Não há justiça em se criar uma pessoa imperfeita e, em seguida, a punir por seus erros.
Neste longo caminho a consciência do mal praticado traz as consequências, que são proporcionais ao mal praticado e ao nível de conhecimento do autor, por isto, estas consequências não passam, muitas vezes, de um convite à retomada da lição não aprendida. Tem finalidade didática.
Mas os erros graves e reincidentes exigem medidas drásticas, onde surge o verdadeiro sentido da punição.
Isto é retrogradação, que o espiritismo não aceita.
Isto é afirmar que alguém criado puro e inocente logo a seguir cometeu erros graves e reincidentes que merecem punição.
Cometer um erro é natural por causa da ignorância e não pode ser punido.
Reincidir no erro já é sinal de que esse alguém não era originalmente puro.
Ou, se era, retrogradou.
Vamos começar por ai; uma criança ao nascer é pura e inocente?
Não pensaríamos duas vezes para confirmar.
Mas a realidade tem mostrado outra coisa, crianças em tenra idade com aptidão para o crime... Atiram e matam amiguinhos; A Justiça inglesa condenou dois meninos de 10 anos pela morte de outro de dois anos, a corte europeia foi convocada e não se opôs à decisão.
http://www.conjur.com.br/2010-mai-26/condenacao-criancas-inglesas-reacende-discussao-maioridade-penal muitos outros casos envolvendo morte por crianças são considerados acidentais, mas ainda assim, no caso do uso da arma de fogo, é notório sintoma.
O que quero dizer é que o homem não surge sapiens-sapiens, e no princípio é como um animal que precisa preservar a própria existência então desenvolve a força, a brutalidade e a astúcia. Onde está a pureza e a inocência?
Está no fato de que não mata por prazer e não canibaliza por mera sofisticação do paladar.
Mas isto não permanece assim e quando surge a noção do certo e do errado, e as leis, ele poderá infringi-las conscientemente.
Então você diz, houve retrogradação pois delinquir era condição humana, devido à pp evolução.
Mas se havia os infratores havia os que criavam as leis e defendiam a justiça. E neste ponto questionamos o livre-arbítrio... as escolhas de cada um.
Agora, Fernando, vamos ter que aceitar que existe neste assunto algo tão mais complexo que a nossa razão se nega a admitir.
Se os homens são criados iguais, por qual razão alguns praticariam o mal e outros o bem?
O Livro dos Espíritos na questão 115 em diante aborda o tema, mas permanecem algumas dúvidas, até que mais adiante se menciona o fato de que Deus dá a cada um uma missão e um meio através dos quais desenvolverá sua inteligência e personalidade.
E ainda mais a frente, prossegue elucidando: - por que o soberano de um país não faz de todos os seus súditos, generais? Por que todos os empregados subalternos não são superiores?
Enfatiza a necessidade de haver diferença entre eles para que o progresso seja alcançado... não estaria aí a origem do bem e do mal? Na diferença entre missões e meio, ou recursos e ambiente social?
Se esta foi uma condição imposta pelo Criador, haveria Ele de ser mais complacente com os que se viram na situação em que optar pelo mal era a
alternativa possível.
Como Ele solucionaria o impasse criado por Ele mesmo?
Simplesmente sendo misericordioso com aqueles menos favorecidos e, quem sabe, alternando as posições dos homens em reencarnações sucessivas, dando a todos as mesmas oportunidades, embora moldando personalidades diferentes.