O atual estágio de conhecimento científico não permite saber o que se passava antes do Big Bang (com todas as limitações conceituais do que significa o antes). Em outras palavras. Nós simplesmente não sabemos. Mas ao invés de colocar um fator sobrenatural (deus) nós tentamos elaborar explicações dentro do nossos limites.
Do outro lado, os religiosos resolvem o problema colocando algum deus quando não há uma explicação racional e empírica, o que é chamado de "deus das lacunas".
Dois pontos: 1) Com o Big Bang termina o actual estágio do conhecimento científico. Assim, o estádio actual é o de reconhecer que o Universo teve um começo.
Sim, o conhecimento científico
sensu strictu tem o seu limite, hoje, no
Big Bang.
Este (o?) Universo teve um início mas está claro que antes dele se formar, via expansão, havia "algo" (matéria não-bariônica e energia) em um ponto de densidade altíssima.
Se teve um começo é racional procurar uma causa incausada que justifique esse começo.
Este pensamento é racional se for seguido o princípio da causalidade. Mas tal pensamento pode não ter correspondência com a realidade objetiva, ou seja, pode ser apenas um mero exercício mental. No atual estágio do conhecimento não há como saber o que ocorria na singularidade.
Procurar essa causa incausada é necessariamente introduzir uma causa sobrenatural?
Certamente que não, pois o Universo pode ser incausado, no caso dele ter sempre "existido e sido". Para quem odeia esta linguagem filosófica ontológica, basta afirmar que algo sempre existiu.
Se a primeira causa não for por natureza inteligente, então não será Deus nem sobrenatural...
Já respondido acima.
2) não são apenas os religiosos que resolvem problemas lógicos recorrendo à ideia de Deus... Há filósofos sem religião que também lá chegam pelo mero uso do pensamento racional sem que se revejam em qualquer religião revelada.
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.
Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.
Há quem considere que, em termos exclusivamente racionais, há mais probabilidades de uma Mente Superior justificar as características do nosso Universo, do que as probabilidades dessas características serem justificadas pela acção do acaso conjugado com a existência de "triliões" de universos paralelos e de universos abortados... ao seja do Multiverso.
Os únicos que consideram isto são os teístas.
As características fundamentais deste Universo não provém do acaso e sim da influência de leis físicas, geralmente bem conhecidas.
Entre os dois níveis de complexidade: triliões de universos para os quais não evidências sificientes ou uma Mente Superior com responsabilidades num único universo para a qual também não há evidências suficientes... qual dos dois conceitos melhor responde ao princípio da parcimónia (navalha de Occam)?
A navalha de Occam será aplicada favoravelmente a um ou a outro dependendo das premissas adotadas. Os céticos e ateus com formação científica irão optar pela primeira alternativa, pois a segunda não faz o menor sentido. Para eles, é claro.
E será que podemos dizer liminarmente que um é mais racional do que o outro?
Ambas podem ser racionais, pelo motivo já explicado anteriormente.
Mas a única que tem toda a sua base no conhecimento científico é a interpretação dos céticos e ateus.