Deduções, meu caro Montalvão... você não testemunhou o fato, então deduziu.
Correto, mas deduções são raciocínios e nos movemos intelectualmente por meio deles (dos raciocínios). Testemunhar o fato não significa entender o fato. A pessoa pode estar sendo iludida por uma simulação e jurar que vivenciou experiência autêntica.
Basta examinar os postulados que regem a crença em materializações para se concluir (deduzir) que a hipótese carece de sustentabilidade.
Considere o seguinte: a conjetura de que mortos são capazes de moldarem um corpo para uso temporário e assim aparecerem diante dos vivos é apoiada em duas alegações: 1) o médium produz uma substância denominada ectoplasma, que é a matéria com a qual 2) o espírito esculpe o organismo que utilizará.
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Nenhum estudo conhecido e replicável logrou demonstrar a existência dessa tal substância, pode-se, pois, dar por estabelecido que o ectoplasma não existe.
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Sem ectoplasma sem materialização.
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Dedução: materializações não existem.
Aliás, o que mais vejo são essas suposições. O ser humano tem vícios de origem e grande parte de nossos companheiros erram, fraudam, distorcem e exageram, mas ninguém, sensatamente, diria que todos nós agimos assim. por isso certos testemunhos têm força de verdade.
Dependendo da circunstância, testemunhos têm força de verdade, no direito, por exemplo, é comum tal ocorrer. Perante alegações extraordinárias, porém, testemunhos precisam ser verificados e confirmados. Não basta o depoente ser honesto, sincero e estar muito convicto do que diz, é preciso passo além, vez que pessoas do bem também se iludem.
Faço-lhe uma pergunta a qual você tem todo o direito de não responder:
Você acredita que Jesus tenha ressurgido de entre os mortos?
Vou usar meu direito constitucional de permanecer calado... brincadeirinha...
Gostaria de responder com outra inquirição: por que está me indagando isso? Mas, como se diz que só tolos respondem perguntas com perguntas, vamos ver...
Se me apresentasse a indagação há alguns anos a resposta seria rotundo SIM! Hoje suspendo o juízo: não há como verificar a veridicidade disso. Assim como não há como conferir a realidade da maioria das alegações cristãs: Moisés abriu o Mar Vermelho? A mulinha de Balaão falou com ele? Deus mandou Abraão sacrificar seu filho Isaque? Jesus morreu pelos nossos pecados?
A respeito do ressurgimento de Jesus dentre os mortos (ressurreição, não confundir, como fez Kardec, ressurreição com reencarnação), se ele for, conforme diz a Bíblia, o enviado de Deus para redimir a humanidade de seus pecados, a ressurreição seria parte dessa missão e para que o projeto divino desse certo ela não poderia deixar de haver.
O que temos é uma proposta religiosa que pede adesão ou recusa. Quem se identifica com a oferta deverá aceitá-la sem questionamento.
Diferentemente das alegações religiosas inverificáveis, qual a ressurreição é exemplo, a crença em espíritos comunicantes é passível de aferição objetiva, conforme já explanei aqui em outra discussão, entretanto não é realizada, o que nos leva a deduzir que espíritos de mortos, mesmo que estejam vivos noutra dimensão, não comunicam com os vivos.
Se a resposta não lhe foi satisfatória pode retornar que procurarei elucidar suas dúvidas.