quanto à comparação de escândalos entre PT e PSDB. Vamos começar pelo óbvio. O mensalão foi o primeiro escândalo de esfera federal em que houve condenação. Antes de se discutir o julgamento, ele aconteceu porque o Procurador-Geral levou a frente as denúncias e investigações.
O procurador-geral é indicado pelo presidente, escolhido entre os membros da carreira de procurador da república. A constituição dá ampla margem a essa escolha. Só precisa ser um membro da carreira.
Nisso o FHC foi esperto, e matava seus escândalos nas mãos do engavetador-Geral Geraldo Brindeiro. Que arquivava tudo a respeito do FHC. Era praticamente seu homem de confiança. Tanto que permaneceu no cargo por todos os dois mandatos do FHC(a constituição permitia na época). Olha só, que conveniente. Poder ser acusado por seu homem de confiança.
Essa postura ficou tão feia para a instituição que os procuradores começaram a fazer uma votação dentro da carreira, pra remeter uma lista tríplice ao presidente, e assim esse pudesse respeitar a vontade da maioria na indicação ao cargo. E bingo, adivinhem o que aconteceu? todos os procuradores gerais nomeados por Lula e Dilma foram os que encabeçaram a lista. Antônio Fernando de Souza, Roberto Gurgel, e atualmente Rodrigo Janot.
Repito, essa lista é "informal", não está prevista constitucionalmente. Lula e Dilma poderiam ter indicado qualquer um da carreira, alguém com inclinações para arquivar tudo, como FHC fez. Mas Lula e Dilma nomearam os responsáveis pela condução das investigações e a denúncia, no mensalão.
Então, qualquer discussão sobre corrupção entre FHC e Lula já começa errada em se desconsiderar essas duas situações. FHC blindou-se contra investigações. Lula foi republicano. Os escândalos da época do FHC enfrentaram somente as páginas da imprensa, que nitidamente soprava ao seu favor. Também foi uma época em que a grande imprensa tinha muito mais poderes para pautar o noticiário. Se folha, Globo e o grupo abril ignorassem um escândalo, ele praticamente inexistia. Hoje com a internet esses grupos não tem essa liberdade, sob pena de sua imparcialidade ser contestada. A tática hoje é falar do escândalo, dando a ênfase que lhe for conveniente.