Discurso do Califa Omar, o conquistador de Jerusalém em 638. O homem que convidou os judeus a se instalarem novamente em Jerusalém.
Leiam, e, considerando que estas palavras são pronunciadas no séc. 7, ponderem se existiria mesmo esta "sanha de radicalismo" de alguma forma intrínseca a esta religião.
“Ó povo eu os aconselho a ler o Alcorão. Tentar entendê-lo e ponderar sobre ele. Absorver os ensinamentos do Alcorão. Então praticar o que o Alcorão ensina. O Alcorão não é teórico; é um código prático de vida. O Alcorão não traz a vocês a mensagem da Vida Futura apenas; basicamente tenciona guiá-los nesta vida. Molde sua vida de acordo com os ensinamentos do Islã porque este é o caminho de seu bem-estar. Seguindo qualquer outro caminho vocês estarão convidando a destruição. Temam a Allah (O Único e Verdadeiro Deus), e o que quer que queiram busquem junto a Ele. Todos os homens são iguais. Não adulem aqueles em autoridade. Não busquem favores de outros. Através de tais atos vocês se rebaixam. E lembrem que receberão apenas o que é ordenado a vocês e ninguém pode dar qualquer coisa contra a vontade de Deus. Então por que buscar coisas de outros sobre as quais eles não tem controle? Apenas supliquem a Deus porque apenas Ele é o soberano.
“E falem a verdade. Não hesitem em dizer o que considerem ser a verdade. Digam o que sentem. Deixem que suas consciências os guiem. Deixem que suas intenções sejam boas, porque verdadeiramente Deus conhece suas intenções. Em suas ações suas intenções contam. Temam a Deus e a mais ninguém. Por que temer outros quando sabem que qualquer sustento ordenado a vocês por Deus, vocês receberão sob quaisquer circunstâncias? E mais uma vez, por que temer quando vocês sabem que a morte é ordenada apenas por Deus e virá quando Ele desejar?
“Allah me fez no momento seu governante. Mas eu sou um de vocês. O governante não tem nenhum privilégio. Eu tenho algumas responsabilidades a executar, e preciso de sua cooperação. Governar é uma custódia sagrada e é meu empenho não trair esta custódia de modo algum. Para o cumprimento desta custódia eu tenho que ser um observador. Eu tenho que ser severo. Eu tenho que impor disciplina. Eu não tenho que administrar baseado em idiossincracias pessoais; eu tenho que administrar baseado no interesse público e na promoção do bem público. Para isto nós temos a orientação no Livro de Deus. Quaisquer ordens que eu der no curso do dia-a-dia de minha administração tem que estar de acordo com o Alcorão. Deus nos favoreceu com o Islã. Ele nos enviou Seu Mensageiro (Muhammad, saws). Ele nos escolheu para uma missão. Deixe-nos cumprir esta missão. Esta missão é a promoção do Islã. No Islã reside nossa segurança; se errarmos estaremos condenados.”
Para melhor colocar em uma perspectiva relativa, histórica, temporal, podemos comparar as palavras acima com o pronunciamento a seguir, do Papa Urbano II conclamando o povo à guerra santa.
“Meus queridos irmãos, ungido pela necessidade, eu, Urbano, com a permissão de Deus o bispo chefe e prelado de todo o mundo, vim até esse lugar na qualidade de embaixador, trazendo uma mensagem divina a todos os servos de Deus. (...)
Posto que vossos irmãos que vivem no Oriente requerem urgentemente as vossas ajudas, e vós deveis esmerar para prestar-lhes a assistência que a eles vem sendo prometida faz tanto tempo. Aí que, como sabeis todos, os Turcos e os árabes, os tens atacado e estão conquistando vastos territórios da terra de România (Império Bizantino), tanto no oeste como na costa do Mediterrâneo e em Helesponto, que é chamado o braço de São Jorge.
Estão ocupando cada vez mais e mais os territórios cristãos, e já venceram sete batalhas. Estão matando e capturando muitos, e destruindo as igrejas e devastando o império.
( Um exemplo de honestidade, esse Urbano... )
Se vós, impuramente, permitires que isso continue acontecendo, os fieis de Deus seguirão sendo atacados, cada vez com mais dureza. Em vista disso, eu, e não bastante, Deus, os designa como herdeiros de Cristo para anunciar em todas as partes e para convencer as pessoas de todas as gamas, os infantes e cavaleiros, para socorrer prontamente aqueles cristãos e destruir a essa raça vil que ocupa as terras de nossos irmãos. Digo isto para os presentes, mas também se aplica a aqueles ausentes. Mais ainda, Cristo mesmo os ordena.
Todos aqueles que morrerem pelo caminho, seja por mar ou por terra, em batalha contra os pagãos, serão absolvidos de todos seus pecados. ( Engraçado... parece que eu já ouvi isto em algum lugar... recentemente...) Isso lhe é garantido por meio do poder com que Deus me investiu. Oh terrível desgraça se uma raça tão cruel e baixa, que adora demônios, conquistar a um povo que possui a fé de Deus onipotente e tem sido glorificado em nome de Cristo! Com quantas reprovações nos oprimiria o Senhor se não ajudarmos a aqueles, que como nós, professam a fé de Cristo! Façamos que aqueles que estão promovendo a guerra entre fieis marchem agora a combater contra os infiéis e conclua em vitória uma guerra que deveria ter se iniciado há muito tempo. Que aqueles que por muito tempo tem sido foragidos, que agora sejam cavaleiros. Que aqueles que estão pelejando com seus irmãos e parentes, que agora lutem de maneira apropriada contra os bárbaros. Que aqueles que estão servindo de mercenários por pequena quantia, ganhem agora a recompensa eterna. Que aqueles que hoje se malograram em corpo tanto como em alma, se dispunham a lutar por uma honra em dobro.
Vejam! Neste lado estarão os que lamentam e os pobres, e neste outro, os ricos; neste lado, os inimigos do Senhor, e em outro, seus amigos. Que aqueles que decidam ir não adiem a viajem senão que produzam em suas terras e reúnam dinheiro para os gastos; e que, uma vez concluído o inverno e chegada à primavera, se ponham em marcha com Deus como guia.”
À proposta de alistamento, todos gritaram : "Deus vult! Deus vult!" (DEUS QUER!)
Se compararmos apenas os exemplos supra, não há dúvida que o islã é mais "benevolente" que o cristianismo.
Mas há três grandes problemas:
O primeiro é que você pegou contextos históricos com diferença de mais de 400 anos, sendo que o do islã, este estava ainda "nascendo" e ainda não tinha condições de se tornar hegemônico na região.
O segundo é que o califa é um chefe religioso e de 'estado' (político), o que levava-o frequentemente a fazer concessões, ao passo que o papa não era chefe de estado, embora tivesse muita força política, mantendo-a igreja e seus fieis sob 'rédea curta'.
O terceiro é que dois discursos, bem isolados temporalmente, não servem para representar o pensamento geral daquelas religiões, ainda mais quando se quer compará-las.