Autor Tópico: No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)  (Lida 8663 vezes)

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Offline Sergiomgbr

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #225 Online: 04 de Dezembro de 2018, 12:41:04 »
E o que seria isso de "consenso científico"? No máximo se pode falar em consenso entre "cientistas"(pessoas que especulam sobre fatos, pois cientista mesmo é quem produz ciência, aumentando a empiria), que no caso não significa porcaria nenhuma.


Consenso científico

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Consenso científico é o julgamento, posição e opinião colectivas da comunidade científica num campo particular da ciência num dado tempo. Consenso científico não é por si só um argumento científico, e não faz parte do método científico; no entanto, o conteúdo do consenso pode por ele mesmo ser baseado tanto em argumentos científicos como no próprio método.[1]


https://pt.wikipedia.org/wiki/Consenso_cient%C3%ADfico
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Até onde eu sei eu não sei.

Offline JJ

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #226 Online: 04 de Dezembro de 2018, 12:47:14 »
E o que seria isso de "consenso científico"? No máximo se pode falar em consenso entre "cientistas"(pessoas que especulam sobre fatos, pois cientista mesmo é quem produz ciência, aumentando a empiria), que no caso não significa porcaria nenhuma.


Consenso científico

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Consenso científico é o julgamento, posição e opinião colectivas da comunidade científica num campo particular da ciência num dado tempo. Consenso científico não é por si só um argumento científico, e não faz parte do método científico; no entanto, o conteúdo do consenso pode por ele mesmo ser baseado tanto em argumentos científicos como no próprio método.[1]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Consenso_cient%C3%ADfico


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Offline Muad'Dib

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #227 Online: 04 de Dezembro de 2018, 12:52:48 »
Você continua descartando o consenso científico com base em um "previsões são sempre furadas e o homem criará tecnologia para lidar com a situação" que soa quase religioso. Além de não acreditar nas consequências do Aguecimento Global, você ainda descarta toda a questão do processo de extinção de espécies que nós estamos vivendo no momento e que é causada por nosso modelo de sociedade.



Qual consenso científico? A pesquisa em 2008 entre climatologistas que mencionei mostra que não há consenso científico algum quanto a capacidade de prever as temperaturas globais e determinar outros possíveis efeitos da mudança climática. Pelo contrário, como norma, os climatologistas são céticos em relação aos modelos de computador que tentam prever o que acontecerá daqui a décadas.

A questão de duvidar da capacidade de prever é diferente da opinião sobre tomar providências quanto às possíveis consequências. Mesmo uma probabilidade baixa de catástrofe climática já seria razão suficiente para se adotar o Princípio de Precaução. Só que as melancias já adotaram o discurso: a nossa capacidade de prever precisamente o clima de longo prazo não é incerta, podemos prever que as providências necessárias não serão tomadas pelo setor público e pelo setor privado (como as decisões que envolvem a produção dos carros elétricos), sendo assim, o capitalismo vai ruir.

Nós podemos ver claramente que as providências necessárias não estão sendo tomadas pelo setor público e privado. A questão ambiental não está sendo considerada, nem de relance, com a seriedade que precisa.

Certo, talvez o problema não seja o capitalismo. Talvez o que precise ruir é o consumismo.

Dá para diferenciar um do outro?

Offline Sergiomgbr

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #228 Online: 04 de Dezembro de 2018, 12:56:22 »
E o que seria isso de "consenso científico"? No máximo se pode falar em consenso entre "cientistas"(pessoas que especulam sobre fatos, pois cientista mesmo é quem produz ciência, aumentando a empiria), que no caso não significa porcaria nenhuma.


Consenso científico

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Consenso científico é o julgamento, posição e opinião colectivas da comunidade científica num campo particular da ciência num dado tempo. Consenso científico não é por si só um argumento científico, e não faz parte do método científico; no entanto, o conteúdo do consenso pode por ele mesmo ser baseado tanto em argumentos científicos como no próprio método.[1]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Consenso_cient%C3%ADfico


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Não tem nada de relativismo pós moderno aí.
Uau! Estás dizendo que  popperianismo, e "método científico" não são relativismo pós moderno?
« Última modificação: 04 de Dezembro de 2018, 13:03:27 por Sergiomgbr »
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Offline -Huxley-

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #229 Online: 04 de Dezembro de 2018, 14:09:33 »
Você continua descartando o consenso científico com base em um "previsões são sempre furadas e o homem criará tecnologia para lidar com a situação" que soa quase religioso. Além de não acreditar nas consequências do Aguecimento Global, você ainda descarta toda a questão do processo de extinção de espécies que nós estamos vivendo no momento e que é causada por nosso modelo de sociedade.



Qual consenso científico? A pesquisa em 2008 entre climatologistas que mencionei mostra que não há consenso científico algum quanto a capacidade de prever as temperaturas globais e determinar outros possíveis efeitos da mudança climática. Pelo contrário, como norma, os climatologistas são céticos em relação aos modelos de computador que tentam prever o que acontecerá daqui a décadas.

A questão de duvidar da capacidade de prever é diferente da opinião sobre tomar providências quanto às possíveis consequências. Mesmo uma probabilidade baixa de catástrofe climática já seria razão suficiente para se adotar o Princípio de Precaução. Só que as melancias já adotaram o discurso: a nossa capacidade de prever precisamente o clima de longo prazo não é incerta, podemos prever que as providências necessárias não serão tomadas pelo setor público e pelo setor privado (como as decisões que envolvem a produção dos carros elétricos), sendo assim, o capitalismo vai ruir.

Nós podemos ver claramente que as providências necessárias não estão sendo tomadas pelo setor público e privado. A questão ambiental não está sendo considerada, nem de relance, com a seriedade que precisa.

Certo, talvez o problema não seja o capitalismo. Talvez o que precise ruir é o consumismo.

Dá para diferenciar um do outro?

Consumismo não vai e nem deve ruir. Quem quer a volta do primitivismo não consumista deve amar a pobreza e odiar a fartura.

Nada de relevante tem sido feito na questão ambiental? Segundo Peter Diamandis na sua palestra na TED Talks, o custo de alimento, eletricidade, transporte e comunicação diminuiu de 10 a 1.000 vezes nos últimos 100 anos. Imagine o impacto ambiental sem todos esses avanços. Elon Musk tem investido em fontes de energia alternativas com suas empresas, Richard Branson e Bill Gates têm investido na produção de carne artificial. Países desenvolvidos já tem histórico de despoluirem grandes rios, como o Tâmisa.
« Última modificação: 04 de Dezembro de 2018, 15:39:08 por -Huxley- »

Offline -Huxley-

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #230 Online: 04 de Dezembro de 2018, 14:26:19 »
E o que seria isso de "consenso científico"? No máximo se pode falar em consenso entre "cientistas"(pessoas que especulam sobre fatos, pois cientista mesmo é quem produz ciência, aumentando a empiria), que no caso não significa porcaria nenhuma.


Consenso científico

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Consenso científico é o julgamento, posição e opinião colectivas da comunidade científica num campo particular da ciência num dado tempo. Consenso científico não é por si só um argumento científico, e não faz parte do método científico; no entanto, o conteúdo do consenso pode por ele mesmo ser baseado tanto em argumentos científicos como no próprio método.[1]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Consenso_cient%C3%ADfico


Mais desse infernal relativismo pós moderno?


Não tem nada de relativismo pós moderno aí.
Uau! Estás dizendo que  popperianismo, e "método científico" não são relativismo pós moderno?

Não existe essa coisa de consenso científico. O que existe é consenso acadêmico. Um crença pode ser não científica embora todos da academia concordem com ela. Uma crença pode ser científica embora ninguém na academia acredite nela. O conhecimento científico é objetivo, não depende de crenças de pessoas particulares.
« Última modificação: 04 de Dezembro de 2018, 14:30:19 por -Huxley- »

Offline Sergiomgbr

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #231 Online: 04 de Dezembro de 2018, 15:04:16 »
 Isso ai, básico do básico.
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Offline JJ

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #232 Online: 04 de Dezembro de 2018, 16:22:40 »
Errados.

A ideia de objetividade no conhecimento científico está relacionada a não ocorrência (ou pelo menos minimização) de juízos de valores  (certo/errado, bom/mau, tem a ver com gostos e/ou julgamentos éticos), e não a independência de crenças  de grupos de pessoas (no caso de especialistas da área), e independência  da avaliação da veracidade e/ou validade em termos de valores lógicos (se tal proposição é falsa ou verdadeira, se tal conclusão é válida, se tal teoria é uma boa teoria  científica, e coisas semelhantes).  Existe, sim, dependência da avaliação feita por  grupos de pessoas especialistas da área  (ou no caso de meros cálculos, podemos ter a dependência de programas computacionais, que afinal de contas foram feitos e testados feitos por especialistas da área).

Só poderemos falar em independência de grupos de especialistas de determinada área, caso se faça uma IA suficientemente poderosa (e realmente independente de pessoas para que funcione), e mesmo assim, preferencialmente, essa teoria terá que ser compreendida pela comunidade humana de especialistas.

Caso contrário, uma teoria atualmente é e será considerada  como boa teoria científica a partir da concordância da maioria da comunidade científica que atua na área.

Não existe essa história de teoria  científica que  preste  e que dispense o reconhecimento da maioria da comunidade de especialistas científicos da área.


Isso que vocês estão afirmando é total nonsense.


 
« Última modificação: 04 de Dezembro de 2018, 16:45:26 por JJ »

Offline JJ

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #233 Online: 04 de Dezembro de 2018, 16:40:28 »



Um adendo para esclarecer. Uma boa teoria científica não depende e nem deve depender de juízos de valores de grupos de pessoas  (seja de grupos de cientistas ou não), mas uma boa teoria científica depende sim, e muito,  de juízos de fato da comunidade científica de especialistas da área.  Em determinado momento histórico uma teoria será considerada como boa teoria científica se a maioria dos especialistas da área a considerarem como tal, a partir das avaliações, dos juízos de fato, que essa comunidade fizer.


Offline -Huxley-

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #234 Online: 04 de Dezembro de 2018, 17:36:03 »



Um adendo para esclarecer. Uma boa teoria científica não depende e nem deve depender de juízos de valores de grupos de pessoas  (seja de grupos de cientistas ou não), mas uma boa teoria científica depende sim, e muito,  de juízos de fato da comunidade científica de especialistas da área.  Em determinado momento histórico uma teoria será considerada como boa teoria científica se a maioria dos especialistas da área a considerarem como tal, a partir das avaliações, dos juízos de fato, que essa comunidade fizer.



Se o conhecimento dependesse do que está no sujeito, então seria subjetivo e não objetivo. O objeto do estudo não são as crenças dos sujeitos cientistas. A verdade científica está no objeto, daí o nome objetivismo.

A interdependência das disciplinas não afeta a conclusão. Como mostra a tese de Duhem, um cientista não precisa testar todas as hipóteses de fundo quando trata do objeto de sua especialidade, pois os enunciados de observação de uma teoria da área de sua especialidade já embutem testes indiretos das hipóteses de fundo. Portanto, um cientista acredita num modelo que é um grupo de hipóteses que é uma aproximação da verdade. Ele não precisa confiar em um especialista de outra disciplina para ter evidências de que uma teoria de sua área de sua especialidade é verdadeira.
« Última modificação: 04 de Dezembro de 2018, 17:40:27 por -Huxley- »

Offline Muad'Dib

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #235 Online: 04 de Dezembro de 2018, 18:15:25 »
Você continua descartando o consenso científico com base em um "previsões são sempre furadas e o homem criará tecnologia para lidar com a situação" que soa quase religioso. Além de não acreditar nas consequências do Aguecimento Global, você ainda descarta toda a questão do processo de extinção de espécies que nós estamos vivendo no momento e que é causada por nosso modelo de sociedade.



Qual consenso científico? A pesquisa em 2008 entre climatologistas que mencionei mostra que não há consenso científico algum quanto a capacidade de prever as temperaturas globais e determinar outros possíveis efeitos da mudança climática. Pelo contrário, como norma, os climatologistas são céticos em relação aos modelos de computador que tentam prever o que acontecerá daqui a décadas.

A questão de duvidar da capacidade de prever é diferente da opinião sobre tomar providências quanto às possíveis consequências. Mesmo uma probabilidade baixa de catástrofe climática já seria razão suficiente para se adotar o Princípio de Precaução. Só que as melancias já adotaram o discurso: a nossa capacidade de prever precisamente o clima de longo prazo não é incerta, podemos prever que as providências necessárias não serão tomadas pelo setor público e pelo setor privado (como as decisões que envolvem a produção dos carros elétricos), sendo assim, o capitalismo vai ruir.

Nós podemos ver claramente que as providências necessárias não estão sendo tomadas pelo setor público e privado. A questão ambiental não está sendo considerada, nem de relance, com a seriedade que precisa.

Certo, talvez o problema não seja o capitalismo. Talvez o que precise ruir é o consumismo.

Dá para diferenciar um do outro?

Consumismo não vai e nem deve ruir. Quem quer a volta do primitivismo não consumista deve amar a pobreza e odiar a fartura.

Nada de relevante tem sido feito na questão ambiental? Segundo Peter Diamandis na sua palestra na TED Talks, o custo de alimento, eletricidade, transporte e comunicação diminuiu de 10 a 1.000 vezes nos últimos 100 anos. Imagine o impacto ambiental sem todos esses avanços. Elon Musk tem investido em fontes de energia alternativas com suas empresas, Richard Branson e Bill Gates têm investido na produção de carne artificial. Países desenvolvidos já tem histórico de despoluirem grandes rios, como o Tâmisa.

Não quero a volta do primitivismo. Eu sou um entusiasta da ciência como todos aqui. Acho inacreditavelmente maravilhoso ouvir falar sobre coisas como ondas gravitacionais, inteligência artificial e robôs realizando cirurgias com precisão assombrosa. Não é isso que eu gostaria de eliminar. Considero que a mentalidade consumista (um consumismo fútil) esta sim diretamente ligada com a situação de destruição do meio ambiente que vivemos.

Eu considero a sua análise sobre a situação feita neste seu post totalmente falha. Se não tivesse havido toda essa diminuição no custo da energia (ou melhor dizendo, o petróleo que é energia solar concentrada) não teria havido o boom populacional que temos hoje. A questão é que houve esse domínio, por assim dizer, de uma fonte de energia abundante pelo homem, esse domínio fez com que a população explodisse no século XX, o modelo de sociedade que essa população se baseia é um modelo que necessita que essa população faça um consumo de bens altamente irracional e esse modelo não permite uma regeneração do planeta.

Não dá! O planeta é finito. O capitalismo consumista parte do pressuposto que pode-se crescer infinitamente. O que é um absurdo. E não é somente isso, se houver uma crise como a que ocorreu em 2008 hoje os países não terão como "socializar" o custo como foi feito. Não há dinheiro para isso. E ai vai haver uma ruptura no sistema para a qual a sociedade não está preparada. Se o sistema ruir será Madmax.

E as ações como a carne artificial e despoluição são tão pontuais que chegam a ser só uma curiosidade sociológica. Não há um movimento social visando mudanças necessárias. O que há são tentativas de se manter as coisas como estão. Os negacionistas do aquecimento global venceram a guerra contra o bom senso quando o Trump ganhou a eleição. No Brasil o movimento é o mesmo. A China não tem muita preocupação com o meio ambiente.

Qual seria a gênese do problema ambiental na sua opinião?

Offline Sergiomgbr

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #236 Online: 04 de Dezembro de 2018, 19:41:53 »
Um possível boom populacional se deveu mais ao fato de menor taxa de mortalidade e maiores taxas de natalidade por causa dos avanços na medicina e na saúde do que por qualquer outra razão.
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Offline -Huxley-

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #237 Online: 04 de Dezembro de 2018, 22:57:53 »
Você continua descartando o consenso científico com base em um "previsões são sempre furadas e o homem criará tecnologia para lidar com a situação" que soa quase religioso. Além de não acreditar nas consequências do Aguecimento Global, você ainda descarta toda a questão do processo de extinção de espécies que nós estamos vivendo no momento e que é causada por nosso modelo de sociedade.



Qual consenso científico? A pesquisa em 2008 entre climatologistas que mencionei mostra que não há consenso científico algum quanto a capacidade de prever as temperaturas globais e determinar outros possíveis efeitos da mudança climática. Pelo contrário, como norma, os climatologistas são céticos em relação aos modelos de computador que tentam prever o que acontecerá daqui a décadas.

A questão de duvidar da capacidade de prever é diferente da opinião sobre tomar providências quanto às possíveis consequências. Mesmo uma probabilidade baixa de catástrofe climática já seria razão suficiente para se adotar o Princípio de Precaução. Só que as melancias já adotaram o discurso: a nossa capacidade de prever precisamente o clima de longo prazo não é incerta, podemos prever que as providências necessárias não serão tomadas pelo setor público e pelo setor privado (como as decisões que envolvem a produção dos carros elétricos), sendo assim, o capitalismo vai ruir.

Nós podemos ver claramente que as providências necessárias não estão sendo tomadas pelo setor público e privado. A questão ambiental não está sendo considerada, nem de relance, com a seriedade que precisa.

Certo, talvez o problema não seja o capitalismo. Talvez o que precise ruir é o consumismo.

Dá para diferenciar um do outro?

Consumismo não vai e nem deve ruir. Quem quer a volta do primitivismo não consumista deve amar a pobreza e odiar a fartura.

Nada de relevante tem sido feito na questão ambiental? Segundo Peter Diamandis na sua palestra na TED Talks, o custo de alimento, eletricidade, transporte e comunicação diminuiu de 10 a 1.000 vezes nos últimos 100 anos. Imagine o impacto ambiental sem todos esses avanços. Elon Musk tem investido em fontes de energia alternativas com suas empresas, Richard Branson e Bill Gates têm investido na produção de carne artificial. Países desenvolvidos já tem histórico de despoluirem grandes rios, como o Tâmisa.

Não quero a volta do primitivismo. Eu sou um entusiasta da ciência como todos aqui. Acho inacreditavelmente maravilhoso ouvir falar sobre coisas como ondas gravitacionais, inteligência artificial e robôs realizando cirurgias com precisão assombrosa. Não é isso que eu gostaria de eliminar. Considero que a mentalidade consumista (um consumismo fútil) esta sim diretamente ligada com a situação de destruição do meio ambiente que vivemos.

Eu considero a sua análise sobre a situação feita neste seu post totalmente falha. Se não tivesse havido toda essa diminuição no custo da energia (ou melhor dizendo, o petróleo que é energia solar concentrada) não teria havido o boom populacional que temos hoje. A questão é que houve esse domínio, por assim dizer, de uma fonte de energia abundante pelo homem, esse domínio fez com que a população explodisse no século XX, o modelo de sociedade que essa população se baseia é um modelo que necessita que essa população faça um consumo de bens altamente irracional e esse modelo não permite uma regeneração do planeta.

Não dá! O planeta é finito. O capitalismo consumista parte do pressuposto que pode-se crescer infinitamente. O que é um absurdo. E não é somente isso, se houver uma crise como a que ocorreu em 2008 hoje os países não terão como "socializar" o custo como foi feito. Não há dinheiro para isso. E ai vai haver uma ruptura no sistema para a qual a sociedade não está preparada. Se o sistema ruir será Madmax.

E as ações como a carne artificial e despoluição são tão pontuais que chegam a ser só uma curiosidade sociológica. Não há um movimento social visando mudanças necessárias. O que há são tentativas de se manter as coisas como estão. Os negacionistas do aquecimento global venceram a guerra contra o bom senso quando o Trump ganhou a eleição. No Brasil o movimento é o mesmo. A China não tem muita preocupação com o meio ambiente.

Qual seria a gênese do problema ambiental na sua opinião?

A maior parte do consumo não é fútil, no máximo ele é supérfluo. Mesmo nesse caso não há qualquer problema; nós vivemos para o supérfluo, não para o essencialmente vital.

A diminuição no custo de energia não foi, nem de longe, o principal fator do crescimento populacional. Melhoria nas condições de saúde diminuindo a taxa de mortalidade sem contrapartida proporcional na diminuição da taxa de natalidade foi muito mais importante.

Ademais, os países mais sustentáveis ambientalmente do mundo também estão no topo do ranking de consumo per capita de bens materiais e de baixo crescimento populacional:
https://www.suapesquisa.com/meio_ambiente/paises_mais_sustentaveis.htm

Sustentabilidade ambiental é coisa de gente rica e consumista.
« Última modificação: 04 de Dezembro de 2018, 23:00:29 por -Huxley- »

Offline Cinzu

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #238 Online: 02 de Junho de 2019, 13:32:07 »
Existem produtos que duram mais, mas custam mais, e ninguém quer pagar mais. Só que muitos não percebem que pagar mais barato por um produto inferior custa mais num intervalo de tempo maior.

Toda essa ideia de indústrias capitalistas cooperando entre si para estimularem o consumismo desenfreado soa muito teoria da conspiração.

Em muitos casos trata-se apenas de uma situação de mercado decorrente de escolhas involuntárias dos próprios consumidores. Produtos que duram mais requerem maior custo de produção, o que obviamente impacta no preço de vendas.
O preço do produto, junto a qualidades estéticas ou de julgamento subjetivo, que não requerem análises mais minuciosas (como um estudo de custo x benefício por exemplo), acabam por serem os fatores predominantes que levam os usuários a adquirirem determinado produto. Daniel Kahneman aborda sobre isso, dizendo que os impulsos dos indivíduos levam a tomadas de decisões menos racionais.
Com isso, acaba por não ser vantajoso para determinadas indústrias a fabricação de produtos que duram mais.
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar"

Offline Buckaroo Banzai

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #239 Online: 02 de Junho de 2019, 17:28:08 »

Toda essa ideia de indústrias capitalistas cooperando entre si para estimularem o consumismo desenfreado soa muito teoria da conspiração.

Em muitos casos trata-se apenas de uma situação de mercado decorrente de escolhas involuntárias dos próprios consumidores. Produtos que duram mais requerem maior custo de produção, o que obviamente impacta no preço de vendas.

Mas também calha de ser vantajoso (em curto prazo ao menos) aos negócios estimular níveis de consumo em última instância insustentáveis.

Não implica em vastas conspirações impedindo um cenário meio "paradisíaco" onde você compra alguns ítens e nunca mais precisa substituir ou reparar, mas tem todo o aspecto de lobbies e astroturfing que vai de fato bem na direção de "conspiração malévola," apenas não é um controle total.

Para empresas de combustíveis fósseis por exemplo, pode ser interessante fazer lobby para subsídios a elas e contra energias limpas.












Ademais, os países mais sustentáveis ambientalmente do mundo também estão no topo do ranking de consumo per capita de bens materiais e de baixo crescimento populacional:
https://www.suapesquisa.com/meio_ambiente/paises_mais_sustentaveis.htm

Sustentabilidade ambiental é coisa de gente rica e consumista.

Não sei se esse ranking é um resumo suficiente da coisa:



https://www.eea.europa.eu/data-and-maps/figures/correlation-of-ecological-footprint-2008

Offline Cinzu

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #240 Online: 02 de Junho de 2019, 19:51:36 »
Citar
O Mito da Obsolescência Programada

A Obsolescência Programada é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar e distribuir um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não funcional especificamente para forçar (como se alguém fosse obrigado a algo) o consumidor a comprar a nova geração dele. A lógica simplista desse processo está diretamente ligada ao processo de liquidez (entenda o conceito) onde o lucro supostamente seria maximizado a partir da marginalização dos consumidores diretos, exploração gradual da mão de obra e do aprimoramento de tecnologias para baratear os custos de produção (Mais-Valia), removendo os "direitos trabalhistas" em seguida. Aqui refutarei completamente esse conceito, boa leitura!

Os setores eletrodoméstico, eletroeletrônico e automobilístico são severamente atacados pela academia no que tange o tema obsolescência programada, quem nunca se estressou com a pressão de comprar novos produtos somente por causa de uma necessidade ínfima? A bateria do celular possui um modelo único e pifou, as recargas dos cartuchos de tinta das impressoras estão impraticáveis pela indisponibilidade das lojas, o computador possui um novo sistema operacional que não deixa você utilizá-lo por causa dos pré-requisitos da CPU, e a geladeira de hoje não chega nem perto da duração das antigas?

Pasmem, esses casos típicos são impressões advindas de erros ou consequências das gestões das empresas; são falhas de logística, marketing e análises econômico-históricas por todos os lados porque a obsolescência programada não existe. De acordo com a clássica lei da oferta e alguns outros conceitos práticos, ao entendermos a fabricação de uma peça produzida unicamente para um determinado produto, podemos notar que a oferta dela se encontra muito baixa no mercado e a demanda varia pouco com a qualidade & durabilidade, pressionando a necessidade de oferta para a esquerda, o que a encarece naturalmente. Veja os gráficos modelo:


Imagem 1: No caso, o que ocorre é o aumento do preço dos insumos. O aumento na quantidade disponível de insumos (segundo caso) ocorre majoritariamente por avanços tecnológicos, acelerando a demanda e a produção.

Exemplificação: Para quê eu colocarei cartuchos de impressora a laser nas lojas de informática se a procura deles é baixa em comparação às de tinta? Um escritório de médio porte consegue sobreviver mais de um ano sem trocá-los e, para o vendedor, não vale a pena custear toda a produção se eles acumularão poeira nas prateleiras se exageradamente disponibilizados. Então o preço do material (cartuchos de impressora a laser) em questão será alto porque os custos dos recursos físicos (material e maquinário), mão de obra e a baixa demanda não forçam a queda de valor desejada a ponto de ser mais vantajoso adquirir um aparelho "zero km e versão 2.0" ou uma impressora a tinta (substituto), juntando-se essa vontade de consumo aos avanços tecnológicos que aumentam e qualificam as vendas entre a compra inicial e o descarte do produto.

Se alguém quiser forçar o consumo de insumos e serviços do cenário citado acima, todos os custos tenderão a ser atribuídos diretamente ao consumidor individual que precisará dele pontualmente, e não a grande maioria dos consumidores que sustenta a fabricante pelo poder de barganha, levando ao aumento da oferta (deslocamento para a direita, segundo caso). Sendo a oferta menor que a demanda crescente de um público pequeno, quando você tenta adquirir uma peça "rara", a tendência é que você pague pela exclusividade o atendimento inteiro - por isso que os serviços mais caros são os mais exclusivos. O raro dura mais e é mais caro por causa dos custos de produção e mantimento que serão atribuídos diretamente a você, caro leitor, incluindo a ganância do marketing para explorar o seu perfil de consumo.



É inevitável o desgaste dos produtos e serviços com o tempo, a famosa validade, pois eles perdem valor, a utilidade e a qualidade se não forem renovados com base no ciclo de vida do produto. O fato de ser caro manter um sistema de suporte que é pouco consumido (ao menos inicialmente), haver uma competitividade gradual durante as últimas décadas e a tecnologia melhorar o padrão de vida e consumo da população mundial dá a impressão que os vendedores repõem produtos no mercado com tamanha velocidade de propósito com a obsolescência programada para vender mais. Na verdade isso é um constante processo de aprimoramento das falhas de logística que implica em marketing, progredindo em rumo ao desenvolvimento das vendas de uma organização e qualidade dos seus serviços e produtos para se liderar mercados.

O consumidor comum é quem não acompanha tantos avanços com facilidade, algo que o setor de marketing deveria considerar de fato - nossos empreendedores devem decidir qual é o limite do preço com a qualidade necessária que não faça o consumidor entrar nas lojas antes da hora certa por defeitos no equipamento, por exemplo, e não pensar feito desonestos acadêmicos a fazê-los de propósito, senão a falência vai bater a porta. Se considerarmos que as empresas querem vender o máximo de bens de consumo com custos mínimos, elas querem eficiência, ganhar da concorrência pela "Qualidade x Preço" e não te enganar para tomar um processo judicial nas costas. Em outras palavras, o empresário diminuir a validade de um produto de propósito dá espaço para a concorrência liderar o mercado no médio prazo, por mais que a GAP entre as marcas seja absurda.

A durabilidade aparente dos produtos atuais é menor porque a utilização de recursos naturais é menor e mais eficiente, comparem o nível de consumo de energia e combustível das geladeiras e carros respectivamente - os equipamentos suportavam mais danos físicos e eram caros pelo excessivo uso de matérias-primas, em contrapartida os custos de mantimento são ineficientes pela sua grandeza. Além disso, sabe-se que a validade e as utilidades de produtos e serviços vêm aumentando com os avanços tecnológicos, sendo apenas o consumismo um fator de real preocupação da sociedade moderna.

Os danos ao meio ambiente são menores pela mesma qualidade de vida no capitalismo do que em qualquer outro sistema por não propagar a escassez e superexploração do planeta pela mera necessidade de redistribuição de renda, mas o consumo aumentou porque a humanidade cresceu exponencialmente sem planejamento familiar e possui muito mais poder de compra ao longo das décadas sem preocupação política à natureza até meados dos anos 90. Novamente, a obsolescência programada é um mito que muita gente reproduz por motivos ideológicos, na verdade a ideia de que deveríamos consumir menos via coerção do Estado e preservar materiais antigos ineficientes são uma completa afronta contra a sustentabilidade do ser humano no planeta.

Toda vez que você, caro leitor, procurar sobre o assunto, poderá encontrar documentários e artigos sobre os casos das invenções que durariam mais e melhor, em tese, se não fossem as intervenções de grandes Corporações. Esse fenômeno é comumente associado ao processo de globalização, sendo o seu início vinculado à Grande Depressão de 1929. Durante a profunda crise econômica que marcou esse período, diante de um mercado consumidor impotente, observou-se que havia muitos produtos industrializados em estoque e que não eram comercializados, diminuindo o lucro das empresas, aumentando o desemprego e, consequentemente, reduzindo ainda mais o consumo para aumentar a crise. Entretanto, isso foi uma superprodução que poderia ser evitada da mesma maneira em todas as crises contemporâneas, partindo-se da brasileira, se os investidores não sofressem intervenções do Estado para produzir cada vez mais a fim de manter empregos que não deveriam existir via crédito inflacionário. A culpa é do governo como podemos averiguar no vídeo abaixo:


Em condições normais, os preços deveriam diminuir para alavancar as vendas, mas certas entidades preferiam resolver a crise diminuindo a qualidade de vida da população com a perseguição de concorrentes melhores via poder físico, de influência ou pela compra e engavetamento de patentes - não é preciso dizer que essa prática, além de criminosa, não se sustenta por tanto tempo porque avanços tecnológicos e a liberdade são inevitáveis, quanto mais a falência em tentar limitá-las.

Sempre que há uma recessão no mercado, o empreendedor surge como a luz no fim do túnel: veja o mercado secundário de Iphones por exemplo. Já que os celulares são melhores e duram mais, as empresas somente fazem novas linhas todos os anos para garantir um bom marketing share, todavia, para o consumidor, o que importa é ter um bom produto funcionando; por que não comprar um usado? O poder do consumidor é o que realmente importa na sociedade contemporânea, por mais que tentem retirar essa liberdade dos cidadãos com o aumento da coerção estatal, sempre haverá uma concorrência, inclusive internacional, em ascensão pronta para quebrar Oligopólios a comprovar que Obsolescência Programada, mesmo se existisse, não funcionaria.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #241 Online: 03 de Junho de 2019, 12:22:25 »
Acho que deve ser praticamente tão errado confundir baixa vida útil de ítens com obsolescência programada (de modelo) quanto dizer que isso "não existe."

As empresas tem dentro dos seus planos manter todos seus produtos continuamente em linha de produção? Se não, tem algum momento em que eles programam que um produto sai fora de linha? Se sim, como isso não é obsolescência programada?

Só talvez no caso de empresas que apenas avaliem que a diversidade de produtos não vale tanto a pena quanto se focar mais em alguns, e então saírem de linha talvez possa se dizer não ter nada a ver com obsolescência, podendo até afetar um produto recém-lançado.

Mas é distinto admitir que isso exista e que seja uma "conspiração" para vender mais.



Isso de "na verdade a iniciativa privada sempre traz o que é ótimo, e tudo que houver de moralmente questionável só pode ser atribuído ao estado" também é só mantra religioso. Concorrência aperfeiçoa ao mercado, mas não é o interesse do capitalista em si. De modo geral será lucrativo atender melhor ao consumidor, mas o contrário também ocorre. Não é só o gasto estatal que pode ser questionável no que concerne à eficiência de entrega de um serviço ou produto, ou qualquer outro aspecto de como é empregado nos bastidores.

Offline Cinzu

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #242 Online: 03 de Junho de 2019, 13:22:27 »
As empresas tem dentro dos seus planos manter todos seus produtos continuamente em linha de produção? Se não, tem algum momento em que eles programam que um produto sai fora de linha? Se sim, como isso não é obsolescência programada?

O que planejar a linha de produção de determinado produto tem a ver com planejar a vida útil deles, ou seja, o quanto eles vão durar após o consumidor ter adquirido?

Só talvez no caso de empresas que apenas avaliem que a diversidade de produtos não vale tanto a pena quanto se focar mais em alguns, e então saírem de linha talvez possa se dizer não ter nada a ver com obsolescência, podendo até afetar um produto recém-lançado.

Mas é distinto admitir que isso exista e que seja uma "conspiração" para vender mais.

Mas obsolescência programada é, por definição, justamente "a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar, distribuir e vender um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto."

Se o mercado não é monopolista/oligopolista, então o consumir não é forçado a nada. Não há garantias de que ele vá trocar o produto da marca X por outro da marca X. Pelo contrário, se a empresa X propositadamente diminuiu a qualidade do produto, a tendência é o consumidor buscar produtos da marca Y, Z, W, que sejam superiores aos da marca X.

Agora, se o motivo é outro, como você bem descreveu e que o texto trata, como questões de logística, custo de produção, viabilidade técnica, etc, então não é obsolescência programada.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #243 Online: 03 de Junho de 2019, 13:55:30 »
As empresas tem dentro dos seus planos manter todos seus produtos continuamente em linha de produção? Se não, tem algum momento em que eles programam que um produto sai fora de linha? Se sim, como isso não é obsolescência programada?

O que planejar a linha de produção de determinado produto tem a ver com planejar a vida útil deles, ou seja, o quanto eles vão durar após o consumidor ter adquirido?

Praticamente nada. Obsolescência não tem nada a ver com vida útil de produtos individuais.



Só talvez no caso de empresas que apenas avaliem que a diversidade de produtos não vale tanto a pena quanto se focar mais em alguns, e então saírem de linha talvez possa se dizer não ter nada a ver com obsolescência, podendo até afetar um produto recém-lançado.

Mas é distinto admitir que isso exista e que seja uma "conspiração" para vender mais.

Mas obsolescência programada é, por definição, justamente "a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar, distribuir e vender um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto."

Acho que isso é a definição da "teoria de conspiração" de obsolescência programada, e não o que realmente é, simplesmente programar encerrar linhas de produção conforme for mais lucrativo, mesmo que isso não "force o consumidor" a comprar uma nova geração.

O texto mesmo não diz algo nas linhas de que, a produtividade é limitada, e a empresa pode ver como mais lucrativo produzir só o "2.0" e abandonar o "1.9," mesmo que essa produção vá se destinar majoritariamente a novos consumidores, não planejando "forçar" aos compradores do 1.9 jogarem-no fora e trocar pelo 2.0?

Pode até ocorrer um lock-in que force a essa compra, dependendo do produto (geralmente se houver um serviço mais "agregado," como praticamente se inutilizar o SO de um celular ou tablet com atualizações incompatíveis ou demasiadamente pesadas para hardware antigo), mas isso deve ser relativamente raro e longe de inerente à evolução natural dos modelos de qualquer coisa.

O que eu disse no trecho citado não implica em forçar o consumidor a comprar uma nova geração do fabricante, que pode simplesmente não existir mais. Fabricavam N dispositivos, passam a fabricar N - 20, abdicando de sua fatia de mercado nesses ítens.
 



Se o mercado não é monopolista/oligopolista, então o consumir não é forçado a nada. Não há garantias de que ele vá trocar o produto da marca X por outro da marca X. Pelo contrário, se a empresa X propositadamente diminuiu a qualidade do produto, a tendência é o consumidor buscar produtos da marca Y, Z, W, que sejam superiores aos da marca X.

Agora, se o motivo é outro, como você bem descreveu e que o texto trata, como questões de logística, custo de produção, viabilidade técnica, etc, então não é obsolescência programada.

Essa "obsolescência programada" nesse sentido "conspiratório" (segundo sentido conspiratório, porque o mais comum é só "produtos que quebram rápido para termos que comprar outro do mesmo modelo," sem cogitar um lock-in mais elaborado, ou exigir modelos novos, presumindo um ganho oligopolista/cartelista) talvez devesse ser chamada de outra forma, como "lock-in generacional" ou algo assim. Uma empresa simplesmente programar o fim/obsolescência de uma linha para concentrar os recursos num modelo mais avançado não é inerentemente nenhuma sacanagem com o consumidor, e acho que poderia ser chamado de "obsolescência programada" que também não traz inerentemente o significado de pilantragem. Assim como "neoliberalismo" não é inerentemente uma conspiração das elites globais para sugar o sangue dos pobres, apesar de ser muito usado dessa maneira.

Por outro lado é besteira querer "resgatar" os termos em si de significados quase canonizados pelo uso, para "obsolescência programada" não-conspiratória talvez possa se frasear simplesmente como "programação do fim da produção de modelos," muito embora quem veja nisso conspiração contra o consumidor vá dizer que é só um eufemismo.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #244 Online: 03 de Junho de 2019, 14:20:52 »
O artigo do El País é um primor de ignorância econômica. Os consumidores geralmente não querem bens não perecíveis que durem muito tempo. Se eles quisessem, não haveria problema algum em os fabricantes os produzirem, pois poderiam cobrar preços maiores.

Nao vejo um link causal entre o que está em negrito e o que vem depois. Eu aposto que diversos consumidores segurariam seus smartphones por anos a fio se nao houvessem problemas técnicos ou os aparelhos nao ficassem obsoletos por perderem o suporte conforme novas atualizacoes de sistema operacionais fossem chegando.

Nao me parece algo muito crível de que alguém compra o celular já pensando em trocar ele por outro em 2 ou 1 ano, quando pode permanecer com o celular antigo que possui todas as funcionalidades que aquela pessoa precisa por um longo tempo. Me parece mais algo inevitável de que as pessoas já esperam que seus aparelhos nao durem muito tempo e, dada a "necessidade" de se ter um celular, estes se organizem para substituí-los rapidamente.

O que as pessoas realmente queriam é que fosse tudo de graça E durasse para sempre (para eliminar também o custo de troca).

Vendo isso por "economia comportamental"/psicologia, provavelmente o que ocorre é mais uma combinação de "bugs" mentais e avaliações de custo/benefício que os próprios consumidores considerariam menos que ideais, motivadas por impulsividade ou pouca avaliação. Algo meio como juros e prestações menores totalizando algo bem maior, versus pagar "mais" de uma vez só.

Mas não podemos simplesmente considerar o que as pessoas fazem espontânea e livremente como sinônimo não qualificado do que elas "querem." Ou teríamos que dizer também que uma quantidade crescente de pessoas quer ser obesa.

Citar
https://www.pri.org/stories/2014-11-28/more-people-die-eating-too-much-not-eating-enough

More people die from eating too much than from not eating enough[...]

Offline Cinzu

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #245 Online: 03 de Junho de 2019, 14:36:40 »
Mas obsolescência programada é, por definição, justamente "a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar, distribuir e vender um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto."

Acho que isso é a definição da "teoria de conspiração" de obsolescência programada, e não o que realmente é, simplesmente programar encerrar linhas de produção conforme for mais lucrativo, mesmo que isso não "force o consumidor" a comprar uma nova geração.

Acho que isso é que poderia ser denominado de outra forma. Desconheço qualquer utilização do termo "obsolescência programada" que não seja este descrito. Qualquer busca pelo termo na internet levam a páginas que tratam exatamente da situação que descrevi, inclusive a que é utilizada no tópico:

Documentário sobre Obsolescência Programada, uma estratégia capitalista para incentivar o consumo e aumentar os lucros, ao custo da perda planejada da qualidade e durabilidade dos produtos, diminuindo programadamente (intencionalmente) a vida útil dos mesmos, o que vem levando por consequência ao descontentamento crescente dos consumidores, além do comprometimento da produção e do consumo sustentável.

Aliás, sequer faz sentido discutir o assunto de forma moral como algo perigoso à sociedade se este não passa apenas de um processo operacional de linhas de produção.
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Offline Cinzu

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #246 Online: 03 de Junho de 2019, 14:41:20 »
O que as pessoas realmente queriam é que fosse tudo de graça E durasse para sempre (para eliminar também o custo de troca).

Vendo isso por "economia comportamental"/psicologia, provavelmente o que ocorre é mais uma combinação de "bugs" mentais e avaliações de custo/benefício que os próprios consumidores considerariam menos que ideais, motivadas por impulsividade ou pouca avaliação. Algo meio como juros e prestações menores totalizando algo bem maior, versus pagar "mais" de uma vez só.

Mas não podemos simplesmente considerar o que as pessoas fazem espontânea e livremente como sinônimo não qualificado do que elas "querem." Ou teríamos que dizer também que uma quantidade crescente de pessoas quer ser obesa.

É exatamente este o ponto.

Em muitos casos trata-se apenas de uma situação de mercado decorrente de escolhas involuntárias dos próprios consumidores. Produtos que duram mais requerem maior custo de produção, o que obviamente impacta no preço de vendas.
O preço do produto, junto a qualidades estéticas ou de julgamento subjetivo, que não requerem análises mais minuciosas (como um estudo de custo x benefício por exemplo), acabam por serem os fatores predominantes que levam os usuários a adquirirem determinado produto. Daniel Kahneman aborda sobre isso, dizendo que os impulsos dos indivíduos levam a tomadas de decisões menos racionais.
Com isso, acaba por não ser vantajoso para determinadas indústrias a fabricação de produtos que duram mais.

Obviamente situações de monopólios, oligopólios e cartéis são exceções.
« Última modificação: 03 de Junho de 2019, 14:43:39 por Cinzu »
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar"

Offline Sergiomgbr

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #247 Online: 03 de Junho de 2019, 14:46:08 »
Quais produtos se pode dizer serem de fato produto de obsoletenscenciência planejada? Por que se não tiver pelo menos um exemplo fica parecendo aqueles tópicos tipicos de almas penadas e espíritos, não? Vale qualquer um que seja.
« Última modificação: 03 de Junho de 2019, 14:49:39 por Sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Pedro Reis

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #248 Online: 03 de Junho de 2019, 15:12:29 »
Sérgio, veja, no trecho negritado, um exemplo de obsolência programada que poderia ser chamado até de criminoso.

Citar
O que é obsolescência programada?
Trata-se de uma estratégia de empresas que programam o tempo de vida útil de seus produtos para que durem menos do que a tecnologia permite
Por Diego Garciaaccess_time 4 jul 2018, 20h18 - Publicado em 1 ago 2014, 19h00 chat_bubble_outline more_horiz
obsolescência programada



PERGUNTA Pedro Carvalho Couto Amorim, Montes Claros, MG

Trata-se de uma estratégia de empresas que programam o tempo de vida útil de seus produtos para que durem menos do que a tecnologia permite. Assim, eles se tornam ultrapassados em pouco tempo, motivando o consumidor a comprar um novo modelo. Os casos mais comuns ocorrem com eletrônicos, eletrodomésticos e automóveis. É algo relativamente novo: até a década de 20, as empresas desenhavam seus produtos para que durassem o máximo possível. A crise econômica de 1929 e a explosão do consumo em massa nos anos 50 mudaram a mentalidade e consagraram essa tática. Descubra como essa estratégia “secreta” dos fabricantes estimula consumo desenfreado.

1) Vida breve


Atualmente, a principal justificativa das empresas para criar novos modelos de um produto é o avanço da tecnologia. Mas há quem duvide dessa explicação. O iPad 4 foi lançado apenas sete meses após o 3, por exemplo. Será que houve mesmo tantos progressos em tão pouco tempo? Uma ONG brasileira ligada aos direitos do consumidor chegou a processar a Apple

2) Impacto ambiental

A troca regular de produtos aumenta a produção de lixo. E o lixo eletrônico contém metais pesados que podem contaminar o ambiente. Além disso, a obsolescência programada estimula a produção, o que gera mais gastos de energia e de matérias-primas, além da emissão de poluentes. Antes de trocar seu celular, pense bem: você realmente precisa de outro, só porque é novo? (Um designer holandês planeja lançar um celular modular: você só troca as partes que precisam ser atualizadas. Confira em phonebloks.com)

3) Na pista pra negócio

Hoje, há duas versões do fenômeno. Uma delas é a obsolescência percebida: o consumidor considera o produto que tem em casa “velho” porque novos modelos são lançados a toda hora. Você notou que, mesmo no início de 2015, já era possível comprar um carro versão 2016? Isso desvaloriza modelos anteriores e estimula a troca, mesmo que o veículo de 2015 ainda funcione bem


4) Uma ideia “brilhante”

O primeiro caso de obsolescência programada registrado é da década de 1920, quando fabricantes de lâmpadas da Europa e dos EUA decidiram, em comum acordo, diminuir a durabilidade de seus produtos de 2,5 mil horas de uso para apenas mil. Assim, as pessoas seriam forçadas a comprar o triplo de quantidade de lâmpadas para suprir a mesma necessidade de luz

5) Contagem regressiva

Outro tipo atual de obsolescência, a funcional, ocorre quando o produto tem sua vida útil abreviada de propósito. O documentário The Light Bulb Conspiracy traz o exemplo de um consumidor dos EUA cuja impressora parou de funcionar – e consertá-la sairia mais caro que comprar uma nova. Ele descobriu que o fabricante incluía um chip que causava a pane após certo número de impressões


Teoria da conspiração?

Para alguns, fenômeno não existe

Alguns especialistas refutam a existência da obsolescência programada. Para eles, os bens de consumo se tornam ultrapassados rapidamente pelo avanço da tecnologia – que dá saltos cada vez maiores. “Foi o caso dos primeiros computadores fabricados em grande escala. Os modelos 1.86 nem chegaram a existir, pois já estava em produção o modelo 2.86”, afirma o doutor em marketing Marcos Cortez Campomar, da USP

CONSULTORIA João Paulo Amaral, pesquisador do Instituto Brasileiro de Defesa ao Consumidor (Idec), Gisele da Silva Bonfim, bióloga, e Claudia Marques Rosa, bióloga

Citação de: Wikipedia
Obsolescência programada é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar, distribuir e vender um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto.[1] A obsolescência programada foi criada, na década de 1920, pelo então presidente da General Motors, Alfred P. Sloan. Ele procurou atrair os consumidores a trocar de frequentemente, tendo como apelo a mudança anual de modelos e acessórios.

Com o aumento da demanda de informações da rastreabilidade produtiva, por parte da sociedade, espera-se que esse comportamento, por parte dos produtores, seja revisto. Afinal, separar e reciclar resíduos talvez não seja tão inteligente quanto não produzi-lo[2].[3]


Índice
1   Histórico
2   Ver também
3   Ligações externas
4   Referências
Histórico
A obsolescência programada faz parte de um fenômeno industrial e mercadológico surgido nos países capitalistas nas décadas de 1930 e 1940 conhecido como "descartalização", e é nociva ao meio ambiente, sendo considerada uma estratégia não-sustentável. A obsolescência programada faz parte de uma estratégia de mercado que visa garantir um consumo constante através da insatisfação, de forma que os produtos que satisfazem as necessidades daqueles que os compram parem de funcionar ou tornem-se obsoletos em um curto espaço de tempo, tendo que ser obrigatoriamente substituídos de tempos em tempos por outros produtos mais modernos.[4]

Empresas desenvolvedoras de hardwares e softwares adotam essa estratégia de negócio em seus produtos e sistemas operacionais, integrando assim as suas pesquisas e a sua agenda de lançamentos, a um esforço de flexibilização e aumento capacidade de absorção do mercado consumidor.[5]

Inspirado na Centennial Bulb,[6] lâmpada que continua em funcionamento desde 1901, o espanhol Benito Muros, da SOP (Sem Obsolescência Programada)[7] desenvolveu uma lâmpada de longa durabilidade e recebeu ameaças por conta desta invenção.[8][9]

Abaixo um artigo do IDEC, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor sobre o problema da obsolêsncia programada.

Citar
Entenda o que é obsolescência programada
O desgaste natural dos produtos é normal. Porém, o produto ser “planejado” para parar de funcionar ou se tornarem obsoletos em um curto período de tempo é uma prática da indústria que deve ser combatida

OUTROS TEMAS
18/06/2012
Atualizado:
21/06/2012
Conforme usamos um produto, é natural que este sofra desgastes e se torne antigo com o passar do tempo. O que não é natural é que a própria fabricante planeje o envelhecimento de um produto, ou seja, programar quando determinado objeto vai deixar de ser útil e parar de funcionar, apenas para aumentar o consumo.
 
Apesar do avanço tecnológico, que resultou na criação de uma diversidade de materiais disponíveis para produção e consumo, hoje nossos eletrodomésticos são piores, em questão de durabilidade, do que há 50 anos. Os produtos são fáceis de comprar, mas são desenhados para não durar. Por esta razão, o consumidor sofre para dar a eles uma destinação final adequada e ainda se vê obrigado a comprar outro produto.
 
Um dos principais exemplos de obsolescência programada é a lâmpada. Quando criada, ela durava muito, mas as fabricantes viram que venderiam apenas um número limitado de unidades. Por isso, criaram uma fórmula para limitar o funcionamento das lâmpadas, que passaram a durar apenas mil horas, por exemplo.
 
Na área tecnológica, a obsolescência programada pode ser vista com maior frequência. Geralmente, durante o período de garantia, os desktops e notebooks de alguns fabricantes funcionam normalmente. No entanto, após o fim desse prazo, passam a apresentar defeitos como superaquecimento ou esgotamento da bateria. Na quase totalidade dos casos o preço do conserto é tão alto que não vale a pena, e os consumidores são impelidos a adquirir um produto novo.
 
É importante lembrar que a humanidade já está consumindo 30% a mais do que o planeta é capaz de repor e é preciso que haja uma redução em até 40% as emissões de gases de efeito estufa para que a temperatura não suba mais do que 2º C.
 
Diante de uma situação tão alarmante, mudanças dos padrões de produção e consumo, de forma a diminuir o descarte desnecessário de toneladas de lixo eletrônico e tóxico no planeta, são essenciais para reverter esse quadro.
 
Além disso, é dever do Estado regularizar, fiscalizar e induzir esses novos padrões. As empresas, por sua vez, devem garantir ao consumidor acesso à informação e assumir a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos, visando ao desenho adequado dos produtos e embalagens e o fim da obsolescência programada.
 
“Comprar, tirar, comprar”
O documentário “Comprar, tirar, comprar - The Light Bulb Conspiracy”, da diretora Cosima Dannoritzer, é um ótimo exemplo para que os consumidores vejam como a indústria tem trabalhado nos últimos 100 anos para promover o aumento do consumo com a oferta de produtos de qualidade inferior.

Outro exemplo de um caso de foi parar na justiça com ganho de causa para o consumidor.

Citação de: site JusBrasil
O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial nº 984.106, acolheu as razões do consumidor que teve frustada a expectativa de durabilidade de um trator. Adquirido novo, o trator apresentou problema depois de três anos de uso. Mesmo já fora do prazo de garantia, que era de um ano, o Judiciário condenou o fornecedor ao reparo do bem, sob o argumento de que um bem deste tipo é vendido com a expectativa de ter vida útil de aproximados 10 anos (ou 10 mil horas de uso).

Do voto do Ministro Relator se extrai o seguinte trecho:

“A doutrina consumerista tem entendido que o Código de Defesa do Consumidor, no parágrafo 3º do artigo 26, no que concerne à disciplina do vício oculto, adotou o critério da vida útil do bem, e não o critério da garantia, podendo o fornecedor se responsabilizar pelo vício em um espaço largo de tempo, mesmo depois de expirada a garantia contratual”

O julgamento cria toda uma nova perspectiva favorável para os consumidores, na medida que em muitas situações será possível obter o cumprimento da garantia de um produto durável mesmo já vencido o prazo de garantia. Para tanto devem estar presentes os seguintes requisitos:

a) manutenção, quando for o caso, estar em dia; b) defeito não ser consequência de uso inadequado; c) o tempo de uso até a aparição do problema for inferior à durabilidade esperada para produtos deste tipo.

O tempo de garantia oferecido pelo fornecedor não se constitui como único limitador de sua responsabilidade. Evidenciado defeito que não se mostra razoável diante do tempo de uso do produto e a expectativa de vida útil que dele se esperava, há responsabilidade do fornecedor pela reparação do bem, mesmo após o prazo de garantia.

Todos figuramos como consumidores de um grande número de produtos. E como tal vítimas de práticas abusivas das mais variadas, dentre elas a aquisição de produtos que nos frustam em termos de qualidade.

Offline Pedro Reis

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Re:No Capitalismo Nem Tudo São Flores: A Obsolescência Programada (Planejada)
« Resposta #249 Online: 03 de Junho de 2019, 15:35:54 »
Eu não entendo este ceticismo quanto à existência desse tipo de prática mercadológica, porque mesmo se não fosse bem documentado e com tantas evidências da indústria adotar esta estratégia, a simples hipótese deveria parecer bastante razoável.

Afinal, por que um fabricante não consideraria uma boa ideia a obsolência programada?

Um exemplo claro de como funciona esta mentalidade de mercado, e que não é negado nem pela indústria, é a moda.  A indústria lança uma nova moda a cada ano, a cada estação, sem que isso esteja associado a nenhuma inovação tecnológica ou melhoria no aspecto funcional da vestimenta.

Em um ano as cores vivas estão na moda, no ano seguinte quem quiser estar na moda deve aderir aos tons pastéis. E é até cíclico: com as cores vivas podendo vir a suceder novamente a moda dos tons pastéis.

A indústria da moda é um exemplo claro de obsolência induzida para manter o consumo aquecido. Com exceção para as mulheres iranianas, a indústria da moda está sempre tornando o guarda-roupa das pessoas obsoletos. E o interessante é que essa também é uma estratégia de obsolência programada adotada pela indústria de automóveis, de eletro-eletrônicos e eletrodomésticos. Observem que não se trata apenas de fazer o produto durar menos do que poderia ( sem que isso muitas vezes implicasse em maior custo de produção ), mas também existe uma estratégia mercadológica de fazer o produto ficar "fora de moda".

Exemplo: todo ano as fábricas fazem alterações puramente "cosméticas" nos veículos, para as quais não pode haver nenhuma justificativa de avanço tecnológico. Todo ano a Ford lança o "novo" Ford Ka, o "novo" Ford Escosport, o "novo" Ford Focus... e na maioria das vezes as novidades nestes modelos são apenas um design diferente do farol ou da lanterna, ou qualquer coisa assim. Não só o carro antigo fica fora de moda, como aguça o desejo do consumidor de possuir o modelo novo. Mas há também outro inconveniente: estas alterações desnecessárias como de detalhes, ou de antigas cores substituídas por novas cores para um mesmo modelo, fazem com que depois de alguns poucos anos o consumidor já tenha dificuldade de encontrar peças originais para o seu carro. Mesmo quando é um modelo que ainda está em produção. O que também contribui para o consumidor não querer manter um carro mais antigo, mesmo em bom estado de conservação.

Notem que esta prática não é adotada apenas pela indústria automobilística, mas isso também acontece com geladeiras, máquinas de lavar, etc, etc, etc... Todo ano a Brastemp muda um pouquinho o design da sua geladeira, e geralmente são alterações que não fazem a nova geladeira ser nem melhor nem pior que o modelo anterior. Então, por que isso?

 

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