Quando alguém usa a expressão “extremamente” em alguma definição podes crer que está definindo mal. Uma coisa “extremamente porosa” é o quê? Deve como um balde furado: passa tudo, não fica nada...
Deve ser brincadeira,kkkkkkkk
Pouco poroso:um cartão, alvenaria de tijolos, pex.
Muito poroso:pano
extremamente poroso: um véu, que permite a passagem de qualquer coisa desde que não maior que sua malha. Ou processo homeostático celular, que embora seletivo, potássio, sodio, cálcio, tem perfusão 100%
Ok?
Não ok...
A própria expressão já diz: “extremamente”, ou seja: algo que está no ápice, no máximo de sua potencialidade, no ponto em que não se pode acrescentar mais coisa alguma... Qual é o ponto máximo de algo extremamente poroso?
Falei que extremamente poroso seria como um balde furado, errei, ficaria melhor: “como um balde sem fundo”...
Por que um véu seria extremamente poroso, já que um coador com buracões seria muito mais?
É comum o uso desleixado de palavras, sem atinar-se se estão aplicadas condizentemente. Já ouvi quem dissesse: “fulano é extremamente pontual”! Pô, o que significa isso? Alguém que chega ao compromisso nanossegundamente na hora?
Outra expressão danada de mal usada é “inúmeras”, que significa “incontáveis”. Então alguém diz sem medo: “telefonei para você inúmeras vezes”. Que que é isso? Passou a vida inteira a ligar para o outro?
Em conversa coloquial é aceitável esses “extremamentes” que não extremam coisa alguma, “inúmeros” que podem ser contados, mas numa definição que se supõe técnica not.
Quando “Evolução em Dois Mundos”, psicografia conjunta de Chico e Waldo, foi lançada causou rebuliço na seara espírita. Disso temos o depoimento do biógrafo de Chico, Marcel Souto Maior
Que, diga-se de passagem, antes, jornalista ateu declarado, hoje, carola espírita.
Este o verdadeiro “pseudocético”, aquele que garante ter sido sempre descrente e, quando teria melhor conhecido a proposta, mudou de ideia. São pessoas que nunca tiveram opinião embasada a respeito do assunto e quando deparam com o que lhes parece assombroso, não hesitam: aderem...
[...]
Evolução em dois mundos chegou às livrarias em meio a críticas. Médicos escreveram a Chico para protestar contra a complexidade do texto “pseudocientífico”. Por que eles não eram capazes de entender? Qual o sentido de páginas tão inacessíveis?
O livro, denso, quase inalcançável, contrariava a linha popular a ser defendida poucos anos depois por Chico: as mensagens deveriam ser acessíveis aos “espíritas mais humildes”. Chico temia o elitismo e repetiria aos intelectuais da doutrina:
— O espiritismo veio para o povo e para com o povo dialogar.
Não vi tanta dificuldade neste livro.
Ressalte-se, como sabido, que o espiritismo se disseminou, inicialmente, entre as elites intelectuais, mas seu objetivo é combater o dogmatismo e o radicalismo religioso, esclarecendo, amparando e consolando os que sofrem. Então, o Espiritismo veio para todos, mas não "aquele" livro.
Parabéns se não viu “tanta dificuldade no livro”, e mais parabéns se conseguiu entender uns 2% do conteúdo...
Nenhum outro livro espírita, mesmo que voltado para as elites, se assemelha à “Evolução”, aquilo foi um xou de vaidade da dupla Chico/Waldo.
Mesmo que fosse como diz: obra voltada para as elites, tal não altera o fato de que a maioria, nem ferrenhos seguidores de Chico, entenderam o que Evolução em Dois Mundos quis noticiar...
Note que médicos espíritas acusavam o uso de linguagem pseudocientífica. Se fossem espíritos comunicando nem brincalhões seriam, seriam sacanas da mais elevada categoria.
Alguns eruditos se deram ao trabalho de avaliar o conteúdo e encontraram, em meio à linguagem rebuscada, erros clamorosos, conforme o trecho de artigo demonstra:
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Também nesse campo os erros continuaram a se multiplicar toda vez que os médiuns consultaram os espíritos sobre fatos cientificamente verificáveis. Mais uma vez, pode-se tomar um exemplo de Chico Xavier: Evolução em Dois Mundos (1959), supostamente ditada por “André Luiz”, que supostamente foi médico sanitarista no Rio de Janeiro do início do século XX (claramente inspirado na figura de Carlos Chagas, mas sem se comprometer com detalhes).
Ao se referir à evolução da “mônada espiritual” através dos corpos materiais, afirma que “caminhou na direção dos ganóides e teleósteos, arquegossauros e labirintodontes para culminar nos grandes lacertinos e nas aves estranhas, descendentes dos pterossáurios, no jurássico superior, chegando à época supracretácea para entrar na classe dos primeiros mamíferos”.
Nesse caso, não se trata nem de afirmações cientificamente aceitáveis quando foram escritas, mas superadas mais tarde. Mesmo em 1959, não passavam de mal-entendidos típicos de leigos com conhecimento superficial de biologia e evolução. Os dinossauros não são “lacertinos” (lagartos) e mesmo no século XIX, quando a origem das aves ainda era controvertida, sabia-se que elas não descendiam dos pterossauros (seus ancestrais eram dinossauros carnívoros bípedes, da sub-ordem dos terópodes). Os primeiros mamíferos surgiram muito antes da época “supracretácea” (ou seja, o Cenozóico): são quase tão antigos quanto os primeiros dinossauros e isso é sabido desde fins do século XIX.
http://www.cartacapital.com.br/cultura/errar-e-cientifico-insistir-no-erro-e-esoterico/===============================.
Este mesmo artigo, em outro trecho, corrobora o que o Gigaview afirmou há pouco:
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Engraçado é que os espíritas ficam repetindo que nada foi inventado, mas trazido por espíritos superiores como se isso fosse uma exclusividade deles. Ignoram que na época de Kardec apareceram outros cultos e seitas que também mencionavam espíritos superiores que falavam outras coisas e eram mais organizados e estruturados que o próprio espiritismo.
Vejo o caso de Blavatsky [...]
Não vamos esquecer também que Joseph Smith, em 1823, também teve a visão de um tipo de espírito superior na forma de anjo que revelou a localização das famosas placas de ouro onde estava escrito um novo evangelho numa língua estranha [...]
Poderia ir avançando no tempo e citar outras seitas/cultos/religiões que também receberam seus ensinamentos de espíritos superiores [...]
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Compare:
“Estendemo-nos sobre o espiritismo por ser uma doutrina particularmente conhecida no Brasil, mas outras caíram na mesma armadilha. ELLEN WHITE, a profetisa fundadora dos Adventistas do Sétimo Dia, também disse (em 1846) ter sido transportada em espírito para Júpiter, “mundo com quatro luas”, onde a relva era de um verde vivo, os pássaros gorjeavam cânticos suaves e os habitantes se pareciam todos com Jesus, porque embora ali crescesse o fruto proibido, não o haviam comido. Depois foi a Saturno, “com sete luas” (as que os astrônomos conheciam na época – hoje são contadas pelo menos 60), onde encontrou o profeta Enoc, que estaria morando em uma de suas cidades.
JOSEPH SMITH, fundador da Igreja dos Santos dos Últimos Dias (Mórmon), afirmou, em 1837, disse que a lua era habitada por homens e mulheres como na terra, que viviam até quase mil anos, tinham aproximadamente dois metros de altura e vestiam-se quase uniformemente, num estilo próximo aos dos quakers.
Também nessa doutrina a existência de mundos habitados é crucial, pois Deus seria um homem ressuscitado e exaltado, mas de carne e osso, que vive em um planeta chamado Kolob e os mórmons podem se tornar deuses se seguirem seus mandamentos.
A TEOSOFIA, outro produto do século XIX, descreve também detalhes da vida em Vênus e Marte (embora reconheça que a Lua é um mundo morto), mas é mais característica pelas detalhadas narrativas sobre o passado da Terra e da humanidade, em boa parte baseada em uma mistura de mitos gregos, hindus e budistas com especulações científicas do século XIX.
Lemúria, por exemplo. Citada por Helena Blavatsky em Ísis sem Véu (1877), havia aparecido pela primeira vez em 1864, como hipótese científica para explicar semelhanças geológicas entre a Índia e Madagascar – seria um continente desaparecido ao qual essas duas terras haviam pertencido, mas que afundara, na maior parte. Alguns biólogos sugeriram que a espécie humana talvez houvesse evoluído nesse continente hipotético, supostamente a pátria original dos primatas, numa tentativa de explicar a dificuldade de encontrar fósseis do “elo perdido” entre os primatas avançados e os seres humanos.
[...]
Também a cronologia teosófica é um fóssil do século XIX. Em A Doutrina Secreta (1888), Blavatsky fornece uma “cronologia geológica esotérica”, combinando “dados científicos e ocultos”, para concluir que a Terra começou a se sedimentar há 320 milhões de anos (começando a vida a evoluir logo em seguida), o que hoje chamamos Mesozóico começou há 44 milhões e o Cenozóico há 7,87 milhões. Quanto ao Universo, começara a existir precisamente em 1.955.882.800 a.C., de acordo com sua interpretação da numerologia mítica das eras hindus.
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Errar é próprio da ciência, mas apegar-se a erros do passado é característico do pensamento dogmático, seja religioso ou esotérico. Isso não quer dizer, bem entendido, que não possa haver valor espiritual ou ético nos ensinamentos espíritas, teosóficos ou cristãos de qualquer corrente. Apenas tais doutrinas não podem reivindicar validação científica para suas supostas revelações. Quem se identifica seus valores e tem fé neles, que esteja à vontade, mas saiba separá-los das alegações científicas e históricas que vêm no mesmo pacote.
http://www.cartacapital.com.br/cultura/errar-e-cientifico-insistir-no-erro-e-esoterico/==================================.
E, não esqueça que os “espritos” superiores bagunçaram o coreto científico de Kardec, ao noticiar-lhe da pluralidade dos mundos habitados, dos marcianos trogloditas, da casa de Mozart em Júpiter, dos habitantes da lua, do espírito que se desgruda do corpo durante o sono, do magnetismo animal...