Os reacionários sentem saudade disso aqui:
Repressão da ditadura militar também invandiu as salas de aula Perseguiçãoa professores incluiu escutas em escolas, demissões e censuras a docentes
RIO - Sala de aula de ensino primário com escuta, professor demitido porque falava do compositor e cantor Geraldo Vandré com alunos, censura a jornal de estudantes de 2º grau (atual ensino médio). A violência contra professores universitários e faculdades é conhecida nos relatos sobre a ditadura militar, mas os professores de colégios de ensinos fundamental e médio também foram vigiados, reprimidos e censurados no período.
O controle da educação básica no país pelo regime militar não se deu apenas em forma de perseguição contra professores com história pessoal de militância. Tampouco se limitou à criação das famosas disciplinas OSPB (Organização Social e Política Brasileira) e Educação Moral e Cívica, trazidas pela ditadura com o decreto-lei número 869, de 12 de setembro de 1969, que tornou Moral e Cívica obrigatória nas escolas de todos os níveis e, naquelas de 2º grau, também OSPB.
A tentativa de controlar a educação básica veio também em forma de censura ao conteúdo ensinado, aos livros adotados, aos termos que podiam ser ditos.
Para apurar situações como estas vividas por professores da educação básica de colégios na época, a Confederação Nacional de Trabalhadores de Educação pretende lançar, ainda neste primeiro semestre, uma Comissão da Verdade específica para a educação, segundo a direção do Sindicato de Professores de Pernambuco, entidade
que integra a confederação.
Ao longo das últimas semanas, O GLOBO levantou histórias sobre o impacto da repressão sobre o ensino no Brasil e conta a seguir alguns destes casos.
PM dentro de colégio e demissão por causa de Vandré
Em 1968, as turmas de 2º grau do Colégio de Aplicação (CAP) da UFRJ tiveram uma censora.
— Ela falava que era uma orientadora dos textos dos alunos no jornalzinho deles. Mas era uma censora do jornal — resume Antonio Rodrigues, então professor de geografia do colégio.
A orientação da professora que exercia esta função consistia no seguinte, conta Antonio: ler os artigos escritos pelos alunos e — naqueles que tratavam de temas como internacionalização da Amazônia ou guerra civil espanhola — dizer que eles não eram os autores dos textos.
— “Ah, isso aqui foi seu pai que escreveu”. E cortava o texto. Ela não gostava de temas políticos. Até que os alunos, entre eles (Carlos) Minc e (Alfredo) Sirkis, por exemplo, zangaram-se tanto que um dia publicaram uma edição
“Censurientação”.
A direção da escola reagiu colocando um PM dentro do CAP. O ato só fez alimentar uma escalada: a tréplica dos alunos foi pichar as salas de aula com “Democracia” e “Fora o guarda”. O guarda teve que sair para os alunos aceitarem voltar a entrar.
O episódio foi um dos principais vividos por Antonio Rodrigues durante seu exercício do magistério em tempos de ditadura. Ainda no CAP, haveria outro, no início dos anos 1970: durante um seminário de professores, apareceram por lá “dois sujeitos de paletó, gravata e mosquetão nas costas” procurando por ele.
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