Autor Tópico: Reforma da Previdência  (Lida 18721 vezes)

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Offline Skeptikós

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #200 Online: 10 de Abril de 2017, 20:57:33 »
Agora, 49 anos de contribuição é quase impossível um trabalhador da iniciativa privada alcançar, com tantas crises que geram desemprego que sempre se passa no país. Se começar a trabalhar com 20, só iria se aposentar com 69, isso sem ficar desempregado.

Não é impossível porque a qualidade de vida e expectativa de vida estão aumentando. E o número não pode ser menor por uma questão matemática.

Talvez se fizéssemos a reforma no primeiro mandato do Lula, hoje talvez poderíamos nos aposentar aos 60 e contribuir até uns 40. Mas gostamos de empurrar tudo com a barriga.
A reforma como proposta pouco impactará na aposentadoria dos mais pobres, já que a maioria dessas pessoas se aposenta por idade e não por contribuição, e 90% destes se aposentam com salário mínimo. Como o salário mínimo é o piso previdenciário, para a maioria da população pobre a taxa de reposição ao se aposentarem (mesmo que por idade e não por contribuição de serviço), será de 100% do seu salário. Além disso, mesmo para os menos pobres, 49 anos é a idade exigida para a pessoa se aposentar com a taxa de reposição de seu salário em 100%, a chamada aposentadoria integral. Por consequência a pessoa pode optar por por um tempo menor sacrificando parte da taxa de reposição de sua aposentadoria (mas pessoas bem qualificadas, que geralmente são as que se aposentam por tempo de contribuição, sofrem menos com o desemprego ao longo da vida em relação aos pobres e menos qualificados, e por tanto, não será tão difícil para elas como o é para os mais pobres se aposentarem por tempo de contribuição, mesmo com esta reforma).

Os dados são deste site.
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Lakatos

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #201 Online: 10 de Abril de 2017, 21:27:28 »
A tese do pessoal que defende calote da dívida também é de que as condições foram estabelecidas de forma deliberadamente desvantajosa para o Estado, através de cooptação de políticos e do TCU.

Da mesma forma, o único jeito de resolver isso sem apelar a uma medida ditatorial é reformar o processo "daqui para frente", sem alterar contratos já firmados.

Eles que provem esta "tese".

A tese dos que defendem que o funcionalismo público é uma casta não precisa de nenhuma demonstração especial. É só pegar os holerites deles e a legislação.

A única forma de provar seria realizando a tal "auditoria", que por si só já traz prejuízos passando uma mensagem de insegurança para os investidores e aumentando os juros. Mas, ao mesmo tempo, a resistência em realizá-la alimenta a retórica de que há irregularidades que estão sendo abafadas.

No caso do funcionalismo público, também é necessário provar que a disparidade de privilégios foi obtida por meio de cooptação ilegal, e não por contrato "livremente aceito" pelo Estado como você defende no caso da dívida. Os números em si não dizem nada.

Poderia se amenizar o efeito da pura auditoria aos investidores, divulgando critérios preferencialmente sólidos e amparados em práticas profissionais do ramo e promovendo o propósito que é o de se verificar irregularidades apenas.

Dessa forma, se bobear, até se atrai mais confiança de investidores sérios. Bom... acreditando que ainda há, em algum canto, bom caratismo.

Acho que a disputa retórica nessa questão já chegou em nível irreconciliável. Os principais argumentos do movimento que tomou a frente dessa pauta são bastante enviesados, e acho que mesmo uma auditoria técnica já seria vendida por eles como uma tentativa de abafar o caso. Eles inclusive superestimam muito o efeito da dívida pública atual sobre o nível de investimento do governo, já que ignoram que boa parte do gasto é apenas rolagem, e não dinheiro público propriamente dito sendo "desviado" para o serviço da dívida. Ou seja, não é um dinheiro livre que "sobraria" caso a dívida deixasse de ser paga.

Offline Skeptikós

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #202 Online: 10 de Abril de 2017, 21:43:24 »
Fora que o calote da divida (principalmente se não for feito uma auditoria) dificultaria para o governo conseguir novos empréstimos. Que investidor, interno ou estrangeiro escolheria emprestar dinheiro para um governo que não honra as suas dívidas?
« Última modificação: 10 de Abril de 2017, 21:45:33 por Skeptikós »
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Offline Agnoscetico

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #204 Online: 13 de Abril de 2017, 09:40:33 »

Por acaso achei isso:

"Despedida em Grande Estilo" tira humor da tragédia da previdência social


http://gente.ig.com.br/cultura/2017-04-06/despedida-grande-estilo.html

Filme coloca Michael Caine, Alan Arkin e Morgan Freeman como Robin hoods vovôs e garante torcida do público em mais um exemplar que opõe o homem ao sistema. Leia a crítica da produção que estreia nesta quinta (6)

Só pela reunião de cinco gigantes do cinema - sir  Michael Caine , Morgan Freeman , Alan Arkin, Ann-Margret e, em papel secundário, Christopher Lloyd - “Despedida em grande estilo” já valeria o ingresso. Calculadora na mão, eles têm, juntos, exatos 399 anos de experiência. Pois o que chama atenção de imediato no filme dirigido por Zach Braff (“Hora de Voltar”), 42 anos, é a impressionante energia de um elenco formado por profissionais já avançados na melhor idade. E lidando com tema atualíssimo: a incapacidade das sociedades ocidentais, países nórdicos excluídos, de encontrar uma maneira para proteger seus trabalhadores idosos. Reforma da Previdência, anyone?

Inspirado livremente em filme homônimo de 1979 sobre três amigos que decidem roubar um banco afim de garantir um final de vida, por mais parodaxal que pareça, digno, para eles e suas famílias, “Despedida em grande estilo” é um retrato divertido e com alguns clichês hollywoodianos sobre a vida da classe media-baixa americana depois da globalização. Os empregos foram parar na China e no Vietnã e as aposentadorias privadas ficam indisponíveis no banco da noite para o dia. Sem dinheiro para pagar as contas do hospital – não há sistema de saúde público universal nos EUA – e a hipoteca da casa própria, Willie (Freeman), Joel (Caine) e Albert (Arkin) decidem “pegar o que é nosso de volta, à força”.

[...]

O roteiro de Theodore Melfi, diretor do elogiado “Estrelas além do tempo”, deixou de lado o tom mais soturno do filme original, dando foco à crítica social. Da cadeira do cinema, é, de fato, difícil não se juntar ao desejo de vingança dos idosos contra as grandes corporações, notadamente os bancos. E, sob a sombra do assalto à Previdência Social brasileira, não torcer descaradamente pelo trio de Robin Hoods vovôs disposto a provar que idade, no fim das contas, está mesmo na cabeça, e no bolso, de cada um.










Offline Agnoscetico

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #205 Online: 23 de Abril de 2017, 13:17:20 »

Contribuição para a Previdência resiste a alta do desemprego

A carteira de trabalho deixou de ser uma realidade para metade dos brasileiros que sobreviveram à crise econômica, mas nem assim o sonho da aposentadoria perdeu força.
De acordo com as estatísticas do IBGE, o grupo que trabalha sem carteira assinada chegou no fim do ano passado à marca de 50% da população ocupada no Brasil, pela primeira vez em cinco anos.
A onda de demissões dos últimos dois anos fez crescer o número de pessoas que trabalham por conta própria, abrindo seus próprios negócios ou atuando sem registro.
Embora a tendência nessas formas de trabalho seja a informalidade, o que se viu foi um aumento do número de pessoas que contribuíram para a Previdência Social.
Dos pouco mais de 90 milhões de trabalhadores brasileiros (com e sem carteira), 65% contribuíram para a Previdência no quarto trimestre do ano passado, mais do que os 62% de quatro anos antes.
Fatia da população ocupada que contribui para a Previdência, em % -
Em números absolutos, a alta foi de 56 milhões de trabalhadores para quase 59 milhões no mesmo intervalo.
"O senso comum leva a pensar que seria o contrário", diz Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. "Mas, embora a crise tenha levado ao desemprego, a contribuição manteve o ritmo de crescimento."
Segundo ele, trata-se de um movimento gradual, que evolui à medida que a população "ganha acesso à educação e à informação sobre a importância de contribuir".
Entre os trabalhadores por conta própria, que hoje reúnem 22 milhões de pessoas
-de ambulantes a consultores-, a parcela dos que contribuem cresceu de 23% em 2012 para 31% no fim de 2016.
Para quem trabalha sem registro em carteira, o aumento na parcela de contribuintes foi de quase 11% para 15% nos últimos cinco anos.
Participação de profissionais sem carteira na população ocupada brasileira, em % -
O movimento se repete entre os empregadores, em que a parcela de pessoas que contribuem para a Previdência aumentou de 69% para 78%.
É o caso de Mel Casagrande, que trabalhou com carteira assinada por 15 anos na companhia aérea TAM, mas foi demitida em um corte promovido durante a recessão.
"Chorei três dias e levantei depois pensando que era hora de colocar em prática um sonho de negócio engavetado por muito tempo", conta.
Casagrande abriu uma pequena loja de roupas femininas no ano passado e decidiu agora expandir para vender também peças de decoração.
GERAÇÃO
Trata-se de uma questão cultural, segundo o professor Bruno Ottoni, da FGV. "O indivíduo que passou pelo emprego formal está acostumado, entende que o benefício existe e tem motivação para continuar", diz. "O que estava no mercado informal se desmotiva, principalmente agora que a lei vai mudar."
A professora do Ibmec/RJ Ylana Miller pondera que a Previdência pode sofrer um "impacto geracional", intensificado pela reforma em discussão no Congresso, dificultando a conquista do benefício. "Essa nova geração não vê mais tanto valor em contribuir porque não tem uma contrapartida adequada. Por isso vemos crescer a tendência de preferência por uma previdência privada", diz.



Offline Geotecton

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #206 Online: 02 de Maio de 2017, 16:36:18 »
A tese do pessoal que defende calote da dívida também é de que as condições foram estabelecidas de forma deliberadamente desvantajosa para o Estado, através de cooptação de políticos e do TCU.

Da mesma forma, o único jeito de resolver isso sem apelar a uma medida ditatorial é reformar o processo "daqui para frente", sem alterar contratos já firmados.

Eles que provem esta "tese".

A tese dos que defendem que o funcionalismo público é uma casta não precisa de nenhuma demonstração especial. É só pegar os holerites deles e a legislação.

A única forma de provar seria realizando a tal "auditoria", que por si só já traz prejuízos passando uma mensagem de insegurança para os investidores e aumentando os juros. Mas, ao mesmo tempo, a resistência em realizá-la alimenta a retórica de que há irregularidades que estão sendo abafadas.

No caso do funcionalismo público, também é necessário provar que a disparidade de privilégios foi obtida por meio de cooptação ilegal, e não por contrato "livremente aceito" pelo Estado como você defende no caso da dívida. Os números em si não dizem nada.

Pelo contrário.

Os números dizem tudo e refletem a exata medida da imoralidade administrativa de décadas, em todos os níveis de poder e nos três poderes. Mostram que, com algumas raríssimas exceções, os administradores fizeram as vontades obscenas dos setores mais influentes do funcionalismo público, para se colocarem em vantagem nas disputas eleitorais.

Isto pode ser medido nos salários, na aposentadoria com salário integral, nas benesses diretas e indiretas que todos os funcionários tem, em diferentes graus, é claro.

A situação mudou um pouco (sim, apenas um pouco) com a LRF.
Foto USGS

Offline Geotecton

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #207 Online: 03 de Maio de 2017, 16:51:18 »
Eu sei que responder a troll pode ser visto como perda de tempo, mas minhas respostas são para os demais leitores do tópico, não para o próprio.

Caro DDV

Doravante não responda as questões dos foristas que você considera como trolls, mas não nomine-os porque pode isto ser considerado uma ofensa.

Se estiver descontente com o comportamento de alguém, denuncie-o para a Moderação.

Fica a advertência.
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Offline Geotecton

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #208 Online: 03 de Maio de 2017, 16:55:56 »
Fala em 'confrontar' o mercado financeiro?
Confrontar  a elite rentista? Questionar o rentismo ? Questionar o poder dos  Barões banqueiros?  Que horror. Horror dos horrores.  Isso é totalmente impensável.   Isso seria o fim do mundo.   Isso seria o fim da sociedade mundial.  Eles jamais devem ser questionados.

 :D 

Caro JJ

Esta resposta foi denunciada como trollismo por outro forista.

Peço que, doravante, responda objetivamente ou não participe com 'gracinhas'.

Use ironias no meio de uma resposta substanciada com argumentos.
Foto USGS

Skorpios

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #209 Online: 28 de Junho de 2017, 07:42:35 »
Ressuscitando...

Citar
Os ricos e a apropriação de renda via previdência social

Aposentadoria do setor público é o maior programa de transferência de renda de pobre para rico.

Temos sido como que uma decorrência simples de nós mesmos. Não creio na linearidade da História, mas às vezes me fica a impressão que somos, nos privilégios de certas castas de hoje, um simples desdobramento das desigualdades do passado.

Com a vinda da Corte portuguesa ao Brasil, em fuga de Napoleão Bonaparte, vieram as regalias da nobreza. Aos nobres se reservou o que havia de melhor. O melhor era trabalhar no aparato estatal real, quer dizer, em algum emprego público.

Entre 15 e 25 mil, é o número estimado de cortesões que atravessaram o Atlântico. Apurado tal número, deduzindo-se mulheres, crianças e alguns serviçais, supõe-se que se criaram, para acomodá-los, algo entre 5 e 10 mil empregos públicos.

Empregos para acomodar essa gente que se confundia com a máquina administrativa do Estado português sediado, por circunstâncias forçosas, em terra brasileira. Fugido às pressas, Portugal teve tempo de trazer na bagagem os modos portugueses de ser.

A nossa Coisa Pública nos caiu de pacote, lançada sobre o que tínhamos de uma incipiente Sociedade. Não construímos nos desdobramentos das necessidades a nossa burocracia estatal; a Corte, majestática, deitou-se sobre o Brasil.

No andar dos acontecimentos, então, o lugar nobre do emprego público foi inaugurado pelos áulicos; depois, foi recinto dos filhos dos coronéis da política; a seguir, feito prêmio para os indicados partidários; após, mantidos por “direitos adquiridos”.

Estão aí, ainda hoje, a nobreza do emprego no Estado, o corporativismo que compartilha vantagens que o trabalho na iniciativa privada não possui, a partilha partidarizada da sua gerência, os penduricalhos de “vantagens adquiridas”.

Tudo isso desembocou na previdência. Temos dois regimes, regra geral: o que protege os funcionários públicos, o que abrange os celetistas. Até onde a internet pode me informar, essa separação entre trabalhadores é uma exclusividade nacional.

Trago dados apresentados e discutidos no programa Canal Livre publicado em 10abr17, apresentado por Ricardo Boechat, com Fernando Mitre e Eduardo Oinegue, recebendo José Márcio Camargo e José Roberto Savoia.

Gastamos 13% do PIB com previdência com pessoas acima dos 60 anos, assim como a Alemanha. Temos 11% da população acima de 60 anos; a Alemanha, 23%. Países com população de mais de 60 anos equivalente à nossa gastam em média 4% do PIB.

No setor público há paridade de vencimentos entre o servidor na ativa e o aposentado. A média de aposentadoria nesse setor é R$ 9 mil; no setor privado é R$ 1.6 mil. Exatamente o setor produtivo é o castigado pelo nosso sistema.

Entre os Poderes da República, o gasto médio no Legislativo é R$ 28 mil; no Judiciário é R$ 25 mil. No Ministério Público é acima de R$ 30 mil. A média do Executivo é mais reduzida, inclusive pela discrepância de salários dentro do próprio Poder.

O setor público gasta 115 bilhões com 1 milhão de aposentados, o setor privado gasta 500 bilhões com 33 milhões. A quantidade de aposentados com a média de R$ 1,6 mil é de 33 milhões. Um milhão de pessoas alcança média de R$ 28 mil.

O déficit acumulado do setor público de 2001 a 2015 é de R$ 1,3 trilhão; o do setor privado foi de R$ 450 bilhões. Comparando, o bolsa família nesse período gastou R$ 250 milhões, atendendo a 30 milhões de pessoas.

Aposentadoria do setor público é o maior programa de transferência de renda de pobre pra rico. Esse setor formou um estoque de direitos em aposentadorias e pensões, provocando um buraco de 250 bilhões ano na previdência.

A previdência tem R$ 450 bilhões de crédito. R$ 300 bilhões tornaram-se incobráveis. Esse crédito é um estoque, mesmo que se o realizasse, seria uma entrada única. O problema da previdência é de fluxo. Ainda que se cobrisse o furo, ele se repetiria.

Pobre aposenta-se por idade aos 65 anos. 60% dos aposentados por idade é de baixa renda. Classe média e alta é que se aposenta por contribuição. À maioria dos aposentados toca a aposentadoria mínima, que é o salário mínimo.

Nosso sistema previdenciário, pois, se é um problema para o Brasil, é uma solução para as castas que se agarram às entranhas do Estado e dele ou por meio dele sugam tudo o que podem, inclusive a renda de final de vida dos desfavorecidos da Nação.

Temos sido como que uma decorrência simples de nós mesmos. Não creio na linearidade da História, mas às vezes me fica a impressão que somos, nos privilégios de certas castas de hoje, um simples desdobramento das desigualdades do passado.

Com a vinda da Corte portuguesa ao Brasil, em fuga de Napoleão Bonaparte, vieram as regalias da nobreza. Aos nobres se reservou o que havia de melhor. O melhor era trabalhar no aparato estatal real, quer dizer, em algum emprego público.

Entre 15 e 25 mil, é o número estimado de cortesões que atravessaram o Atlântico. Apurado tal número, deduzindo-se mulheres, crianças e alguns serviçais, supõe-se que se criaram, para acomodá-los, algo entre 5 e 10 mil empregos públicos.

Empregos para acomodar essa gente que se confundia com a máquina administrativa do Estado português sediado, por circunstâncias forçosas, em terra brasileira. Fugido às pressas, Portugal teve tempo de trazer na bagagem os modos portugueses de ser.

A nossa Coisa Pública nos caiu de pacote, lançada sobre o que tínhamos de uma incipiente Sociedade. Não construímos nos desdobramentos das necessidades a nossa burocracia estatal; a Corte, majestática, deitou-se sobre o Brasil.

No andar dos acontecimentos, então, o lugar nobre do emprego público foi inaugurado pelos áulicos; depois, foi recinto dos filhos dos coronéis da política; a seguir, feito prêmio para os indicados partidários; após, mantidos por “direitos adquiridos”.

Estão aí, ainda hoje, a nobreza do emprego no Estado, o corporativismo que compartilha vantagens que o trabalho na iniciativa privada não possui, a partilha partidarizada da sua gerência, os penduricalhos de “vantagens adquiridas”.

Tudo isso desembocou na previdência. Temos dois regimes, regra geral: o que protege os funcionários públicos, o que abrange os celetistas. Até onde a internet pode me informar, essa separação entre trabalhadores é uma exclusividade nacional.

Trago dados apresentados e discutidos no programa Canal Livre publicado em 10abr17, apresentado por Ricardo Boechat, com Fernando Mitre e Eduardo Oinegue, recebendo José Márcio Camargo e José Roberto Savoia.

Gastamos 13% do PIB com previdência com pessoas acima dos 60 anos, assim como a Alemanha. Temos 11% da população acima de 60 anos; a Alemanha, 23%. Países com população de mais de 60 anos equivalente à nossa gastam em média 4% do PIB.

No setor público há paridade de vencimentos entre o servidor na ativa e o aposentado. A média de aposentadoria nesse setor é R$ 9 mil; no setor privado é R$ 1.6 mil. Exatamente o setor produtivo é o castigado pelo nosso sistema.

Entre os Poderes da República, o gasto médio no Legislativo é R$ 28 mil; no Judiciário é R$ 25 mil. No Ministério Público é acima de R$ 30 mil. A média do Executivo é mais reduzida, inclusive pela discrepância de salários dentro do próprio Poder.

O setor público gasta 115 bilhões com 1 milhão de aposentados, o setor privado gasta 500 bilhões com 33 milhões. A quantidade de aposentados com a média de R$ 1,6 mil é de 33 milhões. Um milhão de pessoas alcança média de R$ 28 mil.

O déficit acumulado do setor público de 2001 a 2015 é de R$ 1,3 trilhão; o do setor privado foi de R$ 450 bilhões. Comparando, o bolsa família nesse período gastou R$ 250 milhões, atendendo a 30 milhões de pessoas.

Aposentadoria do setor público é o maior programa de transferência de renda de pobre pra rico. Esse setor formou um estoque de direitos em aposentadorias e pensões, provocando um buraco de 250 bilhões ano na previdência.

A previdência tem R$ 450 bilhões de crédito. R$ 300 bilhões tornaram-se incobráveis. Esse crédito é um estoque, mesmo que se o realizasse, seria uma entrada única. O problema da previdência é de fluxo. Ainda que se cobrisse o furo, ele se repetiria.

Pobre aposenta-se por idade aos 65 anos. 60% dos aposentados por idade é de baixa renda. Classe média e alta é que se aposenta por contribuição. À maioria dos aposentados toca a aposentadoria mínima, que é o salário mínimo.

Nosso sistema previdenciário, pois, se é um problema para o Brasil, é uma solução para as castas que se agarram às entranhas do Estado e dele ou por meio dele sugam tudo o que podem, inclusive a renda de final de vida dos desfavorecidos da Nação.

Temos sido como que uma decorrência simples de nós mesmos. Não creio na linearidade da História, mas às vezes me fica a impressão que somos, nos privilégios de certas castas de hoje, um simples desdobramento das desigualdades do passado.

Com a vinda da Corte portuguesa ao Brasil, em fuga de Napoleão Bonaparte, vieram as regalias da nobreza. Aos nobres se reservou o que havia de melhor. O melhor era trabalhar no aparato estatal real, quer dizer, em algum emprego público.

Entre 15 e 25 mil, é o número estimado de cortesões que atravessaram o Atlântico. Apurado tal número, deduzindo-se mulheres, crianças e alguns serviçais, supõe-se que se criaram, para acomodá-los, algo entre 5 e 10 mil empregos públicos.

Empregos para acomodar essa gente que se confundia com a máquina administrativa do Estado português sediado, por circunstâncias forçosas, em terra brasileira. Fugido às pressas, Portugal teve tempo de trazer na bagagem os modos portugueses de ser.

A nossa Coisa Pública nos caiu de pacote, lançada sobre o que tínhamos de uma incipiente Sociedade. Não construímos nos desdobramentos das necessidades a nossa burocracia estatal; a Corte, majestática, deitou-se sobre o Brasil.

No andar dos acontecimentos, então, o lugar nobre do emprego público foi inaugurado pelos áulicos; depois, foi recinto dos filhos dos coronéis da política; a seguir, feito prêmio para os indicados partidários; após, mantidos por “direitos adquiridos”.

Estão aí, ainda hoje, a nobreza do emprego no Estado, o corporativismo que compartilha vantagens que o trabalho na iniciativa privada não possui, a partilha partidarizada da sua gerência, os penduricalhos de “vantagens adquiridas”.

Tudo isso desembocou na previdência. Temos dois regimes, regra geral: o que protege os funcionários públicos, o que abrange os celetistas. Até onde a internet pode me informar, essa separação entre trabalhadores é uma exclusividade nacional.

Trago dados apresentados e discutidos no programa Canal Livre publicado em 10abr17, apresentado por Ricardo Boechat, com Fernando Mitre e Eduardo Oinegue, recebendo José Márcio Camargo e José Roberto Savoia.

Gastamos 13% do PIB com previdência com pessoas acima dos 60 anos, assim como a Alemanha. Temos 11% da população acima de 60 anos; a Alemanha, 23%. Países com população de mais de 60 anos equivalente à nossa gastam em média 4% do PIB.

No setor público há paridade de vencimentos entre o servidor na ativa e o aposentado. A média de aposentadoria nesse setor é R$ 9 mil; no setor privado é R$ 1.6 mil. Exatamente o setor produtivo é o castigado pelo nosso sistema.

Entre os Poderes da República, o gasto médio no Legislativo é R$ 28 mil; no Judiciário é R$ 25 mil. No Ministério Público é acima de R$ 30 mil. A média do Executivo é mais reduzida, inclusive pela discrepância de salários dentro do próprio Poder.

O setor público gasta 115 bilhões com 1 milhão de aposentados, o setor privado gasta 500 bilhões com 33 milhões. A quantidade de aposentados com a média de R$ 1,6 mil é de 33 milhões. Um milhão de pessoas alcança média de R$ 28 mil.

O déficit acumulado do setor público de 2001 a 2015 é de R$ 1,3 trilhão; o do setor privado foi de R$ 450 bilhões. Comparando, o bolsa família nesse período gastou R$ 250 milhões, atendendo a 30 milhões de pessoas.

Aposentadoria do setor público é o maior programa de transferência de renda de pobre pra rico. Esse setor formou um estoque de direitos em aposentadorias e pensões, provocando um buraco de 250 bilhões ano na previdência.

A previdência tem R$ 450 bilhões de crédito. R$ 300 bilhões tornaram-se incobráveis. Esse crédito é um estoque, mesmo que se o realizasse, seria uma entrada única. O problema da previdência é de fluxo. Ainda que se cobrisse o furo, ele se repetiria.

Pobre aposenta-se por idade aos 65 anos. 60% dos aposentados por idade é de baixa renda. Classe média e alta é que se aposenta por contribuição. À maioria dos aposentados toca a aposentadoria mínima, que é o salário mínimo.

Nosso sistema previdenciário, pois, se é um problema para o Brasil, é uma solução para as castas que se agarram às entranhas do Estado e dele ou por meio dele sugam tudo o que podem, inclusive a renda de final de vida dos desfavorecidos da Nação.

Leo Rosa

Doutor e Mestre em Direito pela UFSC. Especialista em Administração de Empresas e em Economia. Professor da Unisul. Advogado, Psicólogo e Jornalista.

Offline Lorentz

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #210 Online: 28 de Junho de 2017, 09:47:34 »
Aí você conversa com as pessoas sobre isso, e muitas delas ao invés de se revoltarem e desejarem uma reforma, acabam demonstrando uma inveja, uma vontade de estar no lugar deles. No fundo a maioria parece querer uma boquinha também. Triste.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #211 Online: 28 de Junho de 2017, 10:10:49 »
Parece um análogo de direitistas paupérrimos que acham que o governo está atrasando sua escalada rumo ao topo com saúde pública, políticas sociais, e em se recusar a cortar impostos para os mais ricos. O que já é irritante agora, só fantasiando, imagine quando ele mesmo se tornar ultra-rico, um dia.

Daqueles que falam coisas meio como "o governo tem que tirar as mãos do MEU Medicare", "eu já estive lá embaixo, eu até recebia welfare! E não tive ajuda de ninguém! Por que essas pessoas pobres de agora não tomam vergonha, e como eu, conquistam tudo por si sós?"

Offline Lorentz

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #212 Online: 28 de Junho de 2017, 10:14:41 »
Parece um análogo de direitistas paupérrimos que acham que o governo está atrasando sua escalada rumo ao topo com saúde pública, políticas sociais, e em se recusar a cortar impostos para os mais ricos. O que já é irritante agora, só fantasiando, imagine quando ele mesmo se tornar ultra-rico, um dia.

Daqueles que falam coisas meio como "o governo tem que tirar as mãos do MEU Medicare", "eu já estive lá embaixo, eu até recebia welfare! E não tive ajuda de ninguém! Por que essas pessoas pobres de agora não tomam vergonha, e como eu, conquistam tudo por si sós?"

Mas isso é fato? Ou somente uma especulação do John Oliver?
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Offline AlienígenA

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #213 Online: 28 de Junho de 2017, 10:31:23 »
Aí você conversa com as pessoas sobre isso, e muitas delas ao invés de se revoltarem e desejarem uma reforma, acabam demonstrando uma inveja, uma vontade de estar no lugar deles. No fundo a maioria parece querer uma boquinha também. Triste.

Nem é esse o maior problema. Uma reforma que corrija essas distorções, de fato, encontra resistência quase intransponível nos interesses dos próprios encarregados por ela. Entra na conta a pressão dos grupos que se sentem prejudicados, que é forte, a desinformação e a preocupação com a opinião pública, reação do eleitorado, etc. A reforma da previdência como proposta já não era boa, mas regular, adiando em alguns anos a necessidade de uma nova reforma, com a descaracterização se torna inócua, segundo especialistas. Complicado!

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #214 Online: 28 de Junho de 2017, 10:34:09 »
Parece um análogo de direitistas paupérrimos que acham que o governo está atrasando sua escalada rumo ao topo com saúde pública, políticas sociais, e em se recusar a cortar impostos para os mais ricos. O que já é irritante agora, só fantasiando, imagine quando ele mesmo se tornar ultra-rico, um dia.

Daqueles que falam coisas meio como "o governo tem que tirar as mãos do MEU Medicare", "eu já estive lá embaixo, eu até recebia welfare! E não tive ajuda de ninguém! Por que essas pessoas pobres de agora não tomam vergonha, e como eu, conquistam tudo por si sós?"

Mas isso é fato? Ou somente uma especulação do John Oliver?

:hein: ...John Oliiver? Sinceramente não me lembro dele ter falado nada assim, embora não fosse me surpreender, é possível ser uma especulação comum, se não puder ser dito ser até uma constatação.

Mas eu não sei, falo apenas de uma impressão particular do que devem pensar alguns dos tipos meio tea-partiers e similares, a partir de "fragmentos", do que eles colocam em placas ou declaram em entrevistas, junto com a retórica republicana, que acho que sugere um pouco os ideais de "sonho americano" e ascensão de "rags to riches", impedida pelos liberais (esquerdistas), gays, feministas, estrangeiros, imigrantes, etc.

<a href="https://www.youtube.com/v/yTwpBLzxe4U" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/yTwpBLzxe4U</a>


http://www.patheos.com/blogs/dispatches/2012/08/16/the-prosperity-gospel-of-trickle-down-economics/










:?: O que os economistas e entendidos acham disso?


Citar
http://blog.kanitz.com.br/chanceler-saneamento/
...
...
...

Propostas para a previdência social:

Somar o que cada cidadão já pagou à assistência social e apesar do dinheiro ter sumido, emitir título de dívida pública referente àquele valor.

Abolir completamente a previdência estatizada, tanto a do setor público quanto a do setor privado. Cada pessoa decide se quer ou não realizar plano privado de previdência social.


Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #215 Online: 30 de Junho de 2017, 21:08:48 »
:?: Existe uma hegemonia absoluta dentre os servidores públicos na reprovação das reformas? Me pergunto se não poderia haver uma minoria silenciosa, mas significativa, dos que aceitam que as coisas precisam mudar. Mas temem ser párias entre os colegas.

Lembro de ter ouvido ou lido que fizeram um estudo numa comunidade vegana ou vegetariana onde descobriram que 70% dos habitantes secretamente comia peixe. Tem um nome psicológico ou social para esse fenômeno, acho, algo com conformismo, não lembro.

Offline Gabarito

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #216 Online: 09 de Dezembro de 2017, 20:46:40 »
Interessante como tem aparecido texto apócrifo nas redes, sem autor conhecido, mas de muito boa qualidade.
Achei um sobre a lista de feitos de Trump até hoje e outro sobre a situação entre os judeus e palestinos na questão da capital Jerusalém.

Eis que agora surge mais um, também anônimo.
Traz uma lista de 25 bons argumentos a favor da Reforma da Previdência e muitas refutações sobre as mentiras que são propagadas pelos que temem perder os privilégios que usufruem em cima dos mais pobres. Além desses, também o PT e as esquerdas satélites a esse partido criminoso.

Citar
Viralizou: o texto que destrói os 25 argumentos mais utilizados por quem é contra a reforma da Previdência
InfoMoney
Por Rafael de Souza Ribeiro Em mercados  07 dez, 2017 17h23

Entenda por que o texto é tão importante para o futuro do Brasil

SÃO PAULO - 10 entre 10 pessoas que atuam no mercado financeiro concordam que a reforma da Previdência é uma necessidade vital para o Brasil, pois somente com ela teremos o equilíbrio nas contas do governo e com isso garantir um futuro digno para as próximas gerações de aposentados. No entanto, o assunto ainda é um mega tabu para quase todo o resto da população brasileira, que por desconhecimento sobre economia, por querer a garantia de benefícios que esperava ter um dia ou simplesmente por "questões políticas" (por que não?), se dizem contra estas mudanças.

Contudo, um texto de autor desconhecido e que viralizou em vários grupos de whatsapp de pessoas que trabalham no mercado pode ser uma "arma" a ser utilizada por aqueles que defendem a reforma da Previdência. Com uma linguagem clara e rápida, o arquivo de 12 páginas rebate 25 argumentos utilizados por aqueles que são contra mudanças nas regras da Previdência.

Embora o InfoMoney não tenha conseguido identificar quem é o autor desta obra, a qualidade do texto nos deixou bem confortável em compartilhá-lo com vocês, leitores e leitoras. Aos que entendem a importância da reforma, vale a pena a leitura e o compartilhamento com aqueles que pensam diferente; já aos que são contra mudar as regras da previdência, é uma oportunidade para mudar de ideia - ou pelo menos entender que quem pensa a favor da reforma não é necessariamente um "golpista".

Confira a íntegra do documento:

1) Não existe déficit da Previdência
Essa tese é defendida por um sindicato que representa servidores de elite. A maioria se aposentando pelo salário máximo do funcionalismo (R$ 33 mil). É óbvio que esse grupo de interesse tem muito a perder com a reforma da Previdência. Em quem você acreditaria mais: nesse sindicato, ou em uma instituição pública cuja função é auditar as contas do governo, como o TCU (Tribunal de Contas da União)? Será que os auditores do TCU iriam mentir para enganar o povo? Pois bem, auditoria do TCU já mostrou que o déficit da previdência em 2016 foi de R$ 226,9 bilhões, e o déficit da Seguridade Social foi de R$ 264,9 bilhões.

Mesmo pela metodologia usada por quem diz que não há déficit, o resultado para 2016 é um déficit de R$ 57 bilhões e em 2017 será de mais de R$ 100 bilhões. Repare que quem apresenta as contas do “não existe déficit” sempre traz um histórico até o ano de 2015. Por que, se são públicos os números de 2016? Pois, se seguir adiante, vai mostrar números negativos.

Uma CPI do Senado, na qual atuaram apenas parlamentares da oposição, também disse que o déficit não existe. Mas o relatório dessa CPI não mostra em nenhuma das suas centenas de páginas qual o valor do suposto superávit, nem em 2016, nem em 2017, nem nos próximos anos. Ela apenas afirma haver superávit, mas não diz de quanto seria, nem qual seria a metodologia de cálculo. Nenhum dos participantes das audiências públicas feitas pela CPI mostrou este dado. Trata-se de simples manifestação política que visa poluir a discussão, sem qualquer fundamento técnico.

2) As pessoas vão trabalhar até morrer
Quem defende essa tese diz que a idade mínima de aposentadoria não pode ser de 65 anos, pois existem estados brasileiros em que a expectativa de vida é apenas um pouco maior do que isso. Em Alagoas e no Maranhão, por exemplo, é de 66 anos. Em média, as pessoas só ficariam aposentadas 1 ano.

Essa interpretação não faz sentido. O dado refere-se a expectativa de vida de uma criança ao nascer, faz com que a expectativa de vida em regiões pobres seja reduzida, infelizmente, pela alta mortalidade infantil e de jovens pobres em decorrência da violência. Aqueles que sobrevivem a esses episódios, e chegam à velhice, se tornando aptos a receber uma aposentadoria, têm expectativa de viver muitos anos a partir daquele momento. É esse o dado relevante para medir a sustentabilidade da previdência. Quantos anos uma pessoa de 60 anos ainda vai viver e receber sua aposentadoria? A isso se chama expectativa de sobrevida e essa é elevada tanto nas regiões ricas quanto nas pobres. No Nordeste, uma pessoa de 60 anos tem expectativa de viver até os 81 anos. No Sudeste, até os 83 anos.

3) Vai ser preciso trabalhar 40 anos para se aposentar
Errado: uma coisa é poder se aposentar, outra é quanto vai receber de aposentadoria. O trabalhador do setor privado poderá se aposentar quando tiver 15 anos de contribuição e atingir a idade mínima. A idade mínima logo depois da reforma será de 53 para mulheres e de 55 para homens. Essa idade mínima subirá gradativamente até atingir 62 anos para mulheres em 2036 e 65 anos para homens em 2038. No caso do servidor público, o tempo mínimo de contribuição é de 25 anos e a idade mínima parte dos atuais 55 anos para mulheres e 60 anos para homens, atingindo 62 anos para as mulheres em 2032 e 65 anos para homens em 2028.

Já o tempo de contribuição acima dos 15 anos para se aposentar definirá o quanto o aposentado irá receber. Os 40 anos de trabalho referem-se ao tempo necessário para receber aposentadoria equivalente a 100% do salário de contribuição (aposentadoria integral). A pessoa que se aposentar com o tempo mínimo de contribuição pelo RGPS (15 anos) receberá 60% do salário de contribuição. Quanto mais tempo ela demorar para se aposentar, maior será o valor da aposentadoria a receber. É uma regra justa: quem passa mais tempo contribuindo recebe aposentadoria maior. Com 40 anos de contribuição, seu valor atinge 100% do salário
médio de contribuição.

É preciso separar o direito de poder se aposentar do quanto se vai receber (valor da aposentadoria). Para poder se aposentar, são necessários somente 15 anos de contribuição (25 no serviço público) e atingir a idade mínima, e não 40 anos de contribuição. Com relação ao quanto se vai receber (valor da aposentadoria), na grande maioria dos países esse valor é muito menor que o do salário da ativa. A taxa de 60%, garantida para o
trabalhador que tem o tempo mínimo de contribuição e a idade mínima, já é elevada para os padrões internacionais.

Vale lembrar ainda um detalhe importante: quem recebe salário mínimo poderá se aposentar após 15 anos de contribuição, e atingimento da idade mínima, recebendo 100% da remuneração da ativa, pois o salário mínimo é o piso do benefício da previdência. Nada menos que 60% das aposentadorias pagas pelo INSS são de um salário mínimo. E elas não terão seu valor afetado pela reforma.

4) A reforma vai diminuir o valor da aposentadoria de todos os trabalhadores
Errado. Em primeiro lugar, nada muda para quem já está aposentado ou já tem direito de se aposentar. Em segundo lugar, para dois terços dos brasileiros que ainda não se aposentaram, não haverá qualquer mudança no valor da aposentadoria. Eles se aposentarão recebendo aposentadoria pelo salário mínimo (aposentadoria integral com apenas 15 anos de contribuição) porque o menor benefício da previdência é o salário mínimo. Para os demais trabalhadores, na verdade, a reforma pode até aumentar o valor do benefício, uma vez que ela acaba com o fator previdenciário.

5) A reforma da Previdência acaba com direitos sociais. Não se pode aceitar isso: nenhum direito a menos!
Quem já está aposentado ou já tem direito à aposentadoria não é afetado pela reforma. Ela não mexe em direito adquirido. Não há nenhuma retirada de direitos. Quem ainda não adquiriu esse direito, vai ter mudanças de regras proporcionalmente ao tempo que falta para se aposentar.

É preciso lembrar que o direito de um é obrigação de outros. É a sociedade que paga a conta. Não existe uma disputa entre população de um lado, querendo garantir direitos, e governo de outro, querendo cortar direitos. O governo não fabrica dinheiro. Ele paga aposentadorias e outras despesas com o dinheiro que arrecada da população, cobrando impostos.

Se a previdência não for reformada, a conta a ser paga pela sociedade vai ficar muito alta. Ter que pagar impostos elevadíssimos não seria uma perda de direito? Não seria uma perda do direito de dispor do próprio dinheiro, de ter emprego, de ter serviços de saúde e segurança providos pelo governo?

6) Estão jogando o custo do ajuste nas costas dos pobres
Errado: 75% dos atuais trabalhadores em atividade não serão afetados pela reforma. Ela está direcionada para remover ou diminuir as condições especiais e privilegiadas de aposentadoria que ainda existem hoje, principalmente para os mais ricos.

Um dos méritos da reforma da previdência é justamente o fato de ser um ajuste que pesa menos para os mais pobres. De acordo com recente estudo do Banco Mundial, quando se considera o que cada indivíduo contribui para Previdência e o que ele recebe da Previdência, o benefício líquido se concentra nos mais ricos, ou seja, os mais ricos são aqueles que acabam por receber benefícios muito superiores a sua contribuição. Os 20% mais pobres ficam apenas com 4% dos subsídios da Previdência (diferença entre o que contribuem e o que recebem), enquanto os 20% mais ricos ficam com 35%.

Não é difícil entender o porquê. Um trabalhador que ganha um salário mínimo e passa por vários períodos de desemprego ao longo da vida, só vai conseguir se aposentar aos 65 anos e deve receber o salário mínimo. Já um trabalhador de alta renda, que tem acesso a emprego formal e mais seguro, consegue se aposentar por tempo de contribuição, muitas vezes com menos de 50 anos e receber uma aposentadoria de valor maior. Isso significa que o pobre vai receber aposentadoria menor e por menos tempo do que o mais rico. Quando a comparação é com servidores públicos, a disparidade é ainda maior, pois muitos servidores públicos ainda
têm direito a se aposentar com o último salário (integralidade).

Por isso, uma reforma que preserva os benefícios e as regras dos mais pobres, e torna mais exigentes as regras dos mais ricos, como está sendo proposto, definitivamente não é uma reforma que joga o custo nas costas dos pobres. Se a reforma não ocorrer, aí sim o custo será pago principalmente pelos mais pobres. Primeiro, porque a inflação subirá, e está provado que os pobres sofrem mais do que os ricos os efeitos da inflação. Segundo, porque a economia vai crescer mais devagar, gerando menos empregos. O desemprego também tem uma incidência e um custo mais concentrado nos mais pobres.

7) A reforma prejudica os pobres e não mexe com os mais ricos
A reforma faz justamente o contrário. Aposentadorias no valor de um salário mínimo: a reforma não mexe. Aposentadorias dos trabalhadores rurais: a reforma não mexe. Benefício de Prestação Continuada, para idosos e deficientes de baixa renda: a reforma não mexe.

Por outro lado, as aposentadorias do setor público, que podem superar os R$ 20 mil, vão passar a ficar limitadas ao teto das aposentadorias do setor privado, que é de R$ 5,5 mil.

Acaba a possibilidade de se aposentar muito cedo, às vezes abaixo dos 50 anos de idade. Essa aposentadoria precoce é possível hoje porque não existe idade mínima para se aposentar. Basta ter tempo de contribuição. Mas quem consegue somar 35 anos de contribuição são as pessoas de maior renda, que têm emprego fixo, em empresas formais. Os mais pobres, que ficam muito tempo no desemprego, só conseguem se aposentar por idade, aos 65 anos de idade. Com a reforma, ricos e pobres vão se aposentar com a mesma idade.

Também acaba o privilégio dos servidores mais antigos, que ainda têm direito a aposentadoria com salário integral e corrigida pelos mesmos reajustes do pessoal da ativa. Ainda é oferecida a opção para esses servidores de manterem esse privilégio, mas o servidor terá que se aposentar aos 65 anos, e a servidora aos 62. Se quiser se aposentar antes, terá aposentadoria integral, porém calculada pela média das contribuições.

8) Não se pode, de uma hora para outra, obrigar a pessoa a trabalhar até os 65 anos
A reforma não faz isso. No RGPS, a idade mínima começará em 53 anos para mulheres e 55 anos para os homens. A idade mínima vai subir 1 ano a cada dois anos, de modo que só chegaremos aos 62 anos para mulheres em 2036 e em 65 anos para homens em 2038. No RPPS, a idade mínima começará nos atuais já exigidos 55 anos para mulheres e 60 anos para homens. A idade mínima das mulheres atingirá 62 anos em 2032, e dos homens atingirá 65 anos em 2028.

9) Estão jogando os custos nas costas dos servidores mais antigos, que já sofreram os efeitos de reformas anteriores, já estão cumprindo regras de transição, e vão ser obrigados a se aposentar apenas com 62 anos, no caso das mulheres, e 65 anos, no caso dos homens
Reformas da previdência são sempre polêmicas, e sempre geram reações que acabam levando ao abrandamento de regras propostas. Foi isso o que aconteceu em reformas recentes que aconteceram no Brasil em 2003, 2005 e 2013. Um desses abrandamentos foi, justamente, visando manter o ultimo salario (integralidade) e reajustes iguais aos da ativa (paridade) para os servidores que já estavam a mais tempo no serviço público.

Ocorre que o problema da previdência se agrava e, com o passar do tempo, constata-se que as reformas anteriores não foram suficientes para resolver o problema, e novas reformas precisam ser feitas. Esse é o motivo pelo qual muitos trabalhadores, em especial servidores, acabam passando por mais de uma regra de transição. O fato de já estar em uma regra de transição não é suficiente para que se alegue: “eu já estou na transição, já paguei a minha parte”. Infelizmente, o que está acontecendo é que as regras (mitigadas) das outras reformas não foram suficientes para resolver o problema. E está sendo preciso mudar a regra novamente. Nada menos que 95% dos servidores que se aposentaram em 2016 tinham direito à integralidade e paridade. Isso tem um peso significativo na despesa.

Na proposta atual, no caso dos servidores públicos que ingressaram antes de 2003, eles não passam direto para a idade mínima de 62/65 anos. É necessário fazer a distinção de poder se aposentar e quanto irá receber. Eles poderão se aposentar antes, pela regra geral, que calcula a aposentadoria pela média das remunerações de contribuição. Porém, se preferirem o privilégio de manter o último salário (integralidade) com paridade de reajuste da aposentadoria com os reajustes concedidos aos colegas da ativa, serão necessários os 62/65 anos.

Nada mais justo que, em uma reforma, igualar as condições de todos, e reduzir privilégios e condições especiais que sobreviveram a reformas anteriores. E isto está sendo feito de forma gradual. Não é simplesmente extinta a possibilidade de se aposentar com o último salário, mas se cria uma condição em que, para obtê-la, será preciso contribuir mais.

As aposentadorias do RPPS, embora atinjam proporcionalmente poucas famílias do País, são responsáveis por cerca de 7% de toda a desigualdade de renda – principalmente por conta da integralidade e da paridade. Isso é um dos fatores que faz com que o sistema previdenciário no Brasil contenha injustiças sociais e contribua para a indesejada manutenção da desigualdade de renda ao longo do tempo.

10) A Previdência dos servidores públicos já está equilibrada, porque já passou por reformas anteriores
Errado: ainda vai demorar décadas para entrar em equilíbrio, com um déficit muito alto, que implicará menos recursos para as outras políticas públicas. Na União, o déficit foi de R$ 77 bilhões em 2016 e vai pular para R$ 83 bilhões em 2017. A situação dos Estados é ainda mais dramática. Em 2016, o déficit foi de R$ 90 bilhões, e em 2017 pulará para R$ 112 bilhões. Vários estados já não estão conseguindo pagar em dia as aposentadorias e pensões.

11) Não é preciso fazer reforma na Previdência dos servidores públicos. Essa reforma já foi feita em 2003, 2008 e 2013. Desde então a aposentadoria dos servidores já está limitada, não é mais integral
As reformas já feitas na legislação da previdência não foram suficientes para estancar o desequilíbrio financeiro. O sistema previdenciário de qualquer país precisa de ajustes contínuos ao longo do tempo: não existe reforma única que solucione todos os problemas. Da mesma forma como está ocorrendo agora, as reformas anteriores sofreram muitas restrições políticas. Reformar a previdência é sempre difícil, no Brasil e no resto do mundo. Por isso, muitas situações especiais e tratamentos privilegiados permaneceram intocados naquelas reformas, por emendas aprovadas durante a tramitação no Congresso.

Por causa dessas dificuldades, em vez de uma única reforma que resolva o desequilíbrio de uma vez por todas, os países acabam fazendo várias e consecutivas pequenas reformas. Por exemplo, a França reformou sua previdência em 2010 (aumento da idade mínima e exigência de idade mínima para aposentadoria integral) e em 2013 (aumento do tempo de contribuição mínimo). A Alemanha fez três reformas, em 1992 (igualou idade mínima para homens e mulheres), 2007 (aumentou gradualmente a idade mínima) e 2014 (aposentadoria aos 63 anos para os que contribuíram pelo menos 45 anos). A Grécia, por sua vez, tem se esforçado desde
2010 para reformar suas regras previdenciárias, tendo feito modificações adicionais em 2012 e em 2016, que contemplaram aumento da idade mínima com convergência para homens e mulheres e aumento do tempo de contribuição.

Ainda existe um grande número de servidores que entraram no serviço público antes de 2003, e que têm direito a se aposentar com ultimo salario (integralidade) e com paridade de remuneração com o pessoal da ativa. Nada menos que 95% dos servidores que se aposentaram em 2016 tinham direito a integralidade e paridade. Isso tem um peso significativo na despesa.

Também há outro grupo que entrou antes de 2013, e cujo valor da aposentadoria não está limitado ao teto do INSS. Além disso, a idade mínima, já existente para os servidores, está baixa frente aos padrões demográficos do Brasil. Essa idade mínima é hoje de 60 anos para homens e de 55 para mulheres, e precisa subir para 65 anos para homens e 62 anos para mulheres.

12) Não é verdade que a Previdência do servidor é privilegiada, porque ele contribui sobre o salário integral (enquanto no INSS a contribuição é sobre o teto das aposentadorias); o servidor não recebe FGTS quando se aposenta; o servidor já tem idade mínima (no RGPS não existe)
Sim, a contribuição do servidor é maior, porém o benefício é muito maior. O grande problema é que os benefícios não são proporcionais à contribuição: uma mesma contribuição no RPPS dá direito a um benefício muito maior do que no INSS.

Quanto à idade mínima que já existe para os servidores (60 anos para homens e 55 para mulheres), ela não apenas é baixa, como também tem uma regra de transição muito lenta, estabelecida em reforma anterior. Vai demorar décadas até que todos os servidores estejam submetidos a ela. Além disso, no setor público não existe fator previdenciário: uma mesma aposentadoria em uma idade jovem no RPPS gera um benefício muito maior do que no RGPS. No que diz respeito ao FGTS, ele é um fundo para amparar o trabalhador no momento em que é demitido. Com a estabilidade que existe para o servidor público, não faz sentido que ele tenha FGTS.

13) Os políticos reformam a Previdência dos outros, mas não mexem na Previdência deles
Com a reforma, novos detentores de mandato eletivo somente poderão se aposentar pelo Regime Geral. O Plano de Seguridade Social dos congressistas ou qualquer outro plano específico de detentores de mandato eletivo não receberá novos participantes. Entrarão em extinção. É fim de privilégios. É igualdade de regras para todos.

14) Por que não mexem com as aposentadorias dos juízes, procuradores e desembargadores?
Todos eles serão afetados pela reforma. As aposentadorias de juízes, procuradores e desembargadores seguem as mesmas regras das aposentadorias dos demais servidores públicos. E são eles os principais afetados pela reforma, justamente porque são os que atualmente têm os maiores privilégios. A reforma vem justamente para acabar com esses privilégios. Não é de se admirar que as entidades sindicais e de representação dos profissionais do judiciário e do ministério público estão entre os mais aguerridos adversários da reforma.

15) Se é para acabar com privilégios, por que não reformam a Previdência dos militares?
A reforma da previdência que está em discussão é uma Proposta de Emenda à Constituição. A Previdência dos militares não está na Constituição, e sim em lei específica. Se não for reformado o regime de todos os civis, não haverá justificativa nem suporte político para se reformar a previdência dos militares isoladamente.

Uma boa desculpa para quem não quer fazer reforma nenhuma é dizer que é preciso fazer tudo de uma vez só. Como isso se torna muito mais difícil, a paralisia acaba imperando, e nada acontece. Sempre é (e será) possível identificar alguma outra injustiça no mundo como fator condicionante para funcionar como desculpa para justificar posição contraria à reforma.

16) A reforma não mexe com a Previdência nos governos estaduais, onde está o maior desequilíbrio
Errado: pela reforma proposta, os estados terão 6 meses para aprovar regras distintas para seu regime próprio de previdência. Se não o fizerem, valerá para eles a reforma aprovada para o regime próprio dos servidores da União. Todos os governos estaduais têm interesse em reformar suas previdências, pois sabem do peso da conta, e não deverão propor regras distintas para seus servidores.

17) A reforma é para atender o sistema financeiro, que quer vender planos de aposentadoria privada
O sistema financeiro vai vender muito plano de aposentadoria privada se a reforma não passar, pois em pouco tempo vai ficar claro que não será possível pagar as aposentadorias do sistema público, como já está acontecendo em vários governos estaduais.

Vendo esta situação, os mais jovens logo vão perceber que não podem contar com a previdência pública no futuro. Vão preferir trabalhar com contrato informal, sem pagar contribuição à previdência, e contribuir para um plano privado, pois julgarão ser maior a probabilidade de receber a aposentadoria no futuro.

18) A reforma da Previdência é para tirar dinheiro do aposentado para pagar os juros da dívida pública
Quanto mais grave o déficit da previdência, mais dinheiro o governo tem que pegar emprestado e, portanto, mais juros ele tem que pagar. Por isso, a reforma da previdência é justamente para o governo pagar menos juros, e ter mais dinheiro disponível para financiar serviços de saúde, saneamento, educação e segurança pública.

19) A contribuição dos servidores é muito alta, se forem contabilizados os juros sobre essas contribuições, haveria saldo suficiente para pagar uma aposentadoria pelo salário integral
Isso não é verdade. Primeiro, porque, no Brasil, servidores da ativa contribuem para pagar a aposentadoria dos que já estão na inatividade. Por isso, a contribuição paga por cada servidor não fica em uma conta de poupança, rendendo juros.

Em segundo lugar, porque a população está vivendo cada vez mais. Por isso, o número de aposentados está crescendo em relação ao número de servidores na ativa. Cada vez há mais aposentadorias a pagar e menos contribuições a receber. Tal desafio não é somente no Brasil, outros países também passaram e passam por fenômeno semelhante. No entanto, no caso brasileiro, a urgência é maior porque nosso sistema possui muitas distorções e o envelhecimento é muito mais acelerado.

Em terceiro lugar, mesmo que a aposentadoria dos servidores fosse financiada por conta individual, que rendesse juros, a conta não fecharia. A expectativa de vida de uma pessoa na faixa de 60 a 64 anos é de 304 meses (cerca de 25 anos). Uma aposentadoria integral, após 35 anos de contribuição, de 11% para o servidor e 11% para a União, capitalizados por uma elevadíssima taxa real de 5,2% ao ano, e um modesto ganho real permitido pela regra da paridade de 1% ao ano, garantiria fundos para pagar 227 meses (menos de 19 anos) de aposentadoria. Ficariam faltando 77 meses (mais de 6 anos) de aposentadoria e mais alguns anos de pensão deixados para os dependentes. Além disso, existem outros benefícios de risco como auxílios e aposentadoria por invalidez que o indivíduo tem direito, caso seja necessário: a conta não fecha.

20) De acordo com um post que viralizou no whatsapp, um trabalhador que ganha R$ 880 por mês e contribui com 20% para a previdência ao longo de 35 anos, gera uma poupança que, remunerada pela taxa de juros da caderneta de poupança, seria suficiente para pagar a ele aposentadoria ao longo de 40 anos e 3 meses. O post mostra a conta passo a passo e conclui que a poupança acumulada pelo trabalhador ao final dos 35 anos será de R$ 422.784,02, mas que ele só receberá em aposentadoria o equivalente a R$ 158.400,00, morrendo antes de resgatar tudo o que contribuiu. E com isso o post conclui que não é possível haver déficit na previdência
Essa conta impressiona, por mostrar os valores com precisão de centavos. Mas está absolutamente errada, porque usa números irreais. Em primeiro lugar, um trabalhador que ganha R$ 880 por mês não tem contribuição de 20% ao mês, e sim 16% (8% para o empregado e 8% para o empregador). Em segundo lugar, a taxa de juros usada é muito alta, e equivale a mais de 8% ao ano acima da inflação, quando a média histórica no Brasil é de 5% ao ano. Em terceiro lugar, subestima a expectativa de vida que, aos 60 anos, não é de 75 anos, mas sim de 81 anos. Em quarto lugar, toma uma situação extrema em que o segurado contribui por 35 anos, não considerando que muitos chegam aos 65 anos tendo contribuído por muito menos tempo e já podem se aposentar por idade com apenas 15 anos de contribuição.

Se refizermos o exercício corrigindo as distorções acima, e supondo que o indivíduo contribua por 20 anos e se aposente por idade aos 65 anos, ele terá acumulado apenas R$ 64.905,34. Mesmo que continue incidindo juros sobre esse valor acumulado, durante a aposentadoria, esse saldo será suficiente para pagar sua aposentadoria mensal de R$ 880 por apenas 6,7 anos. Como ele terá 16 anos de sobrevida, ficarão faltando recursos para pagar 9,3 anos de aposentadoria. Além disso, não é considerada a possibilidade de geração de pensão por morte  para seus dependentes originária de sua aposentadoria nem é considerado o amplo conjunto de benefícios permanentes e temporários da previdência, tais como: aposentadoria por invalidez (não-programada), auxílio doença, entre outros.

Essa conta fica ainda mais sem sentido quando constatamos que a contribuição do trabalhador não vai para uma conta que rende juros. Os trabalhadores de hoje pagam a aposentadoria dos aposentados de hoje. Como a população está envelhecendo, e o número de aposentados crescendo, cada vez há menos trabalhadores na ativa para cada aposentado. Para que a conta feche, a contribuição de cada trabalhador na ativa vai ter que crescer sempre. Em 2065 será necessária uma alíquota de contribuição de 120% do valor do salário para que se possa pagar todas as aposentadorias.


Tive que dividir em duas partes, por limitação do fórum.
Continua a seguir.

Offline Gabarito

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #217 Online: 09 de Dezembro de 2017, 20:47:51 »
Continuando...

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21) Não tem que fazer reforma nenhuma. Tem é que cobrar os bilhões de reais que grandes empresas devem à previdência. Não se pode jogar a conta no trabalhador e não cobrar nada dos grandes tubarões. Até empresas públicas devem grandes valores para a previdência
Quando o nome de uma empresa aparece na lista de devedores da previdência, isso não significa que ela se recusou a pagar e que o governo não está cobrando. Além das dívidas propriamente ditas, estão naquela lista empresas que entraram na justiça para contestar débitos. São cobranças e multas feitas pela Receita Federal com as quais a empresa não concorda e contesta judicialmente. Para fazer isso, a empresa deposita o valor em juízo. Nesses casos houve pagamento, e se está discutindo o valor devido. De um total de R$ 432,9 bilhões que constam da lista de devedores, R$ 52 bilhões em processo de pagamento pelos devedores, tendo sido parcelados ou já contando com garantias para o pagamento. Restam, portanto, R$ 380,9 bilhões a serem cobrados.Há outros casos de empresas que são devedoras porque faliram. No processo de falência, a lei determina uma ordem de pagamento dos credores. Em primeiro lugar vêm os trabalhadores. O fisco fica atrás na fila, e em muitos casos não sobra dinheiro para pagá-lo. A Procuradoria da Fazenda mantém esses créditos não recebidos na lista de dívidas com a previdência, mas as empresas não existem mais, e o valor dificilmente será recuperado. Por essas razões, R$ 220 bilhões ou 58% da dívida a ser cobrada é de baixa ou remota possibilidade de recuperação.

Excluindo-se os dois casos acima, restam as dívidas de empresas em atividade e que não contam com depósitos judiciais prévios, classificadas como de alta ou média possibilidade de recuperação, que somam R$ 160 bilhões. Esse valor ainda é alto, mas não está perdoado ou esquecido pelo governo. A Procuradoria da Fazenda Nacional trabalha justamente para processar os devedores e cobrar a dívida. Em média, por ano, são recuperados R$ 4 bilhões.

Não existe essa ideia de que grandes empresas não pagam, o governo não cobra, e fica por isso mesmo. Assim como ocorre com outros tributos, há um cotidiano de autuações, recursos, cobranças, contestações judiciais. Ainda assim, o prazo médio das ações de execução fiscal é de quase 10 anos. E custa dinheiro para cobrar esses valores. Cada ação custa cerca de R$ 5 mil e tem chance de recuperação de seu valor integral de apenas 26%.

Por fim, supondo que magicamente o governo conseguisse receber toda a dívida que as empresas têm com a previdência, isso não cobriria nem 3 anos de déficit. E depois não haveria mais dívida para cobrar, e o déficit dos anos seguintes voltaria a acontecer. Cobrar os devedores da previdência é importante e há um esforço para que isso gere o melhor resultado possível. Mas não é isso que vai resolver o problema.

22) Se o governo tem déficit e as contas da Previdência estão tão ruins, porque o mesmo governo faz parcelamento da dívida de tributos das empresas, dando perdão de multa e juros?
De fato, os parcelamentos são um problema. Não só porque o fisco abre mão de receber receitas de juros e multas mas, principalmente, porque estimula as empresas a não pagar em dia, esperando pela próxima rodada de perdão. As autoridades da Receita costumam ser contra parcelamentos de dívida tributária.

No entanto, estando em uma democracia, é preciso respeitar as decisões do Congresso. Assim como a reforma da previdência precisa ser aprovada no Congresso, os refinanciamentos de dívida tributária também são aprovados no Congresso. O Poder Executivo pode vetar os refinanciamentos, mas em geral o Congresso consegue reunir maioria para derrubar o veto aos refinanciamentos.

O fato concreto, todavia, é que uma eventual extinção de todos os parcelamentos de dívidas tributárias não resolveria o problema da previdência. Ele continuaria a existir e a ameaçar o governo de falência, de não ser capaz de pagar as aposentadorias devidas, de ter que interromper todos os demais programas públicos para dar conta da despesa da previdência.

Os refinanciamentos de dívida tributária aprovados pelo Congresso entre 2000 e maio de 2017, representaram perda anual média de R$ 18 bilhões. Isso não é suficiente para cobrir nem 10% do déficit do RGPS projetado para 2017.. A dimensão do problema previdenciário é muito maior.

23) Se está faltando dinheiro para pagar benefícios da Previdência, por que o governo tira dinheiro do orçamento da seguridade, usando a DRU (Desvinculação das Receitas da União)?
A DRU não tira receitas da previdência. A despesa da previdência é obrigatória: todo mundo que tem direito a uma aposentadoria, recebe. Todos os auxílios-doença, aposentadorias por invalidez e demais benefícios devidos são pagos. Se falta dinheiro no orçamento da seguridade para pagar esses benefícios, o governo tem que pagar. Nesse caso, mesmo que ele tenha autorização legal para gastar o dinheiro da seguridade em outro tipo de despesa, ele não o fará, porque não está sobrando dinheiro no orçamento da seguridade.

Portanto, mesmo que exista uma regra que diga que 30% do orçamento da seguridade social não precisa ser gasto obrigatoriamente na seguridade, o fato é que a despesa do orçamento da seguridade é maior que as suas receitas. Então a DRU se torna inócua.

Por exemplo, em 2016, a DRU significou dizer que R$ 91,7 bilhões bilhões não precisariam ser gastos com seguridade, poderiam ser gastos em outras despesas, como educação, segurança pública ou infraestrutura. Mas essa mudança de destinação não ocorreu. Na verdade, o governo precisou tirar dinheiro dessas outras funções para mandar mais R$ 258,6 bilhões para complementar as despesas da seguridade.

24) Existe muita renúncia de receita da Previdência. Se fosse aprovada uma lei acabando com todos os tratamentos especiais que existem para vários setores, que contribuem menos que os demais, o déficit da previdência estaria resolvido
De fato, as renúncias tributárias são elevadas. Em 2016, se não houvesse nenhuma renúncia de receita da Previdência, o déficit seria 41% menor, o que equivale a R$ 80 bilhões. Essa renúncia cresceu muito nos últimos anos, passando de R$ 14 bilhões em 2007 para R$ 66 bilhões em 2015.

O Governo Federal está trabalhando para reduzir essa renúncia. Em 2016 ela já caiu para R$ 58 bilhões, e há iniciativas para reduzir outros R$ 20 bilhões. A renúncia na exportação da produção rural (R$ 6 bilhões em 2016) é extinta pela reforma da previdência; e a desoneração da folha de pagamento de diversos setores (R$ 14,6 bilhões em 2016) tem sua extinção parcial proposta pelo PL 8.456/2017, em tramitação no Congresso.

Ainda que não se concorde com o mérito de uma desoneração, o fato concreto é que, uma vez concedida, ela afeta as decisões de investimento e contratação das empresas por ela beneficiada. Isso significa que, criar benefício tributário é fácil, removê-lo é difícil e tem que ser feito com cuidado, pois haverá impactos negativos sobre o emprego, formalidade e renda dos trabalhadores. Fazer uma brusca retirada de desonerações em momento de crise econômica aguda pode ser traumático e desorganizar os segmentos afetados.

O Simples Nacional, que atende pequenas e médias empresas, responde por mais de 50% dos benefícios. O subsídio dado ao Microempreendedor Individual custou foi criado para estimular a inclusão de trabalhadores autônomos de baixa renda no regime da Previdência (Lei 12.470/2011). Para os beneficiários, a alíquota de contribuição ao INSS é reduzida a 5% do salário mínimo. Assim, a redução ou extinção de ambas as renúncias é o mesmo que aumentar impostos pagos por micro e pequenas empresas e MEI.

Mas é importante ressaltar que, com o passar do tempo, as renúncias de receitas, em seus montantes atuais, perdem relevância. A despesa vai crescer tão rápido, em função do envelhecimento da população, que a participação das renúncias no déficit total tende a encolher.

Ou seja, reduzir as renúncias é importante, a reforma da previdência propõe isso. Mas só isso seria insuficiente e irrelevante para a solução do problema no médio e longo prazo. As demais renúncias de receita poderão ser aperfeiçoadas por meio de projetos de lei. Contudo, as mudanças nas renúncias não substituem a necessidade da reforma. Para garantirmos uma Previdência Social sustentável, as regras do sistema precisam mudar.

25) O déficit só apareceu por causa da recessão, basta a economia voltar a crescer que a Previdência se reequilibra
O desequilíbrio da previdência é estrutural: a despesa cresceu muito mais que a receita mesmo nos anos de maior crescimento econômico e só vai piorar ao longo do tempo com o envelhecimento da população. A retomada do crescimento pode melhorar a arrecadação da previdência, mas não vai impedir a tendência demográfica do envelhecimento e o consequente aumento da despesa com aposentadorias.

O Brasil já gasta com previdência 13% do PIB e só tem 13% de idosos na sua população. O Japão, por exemplo, gasta os mesmos 13% do PIB, mas sua população de idosos equivale a 48% da população total. O Brasil está envelhecendo muito rápido: em 2050, um em cada três brasileiros serão idosos. Mantida a taxa atual, o envelhecimento da população brasileira será mais de duas vezes mais rápido que a média mundial.


Quem é esse autor desconhecido que está inundando as redes com bons textos?
John Titor?
:?:

Offline Geotecton

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #218 Online: 10 de Dezembro de 2017, 12:40:55 »
Análise consistente e que desmonta os argumentos e as mentiras da esquerdalha e dos 'parasitas' do estado.
Foto USGS

Offline MarceliNNNN

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #219 Online: 10 de Dezembro de 2017, 12:49:47 »
Bem interessante esses pontos abordados.

Offline JJ

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #220 Online: 18 de Dezembro de 2017, 09:11:33 »

Após a quebra do Estado grego, consumido pelos enormes gastos públicos fixos, todos os países do mundo buscam formas de fugir de uma situação parecida. Mas, na área de aposentadorias e pensões, o Brasil pode caminhar para uma nova Grécia em dez anos, segundo especialista:


A bomba relógio da Previdência: a Grécia é o Brasil do futuro?


João Villaverde
23 Novembro 2015 | 18h15

Manifestações na Grécia contra os cortes de gastos públicos oferecidos pelo governo grego para evitar a quebra do Estado. (Foto:
AP, 2011)

Entre todas as turbulências que, como num efeito dominó, atingiram os países da Europa após a explosão da crise econômica mundial, a partir dos Estados Unidos em 2008, a mais severa foi na Grécia. Foram graves as destruições de emprego e renda na Itália, na Espanha, em Portugal, na Irlanda e, em menor medida, em praticamente todos os europeus. Mas o quadro vivido pelos gregos entre 2009 e 2015 foi, sem dúvida, mais
dramático.


A Grécia virou, então, um quadro clássico de estudos políticos, econômicos e sociais – uma espécie de Argentina (e suas crises seguidas de 1999 e 2001) para a atual geração. Toda e qualquer semelhança com a Grécia deve ser evitada e essa passou a ser a lição de casa número 1 de diversos governos em países em desenvolvimento e também entre os desenvolvidos.


Se nada for feito pelo governo, o Brasil enfrentará, dentro de dez anos, mais ou menos, o mesmo que a Grécia viveu nos últimos meses. Essa é a avaliação do especialista em Previdência e contas públicas, Leonardo Rolim, consultor legislativo no Congresso e ex-secretário do Ministério da Previdência Social.


A pedido do Estadão, ele calculou a trajetória do déficit previdenciário do País ano a ano até 2050 e verificou que, quando o chamado “bônus demográfico” terminar, por volta do ano de 2027, o governo precisará encontrar R$ 222,5 bilhões, ou 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB), para fechar o rombo. A título de comparação, o déficit agora em 2015 deve ser de R$ 89,9 bilhões, ou 1,5% do PIB.





A partir da década de 2030, a piora nas contas será mais rápida. Com o fim do “bônus demográfico”, a entrada de adultos jovens no mercado de trabalho não vai mais superar a aposentadoria dos idosos – ao contrário. O Brasil vai se assemelhar ao que ocorre na Europa e no Japão e passar a ter, ano após ano, um contingente maior depessoas idosas do que jovens. No estudo feito por Rolim, o déficit da Previdência vai atingir impressionantes R$ 1 trilhão ao final do ano de 2050. O levantamento foi feito com a taxa de câmbio de 2015, isto é, com a simples atualização monetária, o buraco de R$ 1 trilhão será atingido antes, ainda.



“Com a mudança demográfica e o ritmo mais fraco de crescimento econômico, que são movimento interrelacionados, o quadro para a Previdência Social, se o regime não for alterado pelo governo, é caótico.


Seremos uma Grécia de hoje dentro de dez anos e algo ainda pior anos depois. O Brasil está sempre preocupado com o curto prazo, como ocorre agora, mas o problema de médio e longo prazo é muito grave e precisa ser endereço agora”, disse Rolim.


O especialista aponta serem necessárias mudanças urgentes no regime de aposentadorias e pensões do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) tanto em zonas urbanas quanto na área rural. Rolim defende a introdução da idade mínima de 65 anos, para homens e mulheres, concomitante à um aprimoramento do regime que foi instituído pelo governo Dilma Rousseff neste mês, o chamado “85/95 progressivo”.


Pela nova regra, o cidadão que desejar “escapar” do fator previdenciário e receber integralmente a aposentadoria precisa acumular 85 pontos, para mulheres, e 95 para homens. Mulheres precisarão de uma contribuição mínima de 30 anos e homens de 35, que, somados à idade, precisam acumular a fórmula 85/95, respectivamente. A regra 85/95 valerá até 30 de dezembro de 2018. A lei fixa a progressividade da pontuação 85/95, com a soma do tempo de idade e contribuição subindo em um ponto a cada dois anos, a partir de 31 de dezembro de 2018, atingindo o máximo de 90/100 em 31 de dezembro de 2026.


O aprimoramento defendido por Rolim é que a progressividade precisa chegar a 105 pontos e esse valor precisa ser igual para homens e mulheres, como ocorre em países desenvolvidos.

Ele também defende que o governo faça uma revisão geral dos benefícios rurais, uma vez que o INSS paga mais aposentadorias rurais do que há idosos morando no campo, segundo a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad). “Como pode ter mais aposentados rurais do que idosos vivendo no campo? Não faz sentido”, diz Rolim.


Reforma ampla, geral e irrestrita – já


http://economia.estadao.com.br/blogs/joao-villaverde/a-bomba-relogio-da-previdencia/


Offline Gabarito

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #221 Online: 20 de Dezembro de 2017, 17:38:18 »
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MBL - Movimento Brasil Livre
Página curtida · 2 h ·
 
GOLAÇO DA ARGENTINA!

Argentina aprovou ontem a reforma da previdência antes que o Brasil!
https://g1.globo.com/mundo/noticia/parlamento-argentino-aprova-reforma-da-previdencia.ghtml


Offline Derfel

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #222 Online: 23 de Dezembro de 2017, 09:39:28 »
E, no entanto, uma reforma com uma abrangência muito diferente.

http://www.bbc.com/portuguese/internacional-42404715

Offline Gabarito

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #223 Online: 26 de Dezembro de 2017, 09:30:19 »
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O exemplo da Argentina
País deu passo importante para a retomada da economia com a aprovação da reforma da Previdência proposta por Macri

O Estado de S.Paulo
26 Dezembro 2017 | 05h00

Com a aprovação pelo Congresso da reforma da Previdência proposta pelo governo do presidente Mauricio Macri, a Argentina deu um passo importante para a modernização e maior solidez de seu sistema de seguridade social, assim como para a retomada da economia, com a redução do déficit fiscal. Foi uma batalha difícil porque, tal como acontece com todos os países que enfrentam situação semelhante, a reforma encontrou forte resistência de sindicatos que se recusam a aceitar as novas realidades do mundo do trabalho e da demografia, intimamente ligadas ao equilíbrio das contas da Previdência.

As violentas manifestações promovidas pelas centrais sindicais - que também decretaram greve geral no dia anterior à votação - fizeram com que se temesse pela sorte da reforma. Na última delas, em Buenos Aires, manifestantes e a polícia se enfrentaram durante mais de sete horas, deixando um saldo de mais de 106 feridos, dos quais 55 policiais. Prevaleceram, porém, após 17 horas de debate no Congresso, os argumentos da maioria governista, que obteve a aprovação do projeto por uma boa diferença - 128 votos contra 116.

Do ponto de vista fiscal, a reforma - que é uma das medidas de maior peso propostas por Macri para reduzir o déficit - permitirá uma economia de US$ 5,5 bilhões em 2018. Isso equivale a um quinto do déficit. Num país em que a inflação está na casa dos 24%, essa será uma contribuição importante para colocar ordem nas finanças.

As novas regras afetarão 17 milhões pessoas, numa população total de 42 milhões. Elas permitem aos homens elevar, optativamente, a idade da aposentadoria de 65 para 70 anos. Pela lei anterior, a idade máxima era de 65 anos. Para as mulheres, a opção será de 60 para 63 anos. A principal mudança, porém, foi na fórmula de cálculo do reajuste das pensões. Ela é que provocou as mais fortes reações contrárias de atuais e futuros aposentados.

Antes, o reajuste era semestral, com base na arrecadação do Anses (o equivalente ao INSS brasileiro) e no número de aposentados e pensionistas. Agora, ela será trimestral, com base em critérios que não acarretam perdas, mas fazem com que os aposentados deixem de ganhar, segundo a explicação dos técnicos. A nova fórmula estabelece que o reajuste é calculado com base na inflação (70%) e nos salários do mercado formal (30%) de trabalhadores dos setores privado e público. O que aposentados e pensionistas deixarão de ganhar é o preço a pagar para evitar que o sistema entre em colapso (pelas regras anteriores as contribuições só cobriam 70% dos gastos) e, com isso, sejam eles próprios prejudicados.

Na primeira e frustrada tentativa de aprovação da reforma, a sessão do Congresso foi interrompida por causa das manifestações, tão violentas quanto as da véspera da aprovação. Muitos manifestantes carregavam cartazes com a frase “Aqui não é o Brasil”. A comparação dos dois casos merece reparos. Por exemplo, o sistema argentino, mesmo antes da reforma, já era muito mais realista que o brasileiro, a começar pela idade. No Brasil, a idade continuará sendo mais baixa, mesmo se forem aprovadas as regras propostas no projeto de reforma em tramitação no Congresso.

A pretendida reforma brasileira é, portanto, ainda mais imperiosa que a argentina. Principalmente se se considerar que esta, segundo advertem especialistas, terá de ser ainda mais aprofundada, o que aumentará a distância em relação ao que se propõe aqui.

A reforma argentina deixa, além dessa, outra lição importante: a necessidade de resistir à pressão dos que - em defesa de privilégios ou por causa de uma visão de curto prazo, que compromete as futuras gerações - querem impedir a reforma da Previdência no grito e na marra, como se tentou em Buenos Aires.

Isso se faz com firmeza e com esforço de esclarecimento da população e dos parlamentares sobre a necessidade de novas regras, indispensáveis à sobrevivência da instituição. Como acaba de fazer a Argentina.


Offline Pasteur

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #224 Online: 26 de Dezembro de 2017, 10:08:15 »
Parece que lá a aprovação precisava de maioria simples e aqui dois terços...

 

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