Deus, com D maiúsculo,seria uma entidade consciente com as seguintes características
- Onipotente: Deus pode tudo
* Onisciente: Como deus pode tudo, a onisciência é um fator lógico resultante. Se você pode fazer FAZER tudo, pode inclusive SABER tudo
° Perfeito: Se deus sabe tudo, e pode tudo, logo ele só vai agir de uma maneira: A correta, sendo sua bondade absoluta
° Único: Supondo que existissem dois deuses, sendo eles oniscientes e onipotentes, eles agiriam exatamente da mesma maneira, e se tornariam, por consequência, parte da mesma consciência
° Imutável: Não há por que, nem como mudar o que é perfeito.
° Indivisível: Pelos dois principio acima, é impossível deus se dividir em dois
° Restrito: por sua própria natureza: Deus pode se matar? Sim e não, pois apesar de onipotente ele só age da maneira perfeita, sendo assim restrito por si só.
° Onipresente: Se ele é onipotente, onisciente e também criador de tudo LOGO ele não só está, com "é" tudo que existe, mesmo que transcenda isso.
- Criador de tudo: Deus criou tudo o que existe
Então, para provar que Deus existe, você deve provar que existe algo onipotente que criou tudo que existe, e que esse algo tem consciência.
Fácil né?
Deuses: Entidades capazes de realizar milagres
Milagres: Evidente interrupção das leis da natureza que só poderia ser explicada pela intervenção de algum poder divino ou extranatural
Não tem jeito, realmente tenho gosto em discutir sobre tal assunto, pois é algo que mexe comigo...
Não que isso tenha relação com a minha parte afetiva, mas sim mais por uma questão de lógica existencial. Sou do tipo de cara que gosta de ver as coisas logo pela essência e, por isso, discutir sobre o que se baseia a existência em que vivemos é algo que me chama a atenção (esse é um dos motivos dos quais participo de debates deste tipo, e não para querer competir a minha visão de realidade com a do próximo). Pode até haver certa competição sim, mas não tenho intenção de querer ser o dono da verdade, este é o ponto...
Bem para começar, percebi que a maior parte da humanidade (pelas pessoas das quais ouvi debater sobre deuses), estas tratam um ou mais deuses como entidades. Deus como entidade é algo abertamente aceito pelas religiões e as pessoas passaram a acreditar nisso, a impor características antropocêntricas nos deuses, algo do qual discordo inteiramente. Deus ficou estigmatizado como entidade, ao invés de qualquer outra coisa (e isso tem uma causa afetiva da parte do ser humano). Porém, se tirarmos um pouco desta afetividade, poderíamos tratar melhor este deus como uma outra coisa, sem ser obrigatoriamente como entidade. Não acredito em deus por necessitar de proteção, apenas por questão de lógica existencial. Pois já não acredito que Deus salva ou protege.
Introduzindo a minha lógica:Vamos lá... IGod mencionou Deus como entidade, uma entidade que pode fazer tudo o que quiser como um reizinho (como normalmente estigmatizado pelas religiões), que pensa, que pode interromper o ciclo das leis naturais por capricho pessoal (milagres), uma associação de sentimento com uma perfeição transcendental, entre outras coisas. Mas há um porém, ao menos pelo meu raciocínio, Deus não poderia ser uma entidade, uma consciência, como a nossa. Para dizer a verdade, não consideraria a existência de um deus como entidade, mas como qualquer outra coisa, ou melhor, uma força primária, que rege a natureza, assim como as próprias leis da natureza material, e não uma entidade que controla tudo a seu bel prazer, pois isso para mim é simplesmente ridículo.
Este deus (não-cristão) transcenderia a natureza da qual temos contato, pois a nossa natureza teria tido uma causa externa a ela, ou seja, o universo não teria se criado do nada. Haveria uma força que não somente criaria o nosso universo (através de outro universo), como também teria influência numa organização extradimensional entre diversos universos. Mas tudo de forma inconsciente, automática, como numa cascata de eventos intermináveis e que não podem ser interrompidos, ao invés de tudo ser resultado de uma vontade divina. Em tese, este deus, melhor dizendo, força ou causa primária, seria um processo totalmente autônomo e inconsciente (não pensa, não sente, não sabe, não planeja, não faz nada que uma consciência faz). Apenas funcionaria conforme sua própria natureza que, como em tese é incriada, que então existiria por simples acaso (esta causa primária seria o acaso, bem dizer). Porém todo o resto vem desta coisa que existiria por puro acaso. Por causa disso, Deus criou tudo o que conhecemos e desconhecemos, mas apenas por um processo desconhecido, e não por uma súbita vontade, após toda uma eternidade, como afirmam as religiões.
Como me é absurdo este pensamento, então me seria mais aceitável pensar que este processo, esta causa primária sempre teria criado, e que esta seria atemporal, já que nada surge do nada. Tudo o que conhecemos teria sua base nesta causa primária, mas como é absurdo pensar que qualquer coisa possa surgir do nada, então este deus existiria por definição, ou seja, seria como que o acaso primário, mas este acaso é algo, e não o nada absoluto. Seria simplesmente um processo atemporal, fora da nossa convicção temporal. Entender este processo por um ponto de vista atemporal fica então mais fácil do que por um entendimento temporal, o que seria impossível, já que nada surge do nada. Ou melhor dizendo, esta causa primária não teve começo, ela sempre existiu e funcionou da mesma forma que ainda se comporta hoje.
Só para então ficar claro, Deus, pelo menos como consciência ou entidade, é-me um conceito absurdo, do qual não compro mais. Deus e toda a natureza compartilham uma mesma essência, já que a natureza vem deste, aliás, este é a natureza primária. Ou seja, todas as naturezas que existem, mesmo que sejam diferentes e que transcendam entre si, compartilham uma mesma essência, seriam feitas de uma mesma coisa que desconhecemos, e aí estaria o meu monismo, pois o dualismo, para mim, é apenas uma ilusão daqueles que preferem ver as coisas pela diferença do que pelo o que há de comum entre elas. Existem naturezas que se comportam de formas diferentes, mas todas elas tem algo, em sua base, em comum, e é isso o que une todas elas, e faz que todas elas tenham tido uma mesma causa primária.
Porque não considero Deus como entidade? Bem, porque primeiro, como um ser que nunca experimentou nada, nunca encarnou num corpo, nunca progrediu da mesma forma que nós, poderia saber de qualquer coisa que seja? Do nada, de si mesmo? Isso é absurdo demais para mim. Segundo, Deus como entidade que altera a sua própria criação estaria sendo injusta com esta, além de estar alterando todo um ciclo já equilibrado, perfeitamente funcional. Para que você iria premiar ou condenar um grão de areia se você poderia muito bem fazer com que este esteja automaticamente sujeito às suas próprias ações (lei de causa e efeito)?
Acho que no fim das contas, se a ciência detectar Deus, ela detectará este como um processo natural, não entidade. Pode até ser algo que transcende a natureza material, mas não seria uma entidade. Um exemplo disso são as teorias envolvendo universos paralelos, na física moderna. Se Deus é perfeito, não amaria e nem odiaria, seria completamente, do ponto de vista emotivo, neutro. Seria um processo harmônico em sua natureza, mas não teria sentimentos. Nós poderíamos interpretar este processo por meio do sentimento, assim como os olhos interpretam a luz por meio de cores. Mas isso não significa que Deus tenha que ter, necessariamente, sentimentos. O bom necessita doar, o mau necessita ter tudo para si, mas se Deus é perfeito, então não necessitaria de nada, logo, não necessitaria sentir, saber, decidir, pensar... nada disso! E como é perfeito, também não necessitaria de liberdade, seria um processo automático auto-suficiente. Deus, do ponto de vista material, me seria mais como uma máquina ou processo natural automático do que entidade, de fato. Essa é a minha lógica.
Vamos agora para os atributos:Antes de falar sobre estes atributos, lembre-se de que o que irei falar sobre todos eles está de acordo com a minha lógica acima.
Onipotente: Não seria onipotente como um reizinho absolutista que faria tudo o que lhe desse na telha. Seria onipotente no sentido de que é a força primária de todos os processos. E não, não faria milagres, apenas seria como que o movimento primário de todos estes processos.
Onisciente: Não seria onisciente, já que não o trato como entidade ou consciência. Não teria consciência por motivos lógicos. E também porque consciência não é causa, mas efeito. O espírito não é consciência, mas produz consciência, que durante sua encarnação se liga ao cérebro físico, mas de forma que se manifestará de forma inconsciente. Se Deus tem consciência, não sei, mas não seria consciência em sua essência.
Perfeição: Deus não seria perfeito como entidade, na verdade, estaria numa condição superior a uma entidade. Diria que Deus não é bom ou justo, mas harmonioso, inconsciente e equilibrado.
Unicidade: Como faz mais sentido haver uma causa primária do que mais de uma, então só haveria um deus em tese. Se houvesse mais de uma causa primária, tudo seria um caos, tudo seria desordenado e nada funcionaria corretamente (é como que se um motor estivesse atrapalhando outro) e no fim das contas haveria uma competição e só sobraria uma causa realmente primária. Logo, haveria só um deus.
Deuses: Neste caso, não teria necessidade de ser obrigatoriamente uma entidade. E não faria milagres, pois, pela lógica que coloquei acima, não há razão para esta causa primária escolher um grão de areia e agradar a este, interferindo suas leis naturais.
Milagres: Não existem milagres (no sentido de ser uma ação causada pela vontade de um deus), o que existe são fenômenos que desconhecemos e que causam uma interferência nas leis da matéria, mas isso não significa que isso seja obra de uma entidade, pode ser apenas qualquer outra coisa que desconhecemos. E se for por uma entidade, não seria por uma, mas várias, os desencarnados. Mas isso ainda não seria suficiente para se afirmar que DEUS em si é que está fazendo isso. O espírito tem consciência, mas Deus seria algo diferente. Não interromperia as leis naturais, mas faria funcionar toda a existência e o espírito, sendo que é este então que altera as coisas, assim como o homem altera o ambiente em que vive para suas necessidades. Porque não o mesmo raciocínio para a ação do espírito sobre a matéria? Desde que seja possível existir fenômenos que possam ter efeito em universos ou realidades paralelas...
Acho que já está no hora de começarmos a mudar certos estigmas. Enquanto os estigmas se manterem, discutir sobre deus continuará sendo uma tarefa árdua. Continuará havendo conflitos entre diferentes religiões que defendem seus deuses como entidades que vão condenar aqueles que não seguirem sua religião, ao invés de todos se unirem e verem deus apenas como uma força primária, e não um ser que vai nos amar ou defender, pois isso seria um ato egoísta, e contrário às própias religiões, principalmente o cristianismo.
Como podem ver, a minha lógica não segue a mentalidade teísta ou ateísta, é algo diferente. Para quebrar mesmo os estigmas!
Antes que me perguntem pra que que serve essa porra de deus... não serviria para nos castigar ou premiar, seria apenas a essência da própria natureza, seja ela material ou transcendental. A causa do que conhecemos e desconhecemos...
Acreditar na existência de um deus (como causa primária) e na alma são obrigatoriamente meros assuntos de credo? Às vezes sim, às vezes não, dependendo do que você vai abordar. Pode até haver um certo credo (ninguém está imune disso, e é bobagem alguém se achar um super homem imune a isso), mas este seria flexível, moldável, questionador e investigador, e não um credo fanático como produto de uma fé cega, mas por meio de um raciocínio elaborado, seja através de uma filosofia ou dogmas. De uma profunda reflexão. No meu caso, prefiro seguir por este caminho do que por um credo passivo (quando não se o questiona, e nem os dogmas).
Posso talvez parecer um crente fanático que precisa de um deus para viver, mas na verdade é o contrário. É tudo apenas uma questão da necessidade de indagar sobre as coisas, e de buscar uma compreensão aceitável sobre a vida, ainda que isso envolva coisas que ultrapassem a nossa percepção de realidade, ou seja, coisas das quais temos contato rotineiramente.