Autor Tópico: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?  (Lida 13860 vezes)

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Offline Donatello

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Citação de: Celular de cartão no Brasil é o mais caro do mundo
RIO - Com mais de 151 milhões de linhas em uso, os celulares pré-pagos ostentam os preços mais altos do mundo. Gasta-se no Brasil US$ 45 por mês, em média, valor 75% maior que o de Honduras, nação que ocupa a segunda posição no ranking das tarifas mais elevadas, e oito vezes superior ao do Paraguai (18º lugar, de um total de 20 países). Os dados fazem parte de um estudo do Diálogo Regional sobre Sociedade da Informação (DIRSI), uma rede de pesquisas sobre o setor de telecomunicações na América Latina, que foi desenvolvido pelo economista Hernan Galperin, da Universidade de San Andrés, em Buenos Aires.

Para chegar aos valores, o economista se baseou na cesta de baixa renda de telefonia criada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Nessa cesta, estão incluídas 30 ligações variadas (local e de longa distância) de dois minutos e o envio de 33 mensagens de texto por mês. Seguindo esse critério, que não leva em conta promoções, é que o estudo chegou à média de US$ 45 mensais. Em Honduras, na vice-liderança, o valor chega a US$ 25,70. Em relação ao México e à Argentina, o Brasil tem custo 55% maior, onde o preço é de US$ 19,90 e US$ 19,40, respectivamente. No Paraguai, o mesmo pacote sai por US$ 6,40.

O levantamento aponta ainda que na América Latina o custo médio da cesta de ligações chega a US$ 24, o dobro do verificado nos países membros da OCDE, como as nações da Europa e os Estados Unidos. O valor é ainda o triplo quando se compara com os preços praticados na Ásia.
Continua em O Globo

Engraçado que a própria matéria (na continuação do texto) e também uma pá de leitores justificam a absurda diferença (8 vezes maior que Paraguai!!) no já mais que espancado bode espiatório da alta carga tributária (o que também me deixa puto é que ninguém lembra da absurda taxa de sonegação tributária do país quando lembra das altas taxas, todo mundo fala indignado dos altos impostos como se pagássemos de fato os altos impostos que nos são cobrados, o que não vem ao caso agora) mas será mesmo que 5, 12, 15, 20 por cento a mais de impostos em comparação a outros países justifica 1600, 800, 700, 100 por cento a mais nos preços cobrados pelas empresas de telefonia? Que cálculo mágico é esse porque eu sempre soube que matemática não é o meu forte mas não acredito que possa ser tanto o meu fraco.

Outros comentaristas ainda lembraram, em defesa das empresas, que a disseminação e a popularização dos serviços telefônicos só veio após a privatização. Falsa relação de causa e efeito: antes da metade da década de 90 os serviços telefônicos eram caros e escassos em quase todo o planeta. Foi nesta época que novas tecnologias de telefonia fixa e móvel começaram a pipocar e fazer a popularização do serviço no mundo todo então a correlação "por pior que esteja é melhor do que quando estava nas mãos do Estado" não faz o menor sentido.
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Citação de: Post-scriptum
Pesquisando melhor sobre o assunto encontrei que a diferença entra as cargas tributárias de outros países latinoamericanos e a nossa não são tão pequenas quanto eu pensava. Em alguns deles chega a 300 por cento a mais. O que não altera substancialmente meu ponto já quer a diferença no preço permanece de qualquer modo muito maior do que a alegada diferença nos tributos.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/05/090519_cepal_mc_ac.shtml
http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/suecia-e-dinamarca-tem-a-carga-tributaria-mais-alta-entre-ricos/
« Última modificação: 04 de Julho de 2010, 10:26:32 por Donatello van Dijck »

Offline Dbohr

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #1 Online: 04 de Julho de 2010, 10:18:03 »
Bom, eu reclamo dos impostos altos basicamente por duas razões:

1 - Sou consumidor final, e não empresário. Uma parte substancial do que gasto vai para o governo; sem falar no Imposto de Renda e nos descontos de INSS mensais que vêm no contracheque;

2 - O gasto administrativo em todos os níveis dos 3 Poderes é absurdo, e sangra boa parte desses impostos, para não falar dos desvios ilegais e obras públicas faraônicas que nunca terminam. Eu me importaria muito menos com a carga tributária se os serviços prestados fossem bons.

Aparte disso, eu concordo que as empresas privadas são bem espertinhas, preferindo chorar por causa do governo malvadão em vez de oferecer serviço de qualidade. Para não dizer que o próprio conceito de capitalismo aqui no Brasil é uma piada: não há concorrência de verdade e os Serviços de Atendimento ao Cliente são ridículos.

Offline Geotecton

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #2 Online: 04 de Julho de 2010, 11:09:59 »
Caros Donatello van dijck e Dbohr

O serviço de telefonia no Brasil é caro pelos motivos que voces apontaram:

1) Impostos elevadíssimos. Só o ICMS, por exemplo, equivale a 29,00% do valor final pago pelo consumidor.

2) Lucro abusivo dos empresários. O setor tem ganhos excepcionais usando de artifícios sob total conivência do Estado. Cobram, por exemplo, a absurda taxa de "assinatura básica" na telefonia fixa e sua equivalente travestida de "pacote X ou Y" na telefonia móvel pós-paga. Sem contar o valor obsceno dos "créditos" na telefonia móvel pré-paga.

Em 2.008 havia mais de 40 milhões de telefones fixos no país que multiplicados pelo valor da "assinatura básica" de R$ 42,00 resulta em uma receita fixa mínima de R$ 1,68 bilhões de reais. Ou seja, se ninguém usasse nenhum aparelho neste país, ainda assim as companhias teriam uma receita de quase R$ 1,7 bilhões por mês (US$ 1 bilhão). É muito bom ser grande empresário, amigo do Estado, não?


Mas há um outro responsável por estes preços, que é o consumidor final pessoa física, na medida que este não utiliza o serviço de maneira responsável, parcimoniosa. Fico estarrecido em ver pessoas com orçamentos muito limitados trocando de aparelhos a cada 4 a 6 meses, equipamentos estes que são dotados de recursos que jamais serão utilizados, ou pelo menos não o serão de forma produtiva. Assim gasta-se tempo e dinheiro com bobagens como mensagens, jogos, acessos desnecessários à Internet, etc.
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Offline Barata Tenno

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #3 Online: 04 de Julho de 2010, 21:30:42 »
Pagar por ringtone é uma das coisas mais ridículas que a pessoa pode fazer....
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Donatello

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« Resposta #4 Online: 06 de Julho de 2010, 16:14:26 »
Bom, eu reclamo dos impostos altos basicamente por duas razões:

1 - Sou consumidor final, e não empresário. Uma parte substancial do que gasto vai para o governo; sem falar no Imposto de Renda e nos descontos de INSS mensais que vêm no contracheque;

2 - O gasto administrativo em todos os níveis dos 3 Poderes é absurdo, e sangra boa parte desses impostos, para não falar dos desvios ilegais e obras públicas faraônicas que nunca terminam. Eu me importaria muito menos com a carga tributária se os serviços prestados fossem bons.

A parte disso, eu concordo que as empresas privadas são bem espertinhas, preferindo chorar por causa do governo malvadão em vez de oferecer serviço de qualidade. Para não dizer que o próprio conceito de capitalismo aqui no Brasil é uma piada: não há concorrência de verdade e os Serviços de Atendimento ao Cliente são ridículos.

Uma parte substancial (em torno de 100%) do que recebemos também vem dos impostos, né DBohr (somos funcionários públicos, não é?)?

Eu não sei se o Brasil oferece tão pouco em relação ao arrecadado. Diz a frase feita que aquí cobra-se imposto de primeiro mundo e se oferece serviço de terceiro. Não  me parece tão simples, posso estar sendo míope ou talvez minha óbvia ignorância sobre as peculiaridades da relação tributoXserviços de outros países (tudo que sei sobre as políticas tributárias/sociais de outros países é de muito ler e de às vezes ouvir falar) me traia, mas me parece que o real problema é que o Estado Brasileiro não arrecada como primeiro mundo mas tenta oferecer serviços como se arrecadasse.

A universidade em que você trabalha (você trabalha na UERJ, não é?) e em que eu perdi alguns anos da minha vida é uma das melhores rankeadas da América Latina e oferece ensino gratuito para cerca de 5000 indivíduos além de bolsas para os mais pobres e et cetera e tals. Iguais a ela são algumas centenas espalhadas pelo país inclusive 7 das 10 melhores da América Latina. São todas integralmente gratuitas e o que não falta é estudante achando que é pouco e que até a alimentação tem que ser doada (ou financiada quase integralmente) pelo Estado por conta dos impostos pagos (nesta hora todo mundo lembra que impostos existem) pelos pais, para todos os estudantes, independente da condição socioeconômica deles (por mais "de esquerda" que eu tente ser nunca entendi como se sustenta o "direito" universal ao bandejão universitário alegado pelos CAs da vida).

O nosso sistema de saúde, por mais deficiente que seja é gratuíto até o fundo da alma, até medicamentos de última geração para doenças crônicas custando milhares de reais o frasco são distribuídos gratuitamente pelo SUS.

É claro que há muito desvio, é claro que há muita corrupção no setor público (em todos os níveis), é claro que há muita utilização incorreta de verbas (mesmo que não fraudulenta). Mas o cenário que vejo é mais ou menos esse:

Noruega: impostos cobrados são altíssimos, impostos recolhidos são equivalentes aos cobrados, serviços públicos prestados são universais e de excelente qualidade.

Estados Unidos: impostos cobrados são baixíssimos, impostos recolhidos são equivalentes aos cobrados, serviços públicos (no sentido brasileiro de público=gratuito) prestados são o básico do básico do extremamente básico.

Brasil: cobra impostos de Noruega, recolhe impostos de EUA (sonegação epidêmica mais economia informal montruosa que anula o fator "carga tributária") e tenta oferecer serviços de Suécia (educação gratuita em todos os estágios e universal, saúde gratuita e universal inclusive medicação, etc). Não sai perfeito, é claro.
« Última modificação: 06 de Julho de 2010, 16:42:00 por Donatello van Dijck »

Offline Dbohr

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #5 Online: 06 de Julho de 2010, 16:35:45 »
Eu estudei na UERJ, mas trabalho em outro lugar como funcionário público :-)

De resto, eu concordo mais ou menos com sua análise; mas não tenho números para fundamentar a minha opinião. Suspeito que seja algo como o que você apontou, pelo volume de impostos recolhidos (que pode nem ser tanto quanto deveria arrecadar, mas ainda é um grande bocado) e pela qualidade de serviços oferecidos.

Quanto ao funcionarismo público, eu me referia muito mais aos servidores do Congresso e do Judiciário do que a pobres-diabos como nós :hihi:

Offline Donatello

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #6 Online: 07 de Novembro de 2010, 01:43:44 »
Citar
http://oglobo.globo.com/economia/mat/2010/11/06/produtos-no-brasil-custam-ate-seis-vezes-mais-do-que-no-exterior-922964292.asp

Produtos no Brasil custam até seis vezes mais do que no exterior

RIO - O Brasil é um país cada vez mais caro. Produtos simples podem custar nas lojas brasileiras mais de seis vezes o que saem seus similares no exterior, caso de uma bomba para retirar leite materno, mostra reportagem de Vivian Oswald e Martha Beck, publicada neste domingo pelo jornal O GLOBO.


O PlayStation 3 chegou ao Brasil por R$ 2 mil, depois de um espera de quatro anos. Nos EUA, o mesmo equipamento sai a US$ 300, ou cerca de R$ 510. Neste caso, os tributos não chegam a quatro vezes o valor do produto. São de cerca de 70%.


Pesquisa do Movimento Brasil Eficiente indica que, enquanto um Toyota Corolla XEI 2.0 custa R$ 75 mil no Brasil, sai a R$ 58.740 na África do Sul, R$ 33.782 no Japão e R$ 32.797 nos EUA. O grupo garante que a chave do problema está na alta carga tributária. Mas ela sozinha não explica diferenças.

Especialistas afirmam que uma conjunção perversa de fatores contribui para essa distorção, da carga tributária elevada às margens de lucro exorbitantes, mas também têm forte caráter cultural. Para baixar custos, a saída de muitos brasileiros tem sido ir comprar lá fora.

Pesam também o mercado consumidor ainda em desenvolvimento, a abertura recente da economia, a falta de referência de preços e a crença de que importados são produtos de luxo e de melhor qualidade e, por isso, naturalmente mais caros


A brasiliense Cristina Madeira é apenas uma das dezenas de mães recentes que optaram por montar os enxovais de seus filhos fora do Brasil:


- Comprei no exterior, porque a qualidade dos produtos é melhor e os preços, muito menores. Comprei carrinho, roupas, cadeirinha para o carro e bebê conforto. Tudo o que trouxe para o Rafael, que vai fazer um ano agora, vai dar nele até os dois anos.


Cristina gastou R$ 5 mil com as compras. No Brasil, só o carrinho de bebê sairia a R$ 2.500.


- Há alguma coisa muito errada quando vale a pena a pessoa tomar um voo de nove horas para fazer compras no país mais rico do mundo para economizar. Para ter uma moeda forte, o país precisa passar por profundas reformas e investir em infraestrutura - avalia o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, cujo setor sofreu com a competição dos importados, mas vem se ajustando.

Os brasileiros estão sujeitos à cota de US$ 500 para passar com suas compras na aduana. Mas muitos consideram que vale a pena pagar o imposto de 50% sobre o que extrapolar.


As operadoras de turismo já identificaram o novo nicho e planejam criar roteiros de compras dedicados às jovens mães em seus pacotes aos Estados Unidos. O consumo já está em alguns roteiros. A CVC, por exemplo, lançou há um ano o pacote "Compras em Buenos Aires" e acaba de incluir na rota de Las Vegas um périplo por outlets com os quais fez acordos para garantir bons descontos aos clientes.

Para agradar os consumidores as empresas vão ter de diminuir as suas margens de lucro. Especialistas afirmam que está começando a mudar a cultura no Brasil de que as empresas podem ter margem de 100%, enquanto em países como os Estados Unidos, as empresas aplicam margens de 5% a 10%.

Leia a íntegra desta reportagem na edição deste domingo do Globo Digital (apenas para assinantes)

Achei esta matéria (também de O Globo Online, como a que abriu o tópico) muito interessante pela novidade de a jornalista não cair na cartilha decorada que culpa apenas os impostos (ainda que dê a eles um valor maior do que eu enxergo) pela diferença apresentada no título. Me enche o saco ler matérias sobre a diferença do valor do iPod ou do iMac ou do BigMac ou ziltcera apresentando como única e suficiente causa a carga tributária do país. Me torra ler tópicos aqui mesmo sobre o assunto e ver que esta explicação simplista e obviamente furada para diferenças tão brutais nos preços seduz até aos mais céticos.

Exemplo: esta semana agora resolvi ligar para a Embratel para pela primeira vez renegociar o valor do meu pacote da Via, faltava ainda 2 meses para completar 1 ano (quando terminava o contrato de fidelidade) mas eu não aguentei esperar depois de ver que a OI estava cobrando 75 reais por um pacote com mais que o dobro de canais (inclusive todos os HBO) que o meu pelo qual eu pagava 80 (e só tinha os MAX). Resultado: liguei blefando um pedido de cancelamento e recebi um desconto de 30 reais, passei a pagar 70 reais por um pacote pelo qual eles cobram 100, foi tão fácil a negociação que tenho certeza de que se endurecesse o tom ganhava 50% de desconto mole e eles ainda iam sair com um sorrizão.

Óóóóóbvio que se a margem de lucro não fosse absurda tais "descontos" não seriam possíveis (e igualmente óbvio que se os hipotéticos 30 e poucos por cento de impostos tivessem um impacto tão grande na formação dos preços como alguns gostamos de acreditar o desconto que recebi seria menos possível ainda).

Mas amanhã sai uma matéria sobre o fato aqui do lado na Argentina os pacotes de TV por assinatura custarem menos da metade que os nossos, e me aparece um monte apontando a carga tributária elevada como grande vilã com direito a algum excelente artigo do Rodrigo Constantino para ilustrar.

Aposto um beijo.
« Última modificação: 07 de Novembro de 2010, 01:55:23 por Donatello van Dijck »

Offline Geotecton

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #7 Online: 07 de Novembro de 2010, 02:12:29 »
[...]
Achei esta matéria (também de O Globo Online, como a que abriu o tópico) muito interessante pela novidade de a jornalista não cair na cartilha decorada que culpa apenas os impostos (ainda que dê a eles um valor maior do que eu enxergo) pela diferença apresentada no título. Me enche o saco ler matérias sobre a diferença do valor do iPod ou do iMac ou do BigMac ou ziltcera apresentando como única e suficiente causa a carga tributária do país. Me torra ler tópicos aqui mesmo sobre o assunto e ver que esta explicação simplista e obviamente furada para diferenças tão brutais nos preços seduz até aos mais céticos.
[...]

A vilania não é apenas dos impostos, embora estes sejam obscenos. Devem constar também: a estrutura tributária, os custos de produção e distribuição, os lucros dos participantes (muitas vezes 'fantásticos') e a ignorância sobre economia familiar do brasileiro comum. Tudo sob o olhar complacente (ou não seria melhor dizer... cúmplice) do Estado.
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Offline Moro

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #8 Online: 07 de Novembro de 2010, 09:34:19 »
Donatello,

A TIM e a OI saíram de prejuízos monstruosos recentes. A OI só se livrou por causa do bom e velho BNDS.

Falar que o problema é que o Brasil arrecada pouco e tenta dar serviço de primeira dando como exemplo a UERJ é bizarro. Não que não seja tudo o que você disse, de fato não a conheço, mas se for tudo o que você disse é uma ilha frente a um mar de ineficiência, roubo e desperdício.

O preço do carro daqui é um absurdo, no MX e Chile se compra uma BMW pelo preço de um vectra. Porque?? Impostos.
ELetrônicos é um absurdo. Porque?? Impostos. Roupas, tudo.
Contratar uma pessoa CLT é super caro, porque?? Impostos.

A questão da sonegação que você citou é verdade, mas isso não quer dizer que quem pague impostos pague poucos impostos, a questão é que muita gente deixa de pagar impostos deixando para que cada vez menos gente pague mais impostos.

As grandes empresas, em sua maioria, paga impostos. Muito difícil sonegar, não se consegue sequer comprar ou não há processo para comprar sem uma nota fiscal.

Existe uma enorme economia informal e existe uma quantidade enorme de empresas pequenas e médias que sonegam impostos de maneira contumaz.

Como falam por aí, eu pago 5 meses de salários para o governo, sem contar os impostos que a empresa ainda pagar por mim, e tenho que pagar escolas para os meus filhos pequenos, a empresa tem que me pagar plano de saúde, plano dentário, etc.. Até segurança, papel mínimo do estado, as empresas tem que pagar de maneira privada para proteger o entorno da região que tem uma série de empresas de tecnologia e havia virado um centro de roubos de notebook.

E acredite, para quem trabalha com governos e empresas privadas, as empresas públicas desperdiçam MUITO MUITO mais do que as empresas privadas, sem contar os escândalos de corrupção que todos conhecemos.

Eu não subiria um centavo de impostos no Brasil. Há tanto espaço para otimização na máquina pública que o custo dessa tranca poderia ser reduzido significativamente.
« Última modificação: 07 de Novembro de 2010, 09:37:09 por Agnóstico »
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Offline _tiago

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #9 Online: 07 de Novembro de 2010, 10:31:34 »
E acredite, para quem trabalha com governos e empresas privadas, as empresas públicas desperdiçam MUITO MUITO mais do que as empresas privadas, sem contar os escândalos de corrupção que todos conhecemos.

Numa conversa dia desses, concluí que o principal problema do Estado não é a corrupção, mas a incompetência no trato com o dinheiro em suas mãos.

Offline Andre

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #10 Online: 07 de Novembro de 2010, 13:31:45 »
E acredite, para quem trabalha com governos e empresas privadas, as empresas públicas desperdiçam MUITO MUITO mais do que as empresas privadas, sem contar os escândalos de corrupção que todos conhecemos.

Numa conversa dia desses, concluí que o principal problema do Estado não é a corrupção, mas a incompetência no trato com o dinheiro em suas mãos.
A corrupção é um dos sintomas dessa incompetência no trato com o dinheiro.
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Adriano

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #11 Online: 07 de Novembro de 2010, 13:47:57 »
Citar
Corrupção corporativa

A corrupção corporativa é uma parte integrante da construção do império, construção esta que se materializa através do investimento externo, das aquisições e da penetração no mercado. Não é um fator acidental ou isolado a constatação das discrepâncias entre o comportamento das corporações e os seus códigos de ética. Trata-se de um fator sistêmico, incorporado nas condições severamente competitivas da atual construção de impérios. À medida em que os mercados vão sendo absorvidos, verifica-se a redução da reserva de mão-de-obra e o declínio da capacidade de produção de recursos energéticos, surgindo como resultado disso, a intensificação da competitividade imperial e o aprofundamento da corrupção.

 

As reformas parciais não funcionam nem funcionarão nunca. O convênio anti-corrupção da OCDE entrou em vigor em 1999, mas não teve qualquer impacto. Mais da metade das multinacionais asseguram "desconhecer totalmente a legislação anti-corrupção nacional sobre a sua atividade no estrangeiro", (Financial Times, 9 de Outubro, 2006, página 15). A outra metade simplesmente "dá a volta às leis utilizando agentes e intermediários" (ibid.). Desta forma, apenas impedindo a construção dos estados imperiais, e terminando com a competição imperial e com a nova divisão do mundo, se poderão criar as fundações de um Mundo sem corrupção, sem pilhagem e sem exploração.
É o que considero como guerra econômica e que não se realiza apenas entre os estados e sim entre as nações que estes representam.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Cumpadi

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #12 Online: 07 de Novembro de 2010, 13:51:22 »
E acredite, para quem trabalha com governos e empresas privadas, as empresas públicas desperdiçam MUITO MUITO mais do que as empresas privadas, sem contar os escândalos de corrupção que todos conhecemos.

Numa conversa dia desses, concluí que o principal problema do Estado não é a corrupção, mas a incompetência no trato com o dinheiro em suas mãos.
Exatamente o que penso, assim como já postei no tópico: ../forum/topic=23848.0.html
Acho que tratar o problema como corrupção distorce a realidade.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Cumpadi

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #13 Online: 07 de Novembro de 2010, 13:56:39 »
Citar
Corrupção corporativa

A corrupção corporativa é uma parte integrante da construção do império, construção esta que se materializa através do investimento externo, das aquisições e da penetração no mercado. Não é um fator acidental ou isolado a constatação das discrepâncias entre o comportamento das corporações e os seus códigos de ética. Trata-se de um fator sistêmico, incorporado nas condições severamente competitivas da atual construção de impérios. À medida em que os mercados vão sendo absorvidos, verifica-se a redução da reserva de mão-de-obra e o declínio da capacidade de produção de recursos energéticos, surgindo como resultado disso, a intensificação da competitividade imperial e o aprofundamento da corrupção.

 

As reformas parciais não funcionam nem funcionarão nunca. O convênio anti-corrupção da OCDE entrou em vigor em 1999, mas não teve qualquer impacto. Mais da metade das multinacionais asseguram "desconhecer totalmente a legislação anti-corrupção nacional sobre a sua atividade no estrangeiro", (Financial Times, 9 de Outubro, 2006, página 15). A outra metade simplesmente "dá a volta às leis utilizando agentes e intermediários" (ibid.). Desta forma, apenas impedindo a construção dos estados imperiais, e terminando com a competição imperial e com a nova divisão do mundo, se poderão criar as fundações de um Mundo sem corrupção, sem pilhagem e sem exploração.
É o que considero como guerra econômica e que não se realiza apenas entre os estados e sim entre as nações que estes representam.

Visão limitada do fenômeno levam à soluções limitadas.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Donatello

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #14 Online: 07 de Novembro de 2010, 14:58:57 »
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O preço do carro daqui é um absurdo, no MX e Chile se compra uma BMW pelo preço de um vectra. Porque?? Impostos.
ELetrônicos é um absurdo. Porque?? Impostos. Roupas, tudo.
Contratar uma pessoa CLT é super caro¹, porque?? Impostos.

Mas é isso, é esse simplismo, perdoe-me a palavra, religioso que me deixa fulo Agnóstico, veja:
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O PlayStation 3 chegou ao Brasil por R$ 2 mil, depois de um espera de quatro anos. Nos EUA, o mesmo equipamento sai a US$ 300, ou cerca de R$ 510. Neste caso, os tributos não chegam a quatro vezes o valor do produto. São de cerca de 70%.


Pesquisa do Movimento Brasil Eficiente indica que, enquanto um Toyota Corolla XEI 2.0 custa R$ 75 mil no Brasil, sai a R$ 58.740 na África do Sul, R$ 33.782 no Japão e R$ 32.797 nos EUA. O grupo garante que a chave do problema está na alta carga tributária. Mas ela sozinha não explica diferenças.
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Seguindo esse critério, que não leva em conta promoções, é que o estudo chegou à média de US$ 45 mensais. Em Honduras, na vice-liderança, o valor chega a US$ 25,70. Em relação ao México e à Argentina, o Brasil tem custo 55% maior, onde o preço é de US$ 19,90 e US$ 19,40, respectivamente. No Paraguai, o mesmo pacote sai por US$ 6,40.
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o fato aqui do lado na Argentina os pacotes de TV por assinatura custarem menos da metade que os nossos

Eu já disse que matemática não é meu forte, talvez também não seja o da jornalista cujas ressalvas foram negritadas, então faça os cálculos pra mim, please, Agnóstico e me explique donde sai este "Por quê?? Impostos." (que não é só seu, que é de quase todo mundo por aquí e por aí) tão enfático para explicar diferenças de 100, 200, 800% no preço de produtos cujos tributos incidentes são 10, 15, 30% mais altos?

Na Noruega (eu sei, na Noruega é outra estória, é tudo de bom, os impostos são bem aplicados, a socialdemocracia está no poder há décadas e conseguiu implantar um estado cheio de impostos que funciona tão bem que é o melhor do mundo e não pode ser comparada com o Brasil mas estamos falando do impacto que a alta carga tributária produz nos preços então a comparação é válida), na Noruega, cuja carga tributária é uns 10% superior à nossa o Nintendo Wii também custa meros 459 reais* (aqui custa 700 se for contrabandeado ou 1000 em grandes lojas).

Na Dinamarca (sei que a Dinamarca também é outra história mas o assunto aqui continua sendo a relação carga tributária X preços) cuja carga tributária é ainda maior que a norueguesa (48% em média) e cujo salário mínimo  é apenas 6 vezes maior que o nosso² (todo mundo lembra das diferenças de impostos mas ninguém lembra de diferença de remuneração, parece-me que o salário pago aos funcionários não tem qualquer impacto nos preços) os preços quase empatam: a LED de 42 (um modelo Panasonic) mais barata que encontrei num shopping online danês tava 2.500*, a mais barata no Ponto Frio online (um modelo LG): 2.900; Já o PS3 120GB custa 700 reais lá* (1300 por aqui). É óbvio que os impostos não são a primeira explicação, é óbvio que não é tão Por quê?? Impostos, Agnóstico.

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A TIM e a OI saíram de prejuízos monstruosos recentes. A OI só se livrou por causa do bom e velho BNDS.
Não pesquei qual é o ponto: que conseguem ter prejuízo mesmo cobrando tarifas absurdas em relação às suas irmãs subsidiárias de outros países e suas matrizes? Talvez seja hora das matrizes mudarem os executivos das filiais daqui.
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Falar que o problema é que o Brasil arrecada pouco e tenta dar serviço de primeira dando como exemplo a UERJ é bizarro. Não que não seja tudo o que você disse, de fato não a conheço, mas se for tudo o que você disse é uma ilha frente a um mar de ineficiência, roubo e desperdício.
Você que é tão viajado e que mora mais fora do Brasil que aqui nessa pocilga talvez tenha informações diferentes pra me dar... Nos EUA aspirina, bromoprida, atenolol, camisinha, magnesia bisurada e outros medicamentos básicos são distribuidos farta e gratuitamente em farmácias públicas Agnóstico? Nos EUA você consegue remédios de 4.000 reais gratuitamente do estado seja qual for a gravidade da sua doença? Nos EUA alguma universidade é gratuita? É simples encontrar ensino básico gratuito? Nos EUA quantas clínicas integralmente gratuitas bancadas pelo estado existem em média por cada 1.000.000 de habitantes?

Eu não estou dizendo que nada disso que o nosso Estado oferece tem a qualidade dos meus sonhos, é exatamente o que eu disse que não tem. Mas estes tipos de serviço custam verbas, muita verba. Sim, custam mais do que deviam por causa dos desvios dos políticos, custam mais do que deviam por causa dos superfaturamentos, custam mais do que deviam por causa dos esquemas de horário dos funcionários públicos, custam mais do que deviam pelo fato de que tanta gente não contribui mas que recebe os tais benefícios (não estou falando das que são isentas, como os pobres diabos do bolsa-família mas do pessoal que sonega e que ainda assim tem seus filhos estudando em universidades públicas ou ainda assim recebe empréstimos facilitados dos bancos estatais), tudo ok, foi exatamente o que eu disse. Mas ainda aissim são serviços que o Brasil presta e que dependem de uma carga tributária elevada porque por ruins que sejam ainda são custosos e universais. Ainda assim é tentar prestar serviços de Noruega sem eficácia..

O problema então não está na carga tributária: está na corrupção dos políticos, dos empresários que lidam com o governo, de nós funcionários públicos, está na alta taxa de sonegação, etc.

Se a carga tributária fosse reduzida ainda assim o Estado brasileiro continuaria tentando dar escola gratuita, coquetel anti aids gratuito, universidade gratuita, quimioterapia gratuita, posto de saúde gratuito, bandejão gratuito... a popçulação continuaria achando que estas coisas são dever mínimo do estado... e se os outros aspectos, estes sim relevantes, não fosse modificados a eficácia do serviço seria apenas cada vez pior. Você pode dizer que querer um Brasil em que empresários não inchem seus preços (ainda mais) ao venderem pro Estado, em que políticos não façam acordos à luzes apagadas com estes empresários, em que os funcionários públicos contratados para trabalhar 40 horas semanais estejam em seus postos de trabalho 40 horas por semana, em que pequenos empresários assinem a carteira de seus funcionários é utópico.

Esperar um Brail com menos impostos também é. Mas atirar na carga tributária é errar a mira.



¹Ohhhh!  :susto:
Realy?  :o

² Pra quem reclama do custo de um celetista brasileiro, quanto será que custa um "celetista" dinamarquês, Agnóstico? Tá me dando até pena do empresariado escandinavo agora. Vida difícil, ó dó :(

* Preços pesquisados pela internet em sites de grandes lojas de eletrônicos norueguesas e dinamaquesas como http://www.gamestop.dk/ps3.asp e http://www.expert.dk/da/TvVideo/LED%20TV.aspx
« Última modificação: 07 de Novembro de 2010, 17:39:26 por Donatello van Dijck »

Offline Fabrício

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #15 Online: 07 de Novembro de 2010, 17:44:34 »
Realmente, esse negócio de que tudo no Brasil é mais caro por causa de impostos não cheira bem... até parece que todas as empresas pagam todos os impostos em dia e não sonegam nada. A carga tributária é alta, mas a sonegação é maior ainda, então jogar as culpas nos altos impostos para tudo é bem furado.

Além disso, há outros fatores a considerar. Afinal, se em países desenvolvidos a carga tributária é menor (e nem sempre é, aliás, quase nunca é), o custo de um empregado é muito maior. Ou será que um funcionário europeu ou americano ganha o mesmo que um brasileiro, mesmo com todos os encargos?

No final eu tendo a achar que o problema do Brasil está mesmo na corrupção e na ganância pura e simples, margens de lucro exorbitantes (Ok, não em todas as áreas, mas em muitas delas).

Os exemplos citados pelo Donatello são bons, não vejo justificativa para telefonia e TV a cabo serem tão caras no Brasil. Idem para os carros. Idem para juros bancários e de cartão de crédito. Justificar isso só pela carga tributária não fecha de jeito nenhum.
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Offline Geotecton

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #16 Online: 07 de Novembro de 2010, 17:53:32 »
Está havendo confusão quando se compara com outros países, em particular os europeus nórdicos. Lá a tributação é muito alta sobre a renda e pouca sobre o consumo e quase nada sobre a produção. E a base de contribuintes é muito larga, quase não havendo exceções.

No Brasil a tributação é pesada sobre a renda, sobre o consumo e sobre a produção, mas com forte assimetria na base de contribuintes, pois há muitas exceções ("isentos" e "casos especiais").

Nos casos da energia elétrica e da telefonia os impostos e as taxas representam mais de 45,00% do valor final dos serviços. Só de ICMS são cerca de 29,00%.

No caso do cigarro a tributação chega a mais de 70,00%.

No caso dos automóveis os impostos beiram os 48,00%.

Então há casos e casos, incluindo aqueles em que há um lucro "estratosférico".
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Offline Donatello

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #17 Online: 07 de Novembro de 2010, 18:13:52 »
Está havendo confusão quando se compara com outros países, em particular os europeus nórdicos. Lá a tributação é muito alta sobre a renda e pouca sobre o consumo e quase nada sobre a produção. E a base de contribuintes é muito larga, quase não havendo exceções.

No Brasil a tributação é pesada sobre a renda, sobre o consumo e sobre a produção, mas com forte assimetria na base de contribuintes, pois há muitas exceções ("isentos" e "casos especiais").

Nos casos da energia elétrica e da telefonia os impostos e as taxas representam mais de 45,00% do valor final dos serviços. Só de ICMS são cerca de 29,00%.

No caso do cigarro a tributação chega a mais de 70,00%.

No caso dos automóveis os impostos beiram os 48,00%.

Então há casos e casos, incluindo aqueles em que há um lucro "estratosférico".
Sim, ok, real, falha minha (inclusive me ocorreu tal falha quando já tinha escrito o post): mas mesmo com a diferença de foco na tributação (isso não significa que não haja tributação sobre o empresariado até porque os empresários lá também têm sua renda tributada -mais tributada que o cidadão comum, por serem em geral mais ricos - então a diferença de foco nem faz tanta diferença. A diferença é que ao invés de ser tributado no ato da negociação vai ser tributado no final do ano em função do volume de negociações que executou, o que é meio como trocar 6 por 12/2 )

Mas de fato existe e de fato pode interferir em alguns preços, de qualquer modo a diferença de 10%, 20%, 30% nas tributações diretas sobre o consumo a mais não justifica nem de perto o grosso da diferença de 100%, 200%, 300% a mais nos preços.

Imposto de 70% sobre cigarro é exceção e não citei cigarro em qualquer comparação; os impostos sobre o Play são maiores por se tratar de produto importado (não sei o quanto os impostos de alfêndega daqui são maiores que os escandinavos [que por serem países de doutrina econômica de esquerda também não devem cobrar lá uma pechincha por este tipo de negociação] mas certo que não chegam a justificar preços 2 vezes maiores) .

Aliás, quando se diz que se está havendo confusão por conta da assimetria é bom lembrar que esta assimetria também acontece em relação ao empresariado com os Simples e Supersimples da vida, o que não foi citado até agora e que revela mais um hábito de quem critica o nosso volume de impostos que é nivelar por alto: digo, cita-se todos os impostos da planilha tributaria mas são muito poucos mesmo dentre os legalizados e honestos que são obrigados a pagar todos os impostos da planilha tributária.
« Última modificação: 07 de Novembro de 2010, 18:34:42 por Donatello van Dijck »

Offline Geotecton

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #18 Online: 07 de Novembro de 2010, 18:33:55 »
[...]
Aliás, quando se diz que se está havendo confusão por conta da assimetria é bom lembrar que esta assimetria também acontece em relação ao empresariado com os Simples e Supersimples da vida, o que não foi citado até agora e que revela mais um hábito de quem critica o nosso volume de impostos que é nivelar por alto: digo, cita-se todos os impostos da planilha tributaria mas são muito poucos mesmo dentre os legalizados e honestos que são obrigados a pagar todos os impostos da planilha tributária.

Estou de saída e por isto eu respondo melhor depois. Mas quero fazer um rápido comentário em três pontos.

Primeiro. O atual Simples Nacional é um dos "casos especiais" e ele é o ápice de uma política de incentivo que começou com o governo de FHC. Com esta política é que houve um tremendo aumento no número de empreendimentos formais e quem ganhou com isto foi o Estado brasileiro e a sociedade.

Segundo. A tributação para a maioria das empresas é baseada no faturamento e não no resultado operacional, o que é um absurdo.

Terceiro. As empresas pagam os impostos em função da natureza de suas atividades e de seu valor de faturamento. Por exemplo: Empresas de serviços não pagam ICMS porque não atuam no comércio e empresas de comércio não pagam ISS, pois não prestam serviço. Então, eu acho um equívoco fazer um juízo moral baseado em uma generalização que é incorreta ("honestos = aqueles que pagam todos os impostos da planilha").
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Offline Donatello

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #19 Online: 07 de Novembro de 2010, 18:36:58 »
Também estou de saída, mas eu não falei isso:
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("honestos = aqueles que pagam todos os impostos da planilha")


Com certeza fui mal compreendido neste ponto me explico e comento os outros pontos.

Offline Spitfire

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #20 Online: 07 de Novembro de 2010, 18:49:19 »
Compro por 15%, pago impostos de 60% sob a importação, pago todos os tributos da minha empresa, pago os tributos sobre o salário dos meus empregados e pago tributos para vender o produto... quanto destes 800% vão, de fato, parar no meu bolso?  :hein:

Offline Moro

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #21 Online: 07 de Novembro de 2010, 19:34:40 »
Bom, o Donatello deve estar revoltado, mas creio que o Geo ja contestou e eu estou no Taxi indo para outra viagem.

Sim Donatello, existem casos onde ha praticamente um oligopólio, por exemplo no caso dos bancos que cobram todos eles os juros mais extorsivos do universo.

Mas como bem colocou o Geo, sim existe uma farra de impostos no país. Se alguem paga 45% de impostos em um carro e esse mesmo trouxa pagou 5 meses de seu salario em um ano para o governo, e teve ainda que pagar por segurança, escola, médico, etc., e a empresa que o contratou ainda paga 80% do meu salario para o governo, E se esse di heiro vai para uma estrutura notoriamemte corrupta e cara, onde deputados custam mais do que 10x seus paRes Europeus, onde há escandalos novos todas as semanas, entao o que mais voce quer saber?

Sem contar a burrice atavica na conducao de projetos e investimentos, que beira o ridiculo.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Dodo

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #22 Online: 07 de Novembro de 2010, 20:07:19 »
Eu vou dar uma opinião bem furreba:

Os impostos são vergonhosos no Brasil? Sim.

Daí que alguns se aproveitam disso e "embutem" mais alguns reais no que você está comprando, afinal a culpa recai sobre o governo mesmo e a pessoa nem se apercebe disso.

Não li nenhum dos posts anteriores, então se repeti algo que alguém já disse, peço desculpas.
Você é único, assim como todos os outros.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #23 Online: 07 de Novembro de 2010, 20:53:25 »

Engraçado que a própria matéria (na continuação do texto) e também uma pá de leitores justificam a absurda diferença (8 vezes maior que Paraguai!!) no já mais que espancado bode espiatório da alta carga tributária (o que também me deixa puto é que ninguém lembra da absurda taxa de sonegação tributária do país quando lembra das altas taxas, todo mundo fala indignado dos altos impostos como se pagássemos de fato os altos impostos que nos são cobrados, o que não vem ao caso agora) mas será mesmo que 5, 12, 15, 20 por cento a mais de impostos em comparação a outros países justifica 1600, 800, 700, 100 por cento a mais nos preços cobrados pelas empresas de telefonia? Que cálculo mágico é esse porque eu sempre soube que matemática não é o meu forte mas não acredito que possa ser tanto o meu fraco.

Eu nunca analisei bem essa questão, mas pelo que vi me parece um pouco simplista isso de que o problema é ou só dos impostos, ou um lucro injustificável. Podem haver várias combinações dos dois em diversos casos.

E quanto a sonegação, eu até gostaria de saber mais. Como é que as pessoas conseguiriam sonegar os impostos embutidos no preço de tudo que compram? Acho que esses são os piores, os mais regressivos, e os menos sonegados, imagino.



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Outros comentaristas ainda lembraram, em defesa das empresas, que a disseminação e a popularização dos serviços telefônicos só veio após a privatização. Falsa relação de causa e efeito: antes da metade da década de 90 os serviços telefônicos eram caros e escassos em quase todo o planeta. Foi nesta época que novas tecnologias de telefonia fixa e móvel começaram a pipocar e fazer a popularização do serviço no mundo todo então a correlação "por pior que esteja é melhor do que quando estava nas mãos do Estado" não faz o menor sentido.

Um texto interessante sobre a questão da "privatização" da telefonia:

"Privatização"

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[...] Tomando a Telebras somente como exemplo, 83% das ações da Telebras pertencem ao setor privado, não ao governo. Ou seja a Telebrás, do ponto de vista financeiro, já é privado.

Isto mesmo, 83% do aporte de recursos para construir a Telebras vieram inteiramente do setor privado.

Portanto, não dá para "privatizá-la" como muitos do governo estão querendo. Ela já é "privada", tanto que 83% dos dividendos vão para o setor privado e não para o governo.
Ao longo dos anos, futuros usuários de telefones investiam entre 1.000 a 4.000 reais por plano de expansão, e em troca recebiam corretamente ações da Telebras, a preço de custo.

Curiosamente, temos um "Capitalismo" de Estado onde o Estado não tem capital e obriga o próprio consumidor a desembolsar os recursos para o investimento.

Este "Capitalismo" de Estado, significa que somente os 10% mais ricos deste país, podem comprar um telefone, e assim tornarem-se mais ricos ainda. [...]

A situação é tal que, dá para os defensores do mercado dizerem que a situação é longe da ideal, por não haver concorrência, e os defensores de telefonia estatal defenderem que mesmo antes já não era propriamente estatal.

Eu tendo a supor que, qualquer que seja exatamente a culpa da situação, melhor o caminho para melhorar deve ser incentivar mais concorrência, e não estatização. Ao menos eu não sei de casos de telefonia estatal bem sucedidos pelo mundo. Curiosamente, de vez em quando vemos comparações com países da Europa, feitos pelos contrários às privatizações, mas eles (sem saber, talvez, imagino) não estão realmente comparando com a alternativa que eles defendem, mas novamente com a iniciativa privada, ao menos em 99% do tempo. 




Sem querer livrar a cara das terríveis e malévolas empresas, também vale rever esse tópico: veja como o governo brasileiro espolia o cidadão de bem.





Pelo que já ouvi dizer por aí, parece que há um caso (talvez melhor) para lucros absurdos causando diferenças de preço com outros países na indústria automobilística.

Offline Andre

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Re: Compro por 15% a mais que o vizinho e vendo por 800% a mais que ele. Lucro bem?
« Resposta #24 Online: 07 de Novembro de 2010, 20:55:51 »
Está havendo confusão quando se compara com outros países, em particular os europeus nórdicos. Lá a tributação é muito alta sobre a renda e pouca sobre o consumo e quase nada sobre a produção. E a base de contribuintes é muito larga, quase não havendo exceções.

No Brasil a tributação é pesada sobre a renda, sobre o consumo e sobre a produção, mas com forte assimetria na base de contribuintes, pois há muitas exceções ("isentos" e "casos especiais").

Nos casos da energia elétrica e da telefonia os impostos e as taxas representam mais de 45,00% do valor final dos serviços. Só de ICMS são cerca de 29,00%.

No caso do cigarro a tributação chega a mais de 70,00%.

No caso dos automóveis os impostos beiram os 48,00%.

Então há casos e casos, incluindo aqueles em que há um lucro "estratosférico".
Sim, ok, real, falha minha (inclusive me ocorreu tal falha quando já tinha escrito o post): mas mesmo com a diferença de foco na tributação (isso não significa que não haja tributação sobre o empresariado até porque os empresários lá também têm sua renda tributada -mais tributada que o cidadão comum, por serem em geral mais ricos - então a diferença de foco nem faz tanta diferença. A diferença é que ao invés de ser tributado no ato da negociação vai ser tributado no final do ano em função do volume de negociações que executou, o que é meio como trocar 6 por 12/2 )

Mas de fato existe e de fato pode interferir em alguns preços, de qualquer modo a diferença de 10%, 20%, 30% nas tributações diretas sobre o consumo a mais não justifica nem de perto o grosso da diferença de 100%, 200%, 300% a mais nos preços.

Imposto de 70% sobre cigarro é exceção e não citei cigarro em qualquer comparação; os impostos sobre o Play são maiores por se tratar de produto importado (não sei o quanto os impostos de alfêndega daqui são maiores que os escandinavos [que por serem países de doutrina econômica de esquerda também não devem cobrar lá uma pechincha por este tipo de negociação] mas certo que não chegam a justificar preços 2 vezes maiores) .

Aliás, quando se diz que se está havendo confusão por conta da assimetria é bom lembrar que esta assimetria também acontece em relação ao empresariado com os Simples e Supersimples da vida, o que não foi citado até agora e que revela mais um hábito de quem critica o nosso volume de impostos que é nivelar por alto: digo, cita-se todos os impostos da planilha tributaria mas são muito poucos mesmo dentre os legalizados e honestos que são obrigados a pagar todos os impostos da planilha tributária.
Corrijam-me se eu estiver errado, mas o Playstation começou a ser fabricado na zona franca de Manaus.  Nos mercados aqui de Blumenau, o aparelho está sendo pelo preço sugerido pela Sony, de 2000 reais.  Um amigo calculou quanto custaria “importar” do Paraguai com a taxa do muambeiro, e ficaria menos de 800 reais.  Sei que a comparação é “injusta”, mas.

Lembrando que, apesar de nos Estados Unidos existirem preços tabelados, dificilmente alguém vende um produto pelo preço sugerido pelo fabricante.  Qualquer passada rápida em sites de instrumentos musicais gringos e se verá que existem vários instrumentos da faixa de 1200 e 1300 dólares sendo vendidos a 800 e 900 dólares.
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

 

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