Ainda sobre essa questão da esquerda/direita/centro...
Existe um conjunto de idéias políticas, e indivíduos que as defendem, que desperta dúvidas e polêmicas sobre em qual espectro devem ser encaixados, se direita, esquerda ou centro.
Trata-se das pessoas que defendem idéias contrárias às defendidas pela Revolução Francesa e atualmente consolidadas no mundo ocidental.
São pessoas que pregam o retorno de alguns princípios que vigoravam anteriormente à Revolução Francesa, coisas como governo ditatorial/monárquico, tratamento legal diferenciado entre pessoas, valorização da "nobreza" e do "valor" (belicamente falando) em detrimento das riquezas obtidas negociando, sonho de uma sociedade bucólica, em estilo medieval, desvalorização da arte e da ciência modernas, valorização e estetização da guerra, valorização da "força de vontade" em detrimento da reflexão racional, etc
São justamente princípios como esse que Hitler defende da primeira à última página do Mein Kampf!
A questão seria: onde encaixaríamos as pessoas que defendem princípios supostamente superados pela Revolução Francesa (da qual o liberalismo é filho e o socialismo sobrinho-neto)?
Putz. Acho que você concorda que isso é um monte de problemas juntando num problemão de definição, né?
Concordo que, sob a ótica de girondinos vs. jacobinos, os fascistas fiquem meio "dãããh, onde a gente senta?"
embora eu ache que eles fiquem lá fora planejando onde pôr a bomba, mas deixe quieto. Depende. E depende de coisas demais pra alguém ter uma definição que agrade todo mundo.
Sob uma ótica marxista, eles são a ultra-direita - pois, não satisfeitos com a "manutenção das coisas como estão" (conservadorismo, direita) e com a negação do "progresso dos modos de produção" (revolucionários, i.e. esquerda), eles ainda querem a volta a algum "passado glorioso" (ou seja, reacionarismo). O fascismo é difícil de definir por si só, mas é elemento comum em todos os fascistas essa tentativa de reverter a sociedade como ela era antigamente. Como as autoridades que você citou normalmente usam uma definição mais ou menos similar a essa (seja por influência ou não do marxismo), é natural que classifiquem como extrema-direita, e concordo com elas.
Entretanto, se a gente separar economia e política e vendê-las separadamente, eles estão no extremo autoritário - pois é elemento comum entre eles o culto à submissão do indivíduo. Economicamente, eles passam a ser centristas, pois embora não taquem nada de novo na estrutura social do trabalho, também não retiram grandes coisa. É por isso que o PC (Political Compass) enquadra Hitler no centro.
Popularmente falando (i.e., o que a população em geral define), é assim: há princípios de esquerda e princípios de direita. Quem tem muito mais de um ou de outro será esquerda ou direita; quem tá mais próximo da média da sociedade é do centro. Ou seja, sob essa definição, o centro muda constantemente de lugar, de acordo com a população que você leva em conta (p.ex. o centro sueco estaria à esquerda do brasileiro, que por sua vez centro estado-unidense). Aqui, fascismo vai entrar ou não de acordo com as definições do populacho que que são esses princípios.
Não sei se fui muito claro... bom, reescrevo caso necessário, ok?
estive em NY e MIA em dezembro. Não vi sinais de idolatria nem por Pinochet, nem por Che.
Na verdade não participo de foruns de debates norte-americanos e meus colegas de trabalho de lá são bem céticos, contradizendo o estereótipo do americano padrão.
Tem que tomar um cuidado gigantesco com o tipo de opinião sobre os estado-unidenses nesse caso... afinal de contas, o ambiente em que você estava era essencialmente empresarial e de classe média-alta, nem um pouco representativo da sociedade.
Sem contar que é aquele esquema, nenhum de nós vive lá. Seria mais interessante se o Biscoito1r falasse algo sobre isso.
Ódio ao Lula: há uma boa dose de conservadorismo (e mesmo reacionarismo), há uma boa dose das cagadas que o próprio Lula e o PT fez, há um pouco de decepção ("a gente sabia que eles eram podres, mas agora vocês tão se mostrando tão podres quanto!"), e há a parte contra o indivíduo por sua história, pelo fato dele ser meio ignorantão e ter sido trabalhador braçal.
Em suma, desse anti-lulismo que existe pairando,
parte é (ao que vejo) pertinente e parte não. Interessante notar que a parte que eu acho pertinente pode ser usada contra o PSDB, também.