Citação de: West em Hoje às 00:32:50
Complementando meu comentário. Um outro ponto fraco desse argumento é que com base nele é possível justificar qualquer atrocidade cometida por qualquer deus. Assim, por exemplo, não teríamos como condenar o sacrafício de crianças praticado pelos astecas ao seu deus Tlaloc, poque nossa moral não é a moral de Tlaloc, e assim não temos condição de julgar a justiça de seus atos. Hittler poderia justificar o olocausto nazista ao judeus como sendo a vontade do próprio deus cristão, já que nos é impossível saber o que, em si tratando de deus, é justo ou injusto, certo ou errado.
Esse dias uma indiazinha foi empalada nas dependências da Funai. Passou no JN. Alguém enfiou um vergalhão na vagina dela, perfurou seu interior até o baço. Ela durou três dias para morrer. Ninguém sabia que ela tinha sido empalada. A polícia começou a procurar pelo maldito assassino. Daí, descobriram que foi a tia dela, que era uma das mulheres do cacique, pai da indiazinha. A mão da indiazinha (tb mulher do mesmo cacique) protegeu a tia que a matou. A menina tinha paralisia cerebral e dava muito trabalho às índias. No final, tudo ficou explicado e as índias foram embora para a sua tribo sem qualquer problema. A justiça brasileira não as importunou. Era uma questão interna da tribo. O que vc me diz disso?
Nisso concordamos, caro Famado - o realitivismo moral, fruto da cultura de cada povo e época. Mas porque Deus, sendo todo poderoso, ubíquo e atemporal, necessáriamente deveria se submeter aos costumes de um determinado povo e de uma determinada época? Por que a justiça de Javé do velho testamento é a mesma justiça dos povos que o tinham como seu deus, a mesma justiça da idade do broze? Porque ele não aproveitou a oportunidade para mostrar àquele povo que seu comportamento era reprovável? Ou será que deus, como na série Star Trek, está submetido a uma primeira diretriz que o proíbe de interferir na cultura e progresso de outros povos? Sei que os nossos valores morais de hoje não são perfeitos e que da mesma forma que julgamos a justiça dos povos da idade do bronze, poderemos ser julgados pela humanidade de 5000 anos no futuro.
Contudo, podemos afirmar sem dúvida que os nossos valores morais são muito melhores que os daqueles povos primitivos (e também do que a dos índios do caso supra), disso ninguém discorda. Ninguém discorda, por exemplo, que a proteção promovida pelo constitucionalismo aos direitos fundamentais contra o poder absoluto que o estado detinha anteriormente de dispor da vida, da liberdade e da propriedade das pessoas seja algo positivo. Uma proteção como essa seria desejável até mesmo por povos bárbaros da idade do bronze, tendo-se em conta que ninguém em tempo algum poderia considerar a morte, a perda da liberdade ou de seus bens como algo positivo. Se aqules povos bábaros não consiguiram antever tal proteção é porque eram culturalmente atrasados demais para fazê-lo.
Portanto, pelo que foi dito, era de se esperar que deus, em sua mensagem à humanidade, transmitisse uma moral que fosse compátivel com seus atributos, uma moral superior e atemporal, diferentemente da que se apresenta no antigo testamento. Uma moral que ainda impossibilitados de compreendê-la inteiramente, fossemos capazes de vislumbrá-la, ainda que minimamente, e por ela sermos positivamente influenciados. Mas não é isso que se apresenta no antigo testamento.
CitarE nem falamos da auto-destrutiva e contraditória idéia do livre-arbítrio, outro pilar da doutrina do plano divino da salvação.
O livre arbítrio não é necessariamente um pilar da doutrina cristã. Há o predeterminismo tb. Um exclui o outro.
É verdade. O Calvinismo é predeterminista, em oposição ao arminianismo.
Mas o deus calvinista não é lá um deus tão justo assim, nisso acho que concordamos também.