Tenho tentado ler todos os posts deste tópico e tambem de alguns outros sobre socialismo neste forum como por exemplo "A crise do capitalismo e a importancia atual de Marx". Com raras e honrosas exceções poucos dos foristas parecem ter lido quaisquer das obras de Marx ou Engels. Os posts do Luiz Souto são os que melhor abordam a herança de Marx.
Eu li as seguintes obras há quase três décadas: Manifesto Comunista; O Capital; A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado; Do Socialismo Utópico ao Científico; A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra; Teses Sobre Feuerbach e Manuscritos Econômicos-Filosóficos.
E confesso que não lembro de quase nada.
Os ataques do pessoal de direita então chegam a niveis absoultamente ridiculos e empobrecem este forum.
Com exceção de um forista que usa muitos termos panfletários anti-esquerda, os demais tem apontado sistematicamente as mazelas da práxis das teorias socialistas e comunistas.
Ou será que eu perdi algo nestas doze páginas de discussão?
Eles demonstram um total desconhecimento das obras de Marx e Engels e se perdem em repetitivos chavões e ataques genéricos aos diversos grupos socialistas.
Bem, então vamos passar a discutir em um ou mais tópicos específicos, o cerne teórico das obras deles e de outros pensadores esquerdistas e confrontá-lo com o que se observou na práxis.
E espero que os chavões esquerdistas também não se façam presentes, como o de alegar que ainda não se pôde fazer a "verdadeira revolução", como eu li de um forista no ano passado.
As inverdades históricas que tenho lido chegam mesmo a me fazer "Lough Out Loud" de tão absurdas. A leitura desses posts tem sido um esforço necessário porem penoso.
Seria interessante o senhor demonstrar estas "inverdades históricas", porque rir de bobagens ditas eu faço tanto de direitistas como de esquerdistas.
Estou ainda tentando ler o máximo que posso para criar um novo tópico de debate ao nivel do que propus ao Juca. Falta-me tempo no momento mas chegarei lá. Quero evitar repetir as discussões já havidas.
Para evitar duplicidade de postagens, eu recomendo o senhor retomar os assuntos nos tópicos que já existem.
Por enquanto quero lembra-los apenas do discurso de Engels no tumulo de Marx.
Aqui vai o trecho inicial e que mais me impressionou quando o li a primeira vez.
Engels expressou extremamente bem tudo que nós que estudamos Marx gostariamos de dizer.
A linguagem pode parecer muito comunistóide à maioria de vocês mas resulta tambem do panfletarismo de Engels. O trecho em Negrito foi colocado por mim para acentuar a parte mais importante da mensagem de Engels.
Ainda bem que o senhor alertou sobre o caráter panfletário (e emocional) do texto infra, pois comparar as obras e os desdobramentos teóricos de Darwin com as de Marx é "forçar a barra".
A 14 de Março, um quarto para as três da tarde, o maior pensador vivo deixou de pensar. Deixado só dois minutos apenas, ao chegar, encontrámo-lo tranquilamente adormecido na sua poltrona — mas para sempre.
O que o proletariado combativo europeu e americano, o que a ciência histórica perderam com a morte deste homem não se pode de modo nenhum medir. Muito em breve se fará sentir a lacuna que a morte deste homem prodigioso deixou.
Assim como Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da Natureza orgânica, descobriu Marx a lei do desenvolvimento da história humana: o simples fato, até aqui encoberto sob elocubrações ideológicas, de que os homens têm primeiro que comer, beber, abrigar-se e vestir-se, antes de se poderem entregar à política, à ciência, à arte, à religião, etc. E que, portanto, a produção dos meios de vida materiais imediatos e, com ela, o estágio de desenvolvimento económico de um povo ou de um período de tempo forma a base, a partir da qual as instituições do Estado, as visões do Direito, a arte e mesmo as representações religiosas dos homens em questão, se desenvolveram e a partir da qual, portanto, elas têm também que ser explicadas e não, como até agora tem acontecido, inversamente.
Mas isto não chega. Marx descobriu também a lei específica do movimento do modo de produção capitalista moderno e da sociedade burguesa por ele criada. Com a descoberta da mais-valia fez-se aqui de repente luz, enquanto todas as investigações anteriores, tanto de economistas burgueses como de críticos socialistas, se tinham perdido na treva.
O legado científico de Darwin é empiricamente observável e testável, sendo que a sua obra principal tem um poder descritivo e explicativo que começa no primórdio da vida no planeta e vem até hoje, ao passo que a obra do prussiano é uma explicação para as sociedades capitalistas européias típicas do meado do século XIX (industriais, burguesas e moralmente conservadoras), com raríssimas incursões para o passado.
E Engels encerra seu discurso com uma frase que todas as discussões aqui só comprovam:
O seu nome continuará a viver pelos séculos, e a sua obra também!
Sim, assim como até hoje se escreve sobre Jesus Cristo.
E isto evidencia que ele (JC) existiu ou que as suas fantasias são aplicáveis?