Autor Tópico: Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio  (Lida 26569 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #350 Online: 23 de Julho de 2017, 22:37:47 »
Acho que na maior parte do tempo os problemas resultantes da política não têm a ver com uma busca "excessiva" à tecnocracia, mas em sua oposição diametral -- no fisiologismo, que, ironicamente, ao menos soa também como algo que "rouba" terminologia médica, mas já tendo sua apropriação mais estabelecida, se for mesmo o caso.

Fora isso, só não achei o termo "satisfatório", não me parece muito claro. E um pouco como sofisticação demais para o que poderia ser dito de maneira não muito mais pobre como talvez, "mercado saudável".

Talvez um candidato político com formação médica pudesse conseguir com isso um bom slogan de campanha. Mas fora dessa situação particular, não é acho algo tão claro e descritivo.

Mas quem achar que é bem comunicativo, que faça bom proveito.

Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #351 Online: 23 de Julho de 2017, 22:52:01 »
Acho que na maior parte do tempo os problemas resultantes da política não têm a ver com uma busca "excessiva" à tecnocracia, mas em sua oposição diametral -- no fisiologismo, que, ironicamente, ao menos soa também como algo que "rouba" terminologia médica, mas já tendo sua apropriação mais estabelecida, se for mesmo o caso.

Acho que os pacientes seriam os eleitores, os políticos são apenas representantes do mesmos. Eles buscam os políticos e a tecnocratas como os seus salvadores e o resultado é o mesmo dos pacientes levemente doentes que buscam tratamentos positivos, mas não subtrativos.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #352 Online: 23 de Julho de 2017, 23:26:16 »
Um gigante memeplexo parasita do qual é bem difícil nos livrarmos...

O mais próximo de "alta" ou "não-tratamento" seriam candidatos que prometessem, "se votarem em mim, eu não farei nada, e tudo se resolverá sozinho"... parece pouco plausível de dar certo. :/
 

Mesmo se a tendência natural não fosse o "paciente" ir buscar aos tratamentos, está internado eternamente num hospital que o obriga a fazê-lo, garante a ocupação do "médico", com checapes obrigatórios, num sistema do qual nunca se tem "alta"... iatropatocracia.

E com uma parte considerável da economia que trabalha no "sistema de saúde" sendo essencialmente imune às patologias da economia causadas pelo mau tratamento. De certa forma, por transfusões de sangue dos pacientes a eles, poderia se dizer.


Offline Gaúcho

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #353 Online: 02 de Agosto de 2017, 17:31:48 »
Será que teremos um novo escândalo a caminho?

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Delação do ex-governador de Mato Grosso é 'monstruosa', diz Fux
Acordo de Silval Barbosa está no STF esperando homologação

BRASÍLIA — O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), chamou de "monstruosa" a delação premiada do ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa. O caso chegou ao gabinete dele para homologação — o que ainda não ocorreu — e chama atenção pelo grande volume de informações.

— Essa é monstruosa. Depois da Lava-Jato, é a maior operação — afirmou o ministro.

Em março, o blog de Lauro Jardim, colunista do GLOBO, informou que um dos alvos de Silval seria o atual ministro da Agricultura Blairo Maggi, que também já foi governador de Mato Grosso. Blairo exerceu o cargo de 2003 a 2010, sendo sucedido por Silval, que ficou no posto de 2010 a 2014. Silval, que chegou a ser preso, foi inclusive vice de seu antecessor.

No começo de julho, a imprensa mato-grossense noticiou que Fux homologou a delação de Pedro Nadaf, que foi secretário na gestão de Silval Barbosa. Mas o ministro não quis confirmar essa informação.

https://oglobo.globo.com/brasil/delacao-do-ex-governador-de-mato-grosso-monstruosa-diz-fux-21659885?
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #354 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 18:04:41 »
:?: Já li que nos EUA, proporcionalmente, mais negros tiveram escravos negros, do que brancos (maioria da população, que não tinha escravos). O mesmo se deu no Brasil?

É interessante contudo salientar que uma parte desses casos era de legalmente comprar familiares ou amigos como "escravos", embora não fossem de fato usados como tal, sendo uma forma de libertá-los. Não sempre. Séculos antes, em Portugal ao menos, havia inclusive coisas como escravos negros terem seus próprios escravos, podendo ser alguns desses, japoneses. Mas a escravidão destes foi muito mais rapidamente abolida.

Offline Entropia

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #355 Online: 04 de Março de 2018, 11:12:28 »
Queria fazer uma pergunta com base nas experiências de conhecidos e amigos que escuto com uma frequência considerável.

Fazendo Engenharia quando se formam e tentam entrar no mercado de trabalho, uma coisa acontece com uma quantidade deles. As empresas oferecem uma proposta de emprego onde eles nao seriam contratados como Engenheiros mas fariam o mesmo trabalho. Explicando melhor: Eles podem ser contratados de duas formas, como Engenheiros ou como "Engenheiros Junior". O Engenheiro por exemplo iria ganhar R$5000 e o Engenheiro Júnior R$3000 (só um exemplo), porém as duas funcões fazem o mesmo trabalho. Eles dizem pra mim que a proposta de início é pra entrarem como a categoria Júnior e depois de alguns anos eles entrariam para o cargo de engenheiro. Porém a funcao exercida por eles nos dois cargos é essencialmente a mesma. Ou seja, é basicamente um dinheiro fácil poupado pela empresa. É claro que existe a opcao de nao aceitar e ir pra outra, mas devido as condicoes, muita gente aceita trabalhar por esse preco por nao poder se sustentar depois de formado.

Nao tenho fonte nenhuma, mas parece ser algo muito frequente no ambiente que frequento, queria saber porque isso acontece e qual seria uma solucao pra isso? Concorrência apenas resolveria? E se várias empresas fizerem o mesmo?

Offline AlienígenA

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #356 Online: 04 de Março de 2018, 12:46:44 »
Queria fazer uma pergunta com base nas experiências de conhecidos e amigos que escuto com uma frequência considerável.

Fazendo Engenharia quando se formam e tentam entrar no mercado de trabalho, uma coisa acontece com uma quantidade deles. As empresas oferecem uma proposta de emprego onde eles nao seriam contratados como Engenheiros mas fariam o mesmo trabalho. Explicando melhor: Eles podem ser contratados de duas formas, como Engenheiros ou como "Engenheiros Junior". O Engenheiro por exemplo iria ganhar R$5000 e o Engenheiro Júnior R$3000 (só um exemplo), porém as duas funcões fazem o mesmo trabalho. Eles dizem pra mim que a proposta de início é pra entrarem como a categoria Júnior e depois de alguns anos eles entrariam para o cargo de engenheiro. Porém a funcao exercida por eles nos dois cargos é essencialmente a mesma. Ou seja, é basicamente um dinheiro fácil poupado pela empresa. É claro que existe a opcao de nao aceitar e ir pra outra, mas devido as condicoes, muita gente aceita trabalhar por esse preco por nao poder se sustentar depois de formado.

Nao tenho fonte nenhuma, mas parece ser algo muito frequente no ambiente que frequento, queria saber porque isso acontece e qual seria uma solucao pra isso? Concorrência apenas resolveria? E se várias empresas fizerem o mesmo?

Sim, acontece com frequência, só que tenho outra visão da situação - não é uma forma de poupar dinheiro fácil e sim de investimento. Engenharia requer prática para desenvolver competência, com obras, principalmente. E muita prática. Não se sai pronto, como se supõe, para lidar com os problemas e que são muitos, desde a contratação do projeto até a execução de uma obra. É uma verdadeira provação. Começa na briga com o arquiteto - classe maldita de gente, da adequação ao projeto estrutural, para o arquiteto estrutura só serve para desconstruir sua obra de arte, até o acabamento. Aí surge uma boneca aqui no meio de uma parede para subir uma prumada outra ali para descer uma coluna, com pilares, vigas e arquitetos no meio do caminho, fora o cliente que muda de ideia, querendo acrescentar um banheiro aqui, uma cozinha ali, ampliar isso, reduzir aquilo, inverter a ordem. E esse é só o aperitivo. Quando chega na obra é que a diversão começa de verdade. Vem o mestre de obras dizer ao engenheiro que aquilo que ele aprendeu na escola é muito bonito, mas não funciona e o engenheiro, o inexperiente, é claro, não dá ouvidos, para depois descobrir que o filho da puta tinha razão. E por aí vai. Diante desses inconvenientes normalmente o júnior foge, o pleno observa e o sênior abraça. É o que justifica a diferença salarial. Mas é edificante, não desanime!  :|

Offline JJ

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #357 Online: 04 de Março de 2018, 12:50:58 »
Queria fazer uma pergunta com base nas experiências de conhecidos e amigos que escuto com uma frequência considerável.

Fazendo Engenharia quando se formam e tentam entrar no mercado de trabalho, uma coisa acontece com uma quantidade deles. As empresas oferecem uma proposta de emprego onde eles nao seriam contratados como Engenheiros mas fariam o mesmo trabalho. Explicando melhor: Eles podem ser contratados de duas formas, como Engenheiros ou como "Engenheiros Junior". O Engenheiro por exemplo iria ganhar R$5000 e o Engenheiro Júnior R$3000 (só um exemplo), porém as duas funcões fazem o mesmo trabalho. Eles dizem pra mim que a proposta de início é pra entrarem como a categoria Júnior e depois de alguns anos eles entrariam para o cargo de engenheiro. Porém a funcao exercida por eles nos dois cargos é essencialmente a mesma. Ou seja, é basicamente um dinheiro fácil poupado pela empresa. É claro que existe a opcao de nao aceitar e ir pra outra, mas devido as condicoes, muita gente aceita trabalhar por esse preco por nao poder se sustentar depois de formado.

Nao tenho fonte nenhuma, mas parece ser algo muito frequente no ambiente que frequento, queria saber porque isso acontece e qual seria uma solucao pra isso? Concorrência apenas resolveria? E se várias empresas fizerem o mesmo?



Para aumentar rendimento de forma real de alguma atividade profissional  X sem que haja rent-seeking  proporcionado e/ou facilitado pelo Estado, é necessário que haja aumento na procura pela atividade profissional  X,  e  isto pode ocorrer de forma  consistente caso haja um crescimento econômico  geral  na economia,  e para que haja este crescimento econômico geral e continuado por longos períodos ( de modo a não ser mais um mero voo de galinha), é necessário  que se melhore de forma significativa o ambiente de negócios no Brasil,  e isto implica  em implantar  medidas liberalizantes na economia. Ou isso , ou não haverá uma solução para o baixo crescimento econômico, e consequentemente não haverá uma  elevação significativa e sólida, na procura por profissionais (pode haver mais outros voos de galinha, que é o que normalmente acontece no Brasil).


« Última modificação: 04 de Março de 2018, 12:57:32 por JJ »

Offline JJ

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #358 Online: 04 de Março de 2018, 12:55:53 »

Segue uma frase do Roberto Campos que  resume esta questão:



— Sou chamado a responder rotineiramente à pergunta: haverá saída para o Brasil? Respondo dizendo que há três: o aeroporto do Galeão, o de Cumbica e o liberalismo.






« Última modificação: 04 de Março de 2018, 13:00:55 por JJ »

Offline JJ

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #359 Online: 04 de Março de 2018, 13:08:27 »


Enriquecimento generalizado  (aumento de renda e de poder de compra para a maioria das pessoas na sociedade)  é uma questão fundamentalmente ligada a questão do crescimento econômico (sólido e persistente), e  a questão do crescimento econômico é fundamentalmente ligada à liberdade econômica e a um bom ambiente para os negócios. 


Sem um bom ambiente para os negócios e sem uma adequado grau de liberdade econômica, esqueça o enriquecimento  geral da sociedade.




Offline JJ

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #360 Online: 04 de Março de 2018, 13:14:20 »
Quanto mais o Estado atrapalha o livre mercado e a livre iniciativa, mais  haverá a  tendência  para o empobrecimento da sociedade (ou para a estagnação ou quase estagnação (baixo crescimento persistente) ).


Um exemplo claríssimo e atual  que temos do que acontece a uma sociedade  cujo  Estado  aumenta a sua interferência  de forma persistente na economia,  e que atrapalha cada vez mais a livre iniciativa e o livre mercado  é  a  vizinha Venezuela, a qual infelizmente foi dominada por ideias anti mercado e anti liberais.  Resultado: empobrecimento geral  na sociedade  (só a nomenklatura, ou os que estão fortemente ligados a ela,  escapam disso).








« Última modificação: 04 de Março de 2018, 13:16:35 por JJ »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #361 Online: 27 de Maio de 2018, 17:45:37 »
Vi ser feito o argumento de que, enquanto maior menor protecionismo é hoje associado a maior IDH, os países que hoje promovem isso como receita são os que, por diversas razões, dentre as quais maior protecionismo no passado, desenvolveram uma economia forte, que se beneficia desproporcionalmente do menor protecionismo alheio. Também recentemente vi ser mencionado em algum episódio do freakonomics uma vantagem econômica empírica/objetiva correlacionada a protecionismo, não lembro exatamente qual era o ganho agora.

Assumindo isso como verdade, ainda acho argumentável que as condições que beneficiaram a esses países provavelmente não são reproduzidas apenas com o protecionismo (especialmente com o crescimento maior da globalização), bem como que possivelmente o protecionismo nestes casos mesmo assim não necessariamente teve o papel de "acelerador", mas de freio neste desenvolvimento, que se deu a despeito dele (ainda que dessa forma favorecendo indústrias nacionais que talvez não existissem, ou não fossem tão dominantes), por N outras variáveis que tornavam isso possível. Não estou negando a talvez possibilidade de alguns protecionismos estratégicos/cirúrgicos serem potencialmente benéficos, o ponto principal é que protecionismo, por melhor que pareça ter sido ou que possa realmente ser, não deve ser de maneira alguma uma panacéia, uma receita para reproduzir o crescimento do passado, não mais do que cavalos e carroças.

Tem algo de fundamentalmente errado nisso? Existe algum consenso na história do desenvolvimento econômico mundial?

Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #362 Online: 27 de Maio de 2018, 19:39:33 »
Vi ser feito o argumento de que, enquanto maior menor protecionismo é hoje associado a maior IDH, os países que hoje promovem isso como receita são os que, por diversas razões, dentre as quais maior protecionismo no passado, desenvolveram uma economia forte, que se beneficia desproporcionalmente do menor protecionismo alheio. Também recentemente vi ser mencionado em algum episódio do freakonomics uma vantagem econômica empírica/objetiva correlacionada a protecionismo, não lembro exatamente qual era o ganho agora.

Assumindo isso como verdade, ainda acho argumentável que as condições que beneficiaram a esses países provavelmente não são reproduzidas apenas com o protecionismo (especialmente com o crescimento maior da globalização), bem como que possivelmente o protecionismo nestes casos mesmo assim não necessariamente teve o papel de "acelerador", mas de freio neste desenvolvimento, que se deu a despeito dele (ainda que dessa forma favorecendo indústrias nacionais que talvez não existissem, ou não fossem tão dominantes), por N outras variáveis que tornavam isso possível. Não estou negando a talvez possibilidade de alguns protecionismos estratégicos/cirúrgicos serem potencialmente benéficos, o ponto principal é que protecionismo, por melhor que pareça ter sido ou que possa realmente ser, não deve ser de maneira alguma uma panacéia, uma receita para reproduzir o crescimento do passado, não mais do que cavalos e carroças.

Tem algo de fundamentalmente errado nisso? Existe algum consenso na história do desenvolvimento econômico mundial?

Falácia narrativa. Para entender as conexões de causalidade, é preciso visitar cemitérios, não apenas sobreviventes vitoriosos. O protecionismo industrial planificado centralmente dos países ricos e de industrialização precoce tão glorificado pelos "desenvolvimentistas" aconteceu também em diversos países da América Latina e em nações subdesenvolvidas de outras regiões do planeta.
« Última modificação: 27 de Maio de 2018, 20:51:23 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #363 Online: 27 de Maio de 2018, 21:59:20 »
É possível argumentar sem ser por aquela linha misesóide de "livre-mercado é axiomaticamente melhor logo eu estou correto por definição", que, mesmo estes países que se sucederam bem, poderiam ter se saído melhor sem essas políticas? Imagino algo como aquela comparação Botsuana/Zimbábue mais recente, so que focada nisso, com quaisquer outros países que calhassem de estar em condições iniciais aproximadas e tivessem divergido nisso.

Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #364 Online: 27 de Maio de 2018, 22:23:33 »
É possível argumentar sem ser por aquela linha misesóide de "livre-mercado é axiomaticamente melhor logo eu estou correto por definição", que, mesmo estes países que se sucederam bem, poderiam ter se saído melhor sem essas políticas? Imagino algo como aquela comparação Botsuana/Zimbábue mais recente, so que focada nisso, com quaisquer outros países que calhassem de estar em condições iniciais aproximadas e tivessem divergido nisso.

A argumentação básica, iniciada por David Ricardo, é que, sem protecionismo, mesmo que um país seja melhor que seus vizinhos tanto na produção de vinho, quanto de roupas, ele minimizaria os custos de oportunidade no que ele faz melhor quando negocia livremente com seus vizinhos. Para os países menos avançados, o benefício seria ainda mais óbvio: incorporação de tecnologia mais avançada a custos mais baixos.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #365 Online: 27 de Maio de 2018, 23:30:04 »
Isso é o que eu estava semi espantalhando com a coisa axiomática; o "contra-axioma" seria de que a dependência de fornecedores estrangeiros coloca o país em situação vulnerável, com relação a uma economia mais generalista, o que eu não acho de todo sem sentido. Eu imaginava que talvez pudesse haver casos históricos consideravelmente estabelecidos que ilustrassem que o lado ruim é mais fraco do que se pode pensar, e que a eficiência ganha com a especialização compensa, com os países mais comumente conseguindo se virar com produção nacional (ainda que de substitutos) caso sejam subitamente forçados. Mas provavelmente isso vai tender a cair novamente em "falácia narrativa", ainda que talvez seja interessante só como contra-exemplo mesmo.

Citar vinho na explicação me lembrou vagamente das tradições de vinho/cerveja na França e na Inglaterra talvez terem algo a ver com umas coisas econômicas, mas não lembro de nada.

Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #366 Online: 27 de Maio de 2018, 23:59:25 »
Isso é o que eu estava semi espantalhando com a coisa axiomática; o "contra-axioma" seria de que a dependência de fornecedores estrangeiros coloca o país em situação vulnerável, com relação a uma economia mais generalista, o que eu não acho de todo sem sentido. Eu imaginava que talvez pudesse haver casos históricos consideravelmente estabelecidos que ilustrassem que o lado ruim é mais fraco do que se pode pensar, e que a eficiência ganha com a especialização compensa, com os países mais comumente conseguindo se virar com produção nacional (ainda que de substitutos) caso sejam subitamente forçados. Mas provavelmente isso vai tender a cair novamente em "falácia narrativa", ainda que talvez seja interessante só como contra-exemplo mesmo.

Citar vinho na explicação me lembrou vagamente das tradições de vinho/cerveja na França e na Inglaterra talvez terem algo a ver com umas coisas econômicas, mas não lembro de nada.

Ao longo da história, tivemos problemas com países que se especializaram em alguns bens devido a problemas de produção (no caso do setor agrícola: germe, mau tempo, etc.) que fizeram desabar abruptamente os preços das mercadorias transacionadas. Mas, organicamente, por tentativa e erro, os sistemas sem controle de cima para baixo se especializariam progressiva e lentamente, obtendo a quantidade certa de especialização para lidar com a fragilidade dos efeitos de segunda ordem que mencionei. Em sistemas com controle de cima para baixo, o planejamento central comete erros maiores, pois o risco de erro é concentrado numa única e grande fonte de volatilidade.

Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #367 Online: 28 de Maio de 2018, 00:43:56 »
Dependência de fornecedores estrangeiros coloca um país em situação vulnerável? É o contrário. Depender de muitos outros, em vez de depender só de si mesmo, é que diminui a fragilidade. Tente ser autossuficiente produzindo sozinho as mercadorias que você consome para ver o que é sofrimento. É quase uma fórmula para ficar pobre.


Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #369 Online: 28 de Maio de 2018, 16:13:22 »
É diferente uma pessoa subsistir e um país (especialmente os de proporções continentais) ter as indústrias necessárias para o próprio abastecimento.

Mas não é mesmo, tanto é que existe a expressão "divisão internacional do trabalho". É impossível separar otimização da produtividade e divisão do trabalho. Mesmos as indústrias dos países desenvolvidos recorrem a esse conceito. A americana Apple tem iPhone com componentes fabricados em diversos países. E isso não se restringe a microeconomia da Apple. Há dados empíricos para a Macroeconomia também.
« Última modificação: 28 de Maio de 2018, 16:30:41 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #370 Online: 28 de Maio de 2018, 17:07:42 »
Como não? Então por acaso é "ótimo" ter toda a cadeia de produção/fornecimento nos pontos mais distantes do globo quanto for possível?

E, ganhar a vida dividindo o seu trabalho pelo maior número imaginável possível de diferentes divisões? Então o governo brasileiro e suas mordomias, como assistentes para empurrar cadeiras para o outro sentar, deve estar indo pelo caminho certo.

As coisas não vão sempre só melhorar ou só piorar ao se deslocar por uma escala.

Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #371 Online: 28 de Maio de 2018, 19:53:13 »
Como não? Então por acaso é "ótimo" ter toda a cadeia de produção/fornecimento nos pontos mais distantes do globo quanto for possível?

E, ganhar a vida dividindo o seu trabalho pelo maior número imaginável possível de diferentes divisões? Então o governo brasileiro e suas mordomias, como assistentes para empurrar cadeiras para o outro sentar, deve estar indo pelo caminho certo.

As coisas não vão sempre só melhorar ou só piorar ao se deslocar por uma escala.

A especialização de que falo não é guiada por um planejamento de sistema de controle de cima para baixo que tenha fetiche obsessivo por especialização, e sim por mecanismos de preços e de mercado, com o Estado atuando pela via negativa, facilitando o surgimento dessa especialização, prevenindo o que dificulta o processo (protecionismo não está incluído neste pacote, mas políticas econômicas horizontais, sim).

Não há qualquer necessidade, nesse modelo, de se ter "toda a cadeia de produção/fornecimento nos pontos mais distantes do globo quanto for possível".

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #372 Online: 28 de Maio de 2018, 20:11:52 »
Eu não me arrisco a sugerir que seja trivial "planejar" isso, mas suspeito que o mercado espontaneamente vá produzir cadeias de fornecimento que não serão necessariamente as mais robustas/resilientes, e que robustez/resiliência será correlacionada a alguma "redundância" de fornecedores disponíveis (não-monopólio) e proximidade geográfica, diversificação em vez de hiper-especialização.

Em eco-nomia eu não sei, mas em eco-logia, espécies generalistas serão as que mais sobrevivem a episódios de extinção em massa, enquanto que especialistas devem ser até aquelas espécies usadas como indicadores de distúrbio ambiental, mais frágeis.

Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #373 Online: 28 de Maio de 2018, 21:16:53 »
Eu não me arrisco a sugerir que seja trivial "planejar" isso, mas suspeito que o mercado espontaneamente vá produzir cadeias de fornecimento que não serão necessariamente as mais robustas/resilientes, e que robustez/resiliência será correlacionada a alguma "redundância" de fornecedores disponíveis (não-monopólio) e proximidade geográfica, diversificação em vez de hiper-especialização.

Em eco-nomia eu não sei, mas em eco-logia, espécies generalistas serão as que mais sobrevivem a episódios de extinção em massa, enquanto que especialistas devem ser até aquelas espécies usadas como indicadores de distúrbio ambiental, mais frágeis.

Os sistemas não aprendem porque as pessoas aprendem individualmente. Os sistemas aprendem em nível coletivo pelo mecanismo de seleção: eliminando os elementos que reduzem a aptidão do todo, desde que os lucros sejam privados e os prejuízos também ("pele em jogo"). Em sistemas complexos, as interações entre seus componentes geram propriedades resultantes do conjunto não (facilmente) vistas das partes. Foi de falência em falência que aconteceu de, enquanto nos EUA, queimam-se 12 calorias para cada caloria nutritiva transportada; na Rússia soviética, a proporção era de uma para uma. É fato que ineficiência, redundâncias involuntárias e gigantescas fomes coletivas, como a que matou 30 milhões de pessoas na China (1959-1961) aconteceram mais em economias com planejamento central do que em sistemas sem controle de cima para baixo (isto é, com abundância de mecanismos de preços e mercados).

Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #374 Online: 28 de Maio de 2018, 21:22:46 »
Existem teorias econômicas que tentam explicar isso no âmbito do comércio internacional. Por exemplo, na teoria de comércio internacional de Paul Krugman, os produtores exportadores são sinalizados via preços para produzir os bens com as elasticidades-renda da demanda corretas. 
« Última modificação: 28 de Maio de 2018, 21:46:12 por -Huxley- »

 

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