Medo infundado do comunismo, assim como foi na época das caças as bruxas, tudo que se movia era comunista, qualquer espirro era trovão, e qualquer garoa é tempestade. Foi assim aqui e nos EUA com o Macarthismo, ou lá também existia a ameaça de golpe comunista?
Por que o medo é infundado? Comunismo não existiu, não dominou metade do mundo, não acumulou o maior arsenal nuclear do planeta?
Porque no Brasil não havia existia nenhuma chance real do golpe comunista acontecer, eles reagiram como se houvesse um tornado nível 5 acontecendo, enquanto la fora haviam nuvens esparças.
A sua opinião pessoal contraria os fatos e a percepção de ambos os lados na época.
http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/democracia/o-contexto-de-64/O contexto de 1964“É sumamente melancólico – porém não irrealista – admitir-se que no albor dos anos 60 este grande país não tinha senão duas miseráveis opções: ‘anos de chumbo’ ou ‘rios de sangue’…” (Roberto Campos)
Muitos brasileiros pensam que os membros do PT e da esquerda radical sempre participaram de uma luta pela democracia no Brasil. Na verdade, eles queriam uma “democracia popular”, eufemismo para ditadura da nomenklatura, como foi o caso de todos os países onde os comunistas tiveram sucesso.
Eles lutavam pelo modelo existente até hoje em Cuba, que de democrático não tem absolutamente nada. Vale a pena voltar um pouco no tempo, para resgatar os fatos deturpados por esses que posam atualmente de defensores da democracia e recebem milhões de anistia do governo.
A chamada “crise da legalidade” foi deflagrada com a renúncia de Jânio Quadros, quando os ministros da Guerra, da Marinha e da Aeronáutica não aceitaram a posse do vice-presidente João Goulart, herdeiro político do ditador populista Getúlio Vargas e acusado de ligações com os comunistas. O país estava em sério risco de viver uma guerra civil.
Diante da estação da Central do Brasil, mais de cem mil manifestantes gritavam por mudanças, com faixas como “Reconhecimento da China Popular”, “PCB – Teus Direitos São Sagrados”, “Abaixo com as Companhias Estrangeiras”, “Trabalhadores Querem Armas para Defender o Seu Governo” e “Jango – Defenderemos as Reformas a Bala”. A classe média teve uma reação em cadeia contra essa radicalização estimulada pelo próprio governo.
Leonel Brizola, cunhado de Jango, defendeu a substituição do Congresso por uma Constituinte repleta de trabalhadores camponeses, sargentos e oficiais nacionalistas. Goulart assinou um decreto, em 1964, desapropriando todas as terras num raio de dez quilômetros dos eixos das rodovias e ferrovias federais para sua reforma agrária, assim como encampou as refinarias de petróleo privadas, em outro decreto.Foi anunciado o tabelamento dos aluguéis. O governo estava em crise, apelando para a intimidação, enquanto a economia afundava. A inflação fora de 50% em 1962 para 75% no ano seguinte. Os primeiros meses de 1964 projetavam uma taxa anual de 140%, a maior do século. A economia registrava uma contração na renda per capita pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial. As greves duplicaram entre 1962 e 1963. O governo irresponsável acumulara um déficit equivalente a mais de um terço do total das despesas.
Jango nomeou o almirante Paulo Mário da Cunha Rodrigues, próximo ao Partido Comunista.
O Congresso mostrava-se disposto a bloquear os projetos de reforma. Luiz Carlos Prestes, ligado ao Partido Comunista,
chegou a defender a dissolução do Congresso. Um golpe, de um dos lados, parecia iminente e inevitável. Tancredo chegou a prever que os passos de Jango levariam a uma luta armada.
O governador pernambucano esquerdista, Miguel Arraes, declarou estar certo de um golpe, “de lá ou de cá”. Brizola repetia que “se não dermos o golpe, eles o darão contra nós”.Jango, na China, discursava sobre o socialismo no Brasil. A famosa Revolta dos Marinheiros foi como uma gota no copo d’água lotado. OCORREU uma quebra de hierarquia militar. O cabo Anselmo liderou a revolta, que resultou na demissão do ministro da Marinha, almirante Sílvio Mota, por tentar reprimi-lo.O contexto internacional da década de 60 era marcado pela Guerra Fria, e Cuba, no continente americano, tinha sido o primeiro caso de sucesso dos comunistas. O eixo da luta entre capitalistas e comunistas tinha se deslocado para a América Central, e
os ditadores da União Soviética estavam investindo pesado no continente, enviando bilhões de dólares e agentes da KGB para diversos países. Em 1962 ocorreu a crise dos mísseis nucleares, que os russos instalaram clandestinamente no território cubano. Quase foi deflagrada uma guerra nuclear pela tentativa de avanço imperialista dos soviéticos comunistas.
O perigo do comunismo era real para todos os países, incluindo o Brasil.
Diversas nações caíram nas garras comunistas nesse período, entrando em ditaduras duradouras e caóticas, enquanto outras acabaram partindo para uma ditadura de direita, tentando travar os avanços comunistas. E era esse regime, responsável pela morte de cerca de cem milhões de pessoas no mundo todo, que as “vítimas” da ditadura queriam implantar no Brasil à força. Grandes defensores da democracia!
Eis o contexto do “golpe” de 1964 pelos militares, que, na verdade, foi mais um contragolpe. O general Humberto de Alencar Castello Branco era chefe do Estado-Maior do Exército, e fora um respeitado chefe da seção de operações da Força Expedicionária Brasileira. Assumiu o comando da nação, fazendo um governo decente. Preparou as bases que permitiram o “milagre econômico” posterior. Não vem ao caso analisar os anos da ditadura em si, que foram péssimos para o país, com a exceção desses primeiros comandados por Castello Branco, que pretendia inclusive anunciar eleições democráticas rapidamente.
A ditadura acabou sendo um exemplo do positivismo de Comte, com bastante interferência do Estado. Geisel, não por acaso o ditador mais admirado pela esquerda, criou dezenas de estatais. A ditadura não teve nada de liberal em economia, e a colocam à direita no espectro político apenas por ter combatido a esquerda radical dos comunistas. Mas nenhuma similaridade pode ser encontrada entre os militares e uma Margareth Thatcher, por exemplo, que representa a direita e que possibilitou enormes avanços para a Inglaterra, que estava caminhando rapidamente rumo ao fracasso com medidas socialistas.
Como o próprio Roberto Campos reconheceu, “o erro dos militares foi não terem feito a abertura econômica antes da política; o erro dos civis foi, depois da abertura política, praticarem uma fechadura econômica”. O Brasil simplesmente não experimentou as graças do liberalismo.
Após a reação dos militares, com forte apoio popular na época, que culminou no “golpe” de 64, os comunistas intensificaram alguns ataques. Como os primeiros anos não foram na “linha dura”, os radicais de esquerda perpetraram ações que incluíram assassinatos e seqüestros, como o do embaixador americano, o que acabou provocando o agravamento brutal da repressão, que chegou a partir do Ato Institucional nº 5.
Antes da assinatura do AI-5, já estavam no currículo desses terroristas o assassinato de pessoas como o Major do Exército da então Alemanha Ocidental, Edward Von Westernhagen, no primeiro dia de julho de 1968, e do Capitão do Exército norte-americano Charles Rodney Chandler, em São Paulo, no dia 12 de outubro de 1968.
Um dos grupos que defendia essa guinada violenta era o Agrupamento Revolucionário de São Paulo, inspirada em Carlos Marighela, que havia redigido o “Manual do Guerrilheiro Urbano”. Em 21 de junho de 1968, na chamada “Sexta-feira Sangrenta”, ocorreu um confronto ininterrupto que resultaria em centenas de feridos, 23 pessoas baleadas e quatro mortos, incluindo um soldado da PM atingido por um tijolo.
Tentaram arrombar também as portas da agência do Citibank, símbolo do “imperialismo ianque”, e jogaram vários coquetéis Molotov na sede do jornal O Estado de São Paulo. O AI-5 foi assinado apenas em 13 de dezembro de 1968, como resposta aos crimes bárbaros cometidos pelos comunistas. O povo inocente pagou o preço.
Não obstante esse contexto envolvendo os acontecimentos da década de 1960, a esquerda que lutava pelo modelo comunista ainda tenta monopolizar a moral, se colocando como vítima indefesa de autoritários opressores. Qualquer ditadura merece ser criticada. Mas criticar nossa ditadura não é o mesmo que inocentar os comunistas, que brigavam por outra ditadura muito pior.
Roberto Campos concluiu: “Comparados ao carniceiro profissional do Caribe, os militares brasileiros parecem escoteiros destreinados apartando um conflito de subúrbio…” O mais revoltante mesmo, é ver esses defensores de Fidel Castro condenando a nossa ditadura e ganhando rios de dinheiro, extraídos na marra do povo, somente por terem sofrido num combate onde representavam o pior lado do ponto de vista moral: o lado comunista.
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Relatório do Arquivo Público do Estado do Rio mostra que esquerdistas buscaram ajuda militar na ilha antes no golpe de 64
Cuba apoiou guerrilha já no governo Jâniohttp://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0804200114.htmMÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
No dia 19 de agosto de 1961, o então presidente da República,
Jânio Quadros, condecorou com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul o ministro da Economia de Cuba, Ernesto Guevara, o Che.Provavelmente sem saber, Jânio, que renunciaria seis dias depois, homenageou um dos três principais dirigentes (os outros eram os irmãos Fidel e Raúl Castro) do regime comunista que, meses antes, já incentivava e apoiava a preparação da luta armada contra o próprio governo Jânio Quadros.
O ""abraço de tamanduá" de Guevara (1928-67) em Jânio (1917-92) pode ser presumido pela leitura de um relatório descoberto pela Folha no acervo de memória da política do Arquivo Público do Estado do Rio.
Até agora, os historiadores acreditaram que o suporte do regime nascido com a Revolução Cubana de 1959 a esquerdistas brasileiros começou durante o governo João Goulart (61-64), intensificando-se após o movimento militar de 64. Na verdade, o apoio veio de antes.
Em maio de 1961, o dirigente do PCB (Partido Comunista Brasileiro) Jover Telles escreveu quatro páginas intituladas ""Relatório à Comissão Executiva sobre minhas atividades em Cuba".
No documento, endereçado ao núcleo supremo do CC (Comitê Central) do partido, ele detalhou o dia-a-dia da sua missão. Telles
chegou a Havana em 30 de abril de 1961. Deixou a cidade em 23 de maio. No item 12 do relatório, Telles escreveu: ""Curso político-militar: levantei a questão. Estão dispostos a fazer. Mandar nomes, biografia e aguardar a ordem de embarque".
Pedido de armasNa mesma época, o líder das Ligas Camponesas, Francisco Julião (1915-99), estava em Havana tratando do apoio cubano à luta armada. No item 13, Telles contou que ""Julião começou a falar em pedido de armas etc. (...) Dei opinião contrária, por dois motivos: a) poderia ser o pretexto para uma grande provocação e para o rompimento de Jânio com Cuba; b) o assunto não estava em boas mãos. Que discutissem o assunto com Prestes (Luís Carlos Prestes, secretário-geral do PCB), quando lá fosse".
Em maio de 1961, também estava em Cuba, conforme o relato de Jover Telles, um dos precursores da guerrilha socialista no Brasil, Clodomir dos Santos Morais, advogado que comandava um grupo de líderes das Ligas Camponesas e pregava -sem sucesso- a adesão do PCB à luta armada. Acabou expulso do partido.
O fundamental da narrativa de Jover Telles é a concordância dos cubanos em promover cursos militares. Embora inédita, essa não é uma informação de todo surpreendente.
""Desde o início (1959) os cubanos estavam convictos de que a luta armada era o caminho da revolução", diz o historiador Jacob Gorender, 78, que em 1961 era membro do CC do PCB. ""Para mim, porém, o relatório é novidade. Deve ter circulado por poucas pessoas."
Adesão
É estranho que a indagação sobre treinamento militar tenha se originado de um dirigente do PCB, agremiação que em 60 realizara o seu Quinto Congresso e rejeitara qualquer tese pró-guerrilha. Nos anos seguintes, mantendo a posição, perderia dirigentes como Carlos Mariguella, Mário Alves, Joaquim Câmara Ferreira, Apolônio de Carvalho e os próprios Jover Telles e Jacob Gorender. Em grupos diferentes, todos eles aderiram -alguns morreram- à luta armada contra o regime militar (1964-85).
Na política de "exportação da revolução" implementada por Cuba, o Brasil, maior país latino-americano, tinha um lugar importante.
Jover Telles foi recebido por Fidel Castro (até o hoje o dirigente máximo cubano),
Che Guevara e outros quadros.
O brasileiro teve um encontro reservado com o
embaixador da atualmente extinta União Soviética, potência comunista que se opunha à política guerrilheira.
Enquanto conspirava com militantes brasileiros oferecendo cursos militares -e talvez já fornecendo o apoio material que, com certeza, chegaria ao país a partir de 1962-, Cuba tinha em Jânio Quadros um aliado contra a campanha dos EUA para derrubar o governo de Fidel Castro.
Ao receber a condecoração de Jânio, Guevara discursou, no Palácio do Planalto: ""Como revolucionário, estou profundamente honrado com esta distinção do governo e do povo brasileiros". Disse haver ""todo o desejo de estreitar relações".
Gesto
O gesto de Jânio irritou setores das Forças Armadas e serviu de motivo para o recrudescimento da oposição ao seu governo. Em 25 de agosto, sete meses após assumir, o presidente renunciou.
O autor do relatório sobre a missão comunista a Cuba, Jover Telles, não foi encontrado pela Folha. Em 1976, já como integrante da direção do PC do B, ele foi apontado como o delator que levou o Exército a reprimir uma reunião do partido e a matar três militantes.
No começo dos anos 90, Telles estava morando no Rio Grande do Sul. Usava identidade falsa, com medo de que os ex-correligionários o assassinassem. Se estiver vivo, já passou dos 70 anos.
A cópia do seu relatório consta de microfilme com cadernetas de Luís Carlos Prestes (1898-1990) apreendidas pela polícia em 1964. É possível que o relatório estivesse em poder do chefe do PCB.
Sob o comando de Prestes, o PCB permaneceu distante da opção guerrilheira. Até o início dos anos 70, Cuba treinou pelo menos 202 militantes brasileiros em guerrilhas urbana e rural. O regime militar venceu a guerra contra a luta armada.
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Arquivo conta o dia de 1963 em que 630 militares sitiaram BrasíliaAutor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 10/03/2013, País, p. 4
Grupo ocupou aeroporto, bloqueou estradas e prendeu autoridades
Na madrugada de
12 de setembro de 1963, Brasília foi isolada do resto do país. Telefones cortados, aeroporto ocupado, prédios públicos tomados e os acessos a rodovias federais bloqueados. A capital estava sitiada pela ação de 630 sargentos, cabos e soldados da Marinha e da Aeronáutica. Num ato ousado, o grupo ainda prendeu dezenas de oficiais e autoridades civis, como um ministro do Supremo Tribunal Federal e até o presidente interino da Câmara, deputado Clovis Mota (PSD-RN). O episódio ficou conhecido como "Levante de Brasília", nos meses conturbados que antecederam o golpe militar. Documentos que detalham aquelas horas tensas estavam lacrados nos arquivos da Câmara, agora liberados. São cópias de telegramas despachados de Brasília, única forma de comunicação até que o Exército debelou os revoltosos, após nove horas de enfrentamento pelas avenidas da capital federal.
Num dos telex, Clovis Mota relata ao coronel Dagoberto Rodrigues, diretor do Departamento de Correios e Telégrafos (DCT), já às 7h, o drama que viveu poucas horas antes. O coronel ficava no Rio. Alertado do movimento, Mota acordara às 4h. Rumou para o Congresso, mas foi impedido por um soldado.
- Aqui não passa nem o presidente da República - disse o militar que deu voz de prisão a Mota.
"Fui acordado às quatro horas pelo serviço de segurança da Câmara informando-me... todos os telefones cortados. Dirigi-me à central telefônica, que verifiquei ocupada por tropas da Aeronáutica. Desloquei-me à Câmara, sendo detido na Esplanada dos Ministérios, onde fui preso por praças. Permaneci no Departamento Federal de Segurança, àquela hora, já ocupado, até 5h30m em companhia de alguns oficiais do Exército também presos. Esses oficiais foram transportados para a Base Aérea. Lograram fugir. Fui liberado, vindo diretamente aqui (na Câmara). Tropas do Exército conseguiram desalojar (os prédios de) Marinha e Aeronáutica, depois de choques armados. Situação caminha para normalidade. Só dispomos de ligação telex. Exército ainda não nos forneceu rádio para comunicação do Ministério e do Planalto. Indispensável sua permanência aí", é o conteúdo do telex de Mota. Naquele momento, ele ainda não sabia se o levante ocorria em outras cidades e buscava notícias.
O cenário era de guerra em Brasília. Os sargentos estavam armados, usavam carros e buscavam oficiais nas vilas militares para detê-los. A razão da revolta foi uma decisão do STF, que negou o direito a elegibilidade dos praças. O ministro Vítor Nunes Leal, do STF, estava entre os presos. Os insurgentes ocuparam o Departamento de Telefones e deixaram Brasília sem comunicação.
Carlos Mota ficou preso durante uma hora e meia no prédio do Ministério da Justiça, no gabinete do ministro, arrombado pelos sargentos. Negou-se a seguir com os sargentos para a Base Aérea e disse que resistiria. Cenas cinematográficas vieram na sequência: três oficiais levados numa caminhonete F-100 pelos praças conseguiram tomar o automóvel e o jogaram contra a portaria de vidro do Ministério da Fazenda. Mota acabou sendo libertado e seguiu para a Câmara, indo direto para o telex.
O Exército não aderiu à revolta e combateu os praças. Cercou as instalações ocupadas pelos sargentos, em posição de combate. Diante da grave situação, o Ministério da Guerra decidiu enviar uma tropa de paraquedistas do Rio. Essa passagem está relatada em outro telegrama, desta vez do coronel Dagoberto para Clovis Mota. O militar responde ao deputado. Já eram 7h20m, e diz que no resto do país está tudo tranquilo.
O presidente titular da Câmara, Ranieri Mazzilli, no exterior, só veio a saber dos fatos quando a situação estava contornada.
http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/436372/noticia.htm?sequence=1