Autor Tópico: O movimento anti-cobiça americano  (Lida 21228 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Trudeau

  • Visitante
O movimento anti-cobiça americano
« Online: 11 de Outubro de 2011, 01:04:26 »
Vou transcrever aqui o post do AtheistNexus sobre o assunto. A razão de usar a transcrição é para evitar que pensem que isso é mais um movimento da esquerda e comecem a destilar os famosos comentários anti-comunistas já comuns neste forum.
Reparem a citação de Thomas Jefferson de 1791!!!

Citação de: Wanderer in AtheistNexus, "The anti-greed movement"
No caso de ninguem ter percebido, os protestos contra a ganância do capitalismo agora se expandiu para vários países de todo o mundo. Há 1.300 protestos diferentes sendo realizados em todo o mundo para protestar contra a ganância na política. Nós não chegamos aqui por nada, colegas.

"Se dividirmos a renda dos EUA em terços, vemos que os 10% mais ricos da população recebe 1/3, os 30% próximos ficam com outro 1/3, e os ultimos 60% ficam com o ultimo 1/3. Se dividirmos a riqueza dos os EUA em terços, descobrimos que 1% possuem 1/3, 9% outro 1/3, e os 90% restante dividem o que sobra. (Na verdade, esses percentuais são um pouco fora de data. o 1% superiores se estima agora possuir entre 40% e 50% da riqueza do país). "- David Schweickart

"Acredito que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas liberdades do que exércitos permanentes. Eles já criaram uma aristocracia do dinheiro que desafia o governo. Este poder deve ser retirado aos bancos e devolvido ao povo a quem adequadamente pertence. Se o povo americano alguma vez permitir que bancos privados controlem a emissão de moeda, primeiro pela inflação, depois pela deflação, os bancos e corporações que crescerão em volta deles irão privar o povo de toda a propriedade até que seus filhos acordem sem casa no continente que os seus pais conquistaram. Espero que esmaguemos em seu nascimento a aristocracia endinheirada das corporações que já se atrevem a desafiar o nosso Governo a uma prova de força e de desrespeito às leis do nosso país. "- Thomas Jefferson, 1791

O que é que vocês acham?
« Última modificação: 11 de Outubro de 2011, 01:07:00 por Geotecton »

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #1 Online: 11 de Outubro de 2011, 01:09:18 »
Caro Trudeau.

Eu mudei* o título do tópico pois entendo que estava incompleto.

*Passou de "O movimento anti-cobiça mericano" para "O movimento anti-cobiça americano". Se desejar que eu retorne o título original, é só avisar.
Foto USGS

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #2 Online: 11 de Outubro de 2011, 01:11:24 »
Citação de: Wanderer in AtheistNexus, "The anti-greed movement"
[...]
"Acredito que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas liberdades do que exércitos permanentes. Eles já criaram uma aristocracia do dinheiro que desafia o governo. Este poder deve ser retirado aos bancos e devolvido ao povo a quem adequadamente pertence. Se o povo americano alguma vez permitir que bancos privados controlem a emissão de moeda, primeiro pela inflação, depois pela deflação, os bancos e corporações que crescerão em volta deles irão privar o povo de toda a propriedade até que seus filhos acordem sem casa no continente que os seus pais conquistaram. Espero que esmaguemos em seu nascimento a aristocracia endinheirada das corporações que já se atrevem a desafiar o nosso Governo a uma prova de força e de desrespeito às leis do nosso país. "- Thomas Jefferson, 1791

O FED há muito tempo faz a ligação entre o sistema bancário e o Tesouro Nacional estadunidense. E boa parte do que Jefferson escreveu está correto, infelizmente.
Foto USGS

Trudeau

  • Visitante
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #3 Online: 11 de Outubro de 2011, 01:16:09 »
Obrigado pela correção Geotecton! Não percebi o erro.

Offline Cumpadi

  • Nível 32
  • *
  • Mensagens: 2.247
  • Sexo: Masculino
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #4 Online: 11 de Outubro de 2011, 01:22:14 »
Eu acho que é isso o que acontece quando a população é conivente com um estado que quer se meter em tudo, como vem ocorrendo nos EUA nos últimos anos.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #5 Online: 11 de Outubro de 2011, 01:27:26 »
Eu acho que é isso o que acontece quando a população é conivente com um estado que quer se meter em tudo, como vem ocorrendo nos EUA nos últimos anos.

Voce leu o texto de Thomas Jefferson, de 1791?
Foto USGS

Trudeau

  • Visitante
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #6 Online: 11 de Outubro de 2011, 01:36:24 »
Eu acho que é isso o que acontece quando a população é conivente com um estado que quer se meter em tudo, como vem ocorrendo nos EUA nos últimos anos.
Parcus: eu acompanho de perto esses acontecimentos. É exatamente o contrário do que você diz.
Tudo começou com a desregularização excessiva da era Reagan.
A liberdade que deram aos bancos causou uma cobiça sem limites que resultou nas crises do século XXI.
Alem disso veja que nos anos 60 (pouca gente sabe disso!) o limite superior do imposto de renda americano era quase 90%, isso mesmo!
Reaganomics baixou isso para 40% e Bush para 30%. E agora os republicanos não querem aumentar esse limite.
Isso provoca uma concentração de renda absurda que junto com a falta de regras para os bancos cria a "crise da cobiça".
Warren Buffett, bilonário americano, declarou que paga menos imposto (em %) que a sua secretária. Pode?
O Canada não tem o mesmo problema que os USA porque aqui os bancos são altamente regulamentados e o limite superior do imposto de renda é 56%. Acredito que no Brasil tambem há uma alta regulamentação dos Bancos, ou não?

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #7 Online: 11 de Outubro de 2011, 02:09:02 »
Parcus: eu acompanho de perto esses acontecimentos. É exatamente o contrário do que você diz.
Tudo começou com a desregularização excessiva da era Reagan.
A liberdade que deram aos bancos causou uma cobiça sem limites que resultou nas crises do século XXI.
Alem disso veja que nos anos 60 (pouca gente sabe disso!) o limite superior do imposto de renda americano era quase 90%, isso mesmo!
[...]

Chegou a 94% entre 1944 e 1945.

Fonte.
Foto USGS

Trudeau

  • Visitante
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #8 Online: 11 de Outubro de 2011, 10:05:53 »
É interessante ler a proposta lista de reinvindicações do grupo que coordena o movimento que é apoiado por vários intelectuais americanos, dentre os quais Noam Chomsky e Michael Moore.

http://occupywallst.org/forum/proposed-list-of-demands-please-help-editadd-so-th/

Quase todos eles tem a ver com controle dos bancos e do sistema financeiro e com taxação dos mais ricos.
Eles pedem mesmo a volta aos niveis de taxação dos anos 60 e 70.


Offline Südenbauer

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 10.297
  • Sexo: Masculino
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #9 Online: 11 de Outubro de 2011, 10:09:13 »
É interessante ler a proposta lista de reinvindicações do grupo que coordena o movimento que é apoiado por vários intelectuais americanos, dentre os quais Noam Chomsky e Michael Moore.
Que surpresa.

 ::)

Offline ByteCode

  • Contas Excluídas
  • Nível 27
  • *
  • Mensagens: 1.369
  • Conta removida por solicitação do usuário
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #10 Online: 11 de Outubro de 2011, 10:15:29 »
Vou transcrever aqui o post do AtheistNexus sobre o assunto. A razão de usar a transcrição é para evitar que pensem que isso é mais um movimento da esquerda e comecem a destilar os famosos comentários anti-comunistas já comuns neste forum.
Reparem a citação de Thomas Jefferson de 1791!!!

Citação de: Wanderer in AtheistNexus, "The anti-greed movement"
No caso de ninguem ter percebido, os protestos contra a ganância do capitalismo agora se expandiu para vários países de todo o mundo. Há 1.300 protestos diferentes sendo realizados em todo o mundo para protestar contra a ganância na política. Nós não chegamos aqui por nada, colegas.

"Se dividirmos a renda dos EUA em terços, vemos que os 10% mais ricos da população recebe 1/3, os 30% próximos ficam com outro 1/3, e os ultimos 60% ficam com o ultimo 1/3. Se dividirmos a riqueza dos os EUA em terços, descobrimos que 1% possuem 1/3, 9% outro 1/3, e os 90% restante dividem o que sobra. (Na verdade, esses percentuais são um pouco fora de data. o 1% superiores se estima agora possuir entre 40% e 50% da riqueza do país). "- David Schweickart

"Acredito que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas liberdades do que exércitos permanentes. Eles já criaram uma aristocracia do dinheiro que desafia o governo. Este poder deve ser retirado aos bancos e devolvido ao povo a quem adequadamente pertence. Se o povo americano alguma vez permitir que bancos privados controlem a emissão de moeda, primeiro pela inflação, depois pela deflação, os bancos e corporações que crescerão em volta deles irão privar o povo de toda a propriedade até que seus filhos acordem sem casa no continente que os seus pais conquistaram. Espero que esmaguemos em seu nascimento a aristocracia endinheirada das corporações que já se atrevem a desafiar o nosso Governo a uma prova de força e de desrespeito às leis do nosso país. "- Thomas Jefferson, 1791

O que é que vocês acham?


O que ocorre no mundo é o poder financeiro dominando e influenciando decisões do poder público (Estado) que afetam toda a sociedade, para o benefício de uma pequena parcela da população concentrada no topo da pirâmide social.

O capitalismo neoliberal foi o responsável por esta crise atual e por tamanha desigualdade da renda e da distribuição da riqueza nos países que o aplicaram  a partir dos anos 70. O que vemos agora é só o reflexo da aplicação de politicas econômicas destrutivas:

[...]
As medidas aplicadas por EUA e principalmente Europa para sanar a crise são nitidamente equivocadas.

Explique!

Deixo o economista, ganhador do premio nobel de economia (não meramente um dublê de economista), Joseph Stiglitz, explicar (muita enfase na parte em negrito):

Alguns anos atrás, uma ideologia poderosa - a crença em mercados livres e irrestritos - levou o mundo à beira da ruína. Mesmo em seu apogeu, do início dos anos 80 até 2007, o capitalismo desregulado ao estilo americano só trouxe um maior bem-estar material para os muito ricos dos países ricos do mundo. Aliás, no curso de sua ascendência ideológica de 30 anos, a maioria dos americanos sofreu um declínio ou estagnação da renda ano após ano.



De mais a mais, o crescimento da produção nos Estados Unidos não foi economicamente sustentável. Com tanta renda nacional americana indo para tão poucos, o crescimento só poderia continuar via o consumo financiado por um endividamento crescente.



Eu estava entre os que esperavam que, de algum modo, a crise financeira ensinaria aos americanos (e a outros) uma lição sobre a necessidade de maior igualdade, de uma regulamentação mais forte, e de um melhor equilíbrio entre mercado e governo. Pobre de mim, não foi o que ocorreu. Ao contrário, o ressurgimento de uma economia de direita, impelida, como sempre, por ideologia e interesses especiais, ameaça uma vez mais a economia global - ou, ao menos, as economias da Europa e dos Estados Unidos onde essas ideias continuam prosperando.



Nos Estados Unidos, esse ressurgimento da direita, cujos adeptos evidentemente tentam refutar as leis básicas da matemática e da economia, ameaça provocar um calote da dívida nacional. Se o Congresso ordenar gastos que excedam as receitas, haverá um déficit, e esse déficit tem de ser financiado. Em vez de pesar cuidadosamente os benefícios de cada programa de gastos do governo contra os custos de elevar impostos para financiar esses benefícios, a direita procura usar um malho - não permitir que a dívida nacional aumente obriga os gastos a se limitarem aos impostos.



Isso deixa em aberto a questão de quais gastos terão prioridade - e se os gastos para pagar juros da dívida nacional não entrarem nessa categoria, um calote será inevitável. De mais a mais, cortar gastos agora, no meio de uma crise acarretada pela ideologia do livre mercado, com certeza prolongará inevitavelmente a recessão.



Uma década atrás, em pleno boom econômico, os Estados Unidos enfrentaram um superávit tão grande que ameaçava eliminar a dívida nacional. Cortes de impostos e guerras insustentáveis, uma grande recessão, e a elevação dos custos do sistema de saúde - alimentados, em parte, pelo compromisso do governo de George W. Bush de dar carta branca para as companhias farmacêuticas estabelecerem seus preços, mesmo com dinheiro do governo em jogo - transformaram rapidamente um superávit enorme em déficits recordes em tempo de paz.



As soluções para o déficit americano decorrem imediatamente desse diagnóstico: colocar os EUA de novo para trabalhar com o estímulo da economia; acabar com as guerras insensatas; frear os custos militares e farmacêuticos; e elevar impostos, ao menos dos muito ricos. Mas a direita não fará nada disso, e está promovendo novos cortes de impostos para corporações e para os ricos, junto com cortes de gastos em investimentos e proteção social que colocam em perigo o futuro da economia americana e os farrapos que restam do contrato social.



Enquanto isso, o setor financeiro americano vem fazendo um lobby duro para se livrar de regulamentos, para poder voltar a seus modos desastrosamente irresponsáveis do passado.



Mas as coisas não estão muito melhores na Europa. No momento em que Grécia e outros enfrentam crises, o remédio da moda se limita a pacotes de austeridade ultrapassados e privatizações que meramente deixarão os países que os adotarem mais pobres e mais vulneráveis. Esse remédio falhou no Leste Asiático, na América Latina, e alhures, falhará na Europa desta vez, também. Aliás, ele já falhou na Irlanda, Letônia e Grécia.



Existe uma alternativa: uma estratégia de crescimento econômico sustentado pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional. O crescimento restauraria a confiança de que a Grécia conseguiria saldar suas dívidas, causando uma queda nas taxas de juros e deixando mais margem de manobra fiscal para investimentos para fomentar o crescimento.



O crescimento em si alimenta a arrecadação de imposto de renda e reduz a necessidade de gastos sociais, como o seguro-desemprego. E a confiança que isso engendra promove ainda mais crescimento.Infelizmente, os mercados financeiros e os economistas de direita consideram o problema exatamente o inverso: eles acreditam que a austeridade produz confiança, e que a confiança produzirá crescimento.



Mas a austeridade mina o crescimento, agravando a situação fiscal do governo ou, ao menos, promovendo menos melhoras do que os defensores da austeridade prometem. Nos dois casos, a confiança é solapada, e uma espiral descendente é acionada.



Será que realmente precisamos de uma nova experiência dispendiosa com ideias que falharam repetidamente? Não precisamos, mas ao que tudo indica teremos de suportar outra mesmo assim. Uma incapacidade de Europa e Estados Unidos voltarem a ter um crescimento vigoroso seria ruim para a economia global. Um fracasso em ambos seria desastroso - mesmo que os principais países de mercado emergente tenham atingido um crescimento autossustentável. Lamentavelmente, a menos que cabeças mais sábias prevaleçam, é esse o rumo que o mundo está tomando.


Citar
Dívidas públicas gigantescas são causados por estados gastadores, o que é o oposto do "neoliberalismo".

Logo, onde é que entra o "neoliberalismo" nessa história toda, conforme o texto que o ByteCode postou??

Alguém poderia me explicar?

Porque neoliberais são os culpados by default  :). Mesmo que a crise atinja estados glutões, a culpa é de liberais que restringiram o crescimento ainda maior da máquina estatal, essa sim, provedora de todo bem estar e avanço socio-econômico.


Vocês realmente acham que esta crise surgiu assim, de repente? Ela é reflexo do que vem acontecendo nas politicas econômicas europeia e americana nos ultimos trinta anos. "As bolhas e a fragilidade financeira nasceram do capitalismo neoliberal adotado a partir dos anos 70". Vejamos o que o Professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, José Luís Oreiro, esclarece quanto a isto, na mesma linha de pensamento do premio nobel de economia, Joseph Stiglitz, anteriormente citado por mim:


" a "sabedoria convencional" afirma que a crise financeira de 2008 foi apenas o resultado de uma regulação financeira inadequada, combinada com uma política monetária muito frouxa conduzida pelo Fed durante a administração Greenspan. Se assim for, então não será necessária a implementação de políticas que revertam a tendência ao aumento da desigualdade na distribuição de renda nos países desenvolvidos, verificada nos últimos 30 anos. Uma mudança limitada na regulação financeira e a redefinição do regime de metas de inflação de maneira a incluir a estabilização dos preços dos ativos financeiros como um dos objetivos da política monetária, por intermédio de uma espécie de "regra de Taylor ampliada", seria suficiente para evitar uma nova crise financeira no futuro.

A crise financeira de 2008 não foi apenas o resultado da combinação perversa entre desregulação financeira e política monetária frouxa. Essas são apenas as causas próximas da crise. Mas existe uma causa mais fundamental, qual seja: o padrão de capitalismo adotado nos Estados Unidos e na Europa a partir do final da década de 1970, o qual pode ser chamado de "capitalismo neoliberal". Entre 1950 e 1973, as economias capitalistas avançadas vivenciaram uma "época de ouro" de crescimento econômico, no qual a distribuição pessoal e funcional da renda era progressivamente mais equitativa, a taxa de acumulação de capital era mantida em patamares elevados devido à existência de um ambiente macroeconômico estável (inflação baixa, juros baixos, taxas de câmbio estáveis) e forte expansão da demanda agregada. Além disso, a taxa de desemprego era inferior a 4% da força de trabalho em quase todos os países desenvolvidos (exceto, curiosamente, nos Estados Unidos). Durante esse período, os mercados financeiros eram pesadamente regulados, a movimentação de capitais entre as fronteiras nacionais era bastante restrita, as taxas de câmbio eram fixas com respeito ao dólar americano e os salários reais cresciam aproximadamente ao mesmo ritmo da produtividade do trabalho.

A combinação entre estabilidade macroeconômica, crescimento acelerado e baixo desemprego permitia que os governos dos países desenvolvidos operassem com baixos déficits fiscais e uma dívida pública reduzida como proporção do PIB. O "Estado do Bem-Estar Social" não representava um fardo para as contas públicas.

Esse "capitalismo socialmente regulado" apresentava um regime de crescimento do tipo "wage-led", ou seja, um regime no qual o crescimento dos salários reais (num ritmo igual à produtividade do trabalho) permitia uma forte expansão da demanda de consumo, a qual induzia as firmas a realizar um volume elevado de investimentos na ampliação de capacidade produtiva, ao mesmo tempo em que mantinha as pressões inflacionárias relativamente contidas devido à estabilidade do custo unitário do trabalho.

Com o colapso do Sistema de Bretton Woods e os choques do petróleo em 1973 e 1979, o ambiente macroeconômico muda radicalmente e o mundo desenvolvido passa a conviver com o fenômeno da "estagflação". Esse ambiente macroeconômico permitiu o ressurgimento daquelas doutrinas liberais.

Após a eleição de Margareth Thatcher no Reino Unido e Ronald Reagan nos Estados Unidos, as políticas econômicas nos países desenvolvidos foram progressivamente pautadas pelos motes da desregulação, privatização e redução de impostos. Os mercados financeiros foram liberalizados, os controles de capitais foram abolidos nos países desenvolvidos e os impostos foram reduzidos, principalmente sobre os mais ricos. Os sindicatos de trabalhadores foram deliberadamente enfraquecidos pelas políticas adotadas por Reagan e Thatcher, registrando-se uma forte redução da filiação sindical da força de trabalho.

O resultado macroeconômico desse novo "padrão de capitalismo" foi uma crescente desigualdade na distribuição funcional e pessoal da renda, a medida que os salários passaram a crescer num ritmo bem inferior ao da produtividade do trabalho e o sistema tributário perdeu, em vários países, o seu caráter progressivo. O aumento da concentração de renda e o crescimento anêmico dos salários reais foi o responsável pela perda do dinamismo endógeno dos gastos de consumo, notadamente nos Estados Unidos, os quais passaram a depender cada vez mais do aumento do endividamento das famílias para a sua sustentação a médio e longo prazo.

Nesse contexto, a desregulação dos mercados financeiros tornou-se funcional, uma vez que a mesma permitiu um aumento considerável da elasticidade da oferta de crédito bancário, viabilizando assim o crescimento do endividamento das famílias, necessário para a sustentação da expansão dos gastos de consumo. O aumento extraordinário do crédito bancário resultou num processo cumulativo de aumento dos preços dos ativos reais e financeiros, permitindo assim a sustentação de posturas financeiras cada vez mais frágeis (especulativa e Ponzi) por parte das famílias, empresas e bancos.

O regime de crescimento "wage-led" fora substituído por um regime "finance-led". Daqui se segue que no "capitalismo neoliberal" as bolhas e a fragilidade financeira não são "anomalias" no sistema, mas parte integrante do seu modus operandi.

No que se refere à tese de que a crise de 2008 seria apenas um desvio temporário da trajetória de crescimento de longo prazo das economias capitalistas, os eventos ocorridos depois de 2009 parecem apontar claramente para a falsidade dessa conjectura.

Com efeito, a crise de 2008 não foi apenas um "curto circuito" na máquina capitalista, o qual poderia ser corrigido por intermédio da intervenção do Estado no "mecanismo de ignição" das economias capitalistas. Isso porque o regime de crescimento do tipo "finance-led" teve como contrapartida uma elevação significativa do endividamento do setor privado nos anos anteriores a crise de 2008.

Considerando apenas os países da área do euro, constatamos que entre 1997 e 2008, a dívida das empresas não financeiras passou de 250% para 280% do PIB, o endividamento dos bancos aumentou de 190% para 250% do PIB e o endividamento das famílias aumentou em quase 50%.

Após o colapso do Lehman Brothers o setor privado nos países desenvolvidos iniciou um processo de "deflação de dívidas", no qual a "propensão a poupar" dos agentes privados é aumentada com o intuito de permitir uma redução do estoque de endividamento. Esse aumento da propensão a poupar do setor privado atuou no sentido de anular (parcialmente) o efeito sobre a produção e o emprego do aumento dos déficits fiscais.

O resultado combinado do aumento da propensão a poupar do setor privado e redução da poupança do setor público foi uma pequena recuperação do nível de atividade econômica e uma "socialização na prática" de parcela considerável da dívida privada, transferida agora para o setor público. Essa "socialização das dívidas privadas" é uma das causas da crise fiscal da área do Euro, a qual, na ausência de uma monetização parcial do endividamento do setor público dos países por ela afetados, irá resultar em vários anos de contração fiscal, retardando assim a recuperação econômica do mundo desenvolvido. A perspectiva para os países da área do Euro (e em menor medida para os Estados Unidos) é de vários anos de estagnação econômica.

Em suma, a crise financeira de 2008 foi o resultado do modus operandi do "capitalismo neoliberal" implantado no final da década de 1970 e os seus efeitos sobre o nível de produção e de emprego nos países desenvolvidos serão duradouros devido ao elevado endividamento do setor privado, gerado por um regime de crescimento do tipo "finance-led"."

http://www.valor.com.br/opiniao/1004628/origem-causas-e-impacto-da-crise

Offline Bolsonaro neles

  • Nível 38
  • *
  • Mensagens: 3.618
  • Sexo: Masculino
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #11 Online: 11 de Outubro de 2011, 10:23:51 »
Esse tópico é dos comunistas inveterados?

Offline ByteCode

  • Contas Excluídas
  • Nível 27
  • *
  • Mensagens: 1.369
  • Conta removida por solicitação do usuário
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #12 Online: 11 de Outubro de 2011, 10:31:58 »
É interessante ler a proposta lista de reinvindicações do grupo que coordena o movimento que é apoiado por vários intelectuais americanos, dentre os quais Noam Chomsky e Michael Moore.

Dois laureados com nobel de economia também apoiam o movimento, os economistas Paul Krugman e Joseph Stiglitz, que ganhou o nobel demonstrando que a "mão invisivel do mercado", que sempre tenderia a colocar, naturalmente, a economia em estado ótimo, é apenas um mito criado por Adam Smith.
Além de artistas, como Susan Sarandon, que também já demonstraram apoio.

Trudeau

  • Visitante
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #13 Online: 11 de Outubro de 2011, 10:42:30 »
Esse tópico é dos comunistas inveterados?
Começou! Eu sabia que a gang anti-comunista, sem capacidade de debater um assunto sério como esse iria apelar logo!

Dois laureados com nobel de economia também apoiam o movimento, os economistas Paul Krugman e Joseph Stiglitz, que ganhou o nobel demonstrando que a "mão invisivel do mercado", que sempre tenderia a colocar, naturalmente, a economia em estado ótimo, é apenas um mito criado por Adam Smith.
Além de artistas, como Susan Sarandon, que também já demonstraram apoio.
Bite: Muito boa a sua contribuição. Joseph Stiglitz, em particular, apoia o movimento com idéias interessantes como você mostrou.
Em particular o trecho:
Citar
O crescimento em si alimenta a arrecadação de imposto de renda e reduz a necessidade de gastos sociais, como o seguro-desemprego. E a confiança que isso engendra promove ainda mais crescimento.Infelizmente, os mercados financeiros e os economistas de direita consideram o problema exatamente o inverso: eles acreditam que a austeridade produz confiança, e que a confiança produzirá crescimento.
Mas a austeridade mina o crescimento, agravando a situação fiscal do governo ou, ao menos, promovendo menos melhoras do que os defensores da austeridade prometem. Nos dois casos, a confiança é solapada, e uma espiral descendente é acionada.
Será que realmente precisamos de uma nova experiência dispendiosa com ideias que falharam repetidamente? Não precisamos, mas ao que tudo indica teremos de suportar outra mesmo assim. Uma incapacidade de Europa e Estados Unidos voltarem a ter um crescimento vigoroso seria ruim para a economia global. Um fracasso em ambos seria desastroso - mesmo que os principais países de mercado emergente tenham atingido um crescimento autossustentável. Lamentavelmente, a menos que cabeças mais sábias prevaleçam, é esse o rumo que o mundo está tomando.

Offline ByteCode

  • Contas Excluídas
  • Nível 27
  • *
  • Mensagens: 1.369
  • Conta removida por solicitação do usuário
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #14 Online: 11 de Outubro de 2011, 10:46:24 »
Indignados convocam mobilização mundial para 15 de Outubro

Os "indignados" de Espanha, um dos primeiros países a aderir ao movimento em Maio, apelaram à realização a jornada de protesto de dimensão mundial, no próximo sábado. Bruxelas está em contagem decrescente para a grande manifestação, enquanto em Nova Iorque os "indignados" não desmobilizam de Wall Street.

O site com o nome "United for globalchange" mostra o mapa onde estão assinaladas mais de 400 iniciativas previstas para sábado, em pelo menos 45 países. Lisboa e Porto serão, também, palco de manifestações.

Em Lisboa, o protesto intitulado "15 de Outubro, a Democracia sai à rua!" começa com um desfile entre o Marquês de Pombal e São Bento, sendo depois organizada uma assembleia popular em frente ao Parlamento. A acção termina com a realização de uma vigília.

Em 12 de Março, o protesto português da "Geração à Rasca" levou quase 500 mil pessoas às ruas de todo o país.

O movimento dos "indignados" ganhou nas últimas semanas um novo fôlego com a realização de manifestações em Nova Iorque sob o lema "Occupy Wall Street".

"Estamos muito contentes que Nova Iorque tenha conseguido uma grande visibilidade", afirmou, à France-Presse, Jon Aguirre Such, porta-voz da plataforma espanhola "Democracia Real Já!", organização que teve na origem da manifestação de 15 Maio, em Madrid, e no surgimento do movimento dos "indignados" espanhóis contra o desemprego e a crise económica.

"Isto mostra que esta é uma questão que não diz só respeito a Espanha, mas sim ao mundo inteiro porque a crise é global, os mercados operam à escala global", afirmou o mesmo representante.

"Unidos sob uma única voz, vamos dizer aos políticos e às elites financeiras que eles servem, que agora somos nós, o povo, que vai decidir o nosso futuro", refere um manifesto aprovado numa assembleia realizada em Madrid a 30 de Setembro.

No próximo sábado, os "indignados" espanhóis vão concentrar-se no centro de Madrid, tal como fizeram na jornada de protesto do passado dia 19 de Junho, que conseguiu reunir então cerca de 200 mil pessoas em todo o país.

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=2045527&page=-1

Para ver o mapa de onde haverão os protestos pelo mundo: http://map.15october.net/main

Offline ByteCode

  • Contas Excluídas
  • Nível 27
  • *
  • Mensagens: 1.369
  • Conta removida por solicitação do usuário
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #15 Online: 11 de Outubro de 2011, 10:54:53 »
Esse tópico é dos comunistas inveterados?
Começou! Eu sabia que a gang anti-comunista, sem capacidade de debater um assunto sério como esse iria apelar logo!

Pois é, tem sempre os "bitolados do livre mercado" para chamar de comunista todo mundo que não concorde com eles.

Offline Adriano

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.672
  • Sexo: Masculino
  • Ativismo quântico
    • Filosofia ateísta
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #16 Online: 11 de Outubro de 2011, 11:01:06 »
A razão de usar a transcrição é para evitar que pensem que isso é mais um movimento da esquerda e comecem a destilar os famosos comentários anti-comunistas já comuns neste forum.
Deixa disso. Marx já lidava com isto na sua época:

Citar
Marx, em fins da década de 1870, já dizia, referindo-se aos "marxistas" franceses, que "tudo o que eu sei é que não sou marxista".  (Marx, K. e F. Engels. Obras Escolhidas - Volume 3, p. 283) - Apud Lombardi.

Um dos pontos defendidos nessa tese é sobre a importância de Engels no materialismo dialético e o descarte de sua teoria em decorrência do leninismo e estalinismo, onde ambos usaram muito o engelsianismo. Gostei também de saber que num dos livro de Engels, A dialética da natureza, ele critica fortemente o espiritismo.

Mas ocorria uma divisão do trabalho entre ambos, com Engels fazendo mais a parte de divulgação e polpando Marx para um desenvolvimento mais aprofundado, nesta teoria que ambos compartilham.
« Última modificação: 11 de Outubro de 2011, 11:04:11 por Adriano »
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #17 Online: 11 de Outubro de 2011, 11:04:05 »
Parece que de 1791 ate hoje isso nao aconteceu. A cobiça dos bancos nada mais é do que a cobiça do povo. Quem compra títulos malucos dos bancos, os bancos mesmo? Quem joga com as ações são apenas os bancos ou milhões de pessoas (pequenos, médios e grandes) ?
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Trudeau

  • Visitante
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #18 Online: 11 de Outubro de 2011, 11:29:32 »
Parece que de 1791 ate hoje isso nao aconteceu. A cobiça dos bancos nada mais é do que a cobiça do povo. Quem compra títulos malucos dos bancos, os bancos mesmo? Quem joga com as ações são apenas os bancos ou milhões de pessoas (pequenos, médios e grandes) ?
O seu questionamento é válido mas vale citar aqui o maior problema bancário da atualidade: os derivativos.
Criado em Wall Street esse mecanismo é uma verdadeira loucura. é usado pelos bancos para encobrir transações estranhas.
Estima-se que o valor total dos derivativos sendo transacionado atualmente ultrapassa o PIB mundial!!!
Ou seja é algo inviável e que põe em risco todos nós.
Veja o que George Soros, o famoso investidor, diz sobre o assunto:
Citação de: Vishesh Kumar in ''Naked' Derivatives: Speculative Bets With No Higher Purpose'
Billionaire investor George Soros, among the most successful and high-profile hedge fund managers ever, has been the most vigorous in sounding the alarm about uselessness of these instruments.
"Whether or not Goldman is guilty, the transaction in question clearly had no social benefit," Soros wrote last week. "It involved a complex synthetic security that was derived from existing mortgage-backed securities by cloning them into imaginary units that mimicked the originals."
And "this synthetic collateralized debt obligation did not finance the ownership of any additional homes or allocate capital more efficiently; it merely swelled the volume of mortgage-backed securities that lost value when the housing bubble burst," he pointed out. So why did Goldman go through the trouble of creating Abacus? Says Soros: "The primary purpose of the transaction was to generate fees and commissions."
O link para o artigo inteiro:
http://www.dailyfinance.com/2010/04/26/naked-derivatives-speculative-bets-with-no-higher-purpose/

Offline Bolsonaro neles

  • Nível 38
  • *
  • Mensagens: 3.618
  • Sexo: Masculino
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #19 Online: 11 de Outubro de 2011, 11:37:48 »
Esse tópico é dos comunistas inveterados?
Começou! Eu sabia que a gang anti-comunista, sem capacidade de debater um assunto sério como esse iria apelar logo!

Pois é, tem sempre os "bitolados do livre mercado" para chamar de comunista todo mundo que não concorde com eles.

Ok, entendo que as pessoas que queiram esquerdizar o mundo achem que os banqueiros são estes inescrupulosos bilionários que ganham muito dinheiro na ciranda financeira, sem que seu dinheiro tenha produzido um único bem sequer. Mas o que eu não consigo entender é por que as pessoas não entendem que têm que correr atrás do seu próprio sucesso? Absolutamente, há lugar nesse mundo para aqueles que entenderam que não devem contar com a ajuda do papai, da mamãe, do padrinho, do maninho e de quem quer que seja, incluindo do Estado. Por favor, sejam individualistas. Nesse mundo, é cada um por si!!!

Offline ByteCode

  • Contas Excluídas
  • Nível 27
  • *
  • Mensagens: 1.369
  • Conta removida por solicitação do usuário
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #20 Online: 11 de Outubro de 2011, 11:39:54 »
Só pra Gezuis que pode pedir ajuda né?

Offline ByteCode

  • Contas Excluídas
  • Nível 27
  • *
  • Mensagens: 1.369
  • Conta removida por solicitação do usuário
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #21 Online: 11 de Outubro de 2011, 11:52:23 »
Tudo começou com a necessidade dos EUA continuarem no comando de seu império em tempos de mercados globais cada vez mais interligados.

O fim do regime de Bretton Woods como reação do império norteamericano:

http://www.galizacig.com/avantar/opinion/12-2-2009/o-fim-do-regime-de-bretton-woods-como-reacao-do-imperio-norteamericano

Pra mim é evidente que o capitalismo não suporta um mundo globalizado e tão interligado. Um novo sistema político-econômico (seja reformado ou totalmente novo) deve levar em conta esta tedência, aparentemente sem volta, do mundo se tornar uma "aldeia global".

Offline ByteCode

  • Contas Excluídas
  • Nível 27
  • *
  • Mensagens: 1.369
  • Conta removida por solicitação do usuário
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #22 Online: 11 de Outubro de 2011, 11:59:10 »
Parece que de 1791 ate hoje isso nao aconteceu. A cobiça dos bancos nada mais é do que a cobiça do povo. Quem compra títulos malucos dos bancos, os bancos mesmo? Quem joga com as ações são apenas os bancos ou milhões de pessoas (pequenos, médios e grandes) ?

Citar
Após a eleição de Margareth Thatcher no Reino Unido e Ronald Reagan nos Estados Unidos, as políticas econômicas nos países desenvolvidos foram progressivamente pautadas pelos motes da desregulação, privatização e redução de impostos. Os mercados financeiros foram liberalizados, os controles de capitais foram abolidos nos países desenvolvidos e os impostos foram reduzidos, principalmente sobre os mais ricos. Os sindicatos de trabalhadores foram deliberadamente enfraquecidos pelas políticas adotadas por Reagan e Thatcher, registrando-se uma forte redução da filiação sindical da força de trabalho.

O resultado macroeconômico desse novo "padrão de capitalismo" foi uma crescente desigualdade na distribuição funcional e pessoal da renda, a medida que os salários passaram a crescer num ritmo bem inferior ao da produtividade do trabalho e o sistema tributário perdeu, em vários países, o seu caráter progressivo. O aumento da concentração de renda e o crescimento anêmico dos salários reais foi o responsável pela perda do dinamismo endógeno dos gastos de consumo, notadamente nos Estados Unidos, os quais passaram a depender cada vez mais do aumento do endividamento das famílias para a sua sustentação a médio e longo prazo.

Nesse contexto, a desregulação dos mercados financeiros tornou-se funcional, uma vez que a mesma permitiu um aumento considerável da elasticidade da oferta de crédito bancário, viabilizando assim o crescimento do endividamento das famílias, necessário para a sustentação da expansão dos gastos de consumo. O aumento extraordinário do crédito bancário resultou num processo cumulativo de aumento dos preços dos ativos reais e financeiros, permitindo assim a sustentação de posturas financeiras cada vez mais frágeis (especulativa e Ponzi) por parte das famílias, empresas e bancos.

Offline Adriano

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.672
  • Sexo: Masculino
  • Ativismo quântico
    • Filosofia ateísta
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #23 Online: 11 de Outubro de 2011, 12:01:38 »
Tudo começou com a necessidade dos EUA continuarem no comando de seu império em tempos de mercados globais cada vez mais interligados.

O fim do regime de Bretton Woods como reação do império norteamericano:

http://www.galizacig.com/avantar/opinion/12-2-2009/o-fim-do-regime-de-bretton-woods-como-reacao-do-imperio-norteamericano

Pra mim é evidente que o capitalismo não suporta um mundo globalizado e tão interligado. Um novo sistema político-econômico (seja reformado ou totalmente novo) deve levar em conta esta tedência, aparentemente sem volta, do mundo se tornar uma "aldeia global".
O maior desafio econômico chines é tentar romper com essa ditadura monetária americana. Por isso os investimentos maciços em papeis do tesouro americano tem uma função estratégica.

Citar
China faz maior redução das reservas em títulos americanos desde 2000


China defende alternativa ao uso internacional do dólar

A China reduziu em junho suas reservas em títulos da dívida americana pela maior margem em quase nove anos, segundo dados do Tesouro dos Estados Unidos.

Dona da maior reserva do mundo em títulos do Tesouro americano, a China reduziu esse montante em 3,1%, de US$ 801,5 bilhões em maio para US$ 776,4 bilhões em junho.

No mesmo período, o Japão, o Reino Unido e o Brasil, o segundo, terceiro e quarto maiores credores americanos, aumentaram suas reservas em títulos do Tesouro americano.

Na comparação com junho do ano passado, porém, China, Japão e Reino Unido aumentaram suas reservas em títulos americanos, enquanto o Brasil reduziu.

Poucas opções

A China detêm mais títulos da dívida americana que qualquer outro país do mundo, em grande parte porque há poucas opções de lugares que oferecem um bom retorno para o investimento com segurança.

Nos últimos meses, o déficit do governo dos Estados Unidos aumentou graças em parte ao custoso plano de estímulo do governo do presidente Barack Obama.

Esse aumento da dívida americana vem preocupando a China, que teme que os esforços para estimular a economia americana alimentem a inflação e reduzam o valor do dólar, o que poderia corroer o valor dos títulos em moeda americana mantidos pelo país.

A redução no montante da dívida americana mantido pela China coincide com a visita recente do secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, a Pequim para buscar assegurar o governo chinês de que seus investimentos nos títulos americanos são seguros.

Alternativa ao dólar

O total de títulos da dívida americana em poder da China ainda é 7% maior do que no começo do ano.

Mas no ano passado a China havia aumentado em 52% seu montante de títulos do Tesouro americano.

A China já afirmou que gostaria de estabelecer uma alternativa ao dólar americano como moeda preferencial para suas reservas.

Porém até agora não há evidências de que há alguma alternativa viável ao dólar.

Mas os últimos dados mostram que o governo chinês pode estar explorando as formas de diversificar seus investimentos.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/08/090818_china_divida_rw.shtml

Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Bolsonaro neles

  • Nível 38
  • *
  • Mensagens: 3.618
  • Sexo: Masculino
Re:O movimento anti-cobiça americano
« Resposta #24 Online: 11 de Outubro de 2011, 12:03:31 »
Só pra Gezuis que pode pedir ajuda né?

O debate é político-econômico ou sobre religião? Mesmo que vc queira levar para o lado da religião, veja minha opinião em um fórum evangélico:

http://gospelbrasil.topicboard.net/t5463-pergunte-me-como-ficar-rico

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!