Má apuração é quando alguém, por exemplo, transcreve errado o que pensa que escutou numa entrevista ou áudio. Nesse caso aí, segundo o próprio The Intercept, eles receberam os diálogos escritos do Telegram prontos de uma fonte externa, apagaram o que estava escrito e puseram outra coisa no lugar. Isso não é má apuração, é adulteração deliberada mesmo. E colocar diálogos com dados comprovadamente falsos de uma procuradora em que ela mesma mencionaria esses dados falsos na mensagem não é "má apuração", é forte evidência forjamento ou adulteração deliberada mesmo.
No meu entender, eles tinham chat onde constava apenas "Ângelo", não já o nome completo. Então tiveram que/decidiram tentar apurar quem seria esse "Ângelo," concluindo ser um desses dois, ou um especificamente, mas, pode ser que o cara fazendo a edição da matéria por um lapso colocou o nome errado, e ficou.
Imagino que com "Monique" seja só uma apuração porca; o nickname nos chats fosse só Monique, e tivessem encontrado só essa Monique na "rede social" de Moro e Dallagnol.
Pode perfeitamente ser algo completamente fabricado (seja pelos editores d'the Intercept ou sua fonte), bem como a tal Monique ser esta mesma estar simplesmente negando falsamente, eu não tenho como saber, e acho que ninguém tem bem como, senão talvez em apresentação dos "históricos" dos chats, que inconvenientemente foram já apagados, o que talvez já seja também eticamente questionável se tratando de comunicações de interesse público, que, idealmente nem ocorreriam fora do ambiente de trabalho e etc com todos os rigores que nem sei se existem de fato, para garantir a tal "imparcialidade" que alegam que Moro não teve.
Diga-se de passagem, outro argumento "de defesa" pode ainda ser que mesmo que os diálogos sejam encontrados nas fontes, como houve acesso ilegal, não autorizado por terceiros, estes podem ter fabricado diálogos desde então, e logo mesmo eles entregarem suas senhas todas e etc ainda não consitituiria prova.
Ainda não entendi a vantagem de se trocar um Ângelo pelo outro ou o local de trabalho de uma procuradora.
A única coisa que percebi foi a negativa forte dessa vez por parte do Moro.
Mesmo na situação em que puseram uma data do futuro ou nome errado, eles poderiam alegar que os hackers transcreveram a informação de forma errada e o The Intercept apenas deixou passar a informação. Mas isso poderia ter acontecido com qualquer outro trecho do conteúdo vazado! Todavia, ainda assim, essa desculpa ficaria inviável na questão da provável adulteração do diálogo da procuradora. Eles querem nos convencer que a Monique Cheker conversa de uma forma que pressupõe dados falsos de seu próprio assento funcional! Já puseram dados comprovadamente falsos nos diálogos e querem nos convencer que a mentirosa da história é a Monique Cheker, que já afirmou a falsidade do conteúdo!
O que eles publicam no site em forma de matéria de necessariamente passa por algum grau de edição (a menos que disponibilizassem todo o "acervo" para download), então não faz muito sentido apontar isso como "adulteração". Adulteração seria apenas sobre um "original" conhecido, o qual só o próprio Intercept dispõe, além de talvez a fonte original e algumas pessoas como Dallagnol, que teriam "originais" propriamente ditos.
Não estou dizendo com isso que estão fazendo um trabalho impecável, apenas que são coisas que não comprometem de maneira definitiva o caso deles, que você poderia esperar ocorrer naturalmente de tempos em tempos sem qualquer intenção desonesta dos jornalistas. A meu ver é muito mais questionável a forma como estão expondo as coisas, é difícil parecer outra coisa além de tentativa de fabricação de escândalo e "isca" para ação autoritária do governo (que não morderam).
E para fabricação de escândalo, nem faz muito sentido se falsificar qualquer coisa, você pode só apresentá-las selecionadas, descontextualizadas, e assim se protege mais, e tem um caso mais "defensável" -- como o "climategate," que defendia o negacionismo de mudanças climáticas tentando criar aparência de conspiração entre os cientistas. Tudo muito parecido, só exposição seletiva de mensagens, sem precisar de adulteração.
Não sei observaram que erraram 2 vezes na atribuição dos diálogos antes de apagarem: primeiro era Angelo Goulart Villela, depois era Angelo Augusto Costa, até apagarem de novo e só colocar Angelo. O primeiro Angelo tinha sido preso por vazamento ( operação Patrus ). Tem problema com datas também. Até data de novembro/ 2019 apareceu. Para alguém que se dizia que só estava publicando os diálogos a conta-gotas para que o trabalho jornalístico fosse bem feito, parece que se afobaram muito, ou estão fazendo adulterações sutis mesmo. Colocaram também que a lotação da procuradora Monique era em Osasco, o que não condizia com a verdade. Osasco era O local de lotaçaão do primeiro Angelo. Tudo muito suspeito.
Quando disseram que publicaram "só 1%" do que tem, passam a impressão que os outros 99% são só bombas super-incriminadoras e etc. Mas é só marketing, hype. O que eles tem é um arquivão que nem estão lendo na íntegra, mas fazendo buscas por palavras-chave e tentando encontrar coisas úteis para o seu interesse. Na vasta maior parte do tempo serão as coisas mais triviais possíveis. Era capaz que pudessem até fazer do original uma boa propaganda pró-Moro-Dallagnol, se fosse tudo exposto de uma vez, e filtrado por pessoas com outro interesse ideológico. Talvez até anti-Moro-comunista-petralha, pelos raros sincretistas dessa linha.
Será que vai rolar análise "estilométrica" computadorizada?