Por hoje cansei. Afinal, eu só contra o resto, né?
Belo Spencer, achei que tivessemeoinguinorando, vez que postei-lhe textos não-copy/paste, ou seja, provindos de meus cansados dátilos (exceção feita às ilustrações) e nenhum retorno de sua parte (nem mesmo recorreu ao argumento do “texto bobinho” para descartar resposta), portanto, a conclusão do desprezo pareceu a indicada...
No entanto, dou-lhe razão: está sozinho contra a multidão hostil e, mesmo sabendo que sua causa é de difícil defesa, não acho que tenha que ser bombardeado desse modo. Sendo assim, suspendo minhas ponderações a respeito de seus ponderamentos até que a maré baixe.
Por outro lado, recomendo que clame ao comandante por apoio logístico. Apesar de ser um espírita new-age, ele tem algumas leituras e, bem ou mal, apoia-se em Kardec, mas só naquilo em que Kardec o apoia...
Sendo assim, sem trazer-lhe novas objeções, resumo meu ponto de vista: o espiritismo, compreensivelmente considerado pelos crente como “a terceira revelação”, esboroa-se facilmente quando examinado nas minúcias e em suas bases. Suas origens são bem conhecidas, conforme os críticos eruditos vêm cá demonstrando, e se encontram em movimentos religiosos-culturais contemporâneos a Rivail; na continuidade o espiritismo meramente repetiu as insânias do codificador sem delas alterar um til, mesmo tendo ele se precavido de avisar que poderiam modificar o que a ciência demonstrasse errôneo.
Pois bem, a ciência, naquilo que pôde perquirir das alegações kardecistas, mostrou-as todas insustentáveis, mesmo assim a doutrina segue como se não fora em nada abalada pela evolução do conhecimento.
Contemporaneamente, temos o kardecismo em franca atrofia no mundo. Em França praticamente se extinguiu. No Brasil sobrevive um misto de kardecismo com chiquismo. Somente uns poucos intelectuais espíritas, do qual você me parece um lídimo representante, ainda encontram retórica suficiente para defendê-lo.
O principal pilar espírita – a comunicação entre mortos e vivos – está de há muito derribado (conquanto a clientela ainda não percebeu): eis que os mortos jamais deram provas objetivas de suas presenças; a reencarnação evolutiva, outra coluna importante, à qual Kardec vaticinara seria de aceitação generalizada, sobrevive mais em crenças populares que em firmes arrazoados lógicos. A não lembrança das vidas pretéritas, de que Kardec julgou ter bem esclarecido, permanece um dos grandes óbices para a aceitação, ao menos como conjetura, da proposta multividas.
Assim, na medida que se confere, com mediano rigor, as verdades espiritistas, que deveriam ser firmes contra todos assédios, visto provindas de sabedoria superior, vemo-las rapidamente perderem o chão: tome como exemplo o dogma (sim o espiritismo tem dogmas, apesar de negar) da “pluralidade dos mundos habitados”...
Então caro Spencer, se ignoras minhas ponderações por excesso de objeções de atiradores variados, ou por não achá-las dignas de comentários, sem problemas: isso não mudará o fato de que o espiritismo sobrevive apenas como crença, destituído de qualquer demonstração concreta das alegações que prolata.
É uma pena, pois eu gostaria muito de ter contato real com minha saudosa mãezinha, que partiu tão cedo...