga alemanha oriental investia em inovação? Não fuja dessa pergunta e você vai entender porque sua ideologia é fracassada.


o restante dessa parte está respondido;


Citação de: Agnóstico
D- Porque você acha que TODAS as implementações do socialismo:
1- Cairam em ditaduras?
2- Tiveram execuções sumárias durante toda a duração do regime?
3- Não pode ter imprensa livre?
4- Fracassaram redondamente?
Todas não. :) Todas as do século XX. No século XIX também houveram várias tentativas de se criar governos comunistas e desconheço casos de ditaduras ou imprensa controlada nesta época. Entretanto, elas se caracterizaram por terem uma duração bastante curta e terem sido extremamente ingênuas. Vários teóricos estudaram estas tentativas e durante o século XX, nas novas tentativas que estavam fazendo, buscou-se à todo custo não cometer as mesmas falhas dos experimentos do século XIX. De fato eles conseguiram; e no século XX os mesmos erros do século XIX não foram cometidos - somente erros novos herdados basicamente do modelo soviético que todos buscavam imitar. Da mesma forma, eu espero que se houverem tentativas no śeculo XIX, que elas não cometam os mesmos erros do śeculo XX.

Eu truco. QUERO VER ESSAS IMPLEMENTAÇÕES DE SUCESSO DO COMUNISMO no seculo XIX. Pode abrir um tópico. Aposto que 100% deram merda e na verdade imagino que conheço algumas dessas.
« Última modificação: 09 de Maio de 2010, 16:44:01 por Agnóstico »
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Offline CyberLizard

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #524 Online: 09 de Maio de 2010, 17:27:46 »
Citação de: DDV
Fiz essa pergunta para o Eremita uma vez, vou colocá-la aqui para o Cyberlizard. É um copy paste de outro tópico, algumas partes podem não se aplicar à discussão desenvolvida aqui, mas são bem poucas:

Cyberlizard, já parou para pensar de onde vem os bens de capital artificiais*?
Me responda, como uma bem de capital artificial (seja qual for) é obtido?

O tipo de riqueza mais básico do qual precisamos é matéria-prima. Para isso, precisamos de muitas pessoas orgnizadas de alguma forma, retirando minérios, madeira, etc... Além da matéria-prima, precisamos também de meios de produção, categoria genérica que abranje as máquinas e toda a infra-estrutura necessária para produzir o bem. Para isso, também precisamos de muita gente organizada projetando as máquinas, juntando parafusos, construindo estruturas para abrigá-las, etc. Em uma economia capitalista, a motivação que leva à isso é a existência de um (ou mais) sujeito que vai ser considerado "dono" de tudo. Com isso, esta pessoa começa a empregar seus recursos para organizar tudo. Em uma economia na qual isso não fôsse possível e a riqueza produzida ficasse com as pessoas que trabalham, sem o conceito de "dono" de meios de produção, não seria apenas uma (ou poucas) pessoas que teriam o incentivo de organizar toda esta produção.

Citação de: DDV
Vamos supor que o Sr. João, um trabalhador esforçado e esperto, conseguiu juntar após 5 anos de trabalho, a quantia de 15 000 reais. Ele percebeu que na região onde ele mora não existe sorvetes; as pessoas deslocam-se quilômetros para tomar sorvete em uma outra cidade. João tem uma idéia: pegar o seu dinheiro poupado, comprar uma máquina de sorvetes e produzí-los para vender nessa localidade.

Pergunta 1: ele poderá fazer isso?
Sim.

Citação de: DDV
Caso sim, então João compra a máquina e começa a produzir, de forma ainda muito amadora, as primeiras unidades de sorvetes. O sucesso é total. As pessoas (trabalhadoras de "cooperativas", como ele) fazem fila para comprar seu sorvete. João teve altos lucro e as pessoas ficaram muito satisfeitas de terem sorvetes para consumir mais perto de casa.  João percebe que poderia aumentar muito mais suas vendas,  mas para isso teria que contratar um ajudante, pois sozinho ele não conseguiria dar conta dessa maior produção (ele continua trabalhando na cooperativa). Pensa no Sr. Paulo. Paulo estava desempregado, e o governo o colocou em uma cooperativa subsidiada que serve como cabide de empregos. Lá ele ganha 400 reais por mês. João pensa em contratá-lo, pagando 700 reais por mês, para ajudá-lo com a maior produção de sorvetes.

Pergunta 2: ele poderá fazer isso?
Se quer uma resposta direta: Não. Na prática, depende de alguns fatores. Não é justo que João não tenha o seu investimento inicial de volta, portanto ele deve ficar com uma porcentagem da produção maior para cobrir seus gastos iniciais. O quão alta vai ser esta porcentagem depende de quantos sorvetes em  média a máquina de sorvetes pode gerar em média até quebrar ou passar por gastos de manutenção que igüalem o preço original da máquina. Descontado o valor de reembolso de João (e gastos com manutenção caso ele também seja o responsável por realizá-los), o lucro com o negócio deve ser distribuído de acordo com o quanto cada um deles vendeu. Haveriam leis trabalhistas específicas para assegurar isso.

Citação de: DDV
Me diga, o que você propõe que seja no mínimo tão eficiente e eficaz quanto a livre iniciativa individual para tomar as decisões de investimentos?
Livre iniciativa coletiva, organizada sob novas leis trabalhistas que assegurariam que todos os envolvidos na produção se beneficiassem da produção e fôssem responsáveis pelo aumento ou diminuição da produtividade.

Citação de: DDV
A única desculpa ou justificativa imaginável para se defender a abolição do direito de propriedade do fruto do seu trabalho seria se a propriedade implicasse logicamente na exploração de pessoas por outras ("exploração" no sentido de "ficar com o trabalho dos outros").

Foi mostrado nesse tópico (e em outros semelhantes), que essa exploração de trabalho alheio que os marxistas alegam existir é falsa, é uma mentira baseada em falácias, desentendimentos e confusões de linguagem e conceituais, muitas vezes propositais.
Na verdade, foi mostrado neste tópico que isso depende de qual a definição utilizada para o conceito de "exploração" e "fruto de meu trabalho". Não concordei que o "trabalho da máquina" é "fruto do trabalho do dono" .

Citação de: DDV
Cyberlizard concordou que a "exploração do homem pelo homem" na indústria (conforme Marx colocou) é falsa, que a maior parte da produção na verdade é das máquinas, e que a queda nos salários de trabalhadores do ramo se deve a questões de mercado (concorrência das máquinas), e não a questões trabalhistas (patrão "tomando" parte do seu trabalho).
:o Quando!? Eu concordei que lucro não é necessariamente igual à exploração. Concordei que exploração não é igual à produção.  Mas não concordei que a produção deva ser vista como "das máquinas" por causa das distorções que apontei.

Citação de: DDV
Ele também acha errado haver desigualdades, mesmo não havendo exploração, e mesmo não havendo pobreza e miséria.

Enfim, preferências meramente estéticas.

Aqui já entramos no campo da ética (recorrendo a Kant, Popper e demais defensores da ética liberal e humanista). O princípio básico, que Cyberlizard violaria, é o da liberdade individual.

No caso, ele defende uma espécie de "conexão" arbitrária e imposta entre os destinos das pessoas. Ninguém seria livre para fazer o que quiser com a sua vida, seu trabalho e seus bens mesmo quando não prejudica ninguém. A mera existência de outras pessoas com menos do que nós nos impediria de ter mais coisas mesmo se pudermos tê-las sem prejudicar ninguém. É uma espécie de "umbigo-preso" com todo mundo.
Parece que também não temos acordo na definição de quais ações podemos considerar que "prejudicam outras pessoas". Parece que também é resultado de definições conflitantes de "exploração" - que por sua vez, é conseqüência de como vemos aquilo que é ou não é fruto do trabalho de alguma pessoa.

 

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