Autor Tópico: A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade  (Lida 14914 vezes)

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #175 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 19:53:00 »
Mas já é um exemplo : a experiência de um morcego sentindo uma mosquinha a partir do sonar.

Nem eu nem você podemos saber como é, mas é um tipo de experiência inefável e evidente. Assim como também por exemplo a sensação de nadar que tem um polvo. Posso usar estes exemplos ? Por favor não divinize este tipo de experiências, precisamos continuar agindo de forma racional...

E desde quando se postular uma nova propriedade, colocar estes tipos de experiência como efetivamente algo(propriedade) novo, é divinizar ?? Você acha que o Tononi divinizou ao estabelecer uma métrica ? Vc acha que ele foi irracional??

Todos estamos sendo racionais; esta sua colocação está relacionada ao que escrevi, em outro post, falando do preconceito e da "dor" emocional que é, para vocês, aceitar isso.

Abs
Felipe


Pelo que li, além de uma métrica Tononi parece querer postular uma `alma`, e não quero incluí-lo em nossa discussão aqui, a menos que você `siga religiosamente` o que ele postula.
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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #176 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 20:10:35 »
só eu e o agnóstico achamos o qualia uma groselha do tamanho do everest?

O qualia é um conceito que pode ser utilização inclusive pelas ciências cognitivas, a extrapolação do sr Tononi para mim é groselha com açúcar paranormal.
« Última modificação: 04 de Fevereiro de 2014, 20:13:18 por FZapp »
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Offline Feliperj

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #177 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 20:11:01 »
Ola Fzapp,

Você tem certeza disso? Sinceramente,  a unica coisa que li e vi em videos, foi ele declarar como sua teoria o forçou a adotar o pampsiquismo. Mas acho que,  mesmo que ele postulasse uma alma, isto não tornaria invalido trazer a teoria dele para discutirmos.  Isto seria mais ou menos como falar que eu so poderia trazer a MQ se co cordasse com a interpretação de Bohr, ou outro físico qualquer.

Abs
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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #178 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 20:18:36 »
Ola Fzapp,

Você tem certeza disso? Sinceramente,  a unica coisa que li e vi em videos, foi ele declarar como sua teoria o forçou a adotar o pampsiquismo. Mas acho que,  mesmo que ele postulasse uma alma, isto não tornaria invalido trazer a teoria dele para discutirmos.  Isto seria mais ou menos como falar que eu so poderia trazer a MQ se co cordasse com a interpretação de Bohr, ou outro físico qualquer.

Abs
felipe

Em: http://www.bibliotecapleyades.net/ciencia/ciencia_consciousuniverse328.htm lê-se :

Citar
"Para Tononi este hallazgo sugiere que la conciencia puede desempeñar un papel más importante en la evolución de lo que se pensaba anteriormente. El valor matemático de la información integrada en una red se conoce como phi (fi).
 
Pero la teoría de Tononi, ahora tema de seria discusión en la corriente principal, tiene una implicación extraordinaria. Phi no sólo se produjo en los cerebros, sino que era una propiedad de cualquier red con un total de contenido de información mayor que sus partes individuales. Cada célula viva, cada circuito electrónico, incluso un protón que consta de sólo tres partículas elementales tiene un valor de phi mayor que cero.
 
Según la teoría de la información integrada , todas estas cosas poseen algo, aunque sea un atisbo de 'lo que es' ser ellos.
 
Tononi afirma:
"La conciencia es una propiedad fundamental, como la masa o la carga. Dondequiera que haya una entidad con múltiples estados, hay algo de conciencia. Se necesita una estructura especial para obtener una gran cantidad de ella, pero la conciencia está en todas partes, es una propiedad fundamental".
"
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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #179 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 20:21:14 »
Recomendo que você leia os papers diretamente e verá a mistura com paranormal e as conclusões apressadas tentando associar a consciência a `qualquer` rede e sub-entendendo que partículas se comportam como uma rede.
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Offline AlienígenA

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #180 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 21:46:36 »
Recomendo que você leia os papers diretamente e verá a mistura com paranormal e as conclusões apressadas tentando associar a consciência a `qualquer` rede e sub-entendendo que partículas se comportam como uma rede.

Eu não li muito mais do que o que foi postado no tópico, mas pelo que li, não percebi essa mistura com o paranormal. Contra intuitivo, estranho, alienígena, mas natural. Nenhuma matéria ou energia oculta, nenhuma entidade sobrenatural. Conclusões apressadas, concordo, mas com base na realidade observável.

Offline Feliperj

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #181 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 22:27:57 »
Recomendo que você leia os papers diretamente e verá a mistura com paranormal e as conclusões apressadas tentando associar a consciência a `qualquer` rede e sub-entendendo que partículas se comportam como uma rede.

Ola Fzapp,

Eu li, e os artigos são extremamente técnicos :

http://www.biolbull.org/content/215/3/216.full.pdf+html
http://www.biomedcentral.com/1471-2202/5/42/
http://www.architalbiol.org/aib/article/viewFile/15056/23165867
http://www.klab.caltech.edu/koch/CR/CR-Complexity-09.pdf

Este aqui é de um autor (filósofo) que defende que a teoria do Tononi deveria ser considerada uma teoria sobre os qualia :

http://academic.mu.edu/peressini/documents/Peressini_JCS_Author_Proof.pdf

Ou seja, ele afirma que, como consequência da sua teoria (inicialmente gerada como uma teoria emergente da consciência, diga-se de passagem), a consciência é uma propriedade fundamental; fala como a sua teoria o levou ao pampsiquismo. Não saiu postulando a consciência como fundamental e falando em consciência universal!! Foi meramente uma consequência de sua teoria; da métrica de sua teoria a sistemas que interagem de alguma forma.

Acho que você interpretou o que leu com um viés negativo. A tal "ligação emocional com o materialismo dogmático"  :biglol:a qual me referi.

Abs
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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #182 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 22:30:16 »
Eu não li muito mais do que o que foi postado no tópico, mas pelo que li, não percebi essa mistura com o paranormal. Contra intuitivo, estranho, alienígena, mas natural. Nenhuma matéria ou energia oculta, nenhuma entidade sobrenatural. Conclusões apressadas, concordo, mas com base na realidade observável.

Doouuubt!! Acho que o efeito de sua filha em você foi maior do que você imagina!!!! :histeria:

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #183 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 22:33:31 »
Do mesmo texto que postei antes:

Citar
En estudios con participantes dormidos, Tononi y sus colegas usaron la estimulación magnética transcraneal para enviar una oleada de actividad a través de la corteza de los participantes dormidos.
 
Los investigadores encontraron que al soñar, esta ondulación reverberaba a través de la corteza durante más tiempo que cuando los participantes estaban en un sueño sin sueños. Está demostrado que durante el sueño, cuando el cerebro está consciente, la corteza tiene un mayor grado de integración.
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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #184 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 22:36:34 »
Recomendo que você leia os papers diretamente e verá a mistura com paranormal e as conclusões apressadas tentando associar a consciência a `qualquer` rede e sub-entendendo que partículas se comportam como uma rede.

Ola Fzapp,

Eu li, e os artigos são extremamente técnicos :

(...)
Abs
Felipe

Ah, tá, basicamente você confessa que não leu mas eu li com um viés negativo ? É só ler com um pouco de análise crítica...

Por outro lado, o que é panpsiquismo senão uma pseudociência ?
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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #185 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 23:01:24 »
Entenda a minha analogia, não estou querendo descrever qualia aqui. O que eu estou tentando dizer é que, se voltarmos no tempo na época onde só existia a mecânica de Newton, não tinhamos ao menos uma mínima, nem digo teoria, mas pista, um pentelhésimo de luz no fim de um túnel intergaláctico,  de como relações puramente mecânicas pudessem gerar uma coisa como uma doenca. Não dava pra explicar porque uma doenca só atacava orgãos específicos, do porque que existiam pessoas resistentes a uma doenca e outras não, do porque algumas pessoas nasciam com uma doenca e outras não. E várias outras coisas, mas mesmo assim ninguém  ficou tirando novas entidades do bolso pra explicar tudo isso.

Ola Entropia,

O Chalmers fala muito bem da diferença entre o Gap explanatório envolvendo a questão da consciência e sua comparação com Gaps passados, nesta interessante entrevista sobre emergência :

http://www.closertotruth.com/video-profile/Why-is-Emergence-Significant-David-Chalmers-/97

E quando a mecânica fracassou para explicar o eletromagnetismo, criamos a propriedade carga! Será que não poderíamos ter esperado mais, criados alguns ad hocs, e termos uma ciência diferente hoje, mesmo que mais atrasada ?

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #186 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 23:04:02 »
Eu não li muito mais do que o que foi postado no tópico, mas pelo que li, não percebi essa mistura com o paranormal. Contra intuitivo, estranho, alienígena, mas natural. Nenhuma matéria ou energia oculta, nenhuma entidade sobrenatural. Conclusões apressadas, concordo, mas com base na realidade observável.

Doouuubt!! Acho que o efeito de sua filha em você foi maior do que você imagina!!!! :histeria:

Abs
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Desde o primeiro instante. Ela veio, falou e saiu. Eu olhei para os móveis em volta e perguntei: vocês ouviram isso?  :|   :lol:

A sério. É estranho, mas não utiliza nenhum componente sobrenatural, até onde vi e, bom, não vi muito. Confesso!  :sleepy:  Mas que a realidade é mais estranha do que aparenta a física já demonstrou. Não percebemos porque já nascemos numa realidade acostumada a estranheza.

Tudo que é preciso para acabar com a estranheza é só demonstrá-la, o que será difícil nesse caso. Até lá permanece o ceticismo, sem traumas.  :P

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #187 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 23:12:08 »
Entenda a minha analogia, não estou querendo descrever qualia aqui. O que eu estou tentando dizer é que, se voltarmos no tempo na época onde só existia a mecânica de Newton, não tinhamos ao menos uma mínima, nem digo teoria, mas pista, um pentelhésimo de luz no fim de um túnel intergaláctico,  de como relações puramente mecânicas pudessem gerar uma coisa como uma doenca. Não dava pra explicar porque uma doenca só atacava orgãos específicos, do porque que existiam pessoas resistentes a uma doenca e outras não, do porque algumas pessoas nasciam com uma doenca e outras não. E várias outras coisas, mas mesmo assim ninguém  ficou tirando novas entidades do bolso pra explicar tudo isso.

Ola Entropia,

O Chalmers fala muito bem da diferença entre o Gap explanatório envolvendo a questão da consciência e sua comparação com Gaps passados, nesta interessante entrevista sobre emergência :

http://www.closertotruth.com/video-profile/Why-is-Emergence-Significant-David-Chalmers-/97

E quando a mecânica fracassou para explicar o eletromagnetismo, criamos a propriedade carga! Será que não poderíamos ter esperado mais, criados alguns ad hocs, e termos uma ciência diferente hoje, mesmo que mais atrasada ?

Abs
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A mecânica não fracassou: duas naturezas da física eram manifestações do mesmo fenômeno, eletricidade e magnetismo. A base matemática inicial foi proposta por Faraday e foi demonstrada finalmente por Maxwell. E o que se inclui foi o conceito de `campo`para resolver as eqüações.

Ou seja, foi o correto em ciência: adaptação das fórmulas para responder aos experimentos, e não distorcer as conclusões para que digam o que gostamos que digam.
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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #188 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 23:17:50 »
Ah, tá, basicamente você confessa que não leu mas eu li com um viés negativo ? É só ler com um pouco de análise crítica...

Por outro lado, o que é panpsiquismo senão uma pseudociência ?

Ola Fzapp,

Eu li dois dos artigos acima e assisti uma palestra de mais de uma hora do Tononi.

Ele não coloca nada de paranormal, alma, etc. Coloca que, como decorrência de sua teoria, a consciência tem que ser considerada propriedade fundamental. É só você ler os finais dos artigos, onde temos subtitulos como "Consequências", Consciência é Universal, etc. Não sei de onde você tirou que eu assumo que não li. O fato de falar que eles são muito técnicos? Falando isto, estou querendo dizer que não entendi muito bem como ele chegou em sua métrica.

O pampsiquismo é uma filosofia, como é, também, a materialista, que você considera 110% segura, correta, inquestionável, e usa como ferramenta de julgamento(o viés doloroso de se libertar que falei :)), como se estivesse utilizando a própria ciência; a racionalidade.

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #189 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 23:19:36 »
Ola Fzapp,

Eu já coloquei aqui, trecho do livro "O que é Ciência Afinal", onde é colocado que Maxwell tentou explicar o eletromagnetismo através da mecânica e fracassou.

Edit :Inclusão do Trecho do Livro

"Quando Clerk Maxwell desenvolveu sua teoria eletromagnética, na década de 1860, ele tinha em mente um certo número de objetivos explícitos. Um deles era desenvolver uma explicação mecânica dos fenômenos eletromagnéticos. O desejo de Maxwell era colocar a teoria de Faraday, que envolvia conceitos tais como “linhas de força” etc., sobre aquilo que considerava como fundamentos mais sólidos, reduzindo-a a uma teoria mecânica de um éter mecânico. No curso de seus esforços Maxwell achou conveniente introduzir um novo
conceito, sua corrente de deslocamento. Uma das conseqüências atraentes desse passo foi que ele levou à possibilidade de uma explicação eletromagnética da natureza da luz, como Maxwell foi capaz de demonstrar.

Os aspectos que desejo enfatizar no contexto atual são os seguintes: em primeiro lugar Maxwell ignorava uma das conseqüências mais dramáticas de sua própria teoria, a saber, que ela previa um novo tipo de fenômeno, as ondas de rádio que podem ser geradas por fontes elétricas oscilantes.(80) Que a teoria de Maxwell tinha realmente esta conseqüência, apesar do fato de Maxwell não
ter percebido, foi descoberto e demonstrado, depois de alguns inícios incorretos, por G. F. Fitzgerald em 1881, dois anos após a morte de Maxwell.

A segunda coisa é que a formulação da teoria eletromagnética por Maxwell marcaria o primeiro passo na derrota do ponto de vista de que todo o mundo físico poderia ser explicado como um sistema material governado pelas leis de Newton, um ponto de vista que Maxwell e sua escola apoiavam avidamente. A relação objetiva entre as teorias de Newton e Maxwell é de tal natureza, que esta última não pode ser redilrida à primeira, apesar disso"


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« Última modificação: 04 de Fevereiro de 2014, 23:35:37 por Feliperj »

Offline Feliperj

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #190 Online: 04 de Fevereiro de 2014, 23:55:07 »
Nesse caso, é mais parcimonioso supor que as imagens dos sonhos são fruto de memórias, distorcidas devido ao entorpecimento.

Para visualizar um cachorro, você só precisa ter visualizado um cachorro qualquer antes. Já para visualizar o meu cachorro, você precisa, no mínimo, ter informações sobre ele. Compreende o ponto?

Lembrando que quale, no caso, equivale a percepção das coisas externas - somente as partículas teriam, devido a interação com as outras, mas não o cérebro, como um todo, que não teria com o que interagir, externo a ele.

Ola Doubt,

Acho que temos uma pequena diferença com relação ao quale, que acho que é nosso ponto de discórdia aqui. O que defendo é que ele está associado até mesmo a uma partícula, não necessariamente à percepção do meio externo. Então, um cérebro como um todo teria algum tipo de quale, mas seria uma experiencia "tênue", teria um fi muito baixo, segundo a teoria do Tononi.

Citar

Dogmática não, mas assustadoramente materialista. Criei um monstro.  :susto:  Ela tem tanta convicção de que não existem fantasmas que tratou com a maior naturalidade ideias tão exóticas e sem se preocupar com as possíveis implicações, quase sobrenaturais, de tão contra intuitivas, para ela, inclusive. Foi o que achei mais fantástico (aqui provavelmente são os genes egoístas falando :P), mais do que a ideia em si, que ainda não sei se faz sentido para mim. Meu cérebro é lento.  ::)   

O Dogmatismo, em minha opinião, vem dessa ligação emocional, principalmente quando passamos nossa vida toda com esta certeza - e eu não estou falando que não tenha vínculo também com a posição que defendo, só não é um vínculo que não me faça descartar, a priori, explicações materialistas para a cosnciência; não é um vínculo Dogmático (pelo menos eu acho...heheheh).

Abs
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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #191 Online: 05 de Fevereiro de 2014, 10:17:51 »
(Suspiro longo)  :umm:

Vamos lá: primeiro que você leu errada a citação que fez: Maxwell não tentou explicar o eletromagnetismo através da física e fracassou. Como consequência da formulação final do eletromagnetismo que ele ajudou a concluir, tentou extrapolar isso para o éter, e fracassou. Porque isso é ciência: tentar explicar os fenômenos. Se a teoria não funciona, jogue fora. Não joga fora as fórmulas eletromagnéticas, joga fora a noção do éter. É assim que ciência funciona.

Segundo: o pan-psiquismo (ou pampsiquismo, achei as duas grafias, você provavelmente também!) é uma pseudo-ciência que tenta inserir groselhas na física.

Deveria ser o contrário: primeiro ter evidências que não se encaixam nas atuais leis, modificação/adaptação ou eliminação das atuais leis, e segue enfrente. É assim que se reformula a física.

O sr Guilio Tononi fez algumas experiências com gente dormindo e acordada, para tirar conclusões sobre a consciência a partir de premissas não falseáveis (a consciência está em qualquer máquina de múltiplos estados), ou seja, a partir de um experimento que não prova o que ele diz, extrapolou para qualquer estado material!

Para começar deveria ele mesmo tentar refutar a teoria, por exemplo:
- se qualquer máquina de múltiplos estados, por exemplo uma estrela, pode ter consciência, porque não se manifesta, sendo ela bastante maiorzinha do que um mísero humano?
- a consciência claramente é um resultado da percepção de um ser vivo tentando interpretar um ambiente, com o intuito de sobreviver melhor. Qual é a autoridade que nos faz extrapolar essa noção no máximo biológica para a física, e depois física quântica e tal ?

O sr Tononi se esquece das premissas básicas do que é ciência, e me surpreenda que você também não perceba.

E é por isso também que é paranormal, porque a consciência é um conceito bastante abstrato da filosofia como para associá-la á física com tanta facilidade. Não confundir com os primeiros filósofos que também faziam deduçÕes através de formas geométricas, por exemplo, porque estamos falando da fundação da geometria e não de eventos reproduzíveis da física moderna.
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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #192 Online: 05 de Fevereiro de 2014, 12:46:54 »
Ola Entropia,

O Chalmers fala muito bem da diferença entre o Gap explanatório envolvendo a questão da consciência e sua comparação com Gaps passados, nesta interessante entrevista sobre emergência :

E em que isso difere da minha analogia? Existia algum jeito de predizer uma doenca a partir da mecânica? Não. E isso é motivo pra dizer que doencas são "emergências fortes"(seja lá o que isso quer dizer)? Se tomarmos essa definicão do Chalmers, várias coisas já foram emergências fortes, a vida por exemplo. Antes de bioquímica, DNA, RNA... Não tinhamos como predizer a partir de reacões químicas como uma estrutura com capacidade autorreplicante e que compete por recursos poderia aparecer, essas característica simplesmente apareciam, PUF, vida. Era impossível predizer, então a vida deveria ser uma entidade fundamental? Claro que não

Essa história de emergência forte da consciência parece uma profissão de fé pra sustentar a posicão dualista dele. E ele ainda afirma que nunca vamos conseguir explicar isso a partir de emergência. Isso sim é que é fé.



E quando a mecânica fracassou para explicar o eletromagnetismo, criamos a propriedade carga! Será que não poderíamos ter esperado mais, criados alguns ad hocs, e termos uma ciência diferente hoje, mesmo que mais atrasada ?

Isso já foi respondido na mensagem 144. Fora que ninguém tirou a carga do bolso, existiam toneladas de evidências que sustentavam isso, além de ser uma propriedade facilmente quantificável, reproduzível e falseável.
« Última modificação: 05 de Fevereiro de 2014, 12:49:31 por Entropia »

Offline AlienígenA

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #193 Online: 05 de Fevereiro de 2014, 14:32:07 »
Nesse caso, é mais parcimonioso supor que as imagens dos sonhos são fruto de memórias, distorcidas devido ao entorpecimento.

Para visualizar um cachorro, você só precisa ter visualizado um cachorro qualquer antes. Já para visualizar o meu cachorro, você precisa, no mínimo, ter informações sobre ele. Compreende o ponto?

Lembrando que quale, no caso, equivale a percepção das coisas externas - somente as partículas teriam, devido a interação com as outras, mas não o cérebro, como um todo, que não teria com o que interagir, externo a ele.

Ola Doubt,

Acho que temos uma pequena diferença com relação ao quale, que acho que é nosso ponto de discórdia aqui. O que defendo é que ele está associado até mesmo a uma partícula, não necessariamente à percepção do meio externo. Então, um cérebro como um todo teria algum tipo de quale, mas seria uma experiencia "tênue", teria um fi muito baixo, segundo a teoria do Tononi.

Certo! Explicando com minhas palavras, isso (a conclusão dela) se deve ao fato de que ela tem uma visão mecanicista da realidade, ou seja, supõe que propriedades fundamentais, conhecidas (ou propostas, como no caso), são propriedades dos campos e não da matéria. Associar propriedades à matéria (e não a interação de matéria) é justamente o que ela chama de "fantasma na máquina".

Apenas por isso a conclusão de que atribuir qualia somente ao cérebro mais parecia uma condição especial, quase admissão de "fantasma na máquina". Ou seja, para utilizar os qualia para explicar a consciência, temos antes que explicar os qualia como uma propriedade fundamental de campo.

Em outras palavras, algo deve ocorrer a nível fundamental, que ainda não podemos compreender, para explicar a consciência. Do contrário estaríamos, não muito diferente dos místicos, mesmo sem perceber, tirando a consciência da cartola.

Ainda estou digerindo o raciocínio. A princípio, parece fazer sentido, mas é preciso considerar a reduzida quantidade de informação geral que ela tem, devido a idade.       

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Dogmática não, mas assustadoramente materialista. Criei um monstro.  :susto:  Ela tem tanta convicção de que não existem fantasmas que tratou com a maior naturalidade ideias tão exóticas e sem se preocupar com as possíveis implicações, quase sobrenaturais, de tão contra intuitivas, para ela, inclusive. Foi o que achei mais fantástico (aqui provavelmente são os genes egoístas falando :P), mais do que a ideia em si, que ainda não sei se faz sentido para mim. Meu cérebro é lento.  ::)   

O Dogmatismo, em minha opinião, vem dessa ligação emocional, principalmente quando passamos nossa vida toda com esta certeza - e eu não estou falando que não tenha vínculo também com a posição que defendo, só não é um vínculo que não me faça descartar, a priori, explicações materialistas para a cosnciência; não é um vínculo Dogmático (pelo menos eu acho...heheheh).

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Não sei se a ligação é bem emocional. Acho que é só como a realidade parece ser para ela. O segredo das coisas está no encaixe das engrenagens.  :)


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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #194 Online: 05 de Fevereiro de 2014, 18:04:30 »
Como ainda estou de férias e não tenho tido refluxos, vi um pequeno filme sobre o teste do Sr Tononi (), o que me leva a outras questões :

- no sono profundo há sim uma grande atividade cerebral e postular que não há consciência deveria ser provado, pois quando sonhamos achamos estar acordados, logo a consciência é enganada e não há provas disto não acontecer no sono profundo.
- como disse antes, não há nenhuma evidência que nos faça pensar que qualquer ideia sobre consciência possa ser extrapolada para a matéria inorgânica.
- crianças aprendem enquanto sonham, a formação do nosso cérebro acontece durante a nossa infância, estando acordados ou não. Não há consciência quando sonhamos ? Como saber se estamos só dormindo ou sonhando ?
--
Si hemos de salvar o no,
de esto naides nos responde;
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algun día hemos de llegar...
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Offline Moro

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #195 Online: 05 de Fevereiro de 2014, 18:53:07 »
fico com dó das árvores cortadas para imprimir essa porcaria. Espero que só vendam por e books.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #196 Online: 05 de Fevereiro de 2014, 19:45:23 »
Ola Entropia,

O Chalmers fala muito bem da diferença entre o Gap explanatório envolvendo a questão da consciência e sua comparação com Gaps passados, nesta interessante entrevista sobre emergência :

E em que isso difere da minha analogia? Existia algum jeito de predizer uma doenca a partir da mecânica? Não. E isso é motivo pra dizer que doencas são "emergências fortes"(seja lá o que isso quer dizer)? Se tomarmos essa definicão do Chalmers, várias coisas já foram emergências fortes, a vida por exemplo. Antes de bioquímica, DNA, RNA... Não tinhamos como predizer a partir de reacões químicas como uma estrutura com capacidade autorreplicante e que compete por recursos poderia aparecer, essas característica simplesmente apareciam, PUF, vida. Era impossível predizer, então a vida deveria ser uma entidade fundamental? Claro que não

A grande diferença é que todas as outras coisas poderiam ser explicadas de forma absurdamente grosseira como "movimento  e interação de partículas". E isso é meio que inquestionavelmente o caso para TUDO, a menos que se acreditasse que certas porções de matéria são "especiais".

Mas no caso de consciência, bem, não é claro que o que vemos/percebemos sejam "partículas" se movendo, embora esteja indubitavelmente correlacionado ao movimento e interação de partículas no cérebro, em resposta a estímulos interiores, ou ação totalmente endógena.

Mas no caso, o aspecto fenomenal da experiência, é algo que "nem parece matéria"; daí tem de um lado os que propõem que de fato não seja, e que exista um "outro mundo", "imaterial", e de outro aqueles que tentam de alguma forma começar a explicar/conciliar essas coisas (apenas começando), ou até negam completamente a existência de algo a ser explicado. Acho que Chalmers é um dos que enxergam um "meio termo" entre as coisas.




Citar
Essa história de emergência forte da consciência parece uma profissão de fé pra sustentar a posicão dualista dele. E ele ainda afirma que nunca vamos conseguir explicar isso a partir de emergência. Isso sim é que é fé.

Não sei. No mínimo não me parece "menos fé" do que afirmar que seria alguma forma de emergência trivial, ao mesmo tempo em que não se têm a menor idéia de como começar a explicar; sem qualquer coisa minimamente parecida, conhecida, que possa servir de "base" para a afirmação. Ou, não sendo trivial, que certamente algum dia vamos entender, que nada (ou isso ao menos, por pior que pareça) está além de nossos limites de compreensão.

Numa analogia, admitidamente enviesada do lado "agnóstico" da coisa, parece uma reação como a que talvez cientistas ou filósofos tenham tido/pudessem ter tido às primeiras sugestões de dualidade de onda e partícula. Sugerir que essa dualidade proposta é uma "fé", apostando que de alguma forma tudo será eventualmente explicado apenas com coisas se comportando de uma forma só, tradicional, ou como partícula, ou como onda.


Offline Moro

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #197 Online: 05 de Fevereiro de 2014, 20:11:58 »
concordo com entropia. Como na questão do qualia,  não vejo nada especial com a consciência. Óbvio que é apenas matéria até porque não existe outra coisa.
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Offline Entropia

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #198 Online: 05 de Fevereiro de 2014, 21:14:33 »
A grande diferença é que todas as outras coisas poderiam ser explicadas de forma absurdamente grosseira como "movimento  e interação de partículas". E isso é meio que inquestionavelmente o caso para TUDO, a menos que se acreditasse que certas porções de matéria são "especiais".

E era exatamente isso que pensavam ,basta ver na história da química orgânica
http://en.wikipedia.org/wiki/Vitalism Naquela época não era evidente que coisas como vida pudessem surgir somente de matéria, então apelavam-se para essências, almas, pra explicar isso. Hoje pode não ser evidente como a consciência possa surgir de interacões no cérebro, mas não significa que precisamos apelas pra novas entidades. A ciência dos dá o direito da dúvida, vamos esperar, é inegável que sabemos pouco do cérebro pra dizer que é impossível tirar a consciência dele. Assim como era inegável que sabiamos pouco sobre química orgânica para sugerirmos uma forca vital


Mas no caso, o aspecto fenomenal da experiência, é algo que "nem parece matéria"; daí tem de um lado os que propõem que de fato não seja, e que exista um "outro mundo", "imaterial", e de outro aqueles que tentam de alguma forma começar a explicar/conciliar essas coisas (apenas começando), ou até negam completamente a existência de algo a ser explicado. Acho que Chalmers é um dos que enxergam um "meio termo" entre as coisas.

Citação de:  Wikipédia
Até o início do século XVIII, sabia-se pouco sobre a química orgânica. Haviam fracassado todas as tentativas de sintetizar substâncias orgânicas a partir do material inorgânico. Enquanto se conseguia produzir compostos inorgânicos artificialmente. Foi então que surgiu a Teoria da Força Vital'.
 
Segundo essa teoria, os elementos, nos organismos vivos, obedecem a leis totalmente diferentes das que regem o material inanimado.

Qualquer semelhanca é mera coincidência. Assim como compostos orgânicos pareciam ser totalmente diferentes dos inorgânicos(digamos, "matéria bruta) e não podiam ser produzidos em laboratórios, concluiu-se que era necessário uma forca vital pra explicar isso. Eu acho que isso é uma coisa semelhante a propor que a consciência seria fundamental. Em outras palavras tentaram puxar uma nova entidade do bolso e não deu muito certo


Não sei. No mínimo não me parece "menos fé" do que afirmar que seria alguma forma de emergência trivial, ao mesmo tempo em que não se têm a menor idéia de como começar a explicar; sem qualquer coisa minimamente parecida, conhecida, que possa servir de "base" para a afirmação.  Ou, não sendo trivial, que certamente algum dia vamos entender, que nada (ou isso ao menos, por pior que pareça) está além de nossos limites de compreensão.

Nem de longe eu afirmei isso. Eu não acho que seja fé você simplesmente ficar em dúvida e esperar, achávamos que várias tecnologias atuais eram impossíveis no século passado. Dizer que só porque não temos meios de resolver um problema atualmente de um jeito não significa que nunca resolveremos, é mais prudente adimitir que sabemos pouco do cérebro(isso é um fato), pra afirmarmos isso. Vamos continuar as pesquisas, SE depois de termos um vasto conhecimento dos fenômenos que ocorrem no cérebro e mesmo assim, não tivermos uma chance mínima de tirar a consciência dele, então, será razoável sugerir a consciência como uma nova entidade



Numa analogia, admitidamente enviesada do lado "agnóstico" da coisa, parece uma reação como a que talvez cientistas ou filósofos tenham tido/pudessem ter tido às primeiras sugestões de dualidade de onda e partícula. Sugerir que essa dualidade proposta é uma "fé", apostando que de alguma forma tudo será eventualmente explicado apenas com coisas se comportando de uma forma só, tradicional, ou como partícula, ou como onda.

O problema foi que a dualidade onda/partícula não foi sugerida, simplesmente sugerida, existiam vários experimentos que suportavam que a luz era uma onda(difracão, interferência) e vários outros que mostravam o comportamento de partícula. (efeito fotoelétrico). Sem essas evidências, ninguém ia sugerir isso, como estão fazendo com a consciência, qual seria o motivo de sugerir uma dualidade sem ter nenhuma evidência pra suportar isso?

EDIT: Mudei o link, porque a wikipédia em português é feia e sem fontes
« Última modificação: 05 de Fevereiro de 2014, 22:32:18 por Entropia »

Offline _tiago

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #199 Online: 05 de Fevereiro de 2014, 21:32:37 »
[1] Você está falando da consciência, correto? Então temos um estado da matéria que não é previsto pela física? Não poderia ser: não sabemos direito como aplicar a física neste estado?

Não sei se "estado da matéria" imprevisto é um bom modo de colocar. Acho que você está lendo especificidade demais onde eu não intencionava ter sugerido. Eu simplesmente não sei o que são essas coisas que, supondo que tudo seja físico, são necessariamente físicas; não tenho qualquer "aposta" ou palpite bem definido. Apenas parece diferente de qualquer coisa física conhecida, uma vez que nem mesmo física parece, pelo que conhecemos de física. Seja lá qual for a melhor forma de enquadrar o problema.

Você disse nenhum estado da matéria, que simplesmente não é previsto pela física, dessa forma, imprevisto. Mas eu entendi, você está exprimindo o seu encanto pela coisa. :)
Eu ainda aposto em algo simples, do tipo: replicação, representação e processamento (consciência) e atribuição (a vermelhidão). A melhor matáfora ainda continua sendo a do PC. O realismo percebido de quando fechamos os olhos, que é menor que aquele dos sonhos, seria só uma impressão, inclusive ilusória: quando penso, a projeção é exata, quando, na verdade, não é, mas eu acredito que seja. O cérebro tem mecanismos que potencializam o eu, o meu, talvez faça o mesmo com as percepções.

Citar
[2] Fundamental em que sentido: da realidade, no sentido de que a constitui, tipo a constituem a matéria e a energia? Ou simplesmente pois ela é indivisível? A primeira hipótese não tem paralelo em nada com o que se viu e se sabe e até se é permitido conjecturar, exceto esses uns aí que o Felipe adora.

Seria signficando simplesmente algo que emerge/ocorre "porque sim", que não se explica a partir de interações entre outras coisas. Um pouco como talvez seja a gravidade: massa "entorta" o espaço, e os corpos por sua vez percorrem o espaço de acordo. Não sei se há uma explicação mais profunda do que "é isso aí", de se medir as proporções em que isso ocorre. Talvez existam os grávitons, que devem ser uma explicação mais fundamental da coisa, embora em algum momento vá se chegar em algo que simplesmente é como é "porque sim", se chega ao fim da linha, seja por limites na capacidade de se estudar a coisa, ou limites realmente físicos. Em ambos os casos, creio que essas coisas ficam com o "status" de física fundamental.

O "porque sim" a meu ver faz parte da sua crença romântica. :P

Enfim, a consciência encontra-se num nível de análise muito acima do fundamental da física e eu desconheço evidências do contrário (sentido de: desconheço autores). Não só, pois não vejo o cérebro com capacidadde de manipular tão a fundo a realidade. Pode ser, sim, mas a ideia me soa exagero.

Citar
Da parte em negrito: ausência de evidência não é evidência de ausência. Ou é?

Mas hein? Obviamente não é. Mas nem por isso se escolhe arbitrariamente que deve mais provavelmente ser um nível de explicação ou outro. Fica em aberto. E a impressão que tenho (só impressão, não vale lá qualquer coisa) é que os níveis fundamentais é que seriam mais prováveis aqui, devido à estranheza da coisa -- não é como sugerir que câncer, caspa ou gagueira fosse algo da física fundamental. Estamos falando de algo que nem sequer parece ser físico/existir, apesar de ser ironicamente tudo que diretamente observamos.
Pois é, o conflito de impressões! Eu já não vejo motivo por que cavulcar tão fundo.'

Citar
[3] O quale? O inefável é... Como o sistema produz a nossa realidade virtual interna, não?

O sistema que produz é o cérebro, que é algo "trivial", perfeitamente descritível. O que ele produz, no entanto, só se "descreve" a partir de correlações com o mundo "lá fora" e com a expectativa de que as outras pessoas, tendo cérebros "iguais", também tenham experiências aproximdamente iguais (o que poderia não ser o caso, sem no entanto validar a conclusão de que qualia não seriam físicos).

Explicações são correlações e referências. Qual a novidade?


Qual seria a "atitude" mais correta?

Eu acho que não se pode viajar demais em especulações, chega numa hora em que está só se criando ficçao científica, mas não acho que é o caso em simplesmente se admitir que pode haver algo fundamental faltando no nosso conhecimento da física, para explicar isso. Pode de qualquer forma, ser desconhecimento só no nível de neurologia, citologia, química, ou o que for, e a física já bastar. Mas não passa muito a impressão de ser um fenômeno de qualquer dessas áreas conhecidas, não é como se tivesse evidentemente qualquer coisa já "meio parecida" com qualia nelas, que pudesse ser sua "constituição".

Eu duvido que tenha algo ainda desconhecido da física que vá elucidar algo aqui. [observação leviana]O que me deixa mais curioso nessa sua passagem é a diferença de impressões sobre a consciência que eu tenho com essa que você aparenta ter. Toda vez que leio algo da sua parte fico com a impressão de ler uma obra romântica, de um encanto e uma maravilha que, parece, só poderão saciar-se ante extraordinária explicação. E o pior que isso torna duro entender as suas explicações sobre o assunto [/observação leviana].

Poxa, que chato. Não acho que minha visão é bem "romântica", e nem pretendia florear as coisas nem nada. Na verdade descreveria minha posição até como bastante "fria". Não menciono muito, mas acho que essa é uma questão, como diversas outras, que possivelmente nunca se venha a saber a resposta. Não porque "o universo é cheio de mistérios e mais fantástico e maravilhoso do que qualquer um pode vislumbrar e lalalá", mas só porque somos uns macacos pelados, razoavelmente espertos, mas apenas com meios limitados para investigar e compreender a realidade. Nunca vamos ter uma "teoria de tudo" que explicará toda e cada coisa do universo, com trilha sonora de Vangelis.
[/quote]

Teoria de tudo talvez seja uma coisa impossível dada a diversidade de sistemas e perspectivas para explicá-los. Não acho que o cérebro entre nessa. Enfim...

O segundo sentido do fundamental... Então existe registro do quale ocorrendo noutro local que não o cérebro, ao nível fundamental da física quântica? Ainda tenho dúvidas se entendi bem esse fundamental. :)

Seria algo como se, só pudéssemos eventualmente dizer que, quando uns dados tipos de moléculas no cérebro interagem numa rede complexa com uma dada estrutura, o cérebro experimentará essas sensações "fantasmagóricas", que não se detecta senão por correlação consistente entre de relatos desses cérebros e sua fisiologia/padrões de ativação.

Opa!

Sobre a idéia de poder ocorrer "algo assim" (que é um tremendo exagero) em outras coisas além de cérebro, seria talvez mais ou menos da mesma forma que se pode dizer que outros corpos, que não planetas ou estrelas, "têm gravidade". Só que chega a ser desprezível, nada vai "cair" em você. Ou mesmo "eletricidade", elétrons constituem "tudo" que existe por aí, é o compartilhamento deles que faz as coisas serem "sólidas", e de vez em quando alguns "escapam", mas são raras as circunstâncias em que você vai poder sentir um choque.

A comparação não cabe, afinal são coisas completamente distintas.

Supor que algo assim fosse se dar em algum nível com qualia pode parecer esquisito, mas é mais ou menos razoável, é "anti" antropocentrista, está apenas seguindo a suposição de que é algo físico, e não uma coisa "especial" do ser humano.

Indo na linha do John Sears, algo assim talvez fosse até uma necessidade para que eventualmente evoluissem organismos que usassem esse aspecto da física para ter as capacidades cognitivas que têm. Mas pode ser que o fenômeno só começasse a aparecer mesmo num nível muito mais próximo, como em células ou já em células especificamente nervosas, por qualquer particularidade que tenham, como velocidade das interações moleculares, bem como propriedades das moléculas em si. Em vez de algo mais generalzado, pan-psiquista. Acho que meio ironicamente também se aproxima de paradigmas alternativos, como o de Noë, Maturana, etc, "enativismo".

Que diferença faz se é antropocentrista, Buck? Isso não explica, não se faz entender e muito menos elucida o que for seja.

 

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