Eu não vi quem esteja propondo que o livro deles seja pior. Diversos foristas dizem que a política, pobreza, influência de interesses de outros países exercem, junto a religião, força pra que a situação corrente seja tal.
A questão é o anacronismo, é ainda ter gente que siga o que diz um livro com esse nível de anti-humanismo e que, sem dúvida, leva a atos (religiosos) brutais.
Mas se é assim, porque estão discutindo o islamismo neste e em outros tópicos? Por que a religião é o foco?
Vejam como é interessante observar os dois mapas abaixo, em sequência:
Liberdade Religiosa, por países, de acordo com a PEW. Quanto mais vermelho escuro menos liberdade.

% de Muçulmanos na população por país:

Algoritmos de "data mining" encontram relações entre dados em Bancos de Dados. Correlações que muitas vezes são difíceis de enxergar em uma massa de dados.
Uma aplicação destas fez o Wall-Mart pôr fraldas de bebê a venda junto com a seção de cervejas do mercado. E passaram a vender mais fraldas e mais cervejas.
Difícil imaginar uma relação entre fralda e cerveja, mas ocorria que era comum que pais com filhos pequenos tivessem que ficar em casa todo o fim de semana ajudando a mulher, então o cara ia no mercado comprar as fraldas que a mulher pediu, e aproveitava e trazia as cervejas para ficar vendo esporte na televisão. Ou vice-versa.
Mas correlação não significa necessariamente causa e efeito. Nem toda relação é de causa ou de efeito.
Na Venezuela um programa de Data Mining "descobriu" que a mortalidade infantil crescia inversamente com o número de televisores que uma família tinha em casa. Alguém sugeriu um programa de financiamento para que as famílias pudessem adquirir mais aparelhos de televisão, como medida para diminuir a mortalidade infantil.
Obviamente a mortalidade estava associada com o nível sócio-econômico de cada família, assim como o número de aparelhos de televisão. Pobre com duas TVs continuaria pobre e a mortalidade infantil a mesma.
Quando vemos estes mapas há nitidamente uma correlação entre islamismo e certos indicadores. Mas podemos afirmar com segurança que esta é um tipo de correlação de causa e efeito, ou será que estamos raciocinando como aquele funcionário do ministério da saúde da Venezuela? Sugerindo que se em vez de Corão, tivessem bíblias, tudo seria muito diferente.
Mas por acaso o islã é uma religião de origem árabe, a maior parte dos fiéis está no mundo árabe e é o mundo árabe que exerce maior influência sobre os muçulmanos .
Por acaso também, no mundo árabe estão as maiores reservas de petróleo e é politicamente a região mais conturbada do mundo.
Durante a Segunda Guerra a União Soviética assim como os ingleses ocuparam o Irã. Após a guerra o país estava convulsionado por muito movimentos políticos: democratas, comunistas... mas o governo do primeiro-ministro Mohammed Mossadegh era razoavelmente independente e democrático e secularizado para os padrões da época e do Irã.
Mossadegh também tentava implementar reformas sociais e econômicas, talvez um cenário parecido, se é possível comparar, com o que foi o governo Jânio Quadros no Brasil.
O erro ou a gota d´água foi quando ele nacionalizou a Anglo-Iranian Oil Company, em 1953. Mossadegh foi prontamente derrubado e o Xá iniciou seu reinado de terror. O Xá Reza Pahelevi exterminou qualquer dissidência política mas não foi tão implacável ( talvez por uma questão cultural ) com a oposição religiosa, embora esta tenha sido perseguida também.
Isso fez com que os líderes religiosos aglutinassem toda a oposição à ditadura, o que acabou levando Khomeini ao poder em 1979. O Irã se tornou uma teocracia, com as mulheres sendo obrigadas por lei a usar burca. Acho que foi a primeira vez que o mundo ouviu falar do tal fundamentalismo islâmico, e "xiita" se transformou em sinônimo de radical, muito embora hoje o ISIS seja sunita.
Mas como estaria hoje o Irã se Mogadessh não tivesse sido derrubado, se tivesse implementado as reformas? Os aiatolás teriam tido o mesmo poder, haveria o mesmo tipo de islamismo, xiita seria adjetivo usado para designar uma pessoa radical?
Se a gente observar também o que ocorreu no Afeganistão, no Paquistão, no Iraque... o que está acontecendo hoje na Síria... nada disso influi na maneira como uma religião é moldada como instrumento político?
Se olharmos para a própria história da Europa veremos que o cristianismo também já foi uma ferramenta política ( e ainda é, mas de um jeito diferente ) que embasou o colonialismo e sob o pretexto da evangelização dos povos coisas brutais foram feitas. Tolerância religiosa também é algo muito recente na história dessa religião de 2 mil anos.
O hoje vem do ontem, que veio do anteontem. Examinando a história recente e nem tão recente parecem existir explicações muito mais convincente para o ISIS e o Boko Haram do que simplesmente serem islâmicos.
EDIT: Onde escrevi Jânio Quadros leia-se João Goulart. Erro absurdo.