Estava relendo esse tópico mais cedo e minha filha, treze anos, perguntou curiosa do que se tratava. Comecei a rir da ideia de tentar explicar do que se tratava para alguém da idade dela, mas foi mais facil que supunha. Cabeça fresca, sem muitas convicções formadas. Expus as três impressões mais comuns do debate. A do Felipe, dualista. A do Agnóstico, groselha (ela adorou isso) "redicionista". E a do Buckaroo.
Fico feliz em contribuir, ainda que indiretamente, para a corrupção de jovens mentes negadoras de Deus.
Mas qual é a "minha posição"? Ceticismo epistemológico?
Materialista-extremista ultra-darwinista maligno.

Se fica feliz, no ano passado ela conseguiu negociar metade dos pontos de uma questão de uma prova de ciências buscando suporte nos seus posts sobre evolução. E ainda se divertiu (e me divertiu) com a dificuldade inicial de saber quando você estava falando sério.
Ela é cetica e depois de pensar um bocado no assunto, achei até que ela já tinha se esquecido, veio me dizer que, pensando muito bem, atribuir qualia somente ao cérebro é que parecia uma condição especial, quase uma admissão de "fantasma na máquina", afinal, se o cerebro como tudo mais, é só matéria, deve se comportar como tudo mais, embora fosse estranha a ideia de que materia inorganica tivesse alguma forma de capacidade interna, mesmo que rudimentar, de percepção do mundo exterior. Então falei para ela sobre a questão da possibilidade da consciencia cósmica. E ela, surpreendentemente, me respondeu: se o universo é tudo que existe, não há mundo externo a perceber. Não tem fluxo de informação. Se o universo tem o potencial de consciência, deve ser inativo.
Acho que os defensores da idéia iriam alegar que o universo fosse "introspectivo".
Mas antes disso, acho que o mais coerente seria supor ser meio como "alguém" tendo todo tipo de alucinação caleidoscópica, incoerente e inimaginável. Sem nunca ficar "sóbrio" e com "sentidos" apurados, sem ter a capacidade de qualquer "pensamento". Um mundo louco, doidão, incapacitado. Deus numa eterna viagem de LSD cósmico.
Será que propuseram seriamente essa hipótese nos anos 70?
Acho que na formulação dela nem uma nem outra seria possível. Não é um tema de fácil compreensão/explicação, mas o que eu entendi do que ela me disse, é que o universo teria apenas talvez o potencial de consciência. Veja explicação ao Felipe, abaixo.
Acho que os defensores da idéia iriam alegar que o universo fosse "introspectivo".
Mas antes disso, acho que o mais coerente seria supor ser meio como "alguém" tendo todo tipo de alucinação caleidoscópica, incoerente e inimaginável. Sem nunca ficar "sóbrio" e com "sentidos" apurados, sem ter a capacidade de qualquer "pensamento". Um mundo louco, doidão, incapacitado. Deus numa eterna viagem de LSD cósmico.
Tenha pra mim que essa é mais ou menos a posição de Berkeley: a mente de deus é a ligação que conecta todas a mentes, sendo responsável pela objetividade (porque todos concordam que azul é azul?). Só trocar a matrix por deus. Então o universo é um sonho de deus, vivemos na mente dele.
Mesmo sonho requer qualia.
Estava relendo esse tópico mais cedo e minha filha, treze anos, perguntou curiosa do que se tratava. Comecei a rir da ideia de tentar explicar do que se tratava para alguém da idade dela, mas foi mais facil que supunha. Cabeça fresca, sem muitas convicções formadas. Expus as três impressões mais comuns do debate. A do Felipe, dualista. A do Agnóstico, groselha (ela adorou isso) "redicionista". E a do Buckaroo. Ela é cetica e depois de pensar um bocado no assunto, achei até que ela já tinha se esquecido, veio me dizer que, pensando muito bem, atribuir qualia somente ao cérebro é que parecia uma condição especial, quase uma admissão de "fantasma na máquina", afinal, se o cerebro como tudo mais, é só matéria, deve se comportar como tudo mais, embora fosse estranha a ideia de que materia inorganica tivesse alguma forma de capacidade interna, mesmo que rudimentar, de percepção do mundo exterior. Então falei para ela sobre a questão da possibilidade da consciencia cósmica. E ela, surpreendentemente, me respondeu: se o universo é tudo que existe, não há mundo externo a perceber. Não tem fluxo de informação. Se o universo tem o potencial de consciência, deve ser inativo.
Ola Doubt,
Caraca!!! 13 anos!!!!
Pois é, nasceu ontem, já vem se meter a discutir "problemas difíceis".

Pus de castigo, duas horas no videogame, para aprender!
Isso mesmo, de sempre todos os pontos para que ela possa "concluir" algo por ela mesmo!! Que potencial vc tem em casa!!!
Eu faço isso sempre, mas segundo ela, com parcialidade.

A figurinha já aprendeu a descobrir qual a minha opinião (quando tento esconder) pela maior ênfase que ela diz que dou a um ponto em relação aos outros.

Entendo a questão da consciência cosmica que vc falou com ela como sendo a de um observador do universo, não os qualia que seriam experimentado pelo universo, pois são coisas diferentes. Correto?
Errado. O que mais me surpreendeu foi justamente a forma como ela entendeu a ideia, invertendo o sentido. Quale seria algo análogo a menor unidade de medida de informação que chega. Qualia não seria, portanto, informação que
emerge da matéria, mas informação que
imerge da interação com meio. Por isso a consciência cósmica seria apenas uma potencial consciência, com tudo que é preciso, exceto o "meio"
(considerando que universo é o conjunto de tudo que existe, seja lá o que for, como for ou quanto for), estando no máximo, em permanente estado de "subconsciência". Ou, no exemplo dela, imagine que você fosse tudo o que existe. Não houvesse o que ver, ouvir, cheirar, saborear ou tatear - nenhuma informação (quale) chegando ao seu cérebro. Sua mente seria uma representação do vazio. Você seria um zumbi.
Ademais, o universo ser tudo que existe é uma afirmação, tudo que percebemos que existe atualmente, ser o universo, é outra.
Ver o negrito no trecho anterior.
Ps : fala para ela se inscrever no forum !!! 
Abs
Felipe
Seria maldade, já que o tempo de internet dela é limitado e o fórum viciante. O que eu faço é chamá-la para ler um ou outro tópico interessante, divertido ou didático.