Uma declaração de uma desembargadora com sérias acusações tem repercussão viral nas redes sociais e isso não foi de interesse público? Eis uma flagrante contradição que pode ser notada com um simples questionamento composto: se não foi de interesse público, então por que diabos a informação viralizou nas redes sociais antes de a notícia surgir e por que essa viralização ajudou na rapidez com que a desembargadora foi processada?
Interesse público não é redutível à quantidade de pessoas que tiveram acesso à essa informação, mas está mais relacionado à qualidade da informação dada e como ela afeta o debate público. Outras temas como a reforma da educação, embora não tenham tido lá grande visibilidade quanto o caso Mariele, ainda são do interesse público. Por outro lado, essa notícia "bombástica" do ceticismo político, expressando a opinião de uma pessoa qualquer, não é do interesse público, pois não agrega em nada ao debate público.
Portanto, o MBL não espalhou difamação, pelo menos não mais do que o G1 ou Folha fazem com as notícias dos ataques dos políticos petistas aos membros do Judiciário que condenaram Lula.
Ah, sim, ambos os casos são equivalentes. Vejamos:
Político quebra narrativa do judiciário e diz que Lula foi acusado sem provas e que os juízes da lava-jato estão a serviço de potências estrangeiras que querem o pré-sal.
Quantas vezes você viu esse tipo de manchete no G1 ou na Folha?
E eu ainda estou esperando a explicação sobre o que tem de tão radical e diferentemente acusatório as matérias de Mônica Bergamo da Folha e Luciano Ayan do Ceticismo Político.
Texto da Mônica Bergamo:
Desembargadora diz que Marielle estava engajada com bandidos e é 'cadáver comum'
A desembargadora Marilia Castro Neves, do Rio de Janeiro, escreveu nesta sexta (16) no Facebook que a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/03/imagens-mostram-marielle-entrando-no-carro-eoutro-veiculo-saindo-atras-dela.shtml) nesta semana, "estava engajada com bandidos".
Afirmou ainda que o "comportamento" dela, "ditado por seu engajamento político", foi determinante para a morte. E que há uma tentativa da esquerda de "agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro". A magistrada fazia um comentário abaixo de um texto postado pelo advogado Paulo Nader na rede social em que afirmava entender a comoção gerada pela morte de uma "lutadora dos direitos humanos e líder de uma população sofrida".
A desembargadora então postou o seguinte texto: "A questão é que a tal Marielle não era apenas uma 'lutadora', ela estava engajada com bandidos! Foi eleita pelo Comando Vermelho e descumpriu 'compromissos' assumidos com seus apoiadores. Ela, mais do que qualquer outra pessoa 'longe da favela' sabe como são cobradas as dívidas pelos grupos entre os quais ela transacionava."
E seguiu: "Até nós sabemos disso. A verdade é que jamais saberemos ao certo o que determinou a morte da vereadora mas temos certeza de que seu comportamento, ditado por seu engajamento político, foi determinante para seu trágico fim. Qualquer outra coisa diversa é mimimi da esquerda tentando agregar valor um cadáver tão comum quanto qualquer outro".
Um grupo de advogados que leu o texto começou a fazer campanha nas redes para que Marilia Castro Neves seja denunciada ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) por ter "ironizado" a morte de Marielle.
A desembargadora afirmou à coluna que apenas deu a sua opinião como "cidadã" na página de um colega já que não atua na área criminal.
Ela afirma ainda que nem sequer tinha ouvido falar de Marielle até a notícia da morte. "Eu postei as informações que li no texto de uma amiga", afirma.
"A minha questão não é pessoal. Eu só estava me opondo à politização da morte dela. Outro dia uma médica morreu na Linha Amarela e não houve essa comoção. E ela também lutava, trabalhava, salvava vidas", afirma.
Texto do Ceticismo político:
Desembargadora quebra narrativa do PSOL e diz que Marielle se envolvia com bandidos e é “cadáver comum”
Conforme coluna de Mônica Bérgamo, a desembargadora Marilia Castro Neves, do Rio de Janeiro, escreveu nesta sexta (16) no Facebook que a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada nesta semana, “estava engajada com bandidos”.
Ela ainda disse que o comportamento de Marielle – “ditado por seu engajamento político” – foi determinante para a morte. Por isso, Marilia diz que que há uma tentativa da esquerda de “agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro”.
Marilia combatia a narrativa da extrema esquerda de que Marielle era uma “lutadora dos direitos humanos e líder de uma população sofrida”.
A desembargadora rebateu: “A questão é que a tal Marielle não era apenas uma ‘lutadora’, ela estava engajada com bandidos! Foi eleita pelo Comando Vermelho e descumpriu ‘compromissos’ assumidos com seus apoiadores. Ela, mais do que qualquer outra pessoa ‘longe da favela’ sabe como são cobradas as dívidas pelos grupos entre os quais ela transacionava.”
E seguiu: “Até nós sabemos disso. A verdade é que jamais saberemos ao certo o que determinou a morte da vereadora mas temos certeza de que seu comportamento, ditado por seu engajamento político, foi determinante para seu trágico fim. Qualquer outra coisa diversa é mimimi da esquerda tentando agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro”.
Agora, a militância da extrema esquerda começou a fazer campanha nas redes para que Marilia Castro Neves seja denunciada ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) por ter “ironizado” a morte de Marielle. Ou seja, decidiram também criar o crime de “ironia”, o que não existe no código penal.
Marilia disse que apenas deu a sua opinião como cidadã na página de um colega já que não atua na área criminal.
“A minha questão não é pessoal. Eu só estava me opondo à politização da morte dela. Outro dia uma médica morreu na Linha Amarela e não houve essa comoção. E ela também lutava, trabalhava, salvava vidas”, afirma.
Como se quebra uma narrativa, senão com fatos novos que contrariem a narrativa? E pra quê tanto maniqueísmo, senão para induzir no leitor enviesado uma outra narrativa canalha sobre a morte da vereadora?
Mônica Bergamo não foi crucificada, assim como acontece com o G1 e a Folha nos casos das notícias dos ataques dos políticos petistas aos membros do Judiciário que condenaram Lula, diferentemente do MBL e do Ayan, e não é difícil imaginar o porquê disso.
Seria porque eles são a nova reencarnação de deus e o mal, na forma de G1, Folha, El País e outros veículos de informação
burgueses, digo, esquerdistas, não gostam do tipo de jornalismo praticado pelo MBL?