Autor Tópico: A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade  (Lida 14911 vezes)

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Offline Feliperj

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #100 Online: 15 de Janeiro de 2014, 00:19:22 »
Tem no link. O mais comentado sistema complexo que existe, a economia, emerge da interação econômica de diversos agentes. Tem o trânsito, também. Ele não surge dos carros, é da interação de inúmeros componentes que ele surge.

Ao dizer que a consciência é um caso de emergência eu simplesmente afirmei que ela emerge da interação de diversos componentes e não é reproduzível ao se observar seus componentes isoladamente. Nem de perto eu propus algo que resolvesse o "hard problem".

Ola Tiago,
 
Todos os exemplos que vc deu se referem ao conceito fraco de emergencia. Ou seja, são coisas que surgem da interação entre as entidades, mas que podem sim serem reduzidas e explicadas pela interação entre estas entidades. É bem diferente da emergencia aplicada a consciência, onde efetivamente, algo novo é criado; algo que possui suas próprias leis. Algo que não pode ser deduzido leis e das interações entre as entidades.

Abs
Felipe

Offline AlienígenA

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #101 Online: 15 de Janeiro de 2014, 14:45:01 »
Estava relendo esse tópico mais cedo e minha filha, treze anos, perguntou curiosa do que se tratava. Comecei a rir da ideia de tentar explicar do que se tratava para alguém da idade dela, mas foi mais facil que supunha. Cabeça fresca, sem muitas convicções formadas. Expus as três impressões mais comuns do debate. A do Felipe, dualista. A do Agnóstico, groselha (ela adorou isso) "redicionista". E a do Buckaroo.

Fico feliz em contribuir, ainda que indiretamente, para a corrupção de jovens mentes negadoras de Deus.

Mas qual é a "minha posição"? Ceticismo epistemológico?

Materialista-extremista ultra-darwinista maligno.  :P  Se fica feliz, no ano passado ela conseguiu negociar metade dos pontos de uma questão de uma prova de ciências buscando suporte nos seus posts sobre evolução. E ainda se divertiu (e me divertiu) com a dificuldade inicial de saber quando você estava falando sério.  ::)

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Ela é cetica e depois de pensar um bocado no assunto, achei até que ela já tinha se esquecido, veio me dizer que, pensando muito bem, atribuir qualia somente ao cérebro é que parecia uma condição especial, quase uma admissão de "fantasma na máquina", afinal, se o cerebro como tudo mais, é só matéria, deve se comportar como tudo mais, embora fosse estranha a ideia de que materia inorganica tivesse alguma forma de capacidade interna, mesmo que rudimentar, de percepção do mundo exterior. Então falei para ela sobre a questão da possibilidade da consciencia cósmica. E ela, surpreendentemente, me respondeu: se o universo é tudo que existe, não há mundo externo a perceber. Não tem fluxo de informação. Se o universo tem o potencial de consciência, deve ser inativo.

Acho que os defensores da idéia iriam alegar que o universo fosse "introspectivo".

Mas antes disso, acho que o mais coerente seria supor ser meio como "alguém" tendo todo tipo de alucinação caleidoscópica, incoerente e inimaginável. Sem nunca ficar "sóbrio" e com "sentidos" apurados, sem ter a capacidade de qualquer "pensamento". Um mundo louco, doidão, incapacitado. Deus numa eterna viagem de LSD cósmico.

Será que propuseram seriamente essa hipótese nos anos 70?

Acho que na formulação dela nem uma nem outra seria possível. Não é um tema de fácil compreensão/explicação, mas o que eu entendi do que ela me disse, é que o universo teria apenas talvez o potencial de consciência. Veja explicação ao Felipe, abaixo.

Citação de: Buckaroo Banzai
Acho que os defensores da idéia iriam alegar que o universo fosse "introspectivo".

Mas antes disso, acho que o mais coerente seria supor ser meio como "alguém" tendo todo tipo de alucinação caleidoscópica, incoerente e inimaginável. Sem nunca ficar "sóbrio" e com "sentidos" apurados, sem ter a capacidade de qualquer "pensamento". Um mundo louco, doidão, incapacitado. Deus numa eterna viagem de LSD cósmico.

Tenha pra mim que essa é mais ou menos a posição de Berkeley: a mente de deus é a ligação que conecta todas a mentes, sendo responsável pela objetividade (porque todos concordam que azul é azul?). Só trocar a matrix por deus. Então o universo é um sonho de deus, vivemos na mente dele.

Mesmo sonho requer qualia.

Estava relendo esse tópico mais cedo e minha filha, treze anos, perguntou curiosa do que se tratava. Comecei a rir da ideia de tentar explicar do que se tratava para alguém da idade dela, mas foi mais facil que supunha. Cabeça fresca, sem muitas convicções formadas. Expus as três impressões mais comuns do debate. A do Felipe, dualista. A do Agnóstico, groselha (ela adorou isso) "redicionista". E a do Buckaroo. Ela é cetica e depois de pensar um bocado no assunto, achei até que ela já tinha se esquecido, veio me dizer que, pensando muito bem, atribuir qualia somente ao cérebro é que parecia uma condição especial, quase uma admissão de "fantasma na máquina", afinal, se o cerebro como tudo mais, é só matéria, deve se comportar como tudo mais, embora fosse estranha a ideia de que materia inorganica tivesse alguma forma de capacidade interna, mesmo que rudimentar, de percepção do mundo exterior. Então falei para ela sobre a questão da possibilidade da consciencia cósmica. E ela, surpreendentemente, me respondeu: se o universo é tudo que existe, não há mundo externo a perceber. Não tem fluxo de informação. Se o universo tem o potencial de consciência, deve ser inativo.

Ola Doubt,

Caraca!!! 13 anos!!!!


Pois é, nasceu ontem, já vem se meter a discutir "problemas difíceis".  :hmph:  Pus de castigo, duas horas no videogame, para aprender!  :)

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Isso mesmo, de sempre todos os pontos para que ela possa "concluir" algo por ela mesmo!! Que potencial vc tem em casa!!!

Eu faço isso sempre, mas segundo ela, com parcialidade.  :)  A figurinha já aprendeu a descobrir qual a minha opinião (quando tento esconder) pela maior ênfase que ela diz que dou a um ponto em relação aos outros.  :wink:

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Entendo a questão da consciência cosmica que vc falou com ela como sendo a de um observador do universo, não os qualia que seriam  experimentado pelo universo, pois são coisas diferentes. Correto?

Errado. O que mais me surpreendeu foi justamente a forma como ela entendeu a ideia, invertendo o sentido. Quale seria algo análogo a menor unidade de medida de informação que chega. Qualia não seria, portanto, informação que emerge da matéria, mas informação que imerge da interação com meio. Por isso a consciência cósmica seria apenas uma potencial consciência, com tudo que é preciso, exceto o "meio" (considerando que universo é o conjunto de tudo que existe, seja lá o que for, como for ou quanto for), estando no máximo, em permanente estado de "subconsciência". Ou, no exemplo dela, imagine que você fosse tudo o que existe. Não houvesse o que ver, ouvir, cheirar, saborear ou tatear - nenhuma informação (quale) chegando ao seu cérebro. Sua mente seria uma representação do vazio. Você seria um zumbi. :)   

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Ademais, o universo ser tudo que existe é uma afirmação, tudo que percebemos que existe atualmente, ser o universo, é outra.

Ver o negrito no trecho anterior.

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Ps : fala para ela se inscrever no forum !!! :-)

Abs
Felipe

Seria maldade, já que o tempo de internet dela é limitado e o fórum viciante. O que eu faço é chamá-la para ler um ou outro tópico interessante, divertido ou didático.  :) 

Offline Feliperj

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #102 Online: 24 de Janeiro de 2014, 19:35:56 »
Ola Doubt,

Resposta demorada, até porque eu tinha concordado com a sua filha. Mas de repente me veio a luz!!! Hehe

O raciocínio dela tem a ver com o fato de termos consciência do ambiente externo. Ou seja, um sistema, para ser consciente, deve interagir com o restante do universo. Ao considerarmos o sistema como sendo o próprio universo, estaríamos eliminando a possibilidade desta interação. Teríamos então um universo com potencial de ser consciente, porém sem manifestar esta propriedade.

O problema é que o meio externo apenas ativa um certo padrão em um determinado sistema. Este mesmo padrão poderia ser induzido magneticamente, ou em 'sonhos', que estariam associados a experiência subjetiva. Ou seja, se a consciência é propriedade básica, padrões de ativação de um sistema irão sempre estar associados a algum tipo de experiência subjetiva. Mesmo que este padrão seja gerado somente 'internamente'.

Abs
Felipe


Offline Gigaview

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #103 Online: 24 de Janeiro de 2014, 19:55:21 »
Ola Doubt,

Resposta demorada, até porque eu tinha concordado com a sua filha. Mas de repente me veio a luz!!! Hehe

O raciocínio dela tem a ver com o fato de termos consciência do ambiente externo. Ou seja, um sistema, para ser consciente, deve interagir com o restante do universo. Ao considerarmos o sistema como sendo o próprio universo, estaríamos eliminando a possibilidade desta interação. Teríamos então um universo com potencial de ser consciente, porém sem manifestar esta propriedade.

O problema é que o meio externo apenas ativa um certo padrão em um determinado sistema. Este mesmo padrão poderia ser induzido magneticamente, ou em 'sonhos', que estariam associados a experiência subjetiva. Ou seja, se a consciência é propriedade básica, padrões de ativação de um sistema irão sempre estar associados a algum tipo de experiência subjetiva. Mesmo que este padrão seja gerado somente 'internamente'.

Abs
Felipe



1. Não poderia o universo ser um sistema auto-consciente, baseado no solipsismo?

2. Não poderíamos supor que existe uma subjetividade no universo que é formada por tudo aquilo que tem probabilidade estatística de existir mas não existe ?
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #104 Online: 24 de Janeiro de 2014, 20:07:40 »
Se você levar em consideração a idéia do Tononi, o universo não tem a "integração" necessária, é mais como "chuvisco" do que imagem, cairia fora do padrão inferido de "consciente".

A menos que houvesse um "padrão oculto" análogo à organização padronizada dos "disparos" dos neurônios em vez da ativação desorganizada/aleatória de estados inconscientes.

E isso teria que ter surgido por acaso da evolução do universo...



Se eu fosse ter que sustentar algum tipo de panteísmo assim, acho que preferiria algumas idéias panspermistas fringe radicais de que o universo é eterno e "evoluiu inteligência" de forma meio darwiniana "ao longo da eternidade". Mas provavelmente isso seria mais suporte a deuses mais lovecraftianos do que algo javeóide-Jesus-paz-e-amor (se bem que a idéia de "demiurgo" é quase que um híbrido), logo a idéia não deve ter tanto apelo.

Offline Feliperj

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #105 Online: 24 de Janeiro de 2014, 21:57:59 »
Ola Buck,

Para padrões conscientes como o nosso sim; o ponto é que a medida de consciência não seria zero. Ou seja, não estaria isento de algum tipo de quale. Repare que eu não falo que a teoria do Tononi implica em um universo que experimente qualia como os nosso, que tenha um "eu" definido, mas sim que implica em um universo com qualia.

E a questão de padrão é outro problema. Como saber se o padrão do nosso cérebro (que fisicamente esta da forma como os impulsos interagem), não possa ser suplantado por algum padrão oculto que ocorra no universo em larga escala - claro que isto já é outra grande especulação.

Abs
Felipe

Offline Feliperj

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #106 Online: 24 de Janeiro de 2014, 22:20:30 »
1. Não poderia o universo ser um sistema auto-consciente, baseado no solipsismo?

2. Não poderíamos supor que existe uma subjetividade no universo que é formada por tudo aquilo que tem probabilidade estatística de existir mas não existe ?

Ola Giga,

Creio que podemos especular o universo como um sistema auto-consciente via solipsismo, idealismos, dualismos, cosmologia quantica (Andrei Linde), etc. O ponto é que a teoria do Tononi é a primeira que dá uma base científica "mais concreta" para o pampsiquismo.

Não entendi o item 2. Pode tentar explicar novamente?

Abs
Felipe

Offline Gigaview

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #107 Online: 24 de Janeiro de 2014, 22:55:32 »
1. Não poderia o universo ser um sistema auto-consciente, baseado no solipsismo?

2. Não poderíamos supor que existe uma subjetividade no universo que é formada por tudo aquilo que tem probabilidade estatística de existir mas não existe ?

Ola Giga,

Creio que podemos especular o universo como um sistema auto-consciente via solipsismo, idealismos, dualismos, cosmologia quantica (Andrei Linde), etc. O ponto é que a teoria do Tononi é a primeira que dá uma base científica "mais concreta" para o pampsiquismo.

Não entendi o item 2. Pode tentar explicar novamente?

Abs
Felipe

Quero dizer que o subjetivismo pode ser caracterizado pela não existência daquilo que é estatisticamente possível, que não existe de fato. Uma espécie de "mundo das idéias" possíveis mas não concretizadas, um repositório de matrizes não utilizadas, mas de algum modo arquivadas como possibilidades.
« Última modificação: 24 de Janeiro de 2014, 23:02:21 por Gigaview »
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Offline _tiago

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #109 Online: 25 de Janeiro de 2014, 15:06:00 »
Padrão oculto... Não é mais um fantasma na máquina, é um fantasma no universo!

Offline Buckaroo Banzai

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #110 Online: 25 de Janeiro de 2014, 15:24:11 »
Se fosse um "padrão" de fato, seria meio que por definição "não-fantasma".

O problema é que não se tem motivos para supor que o universo tenha ao todo, ou em parte de proporção suficientemente "universal", qualquer coisa análoga ao padrão de atividade cerebral consciente.





Ola Buck,

Para padrões conscientes como o nosso sim; o ponto é que a medida de consciência não seria zero. Ou seja, não estaria isento de algum tipo de quale.

Isso somente SE as coisas de fato forem assim. Essa medida não é sabidamente "de consciência", mas apenas de consciência relatada a partir da atividade cerebral. Só por isso, e por haverem estados "inconscientes", já deve dar para dizer que o nível correlato de "informação integrada" nunca ser zero, não significa que a consciência nunca seja zero. Da mesma forma que temperatura nunca vai ser zero K absoluto, e nem por isso tudo é em algo significativamente "como um vulcão" ou estrela. As propriedades dependem de "escala".

Provavelmente deve dar para questionar mais essas coisas todas, como se mesmo o que pensamos ser inconsciente é na verdade consciente mas não lembrado e etc. Mas são tudo conjecturas preliminares ainda, mesmo para o cérebro, a única coisa sabidamene consciente.


Offline _tiago

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #111 Online: 25 de Janeiro de 2014, 15:30:14 »
Muito menos que o "quale" não esteja restrito a somente um local de ocorrência.

Offline Feliperj

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #112 Online: 25 de Janeiro de 2014, 22:56:19 »
Se fosse um "padrão" de fato, seria meio que por definição "não-fantasma".

O problema é que não se tem motivos para supor que o universo tenha ao todo, ou em parte de proporção suficientemente "universal", qualquer coisa análoga ao padrão de atividade cerebral consciente.

Ola Buck,

Quando falei em padrão escondido, quis dizer ainda não identificado por nós!

Com relação ao SE, entendo que, quando falamos sobre cosnciência, estamos sempre falando com um grande SE no início; e isto para qualquer teoria/filosofia apresentada!!No caso, a discussão foi sobre as consequências de uma teoria específica. Ou seja, dentro daquela teoria (certa ou errada) é dessa ou daquela forma que isto ocorre.

Abs
Felipe

Offline Feliperj

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #113 Online: 25 de Janeiro de 2014, 22:57:55 »
Muito menos que o "quale" não esteja restrito a somente um local de ocorrência.

Isso se pudermos definir o local de ocorrência dos qualia....Até hoje, ninguém sabe e não tem a mínima idéia onde estejam....


Offline _tiago

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #114 Online: 25 de Janeiro de 2014, 23:38:31 »
A forma como se dão os qualias é um mistério, o que eles são é polêmico, mas onde eles ocorrem é indubitavelmente resolvido.

Offline AlienígenA

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #115 Online: 26 de Janeiro de 2014, 02:08:06 »
Ola Doubt,

Resposta demorada, até porque eu tinha concordado com a sua filha. Mas de repente me veio a luz!!! Hehe

O raciocínio dela tem a ver com o fato de termos consciência do ambiente externo. Ou seja, um sistema, para ser consciente, deve interagir com o restante do universo. Ao considerarmos o sistema como sendo o próprio universo, estaríamos eliminando a possibilidade desta interação. Teríamos então um universo com potencial de ser consciente, porém sem manifestar esta propriedade.

(*) O problema é que o meio externo apenas ativa um certo padrão em um determinado sistema. Este mesmo padrão poderia ser induzido magneticamente, ou em 'sonhos', que estariam associados a experiência subjetiva. Ou seja, se a consciência é propriedade básica, padrões de ativação de um sistema irão sempre estar associados a algum tipo de experiência subjetiva. Mesmo que este padrão seja gerado somente 'internamente'.

Abs
Felipe

Olá Felipe,

Bem, a inexistência de uma consciência cósmica é consequência do raciocínio. :/

Ela, na verdade, reduziu a ideia de "consciência como entidade fundamental da realidade" para "quale como propriedade fundamental da matéria".  :)

Quale seria algo como faculdade de "percepção" da existência de matéria pela matéria, sendo, portanto, quase sinônimo de interação. Ou, no exemplo dela, dois átomos, um azul e outro vermelho, ligados, formando uma molécula roxa, teriam um quale cada ("percepção" da existência um do outro). A molécula, por sua vez, ligada a outra molécula igual, teria qualia ("percepção" do vermelho e azul) e assim sucessivamente.

A consciência seria então um caso particular de uma propriedade geral da matéria, deixando de ser algo que emerge, como um fantasma na máquina, para ser apenas resultado da interação.

Apesar das implicações bizarras, uma, a de que todas as coisas teriam algum nível de "percepção" da realidade (qualia), não necessariamente consciência, essa talvez restrita a complexidade da matéria orgânica ou talvez não [1], mas de qualquer forma, condicionado ao meio. Outra, [1] a possibilidade de níveis progressivos de consciência: planetária, solar, galática...  <_<  mas que possivelmente teriam tanta consciência de nós quanto nós temos consciência das nossas moléculas.

(*) Consciência, no caso, é fruto do meio. Um cérebro, por exemplo, preso em um corpo sem sentidos desde a vida uterina não teria consciência, sonhos, subjetividade, nada - como um HD vazio.

Offline Feliperj

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #116 Online: 26 de Janeiro de 2014, 23:49:14 »
A forma como se dão os qualias é um mistério, o que eles são é polêmico, mas onde eles ocorrem é indubitavelmente resolvido.

Não é nada resolvido. Correlato Neural não é igual a qualia! Você só poderá fazer esta afirmação, se assumir esta identidade.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #117 Online: 27 de Janeiro de 2014, 00:43:49 »
Que no entanto é a coisa mais parcimoniosa a ser assumida, em comparação a qualia* estarem em qualquer outro lugar.



* ou qualquer que seja terminologia preferida para "o aspecto das coisas tal como se apresentam para as pessoas".

Offline FZapp

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #118 Online: 27 de Janeiro de 2014, 00:50:49 »
(...)
Na realidade, a minha posição é que associado a todo evento físico está associado um evento fenomenal, um quale.  O desconhecido do Linde é que coloca que a consciência pode ser a mais fundamental de todas
(...)

Felipe: que papel a consciência teria tido nos primeiros 300 mil anos do universo ?
--
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Offline FZapp

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #120 Online: 27 de Janeiro de 2014, 00:53:36 »
Buck, se você mistura piadas com comentários sérios fica difícil de saber quando é um ou outro!

Embora neste caso tenha certeza de estar de zoação, he...

Por outro lado, tenho entendido que você seria biólogo, correto?
--
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Offline AlienígenA

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #122 Online: 27 de Janeiro de 2014, 01:41:36 »
Que no entanto é a coisa mais parcimoniosa a ser assumida, em comparação a qualia* estarem em qualquer outro lugar.



* ou qualquer que seja terminologia preferida para "o aspecto das coisas tal como se apresentam para as pessoas".

Ás vezes acho, ACHO, que o Felipe está adotando um significado diferente para qualia, por falta de termo melhor - mais próximo do significado que minha filha adotou somente para desenvolver o raciocínio. Como se na ausência do termo fotografia (supondo que você não soubesse o que é uma fotografia), ele estivesse tentando descrever uma fotografia a partir de um filme. Sem relação com subjetividade, mas com uma "percepção" mecânica, como a "percepção" de uma máquina fotográfica. Outras vezes não tenho muita certeza.

Offline Gigaview

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #123 Online: 30 de Janeiro de 2014, 21:37:34 »
Estou pensando aqui se essas discussões trans-tópicos sobre o quale sejam o indício, ainda que tênue, de que o fórum está se tornando auto-consciente.
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Offline Gabarito

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Re:A Consciência como Entidade Fundamental da Realidade
« Resposta #124 Online: 30 de Janeiro de 2014, 21:39:29 »
Estou pensando aqui se essas discussões trans-tópicos sobre o quale sejam o indício, ainda que tênue, de que o fórum está se tornando auto-consciente.

 :histeria:

 

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