Imagine se um militar se elege presidente democraticamente e proibe os funcionarios publicos de se manifestar sobre a ditadura, sob pena de prisão.
Barata, não é uma questão individual, mas institucional. Quando há essas comemorações não é pela pessoa do coronel sicrano ou general beltrano, mas a instituição Exército e, por extensão, o próprio Estado brasileiro, já que o EB é parte do estado. Então, quando o Exército comemora o 31 de março como uma revolução redentora, é o mesmo que o Estado estar dando uma chancela à ideia que não houve uma ditadura, mas uma longa transição para salvar o País do comunismo.
E o inverso também é verdadeiro, se o governo deixa o estado, na pessoa de ministros ou da própria presidente celebrar os revolucionários seria como se o estado dando uma chancela de que nnao houve grupos terroristas tentando instalar uma ditadura comunista, mas simples democratas lutando por liberdade. E é o que acontece.
Nunca vi ninguém celebrar uma suposta revolução esquerdista no Brasil. Isso me pareceu um tu quoque mal explicado, mesmo porque, vou me repetir pela enésima vez, foram esses "revolucionários terroristas" que brigaram pela abertura política, então nada injusto que a conta pela redemocratização também seja creditada para eles, assim como para todo o espectro da esquerda no Brasil.
Sobre o negrito: Juca, suas ideias não correspondem aos fatos. Estes nos informam que os que pegaram em armas contra a ditadura
não eram favoráveis à democracia. Apenas
depois que a luta armada foi esmagada é que
parte deles passou a defender uma agenda mais moderada. Ou você imagina que Ulysses Guimarães foi guerrilheiro?
E acho que se cria muita celeuma quanto aos atos dos militares da reserva, dos quais tem que ser dado a devida importância política que merecem, a insignificância.
Concordo.
Agora sobre o tópico: no que se refere a crimes e punições, é bom lembrar que existe uma assimetria entre os dois lados. Vejamos o caso de Dilma, por exemplo: ela cometeu crimes* foi presa**, julgada e condenada, depois solta. Ou seja, não ficou impune, embora se possa questionar a imparcialidade do seu julgamento. Claro, nem todos os que estiveram envolvidos nos crimes dos grupos armados foram capturados ou julgados, mas creio que uma boa parte o foi, ou foi exilado ou pagou com a própria vida. Já os bandidos do outro lado, que torturaram e mataram, estes não tiveram que se apresentar (que eu saiba) diante de nenhum juiz ainda.
E, francamente, estou pessoalmente
cagando para as motivações dos dois lados, ou para quem os financiou, seja Fidel ou a CIA. Isso
não importa mais.
*No meu livro, assalto a banco, formação de quadrilha, sequestro, etc. são crimes, não importa se o motivo era nobre. Os fins não justificam os meios.
**E torturada - onde se tornou vítima.