Existe uma falácia, ou melhor uma ilusão que costuma acometer muitas pessoas quando estão falando de economia. Acomete principalmente as pessoas com tendências esquerdistas, mas acomete muitos direitistas também. Vou chamá-la de Falácia dos Agregados.
É costumeiro que os cálculos de PIB sejam feitos por países, mas eles poderiam muito bem serem feitos por estados, municípios, bairros, famílias e casas. Podem haver PIBs de regiões, blocos de países e continentes.
O PIB é a soma de todas as riquezas da região dada, mas isso não quer dizer que o PIB pertença a todas as pessoas da região dada, ou que todas contribuíram igualmente para o mesmo.
Em última instância, a riqueza é criada por indivíduos em pontos diversos do espaço amostral. Não existe uma "Riqueza do Brasil' no sentido de que o PIB brasileiro pertença a todos, ou que todos deveriam ter 'direito' a partes dele. Cada um só tem direito à parte que ele próprio criou.
Isso remete às discussões sobre desigualdade social, quando alguém fala "não adianta crescer se o dinheiro fica com alguns", como se o crescimento fosse de uma espécie de riqueza comunitária, na qual todos contribuem, como se fosse um mutirão, e aí alguns poucos vão e "se apossam" da maior parte dessa riqueza. Daí vêm com a conversa de "tem que distribuir renda", que não faz o mínimo sentido exceto se pensarmos no PIB como um "mutirão".
Resumindo tudo: O PIB não é uma riqueza "de todos", ou uma riqueza à qual todos "têm direito". É apenas a soma de riquezas produzidas por indivíduos, que apenas por convenção usamos o país como unidade, mas pode-se usar qualquer delimitação geográfica para calculá-lo.