Ainda sobre a filosofia de Espinosa...
............Etc............ Blá, blá, blá, .............. Etc.......................................
Poder-se-á dizer que a filosofia de Espinosa, tentava englobar todas as conquistas intelectuais da sua época, num todo integrado e metódico.
Espinosa ficou poderosamente impressionado com a ciência e aceitou o conceito de Descartes, que a maneira certa de construir um edifício consistente a partir dos nossos conhecimentos científicos, era começar por premissas indubitáveis e deduzir as suas consequências pelo raciocínio lógico.
Mas ao mesmo tempo percebeu, que a filosofia de Descartes, deixava demasiados problemas fundamentais por resolver. Se a realidade total, consiste em dois tipos de susbstâncias diferentes, que são afinal distintas, nomeadamente a mental e a material, como é que a mente, movimenta a matéria através do espaço?
Mas havia outros problemas que para Espinosa, era importante resolver... Se a realidade total, é a instância de um sistema dedutivo, como demostrou Newton, em que tudo o que existe, ou que acontece, pode ser deduzido com toda a necessidade, da lógica de premissas evidentes, qual será o lugar da moral e da ética, ou mesmo do livre arbítrio... Como pode existir a livre vontade, se tudo é cientificamente determinado?
E também qual era o lugar reservado a Deus nesse sistema? Se tudo o que acontece no universo, pode ser explicado em termos de leis científicas e equações matemáticas, parece que já não precisamos de deus, para fazer parte dessa explicação.
Ele é deixado à margem de tudo, alheio ao sistema... Por assim dizer, supérfluo.
Newton, respondeu que foi Deus quem criou o universo; e que depois o deixou a trabalhar sózinho, de acordo com as leis que tinha estabelecido, para o seu eficaz funcionamento e que agora descobrimos serem leis científicas.
Mas isso não satisfazia Espinosa, que precisava de um Deus omnipresente e universal. Todavia a pergunta ainda o confrontava: Qual seria o lugar que Deus teria, num sistema dedutivo e determinista?
As soluções que Espinosa, deu para esses problemas, foi começar por negar ousadamente a premissa básica; a distinção fundamental entre mente e matéria. Segundo ele, nós sabemos, através das razões dadas por Descartes, que Deus existe e é um ser infinito e perfeito.
Mas se Deus é infinito, então não pode ter fronteiras nem limites; porque se assim fosse, seria finito. Assim não pode haver nada, que Deus não seja. Por conseguinte, Deus não pode ser uma entidade e o universo, outra muitíssimo diferente... Porque isso seria estabelecer limites à entidade que é Deus. Por essa razão, Deus tem de estar no mesmo plano de tudo o que é natural e existe.
Existe uma boa razão cartesiana para que isto aconteça. Descartes, definiu susbstância, como aquilo que não precisa de nada exterior a si para existir. Mas Espinosa salientou, que a totalidade de tudo, é a única realidade, que não depende de nada existente exterior a si para existir.
Por consequência, deus tem de ser equivalente a tudo!
Isto significa, que, quer descrevamos a natureza, em termos das nossas concepções religiosas ou espirituais, quer em termos de estrelas, planetas, átomos e outros objectos físicos, estamos sempre a descrever a mesma coisa: Deus.
Um conjunto de categorias, é abstracto ou mental, e outro é físico. Mas eles são meramente duas formas diferentes de descrever a mesma realidade. A mesma entidade existente, está a ser observada sobre dois aspectos diferentes.
Assim Deus, não se encontra fora do universo, nem dentro dele, ele é o mundo. Poderíamos dizer que o universo físico, é o seu corpo, apesar disso ser apenas uma mera forma de ver o assunto.
Uma apreensão espiritual de deus, seria pura e simplesmente, outra forma de conhecer o mesmíssimo ser.
Em suma - só existe deus - em todas as formas possíveis e imaginárias, pessoais e impessoais; e as palavra que o definem, variam entre, Ser, Natureza, Vida, Humanidade, Homem, Cosmos ou Universo.