Autor Tópico: Copa 2014  (Lida 127591 vezes)

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Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Copa 2014
« Resposta #1100 Online: 13 de Abril de 2014, 19:21:52 »
Eu não pensei que essa Copa podia ser tão divertida.
Acho que toda categoria vai puxar a corda (sardinha) para o seu lado (sua brasa) quando a bola rolar em campo.




Ao que parece tb acontecerão manifestações como as do ano passado e greves em outros setores, principalmente transporte público.

Pelo modo que a coisa vai, o turista estrangeiro vai precisar andar de mula para chegar ao estádio, ficar sem banhos durante a Copa e jantar à luz de velas por causa do racionamento que estão adiando a todo custo para não atrapalhar as eleições.


Offline Diegojaf

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Re:Copa 2014
« Resposta #1101 Online: 13 de Abril de 2014, 19:31:55 »
Colocar Exército pra ocupar morro é fácil. Mas se a situação exige um pouco mais de raciocínio, você tem um banho de sangue.

Trabalhei com eles naquele evento da visita da Dilma e eu estava na entrada, quando chegaram uns caras do PSTU pra protestar e o pessoal do evento não autorizou, eles vieram correndo pro meu lado, e tinha mais um monte de soldados do EB comigo. Um deles (do PSTU) veio e me falou que era ilegal fechar a rua, que a rua era pública, que era uma ofensa ao direito de ir e vir.

Eu falei pra ele que o direito de ir e vir não é absoluto e que naquele momento, a prefeitura municipal havia mitigado ele dando à Associação Mineira de Municípios um alvará que autorizava um evento fechado naquela data, até determinado horário, documento que havia sido assinado inclusive pelo vereador do PSTU do município e que ele deveria procurar o vereador dele.

Falei com a maior calma do mundo, expliquei pra ele o funcionamento do município e qual secretaria da prefeitura deveriam procurar. Um deles chegou e falou: "ele tá certo...". Ficaram mais meia hora pulando, sem chamar muito a atenção e foram embora.

Eu tava rindo por dentro pela vitória moral sobre os malucos, quando ouvi dos meninos do EB (carregando um FAL 7,62 de quase 1,5m) disseram que se fosse por eles, teriam passado fogo em todo mundo.

São treinamentos completamente diferentes e se o governo insistir nessa substituição achando que são só números, vai dar uma merda gigante na Copa.

Eu espero que façam greve. Tá na hora de deixar o circo pegar fogo e fazer a zona que está o país aparecer. Todo mundo nas polícias já está de saco cheio dessa maquiagem de dados sem vergonha. Só idiota pra acreditar em redução de crime como alguns estados estão anunciando.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Copa 2014
« Resposta #1102 Online: 13 de Abril de 2014, 19:42:45 »
Tb espero que o circo pegue fogo de vez, tb já estou de saco cheio desse pessoal maquiando tudo.

E espero que seja muito bem divulgado na imprensa estrangeira tb, pouco importa o que falem, desde que vejam exatamente a zona que o país é.


Offline Moro

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Re:Copa 2014
« Resposta #1103 Online: 13 de Abril de 2014, 21:12:32 »
Diego quantos dos seus colegas estão aptos a dar a mesma resposta que você, tanto em relação ao conteúdo quanto postura?

Pergunto porque penso que a resposta padrão seria mais próxima a do exército.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Diegojaf

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Re:Copa 2014
« Resposta #1104 Online: 13 de Abril de 2014, 21:59:38 »
Diego quantos dos seus colegas estão aptos a dar a mesma resposta que você, tanto em relação ao conteúdo quanto postura?

Se continuarem me deixando dar aulas de direito administrativo pros recrutas, todos. :lol:

Pergunto porque penso que a resposta padrão seria mais próxima a do exército.

Talvez de um recruta que ainda tá vibrando achando que tem peito de aço, três bolas e vai combater o crime, mas a resposta padrão de qualquer um com mais de 2 anos de casa vai ser "Conversa com seu vereador." ou "chama um advogado então", "chama um repórter" ou então "filma e põe no youtube".

As tropas de choque são mais jovens basicamente por isso. O recruta ainda tá querendo comprar briga com todo mundo e leva tudo pro lado pessoal, não tem controle e como dizem meus colegas, "trabalham pelados".
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Offline Lorentz

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Re:Copa 2014
« Resposta #1105 Online: 13 de Abril de 2014, 22:01:29 »
Falando um pouco sobre futebol, vocês realmente torcem para o Brasil nas copas? Eu torci para a Espanha na última e me senti muito bem. Nesta copa, por ser no Brasil, eu gostaria que de alguma forma o brasileiro perdesse a moral para "acordar" desse pão e circo. Pra isso existem duas possibilidades: a Argentina ser campeã (por motivos óbvios), ou a Itália, que então empataria com o Brasil nos títulos.
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Offline Barata Tenno

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Re:Copa 2014
« Resposta #1106 Online: 14 de Abril de 2014, 01:50:58 »
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Offline Cumpadi

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Re:Copa 2014
« Resposta #1107 Online: 14 de Abril de 2014, 03:00:19 »
Parece ser fake (repórter pagou o muleque para fazer isso), olha a reportagem original. Seria muita coincidência.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Moro

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Re:Copa 2014
« Resposta #1108 Online: 14 de Abril de 2014, 09:00:08 »
Eu vi essa no JN. Não sei se é fake ou a molecada está querendo mostrar, como fazem em assaltos a bares etc.., que não têm medo de polícia. Acho que os ladrões estão se vendo como uma espécie de revolucionários.

Não sei onde arrumaram a idéia de que podem roubar porque são injustiçados pela sociedade...  Péra aí...
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Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Copa 2014
« Resposta #1109 Online: 14 de Abril de 2014, 20:16:50 »
Me mandaram essa la de casa.

http://news.tv-asahi.co.jp/news_international/articles/000024913.html


Já dá para imaginar o que os japoneses pensam sobre nós.

Offline Barata Tenno

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Re:Copa 2014
« Resposta #1110 Online: 14 de Abril de 2014, 21:56:45 »
Na reportagem não tem muito julgamento, só uma indagação sobre a capacidade do Brasil em receber turistas na copa e olimpíadas.
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Offline O Grande Capanga

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Re:Copa 2014
« Resposta #1111 Online: 15 de Abril de 2014, 08:53:18 »
Falando um pouco sobre futebol, vocês realmente torcem para o Brasil nas copas? Eu torci para a Espanha na última e me senti muito bem. Nesta copa, por ser no Brasil, eu gostaria que de alguma forma o brasileiro perdesse a moral para "acordar" desse pão e circo. Pra isso existem duas possibilidades: a Argentina ser campeã (por motivos óbvios), ou a Itália, que então empataria com o Brasil nos títulos.

Realmente, é difícil escolher quem melhor destruiria a moral futebolística brasileira.

Seria melhor que a Argentina tivesse 4 títulos e ganhasse esta Copa.  :hihi:

Offline Gabarito

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Re:Copa 2014
« Resposta #1112 Online: 15 de Abril de 2014, 14:01:55 »
A Polícia Federal chegou agora nas falcatruas da Copa. Começou a Operação Gol Contra:

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Polícia Federal apura fraude em obras com recursos da Copa
Apr 15th 2014, 16:33, by Rodrigo Vilela



A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (15) a Operação Gol Contra que apura fraudes na aplicação de verbas, em João Pessoa (PB), destinadas à estrutura hoteleira para a Copa do Mundo da sub-sede do Mundial.  Sete mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em João Pessoa e Brasília. A operação conta com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Ministério Público Federal (MPF).

A PF investiga um empresário que obteve R$ 7 milhões do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) para reformar um hotel.  A linha de crédito era direcionada a investimentos ligados a Copa.  As investigações apontam que o empresário apresentou notas fiscais falsas e superfaturou os valores de itens e serviços da obra. Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), que seriam coniventes com as fraudes ao liberar o financiamento, também são investigados.

Os acusados poderão ser indiciados por crime de obtenção fraudulenta de financiamento, que tem pena de até oito anos de prisão, segundo a PF.

Offline Moro

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Re:Copa 2014
« Resposta #1113 Online: 15 de Abril de 2014, 15:47:12 »
Na reportagem não tem muito julgamento, só uma indagação sobre a capacidade do Brasil em receber turistas na copa e olimpíadas.

cara tem julgamento pior que esse? É como alguém perguntar se você tem capacidade de gerir seu departamento.. acho que denigre nossa imagem de eficiência, se é que tínhamos alguma no japão
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Offline Cumpadi

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Re:Copa 2014
« Resposta #1114 Online: 15 de Abril de 2014, 16:09:05 »
A Polícia Federal chegou agora nas falcatruas da Copa. Começou a Operação Gol Contra:
Não entendi o problema, não vão pagar o governo "com juros" depois?
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Copa 2014
« Resposta #1115 Online: 15 de Abril de 2014, 19:21:21 »
Na reportagem não tem muito julgamento, só uma indagação sobre a capacidade do Brasil em receber turistas na copa e olimpíadas.

Bom, japoneses são um povo extremamente organizado, então imagino que seja lá o que for que encontrem por aqui ainda estará muito abaixo do padrão a que estão acostumados.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Copa 2014
« Resposta #1116 Online: 15 de Abril de 2014, 19:23:06 »
A Polícia Federal chegou agora nas falcatruas da Copa. Começou a Operação Gol Contra:


Sete milhões? Imagine o que encontrarão naquele estádio que custou 100% a mais que o valor original ou no contrato de aluguel de geradores a 1200% acima do preço de mercado.

Offline Gabarito

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Re:Copa 2014
« Resposta #1117 Online: 16 de Abril de 2014, 11:40:47 »
Mais Copa 2014:

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O dinamarquês que entendeu o Brasil - e por que ele fugiu correndo
Por Alex Antunes | Alex Antunes – 2 horas 21 minutos atrás


Mikel Keldorf Jensen (Foto: Reprodução/ Facebook)

Você já deve ter visto por aí a história do jornalista dinamarquês Mikel Keldorf Jensen. Fissurado em cobrir a Copa (“o melhor esporte do mundo em um país maravilhoso”), ele fez a lição de casa direitinho. Veio antecipadamente para estudar a língua, há dois anos e meio, e voltou para cá em setembro do ano passado.

Durante cinco meses observou as consequências da preparação: os despejos e remoções de comunidades, a ação da PM e do exército, as acusações de corrupção, e a incrível inversão social de um país que piora – para provar que está melhor. No mês passado, em Fortaleza, o choque de realidade pesou. Jensen descobriu que crianças de rua poderiam estar sendo mortas por dormirem em locais de frequência turística. Várias delas teriam desaparecido.

Esta semana, Jensen publicou um relato-desabafo no Facebook, e combinou que um artigo na Tribuna do Ceará só seria publicado depois que ele estivesse fora do país. A primeira coisa que chama a atenção, evidentemente, é a acusação do extermínio de crianças. Em entrevista já na Dinamarca, ele cita como fonte pessoas que fazem trabalho social com elas, e que acusam esquadrões da morte de estarem atuando em Fortaleza. Jensen acha que o Brasil ainda sofre com a herança repressiva da ditadura militar.

Mas o que mais me interessou é o trecho que copio a seguir:

“Durante cinco meses fiquei documentando as consequências da Copa. Existem várias: remoções, forças armadas e PMs nas comunidades, corrupção, projetos sociais fechando. Eu descobri que todos os projetos e mudanças são por causa de pessoas como eu – um gringo – e também uma parte da imprensa internacional. Eu sou um cara usado para impressionar.

Em março, eu estive em Fortaleza para conhecer a cidade mais violenta a receber um jogo de Copa do Mundo até hoje. Falei com algumas pessoas que me colocaram em contato com crianças da rua, e fiquei sabendo que algumas estão desaparecidas. Muitas vezes, são mortas quando estão dormindo à noite em área com muitos turistas. Por quê? Para deixar a cidade limpa para os gringos e a imprensa internacional? Por causa de mim?”

Jensen tropeçou sem querer na quimera brasileira: o Brasil consiste não em um, mas em dois projetos paralelos de sociedade. E um deles quer criminalizar e exterminar o outro, se não puder usá-lo como escravo. Na falta de outro nome, chamo esse embate de Projeto Pardo vs. Projeto Branco. Fica difícil para um europeu entender porque a parte privilegiada da sociedade não entende essa mesma sociedade como um todo, do qual todos deveriam se beneficiar em alguma medida (mesmo que preservando as regalias do topo).

Antes que algum marxista me lembre que o nome disso é luta de classes, eu diria que esse embate, além de político e social, tem uma dimensão cultural importante. Sem ir muito mais longe, expressões como o funk ostentação, que arrepiam qualquer marxista com seu viés consumista, são a cara do Projeto Pardo: uma disputa pelo protagonismo simbólico da sociedade, em que inclusive certos valores capitalistas são hackeados e tribalizados.

O que não é novidade para qualquer pessoa com alguma informação sobre o hip hop americano que, mesmo com seu forte impacto político na sociedade, sempre elegeu grifes como totens, e usou noções de consumo como manobra de reposicionamento social. Um tipo de estratégia protestante que até aqui nossa intelectualidade de formação marxista e cristã, vitimista e avessa ao bem-estar, tinha enorme dificuldade em compreender (e agora teve que engolir à força, com o rolezinho).

Mas voltemos a Jensen, que diz, atônito: “A vida dele (o menino Allison, de 13 anos, que lhe ofereceu seu único bem, seus amendoins – a ele, um gringo com um mastercard no bolso e 10 mil reais de equipamento de filmagem) está em perigo por causa de pessoas como eu”.

Não se culpe. Não é exatamente por você, meu caro Jensen. Você é apenas o espelho branco e europeu da parte vertical da nossa sociedade. Ela quer provar, mais para si mesma, provavelmente, do que para você ou para toda a imprensa gringa, que este pode ser um país “eficiente” e “ordeiro”. E que toda a nossa sabedoria macunaímica, que repousa nas comunidades a serem despejadas e removidas, bem, essa que se estrepe.

É por isso que, mesmo que tenha Copa, e mesmo que o Brasil vença, o Brasil já perdeu. Porque a Copa realizada aqui (com uma ajudazinha gangsterística da Fifa) é apenas o Projeto Branco contrahackeando o que já foi uma simbologia central da nossa ginga e habilidade. Mas faz tempo que o futebol não significa mais nada, a não ser ilusão, e agora assassinato.

Offline Gabarito

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Re:Copa 2014
« Resposta #1118 Online: 16 de Abril de 2014, 11:49:51 »
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Jornalista dinamarquês se decepciona com Fortaleza e desiste de cobrir Copa
Tendo a missão de cobrir a Copa do Mundo, o jornalista desistiu e voltou para a Dinamarca ao ter contato com os problemas sociais do Brasil, especialmente de Fortaleza

[...]

Desistiu das belas praias e do sol o ano inteiro. Voltou para a Dinamarca na segunda-feira (14). O medo foi notícia em seu país, tendo grande repercussão. Acredita que somente com educação e respeito é que as coisas vão mudar. “Assim, talvez, em 20 anos [os ricos] não precisem colocar vidro à prova de balas nas janelas”. E para Fortaleza, ou para o Brasil, talvez não volte mais. Quem sabe?

Confira na íntegra o depoimento:

A Copa – uma grande ilusão preparada para os gringos

Quase dois anos e meio atrás eu estava sonhando em cobrir a Copa do Mundo no Brasil. O melhor esporte do mundo em um país maravilhoso. Eu fiz um plano e fui estudar no Brasil, aprendi português e estava preparado para voltar.

Voltei em setembro de 2013. O sonho seria cumprido. Mas hoje, dois meses antes da festa da Copa, eu decidi que não vou continuar aqui. O sonho se transformou em um pesadelo.

Durante cinco meses fiquei documentando as consequências da Copa. Existem várias: remoções, forças armadas e PMs nas comunidades, corrupção, projetos sociais fechando. Eu descobri que todos os projetos e mudanças são por causa de pessoas como eu – um gringo – e também uma parte da imprensa internacional. Eu sou um cara usado para impressionar.

Em março, eu estive em Fortaleza para conhecer a cidade mais violenta a receber um jogo de Copa do Mundo até hoje. Falei com algumas pessoas que me colocaram em contato com crianças da rua, e fiquei sabendo que algumas estão desaparecidas. Muitas vezes, são mortas quando estão dormindo à noite em área com muitos turistas. Por quê? Para deixar a cidade limpa para os gringos e a imprensa internacional? Por causa de mim?

Em Fortaleza eu encontrei com Allison, 13 anos, que vive nas ruas da cidade. Um cara com uma vida muito difícil. Ele não tinha nada – só um pacote de amendoins. Quando nos encontramos ele me ofereceu tudo o que tinha, ou seja, os amendoins. Esse cara, que não tem nada, ofereceu a única coisa de valor que tinha para um gringo que carregava equipamentos de filmagem no valor de R$ 10.000 e um Master Card no bolso. Inacreditável.

Mas a vida dele está em perigo por causa de pessoas como eu. Ele corre o risco de se tornar a próxima vítima da limpeza que acontece na cidade de Fortaleza.

Eu não posso cobrir esse evento depois de saber que o preço da Copa não só é o mais alto da história em reais – também é um preço que eu estou convencido incluindo vidas das crianças.

Hoje, vou voltar para Dinamarca e não voltarei para o Brasil. Minha presença só está contribuindo para um desagradável show do Brasil. Um show, que eu dois anos e meio atrás estava sonhando em participar, mas hoje eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para criticar e focar no preço real da Copa do Mundo do Brasil.

Alguém quer dois ingressos para França x Equador no dia 25 de junho?

Mikkel Jensen – Jornalista independente da Dinamarca

O Tribuna do Ceará entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) para comentar acerca da possível “matança” comentada pelo jornalista dinamarquês, mas até a publicação desta matéria não foi enviada a resposta.

(*) A pedido de Mikkel, este artigo foi publicado com o jornalista já na Dinamarca.

Offline Fabrício

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Re:Copa 2014
« Resposta #1119 Online: 16 de Abril de 2014, 11:54:19 »
Mais Copa 2014:

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O dinamarquês que entendeu o Brasil - e por que ele fugiu correndo
Por Alex Antunes | Alex Antunes – 2 horas 21 minutos atrás


Mikel Keldorf Jensen (Foto: Reprodução/ Facebook)

Você já deve ter visto por aí a história do jornalista dinamarquês Mikel Keldorf Jensen. Fissurado em cobrir a Copa (“o melhor esporte do mundo em um país maravilhoso”), ele fez a lição de casa direitinho. Veio antecipadamente para estudar a língua, há dois anos e meio, e voltou para cá em setembro do ano passado.

Durante cinco meses observou as consequências da preparação: os despejos e remoções de comunidades, a ação da PM e do exército, as acusações de corrupção, e a incrível inversão social de um país que piora – para provar que está melhor. No mês passado, em Fortaleza, o choque de realidade pesou. Jensen descobriu que crianças de rua poderiam estar sendo mortas por dormirem em locais de frequência turística. Várias delas teriam desaparecido.

Esta semana, Jensen publicou um relato-desabafo no Facebook, e combinou que um artigo na Tribuna do Ceará só seria publicado depois que ele estivesse fora do país. A primeira coisa que chama a atenção, evidentemente, é a acusação do extermínio de crianças. Em entrevista já na Dinamarca, ele cita como fonte pessoas que fazem trabalho social com elas, e que acusam esquadrões da morte de estarem atuando em Fortaleza. Jensen acha que o Brasil ainda sofre com a herança repressiva da ditadura militar.

Mas o que mais me interessou é o trecho que copio a seguir:

“Durante cinco meses fiquei documentando as consequências da Copa. Existem várias: remoções, forças armadas e PMs nas comunidades, corrupção, projetos sociais fechando. Eu descobri que todos os projetos e mudanças são por causa de pessoas como eu – um gringo – e também uma parte da imprensa internacional. Eu sou um cara usado para impressionar.

Em março, eu estive em Fortaleza para conhecer a cidade mais violenta a receber um jogo de Copa do Mundo até hoje. Falei com algumas pessoas que me colocaram em contato com crianças da rua, e fiquei sabendo que algumas estão desaparecidas. Muitas vezes, são mortas quando estão dormindo à noite em área com muitos turistas. Por quê? Para deixar a cidade limpa para os gringos e a imprensa internacional? Por causa de mim?”

Jensen tropeçou sem querer na quimera brasileira: o Brasil consiste não em um, mas em dois projetos paralelos de sociedade. E um deles quer criminalizar e exterminar o outro, se não puder usá-lo como escravo. Na falta de outro nome, chamo esse embate de Projeto Pardo vs. Projeto Branco. Fica difícil para um europeu entender porque a parte privilegiada da sociedade não entende essa mesma sociedade como um todo, do qual todos deveriam se beneficiar em alguma medida (mesmo que preservando as regalias do topo).

Antes que algum marxista me lembre que o nome disso é luta de classes, eu diria que esse embate, além de político e social, tem uma dimensão cultural importante. Sem ir muito mais longe, expressões como o funk ostentação, que arrepiam qualquer marxista com seu viés consumista, são a cara do Projeto Pardo: uma disputa pelo protagonismo simbólico da sociedade, em que inclusive certos valores capitalistas são hackeados e tribalizados.

O que não é novidade para qualquer pessoa com alguma informação sobre o hip hop americano que, mesmo com seu forte impacto político na sociedade, sempre elegeu grifes como totens, e usou noções de consumo como manobra de reposicionamento social. Um tipo de estratégia protestante que até aqui nossa intelectualidade de formação marxista e cristã, vitimista e avessa ao bem-estar, tinha enorme dificuldade em compreender (e agora teve que engolir à força, com o rolezinho).

Mas voltemos a Jensen, que diz, atônito: “A vida dele (o menino Allison, de 13 anos, que lhe ofereceu seu único bem, seus amendoins – a ele, um gringo com um mastercard no bolso e 10 mil reais de equipamento de filmagem) está em perigo por causa de pessoas como eu”.

Não se culpe. Não é exatamente por você, meu caro Jensen. Você é apenas o espelho branco e europeu da parte vertical da nossa sociedade. Ela quer provar, mais para si mesma, provavelmente, do que para você ou para toda a imprensa gringa, que este pode ser um país “eficiente” e “ordeiro”. E que toda a nossa sabedoria macunaímica, que repousa nas comunidades a serem despejadas e removidas, bem, essa que se estrepe.

É por isso que, mesmo que tenha Copa, e mesmo que o Brasil vença, o Brasil já perdeu. Porque a Copa realizada aqui (com uma ajudazinha gangsterística da Fifa) é apenas o Projeto Branco contrahackeando o que já foi uma simbologia central da nossa ginga e habilidade. Mas faz tempo que o futebol não significa mais nada, a não ser ilusão, e agora assassinato.

Ok, temos muitos problemas com a Copa, inegável. Mas esse texto aí já achei bem exagerado, o cara apenas suspeita que crianças de rua estão sendo assassinadas. Não há evidência alguma de que isto realmente esteja acontecendo, e nem que tenha relação com a Copa. Na prática está sendo insinuado que o poder público está matando crianças de rua para poder apresentar uma cidade mais "limpa" para os estrangeiros, é uma acusação muito grave.

Conhecendo o Brasil, não vou dizer que isto não possa estar acontecendo, mas o texto não apresentou nada concreto a respeito.

Esse negócio de "projeto pardo" e "projeto branco" me parece muita viagem também.
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Re:Copa 2014
« Resposta #1120 Online: 16 de Abril de 2014, 11:55:03 »
Reportagem em jornal da Dinamarca:

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Medier 12. apr. 2014 KL. 16.21
Dansk journalist: »Min billet til VM i fodbold har blodstænk af gadebørn«
Dødspatruljer i Rio 'rengør' slumområder, siger journalist, som har valgt at boykotte VM i Brasilien.


Internationalt. Militære sikkerhedsstyrker er massivt repræsenteret i de fattigste områder af Rio frem mod, at VM i fodbold begynder. - Foto: Silvia Izquierdo/AP


[...]


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Re:Copa 2014
« Resposta #1121 Online: 16 de Abril de 2014, 12:27:18 »
Interessante é que o tal repórter tem informações de extermínio de crianças, um furo jornalístico absurdamente grande e a atitude dele é voltar pra casa e deixar por isso mesmo, focar na copa e tal...  Jornalista de primeira categoria. Só que não.
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Offline EuSouOqueSou

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Re:Copa 2014
« Resposta #1122 Online: 16 de Abril de 2014, 12:41:28 »
Mais Copa 2014:

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O dinamarquês que entendeu o Brasil - e por que ele fugiu correndo
Por Alex Antunes | Alex Antunes – 2 horas 21 minutos atrás


Mikel Keldorf Jensen (Foto: Reprodução/ Facebook)

...


Ok, temos muitos problemas com a Copa, inegável. Mas esse texto aí já achei bem exagerado, o cara apenas suspeita que crianças de rua estão sendo assassinadas. Não há evidência alguma de que isto realmente esteja acontecendo, e nem que tenha relação com a Copa. Na prática está sendo insinuado que o poder público está matando crianças de rua para poder apresentar uma cidade mais "limpa" para os estrangeiros, é uma acusação muito grave.

Conhecendo o Brasil, não vou dizer que isto não possa estar acontecendo, mas o texto não apresentou nada concreto a respeito.

Esse negócio de "projeto pardo" e "projeto branco" me parece muita viagem também.

Colocando essa polemica de lado (que nao sabemos ate que ponto e' verdade), eu concordo quando ele diz que todas as obras foram feitas apenas para impressionar os gringos. Todas as obras de infra-estrutura para melhoria da cidade estao inacabadas ou nem comecaram e nem vao comecar.
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.

Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.

Offline Gaúcho

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Re:Copa 2014
« Resposta #1123 Online: 16 de Abril de 2014, 13:03:08 »
Interessante é que o tal repórter tem informações de extermínio de crianças, um furo jornalístico absurdamente grande e a atitude dele é voltar pra casa e deixar por isso mesmo, focar na copa e tal...  Jornalista de primeira categoria. Só que não.

Ele não voltou à Dinamarca para focar na Copa. As palavras dele foram:

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Hoje, vou voltar para Dinamarca e não voltarei para o Brasil. Minha presença só está contribuindo para um desagradável show do Brasil. Um show, que eu dois anos e meio atrás estava sonhando em participar, mas hoje eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para criticar e focar no preço real da Copa do Mundo do Brasil.

E sobre o furo jornalístico, é bem óbvio que ele também voltou ao seu país pois estava com medo, visto que solicitou que a reportagem só fosse publicada quando ele já estivesse na Dinamarca.

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(*) A pedido de Mikkel, este artigo foi publicado com o jornalista já na Dinamarca.
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Offline Barata Tenno

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Re:Copa 2014
« Resposta #1124 Online: 16 de Abril de 2014, 15:36:57 »
Interessante é que o tal repórter tem informações de extermínio de crianças, um furo jornalístico absurdamente grande e a atitude dele é voltar pra casa e deixar por isso mesmo, focar na copa e tal...  Jornalista de primeira categoria. Só que não.

Ele não voltou à Dinamarca para focar na Copa. As palavras dele foram:

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Hoje, vou voltar para Dinamarca e não voltarei para o Brasil. Minha presença só está contribuindo para um desagradável show do Brasil. Um show, que eu dois anos e meio atrás estava sonhando em participar, mas hoje eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para criticar e focar no preço real da Copa do Mundo do Brasil.

E sobre o furo jornalístico, é bem óbvio que ele também voltou ao seu país pois estava com medo, visto que solicitou que a reportagem só fosse publicada quando ele já estivesse na Dinamarca.

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(*) A pedido de Mikkel, este artigo foi publicado com o jornalista já na Dinamarca.

A base da reportagem é a copa do mundo, foi postado num tópico sobre a copa do mundo, o foco da reportagem é a copa do mundo.
E reporter de merda, ta cheio de reporter cobrindo guerras, cartéis de drogas, corrupção estatal. Daqui a pouco ele começa a pedir providencias e reclamar muito no twitter.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

 

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