Autor Tópico: Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus  (Lida 61954 vezes)

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Offline DDV

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #350 Online: 18 de Junho de 2013, 23:42:17 »

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-O fundamental não é lutar pelo direito de fumar maconha em paz na sala da sua casa. O fundamental não é o direito de andar vestida como uma vadia sem ser agredida por machos boçais que acham que têm esse direito porque você está "disponível". O fundamental não é garantir a opção de um aborto assistido para as mulheres que foram vítimas de estupro ou que correm risco de vida. O fundamental não é impedir que a internação compulsória de usuários de drogas se transforme em ferramenta de uma política de higienismo social e eliminação estética do que enfeia a cidade. O fundamental não é lutar contra a venda da pena de morte e da redução da maioridade penal como soluções finais para a violência. O fundamental não é esculachar os torturadores impunes da ditadura. O fundamental não é garantir aos indígenas remanescentes o direito à demarcação das suas reservas de terras. O fundamental não é o aumento de 20 centavos num transporte público que fica a cada dia mais lotado e precário.

O fundamental é que estamos vivendo uma brutal ofensiva do pensamento conservador, que coloca em risco muitas décadas de conquistas civilizatórias da sociedade brasileira.

O fundamental é que sob o manto protetor do "crescimento com redução das desigualdades" fermenta um modelo social que reproduz – agora em escala socialmente ampliada – o que há de pior na sociedade de consumo, individualista ao extremo, competitiva, ostentatória e sem nenhum espaço para a solidariedade.

O fundamental é que a modesta redução da nossa brutal desigualdade social ainda não veio acompanhada por uma esperada redução da violência e da criminalidade, muito pelo contrário. E não há projeto nacional de combate à violência que fuja do discurso meramente repressivo ou da elegia à truculência policial.

O fundamental é que a democratização do acesso ao ensino básico e à universidade por vezes deixam de ser um instrumento de iluminação e arejamento dos indivíduos e da própria sociedade, e são reduzidos a uma promessa de escada para a ascensão social via títulos e diplomas, ao som de sertanejo universitário.

O fundamental é que os políticos e grandes partidos antigamente ditos "libertários" e "de esquerda" hoje abriram mão de disputar ideologicamente os corações e mentes dos jovens e dos novos "incluídos sociais" e se contentam em garantir a fidelidade dos seus votos nas urnas, a cada dois anos.

O fundamental é que os políticos e grandes partidos antigamente ditos "sociais-democratas" já não tem nada a oferecer à juventude além de um neo udenismo moralista que flerta desavergonhadamente com o autoritarismo e o fascismo.
O fundamental é que a promessa da militância verde e ecológica vai aos poucos rendendo-se aos balcões de negócio da velha política partidária ou ao marketing politicamente correto das grandes corporações.

O fundamental é que os sindicatos, movimentos populares e organizações estudantis estão entregues a um processo de burocratização, aparelhamento e defesa de interesses paroquiais que os torna refratários a uma participação dinâmica, entusiasmada e libertária.

O fundamental é que temos em São Paulo um governo estadual que é francamente conservador e repressivo, ao lado de um governo federal que é supostamente "progressista de coalizão". Mas entre a causa da liberação da maconha e defesa da internação compulsória, ambos escolhem a internação. Entre as prostitutas e a hipocrisia, ambos ficam com a hipocrisia. Entre os índios e os agronegócio, ambos aliam-se aos ruralistas. Entre a velha imprensa embolorada e a efervescência libertária da Internet, ambos namoram com a velha mídia. Entre o estado laico e os votos da bancada evangélica, ambos contemporizam com o Malafaia.

O fundamental é que o temor covarde em expor à luz os crimes e julgar os aqueles agentes de estado que torturaram e mataram durante da ditadura acabou conferindo legitimidade a auto anistia imposta pelos militares, muitos dos quais hoje se orgulham publicamente dos seus crimes bárbaros – o que nos leva a crer que voltarão a cometê-los se lhes for dada nova oportunidade.

O fundamental é que vivemos numa sociedade que (para usar dois termos anacrônicos) vai ficando cada vez mais bunda-mole e careta. Assustadoramente careta na política, nos costumes e nas liberdades individuais se comparada com os sonhos libertários dos anos 1960, ou mesmo com as esperanças democráticas dos anos 1980. Vivemos uma grande ofensiva do coxismo: conservador nas ideias, conformado no dia a dia, revoltadinho no trânsito engarrafado e no teclado do Facebook.

O fundamental é que nenhum grupo político no poder ou fora dele tem hoje qualquer nível mínimo de interlocução com uma parte enorme da molecada – seja nas universidades ou nas periferias – que não se conforma com a falta de perspectivas minimamente interessantes dentro dessa sociedade cada vez mais bundona, careta e medíocre.

Os mesmos indignados que se esgoelam no mundo virtual clamando que a juventude e os estudantes "se levantem" contra o governo e a inação da sociedade, são os primeiros a pedir que a tropa de choque baixe a borracha nos "vagabundos" quando eles fecham a 23 de Maio e atrapalham o deslocamento dos seus SUVs rumo à happy-hour nos Jardins.

Acuados, os políticos "de esquerda" se horrorizam com as cenas de sacos de lixo pegando fogo no meio da rua e se apressam a condenar na TV os atos de "vandalismo", pois morrem de medo que essas fogueiras causem pavor em uma classe média cada vez mais conservadora e isso possa lhes custar preciosos votos na próxima eleição.

Enquanto isso a molecada, no seu saudável inconformismo, vai para as ruas defender – FUNDAMENTALMENTE – o seu direito de sonhar com um mundo diferente. Um mundo onde o ensino, os trens e os ônibus sejam de qualidade e gratuitos para quem deles precisa. Onde os cidadãos tenham autonomia de decidir sobre o que devem e o que não devem fumar ou beber. Onde os índios possam nos mostrar que existem outros modos de vida possíveis nesse planeta, fora da lógica do agribusiness e das safras recordes. Onde crenças e religião sejam assunto de foro íntimo, e não políticas de Estado. Onde cada um possa decidir livremente com quem prefere trepar, casar e compartilhar (ou não) a criação dos filhos. Onde o conceito de Democracia não se resuma à obrigação de digitar meia dúzia de números nas urnas eletrônicas a cada dois anos.

Sempre vai haver quem prefira como modelo de estudante exemplar aquele sujeito valoroso que trabalha na firma das 8 da manhã às 6 da tarde, pega sem reclamar o metrô lotado, encara mais quatro horas de aulas meia boca numa sala cheia de alunos sonolentos em busca de um canudo de papel, volta para casa dos pais tarde da noite para jantar, dormir e sonhar com um cargo de gerente e um apartamento com varanda gourmet.

Não é meu caso. Não tenho nem sombra de dúvida de que prefiro esses inconformados que atrapalham o trânsito e jogam pedra na polícia. Ainda que eles nos pareçam filhinhos de papai, ingênuos em seus sonhos, utópicos em suas propostas, politicamente manobráveis em suas reivindicações, irresponsavelmente seduzidos pelos provocadores de sempre.

Desde a Antiguidade, esses jovens ingênuos e irresponsáveis são o sal da terra, a luz do sol que impede que a humanidade apodreça no bolor da mediocridade, na inércia do conformismo, na falta de sentido do consumismo ostentatório, nas milenares pilantragens travestidas de iluminação espiritual.

Esses moleques que tomam as ruas e dão a cara para bater incomodam porque quebram vidros, depredam ônibus e paralisam o trânsito. Mas incomodam muito mais porque nos obrigam a olhar para dentro das nossas próprias vidas e, nessa hora, descobrimos que desaprendemos a sonhar. Pense de novo, mas pelo amor de Deus, PENSE MESMO!

҉"Eu Pensei. Eu apliquei. Eu vivi. E registrei cada experiência!"
/MissaoDadaMissaoCumprida

Isso cheira a mimimi de esquerdinha ressentido com o refugo do povo à sua pretensão de comandá-los como massa de manobra.


A moral da história, clara e cristalina, é que o povo em geral não tem ideologia, seguindo apenas o que lhe parece claramente ser o mais sensato e real de um ponto de vista simples, sem lentes ideológicas filtrando. O povo é conservador, liberal ou esquerdista caso a caso e não de uma forma geral.

Esse é um dos motivos de eu defender a democracia direta (o outro motivo é a profissionalização da política).

 

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Temma

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #351 Online: 18 de Junho de 2013, 23:46:10 »
Gente que nunca acompanhou política na vida mudando a foteenha pra Guy Fawkes.  :lol:

Offline DDV

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #352 Online: 18 de Junho de 2013, 23:48:27 »
Gente que nunca acompanhou política na vida mudando a foteenha pra Guy Fawkes.  :lol:

E isso é ruim? 

Eu achava que quanto mais a política se popularizasse, melhor...
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Temma

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #353 Online: 19 de Junho de 2013, 00:03:45 »
Não é ruim no aspecto geral. Mas qualitativamente, está deixando muito a desejar. Não à toa, teve um mar de boatos no facebook hoje, inclusive que a Dilma iria cortar a internet. Até velhas notícias da extinta PEC 33 foram requentadas como se fossem novas. E assim vai, com tantas outras coisas que parecem a eles tão sensatas, mas são ou mentiras ou simplesmente superficiais.

Offline JohnnyRivers

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #354 Online: 19 de Junho de 2013, 00:09:35 »
Por isso que fiz a pergunta:

Tem chances de trazer bons resultados esses protestos de hoje?


Normalmente sou a favor de manifestações contra o governo. Mas essa daí, parece mais barulheira pra chamar atenção do que pessoas focadas em mudanças reais. Posso estar enganado, claro.
"Que homem é um homem que não torna o mundo melhor?"

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Temma

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #355 Online: 19 de Junho de 2013, 00:12:53 »
tem gente encapuzada na casa do Haddad.  :olheira:

Offline DDV

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #356 Online: 19 de Junho de 2013, 00:15:37 »
A manifestação servirá no mínimo para constranger os governantes frente à comunidade internacional, dar um "sustinho" neles e mostrar à população que manifestações são mais fáceis de fazer do que ela imaginava, abrindo um precedente que poderá ser bem usado no futuro.
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Offline JohnnyRivers

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #357 Online: 19 de Junho de 2013, 00:26:20 »
Se este "futuro" for daqui quase 30 anos (de novo), então não serve de nada.
O que pode ocorrer é, o governo dar agradinhos até 2016 pro povo ficar quieto. Ou eles se assustam, ou eles ficam vacinados.
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Offline DDV

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #358 Online: 19 de Junho de 2013, 00:32:27 »
O que pode ocorrer é, o governo dar agradinhos até 2016 pro povo ficar quieto. Ou eles se assustam, ou eles ficam vacinados.

Já é algum avanço. E os "agradinhos" terão que ser progressivamente maiores com o tempo, o que deixa essa opção inviável no longo prazo.

Com os avanços da tecnologia de comunicação e a melhora gradativa do padrão de vida e nível de instrução da população, o grau de liberdade dos governantes para provocá-la diminuirá com o tempo.

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Offline Südenbauer

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #359 Online: 19 de Junho de 2013, 06:20:17 »
Para descontrair.


Offline _Juca_

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #360 Online: 19 de Junho de 2013, 10:44:45 »
O que pode ocorrer é, o governo dar agradinhos até 2016 pro povo ficar quieto. Ou eles se assustam, ou eles ficam vacinados.

Já é algum avanço. E os "agradinhos" terão que ser progressivamente maiores com o tempo, o que deixa essa opção inviável no longo prazo.

Com os avanços da tecnologia de comunicação e a melhora gradativa do padrão de vida e nível de instrução da população, o grau de liberdade dos governantes para provocá-la diminuirá com o tempo.



É o que eu mais desejo.

Offline O Grande Capanga

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #361 Online: 19 de Junho de 2013, 11:05:17 »
Isso cheira a mimimi de esquerdinha ressentido com o refugo do povo à sua pretensão de comandá-los como massa de manobra.

Basta ver que os partidos estão sendo rechaçados nas manifestações. Elas estão sendo apolíticas. É engraçado esses idiotas com as bandeiras do PSTU sendo escorraçados.

A moral da história, clara e cristalina, é que o povo em geral não tem ideologia, seguindo apenas o que lhe parece claramente ser o mais sensato e real de um ponto de vista simples, sem lentes ideológicas filtrando. O povo é conservador, liberal ou esquerdista caso a caso e não de uma forma geral.

Eu sempre digo que o povo não entende nada de polarização política, nem sabe o que é neoliberal ou comunismo. Desde que as coisas vão bem, pode-se privatizar ou estatizar metade do país que isso não vai influenciar o voto do povo.

Offline Muad'Dib

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #362 Online: 19 de Junho de 2013, 12:59:44 »
Se essa onda, aparentemente muito bem vinda, vingar aqui, não duvido que, mais cedo ou mais tarde, ela virará arma da Igerja evangélica.

Na hora que começar a serem mobilizados protestos com centenas de milhares, ou porque não, 1 milhão de pessoas, unidas em torno dos ideais "cristãos"nós vamos ver o que é bom para a tosse.

Offline Gigaview

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #363 Online: 19 de Junho de 2013, 13:35:32 »
(1) Muito legal ver as pessoas na hora do rush numa estação de metrô lotada, cada qual tomando seu rumo para casa e desconhecidos entre sí mas todos cantanto o hino nacional em uníssono.

(2) Ridícula atitude da Dilma que veio de Brasília até São Paulo para se consultar com o Lula.
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline O Grande Capanga

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #364 Online: 19 de Junho de 2013, 17:10:37 »
(2) Ridícula atitude da Dilma que veio de Brasília até São Paulo para se consultar com o Lula.

Essa deixou escancarada quem manda no governo federal.

Tá parecendo aqueles consiglieres (conselheiros da máfia italiana).

Offline caerus

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #365 Online: 19 de Junho de 2013, 17:36:55 »
Pelé pede para que o Povo esqueça das manifestações e apoie a Seleção
http://www.youtube.com/watch?v=nUeWFiEWh58&feature=youtu.be

:histeria: tem que ser piada ó cthulhu...

Offline Donatello

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #366 Online: 19 de Junho de 2013, 17:40:37 »
Estava com medo de postar alguma coisa aqui... sério... nos últimos anos me apareceram um monte de problemas gástricos, acho que estou com uma hérnia de disco, meu apelido de trote na faculdade é Velho e eu sou dos três ou quatro alunos que todo mundo ainda só chama pelo apelido... mas estas passeatas realmente estão me deixando com medo quanto a minha idade, tô me sentido um ancião de 34 anos.

"Reparou como os velhos vão perdendo a esperança? Com seus bichinhos de estimação e plantas... já viveram tudo" Pois, eu olho pra estes quase adolescentes reunidos berrando "abaixo à corrupção" e outras palavras de ordem, mesmo tentando pensar só nos bem intencionados e pacíficos, e... não consigo enxergar nadica da esperança que até vocês niilistas do CC veem.

Pra mim não passam de manadas de pseudo indignados liderados por gente que ou tem merda na cabeça ou é muito mal intencionada (não consigo levar nem perto de "a sério" um movimento que tem como principal bandeira que todos os transportes públicos sejam integralmente gratuitos, embora eu realmente não saiba se num passado longínquo além da minha memória já caquética eu não teria apoiado alguma coisa parecida com isso). A mudança das propostas (ante a imbecilidade escrachada da proposta inicial) também não revela grande melhora geral do cenário, pra mim.

Tenho alguns amigos que estão muito animados com este movimento civil, um deles é um enfermeiro do trabalho, cara que realmente até gosto bastante, e que dia destes tava falando sobre o trabalho que deu sonegar o máximo possível na declaração de Imposto de Renda, arrumando comprovantes falsos de gasto médico et cetera. Outra é uma colega minha de turma, garota também que gosto bastante, e que é uma daquelas que falei em outro post, que entrou pelo sistema de cotas burlando as regras frouxas de seleção, mentindo informações e apresentando comprovantes falsos. Outros são colegas de trabalho, todos funcionários públicos: todos que de alguma forma não cumprem totalmente a carga horária que assinam no ponto de presença (nisso eu, não com orgulho, me incluo). Alguns são pessoas que moram em favelas e mantém abertas relações de trocas favores com traficantes.

Não acho mesmo que sair em bandos gritando "fora políticos corruptos" num país em que virtualmente toda a população é cúmplice, em maior ou menor medida, de alguma forma de corrupção, num país em que os políticos corruptos são muitas vezes selecionados exatamente por serem mais convenientes, vá mudar algo para melhor, em qualquer medida, mesmo.

E há quem diga que são os novos cara-pintadas, depois de ter ficado velho e perdido a esperança, não quero ver novos Lindbergs Farias.


« Última modificação: 19 de Junho de 2013, 17:48:18 por Donatello van Dijck »

Offline Gaúcho

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #367 Online: 19 de Junho de 2013, 17:43:32 »
Os bons são maioria.
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Digão

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #368 Online: 19 de Junho de 2013, 18:50:22 »
A maioria define o que é bom. rs

Para os desenvolvedores de sistemas interessados: Hackathon ProtestoBR
« Última modificação: 19 de Junho de 2013, 18:55:47 por Digão »

Offline Südenbauer

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #369 Online: 19 de Junho de 2013, 19:11:17 »
São Paulo e Rio de Janeiro anunciaram reduções nas tarifas.

Protestos violentos funcionam.

Offline Donatello

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #370 Online: 19 de Junho de 2013, 20:23:31 »
Quem diria, um movimento para o qual eu estava cagando e andando acabou de me dar a primeira baixa de amizade real via Facebook (uma coisa que sempre achei que nunca ia acontecer, quase não posto nada e evito pegar pesado em opiniões exatamente para não criar brigas por besteira), uma colega que estava super-ativa na divulgação do movimento revolucionário e que era até hoje era minha melhor amiga no trabalho parece que não gostou de um post, me disse meia dúzia de impropérios e me excluiu  :? , cest la vie :|

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Gostaria de parabenizar os empresários dos transportes públicos paulista, fluminense, carioca e paulistano por mais estes subsídios conquistados  o/ (mas não se esqueçam, vocês não teriam conseguido sem o apoio valoroso do Anonymous e do movimento estudantil)

Offline Donatello

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #371 Online: 19 de Junho de 2013, 20:40:58 »
E os organizadores acabam de declarar que a passeata continua, exigindo o cumprimento de vários outros pontos, inclusive a gratuidade integral do transporte público: vejamos que outras "vitórias do povo" vêm por aí.

Offline Price

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #372 Online: 19 de Junho de 2013, 22:09:23 »
Chupem reacionários.
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline AlienígenA

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #373 Online: 19 de Junho de 2013, 22:11:25 »
Vândalos acabam de depredar meu patrimônio na compra de novos aparelhos para o senado, dois anos após troca de todos os aparelhos, que segundo os proprios vândalos entrevistados, são de ponta, estão em ótimas condições e quase não tem uso. Todos, é claro, condenaram essa depredação, embora, como também é claro, tenham se omitido. Onde essa violência toda vai parar?



Offline caerus

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Re:Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
« Resposta #374 Online: 19 de Junho de 2013, 22:23:04 »
Texto retirado do facebook:
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Só não entende o que está acontecendo nas ruas quem não foi para as ruas. Ontem, em São Paulo, os pobres, os miseráveis, os excluídos tomaram as ruas para protestar com as únicas armas de coerção que conhecem, a violência. Não foi uma "minoria" de vândalos que atacou a prefeitura. Nem os punks ou os integrantes do Black Bloc. Eles estavam lá e participaram, é verdade, mas não foram eles que por pouco não colocaram a baixo o símbolo do poder municipal, assim como não foram eles que destruíram o portão do Palácio dos Bandeirantes.

Quem atacou a prefeitura, desde o começo, foi o povo. Foi gente que está ali no centro todo dia trabalhando, gente que mora nas ruas, gente, muita gente, que veio das periferias participar dos protestos. Uma senhora, senhorinha mesmo, foi simbólica nesse ponto, para mim. Ela chegou bem perto da porta da prefeitura, onde o caos imperava após a saída da GCM, e passou a atirar pedras contra o que restava de vidros. Algumas pessoas tentaram contê-la. "Tia, sai daqui, a senhora vai morrer", diziam. E ela: "Me deixa, eu tô com raiva, eu tô com muita raiva". Após uma negociação entre ela e seus contentores, chegou-se a uma conclusão: "Eu saio, mas me deixa jogar mais duas, eu to com muita raiva". E mais duas pedras portuguesas voaram em direção às vidraças.

Toda a sorte de violência que essa parcela da população sofre veio à tona ontem, por mais que os representantes da classe média tenham feito o máximo de esforço para conte-los. No meio do caos, estabeleceu-se, quase, uma luta de classes e raças para definir qual a melhor estratégia de luta. De um lado, jovens brancos e educados, em sua maioria, tentavam argumentar que esse não era o caminho, que isso era o que a "mídia burguesa" queria, que não havia "estofo ideológico" para isso. Do outro, jovens pardos, negros, filhos de nordestinos, apenas ameaçavam. "Eu vou quebrar, sai da minha frente, playboy, senão vai sobrar pra você".

Foi assim na porta lateral da prefeitura, onde os manifestantes - sim, eles também são manifestantes - tentaram arrombar a porta fazendo dos tubos metálicos de sinalização de trânsito uma aríete. Um rapaz, loirinho, de cabelos cacheados, vestido de super-homem, tentava convencer um bando de rapazes da periferia paulistana a não invadir a prefeitura. "Pessoal, tem gente la dentro, alguém vai se machucar, para com isso". Um rapaz, moreno, apenas com os olhos a mostra, explicou em detalhes, o que lhe aconteceria: super-homem, sai daqui senão tu vai virar a mulher maravilha". O super-homem, ciente estar diante da Kriptonita, partiu.

A polícia, que abandonou a cidade, só apareceu quando as lojas começaram a ser saqueadas. Quando eram apenas as agências bancárias, donas de cofres impenetráveis por um bando de "arruaceiros", não houve problema. Mas quando as lojas Marisa ou as Americanas passaram a ser o alvo, um grupo de policiais surgiu. Prendeu algumas pessoas, mas foi posto para correr pela multidão. A cidade, como diziam, era deles. Dos pobres, dos miseráveis, dos nóia, dos meninos de rua, dos jovens da periferia. Pela primeira vez, em muito tempo, entraram nas Lojas Americanas sem serem perseguidos pelos olhares dos seguranças. E muita gente só entrou para destruir. E muita gente realizou o sonho de ter uma TV bacana ou um notebook.

Simplesmente criminalizar o que houve ontem no centro de São Paulo é aumentar o fogo sob a panela de pressão da incrível desigualdade social centenária deste país. E principalmente de São Paulo, a verdadeira cidade partida. Não é possível que continue-se a acreditar que os bandidos pardos, negros e periféricos são bandidos porque este é seu DNA, porque não gostam de trabalhar, porque, enfim, são assim. Ontem, no centro de São Paulo, essa massa mostrou que está cansada de ficar à margem. Muito cansada. E não serão R$ 0,20, de fato, que aplacarão a raiva.

O urubu bateu asa e a classe e a jovem média paulistana, que o alimentou pensando em se tratar de um vistoso sabiá, está assustada. Afinal de contas, os clamores de "Sem Vandalismo" que entoaram durante as passeatas não fazem sentido para a massa daqueles que realmente sofrem com o trânsito massacrante da cidade, com a polícia assustadoramente violenta. Por não terem a raiva a lhes alimentar a alma, os jovens que foram às ruas com cartazes dizendo "Saímos do Facebook", não entenderam o poder da raiva. E com a raiva não se brinca.

Daqui a pouco vai surgir o movimento roubo livre.

 

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