Então por que há essa divisão entre sub-casos em vez de ser só um "casão" enorme sobre o Lula ser de fato o agente central do powerpoint?
No meu não-entendimento das coisas, poderia ainda ser que a defesa de Lula conseguisse sustentar, quanto ao julgamento do triplex, que Lula de fato nunca pôde ser considerado seu proprietário (forma imprópria de frasear, já que é a acusação que tem que montar a prova do contrário, e não o acusado provar a inocência).
E então ele teria que ser inocentado disso especificamente, não podendo o caso ser "embasado" em outro ainda não julgado. Parece que a "prova" essencialmente seria, pelo que estou "entendendo", "Lula é o chefão central de tudo, logo, o mais provável é que o triplex fosse de fato dele, ou, pudesse ter sido, se assim quissesse". Mas sem esse estabelecimento, ainda a ser julgado separadamente, não deve então poder haver esse veredito que dele depende.
Talvez se a acusação conseguir montar a coisa toda de tal forma que torne irrelevante os demais julgamentos, mas nem sei se isso é necessariamente aceitável, fugir dessa compartimentalização das acusações.
Talvez a defesa de Lula possa não somente conseguir lançar "dúvida razoável" quanto a propriedade de Lula do triplex, mas mesmo sobre ele ser o coordenador central da ORCRIM. É ao menos possível, concebível, que alguma outra figura mais inteligente fosse o verdaeiro líder e Lula fosse o "fall guy", sob coação (ameaça de morte a la Santo André e Campinas, dele ou de parentes)? Acho que eles tem que conseguir sustentar a coisa nesse nível, de Lula "não só" ser proprietário, mas ser o chefão da ORCRIM, mesmo que nem seja esse especificamente o alvo do julgamento.
(Eu particularmente sempre achei estranho o José Dirceu ou mesmo José Genoíno acabarem presos antes de Lula...)
Temores adicionais:
Meio mundo é advogado voluntário de Lula. Que já foi até bater na portar da ONU sobre violações de direitos humanos nessas investigações. "Um líder mundial, herói do povo, que, mais do que nunca na história desse país, cuidou do povo mais pobre" -- essa parece ser a narrativa padrão internacional por enquanto. Isso deve colocar Moro em uma posição muito delicada de ter que conseguir uma condenação impecável, se não quiser que Lula escape como exilado protegido pela ONU.
A acusação ser feita nesses termos (que espero não serem caricatos demais), "Lula é o chefão, logo o triplex é seu", se, não conseguir a condenação, não pode acabar virando uma "ferramenta" para defesa nos demais julgamentos, inclusive no central? Espero que não haja uma "circularidade" na argumentação aqui, que não seja meio que uma vértebra da espinha dorsal da acusação nos julgamentos principais...