Não sei se o Sr. Gorducho tem consciência de que não é um cético, na acepção da palavra, e sim um pseudo-cético.
Temos um tópico no fcc, sobre o pseudo-ceticismo, quente e esclarecedor.
"Pseudo-céticos normalmente distorcem o ceticismo científico e "acham" que fazem uso dele.
O mais importante é não esquecer que a postura correta é a neutralidade cética.
Não acreditar em algo, é bem diferente de acreditar que algo é falso ou impossível."
Dileto Spencer,
Como diria o coveiro: o buraco é mais embaixo.
Essa rotulorização teria a "utilidade" de alertar contra descrenças radicais, que pecam pelo exagero (tipo dizer: “é tudo uma bobajada só”, sem justificar), isso da parte de quem a elas recorre, nunca de forma genérica; mas note o seguinte: os crentes estão “liberados” de tal severidade. Não se vê ninguém chamando ninguém de pseudocrente, que seria aquele que crê arrimado em frágeis bases, ou seja, quase todos ou todos. Crentes não fazem uso da “prudência cética” e acham que estão isentos dessa necessidade.
Então, os acreditantes parecem pensar que qualificar o opositor de pseudocético constitua forte argumento contra as alegações que faz. Pura tolice. O correto, independentemente de apelidos, é examinar as ponderações da parte opositora e apontar-lhe as fragilidades, se as encontrar.
Veja a explicação dada de pseudocético (do texto que você selecionou):
“Pseudo-céticos normalmente distorcem o ceticismo científico” , quer dizer, quem rotineiramente toma essa posição. E o pseudocrente, como seria? Seria aquele que recorre a argumentos inverificáveis para justificar suas posições, tipo alegar que a reencarnação seja realidade porque espelha a justiça divina.
Numa discussão (discussão no sentido de confrontar argumentos, buscando o melhor esclarecimento) tanto o lado crente quanto o cético podem apresentar raciocínios falhados: todos estão sujeitos a escorregões: ninguém é pseudocético por isso (nem “pseudocrente”). É claro que os crentes quase sempre estão em situação desconfortável, pois por não terem causa que possa ser fundamentada em fatos esforçam-se por fundamentá-la em termos lógicos.
Observação: provavelmente vai questionar minha afirmação, defendendo que as alegações místicas estão amparadas em fatos, mas, pode ter certeza, não estão, este é o fato...
Considere um dos argumentos que você, Spencer, utiliza para validar a reencarnação: porque apontaria para o modelo de justiça divina. Ora, isso não é argumento justificado, é mera tentativa (discutível) de apresentar um aspecto lógico da coisa. O problema (para o advogado das multividas) é que quando se esmiuça essa lógica percebe-se que é furada desde o nascedouro. Se existe uma justiça divina o conhecimento de como funciona está fora de nosso alcance e, certamente, não seria a reencarnação que a expressaria. Já falei sobre isso em outras postagens.
Agora considere as duas afirmações:
1 - espíritos não existem
2 - espíritos não comunicam
Qual delas seria exagero afirmativo? Qual seria afirmação classificável de “pseudoceticismo”? Deixe que eu mesmo respondo: a 1ª...
É certo que alguém poderia ponderar: “dada a inexistência de evidências da realidade dos espíritos, podemos concluir que não existem”. E não seria exatamente incorreta a afirmação, porém sabemos que a ausência de evidência não é evidência de ausência: espíritos podem bem existir noutra dimensão existencial que não se articula com a matéria. Claro que não há como conferir, mas se o crente entende que a crença lhe gratifica nada contra (a mim mesmo, a crença gratifica).
Quanto a segunda afirmação aí a coisa muda: há base para se negar que mortos falem com vivos, visto que inexistem demonstrações concretas da presença dessas entidades dentre os vivos (ou “encarnados”).
E aí entra o que falei antes: a “fragilidade da causa”. Quem acredita na comunicação da parte dos espíritos dispõe de eventos que
parecem corroborar a ação dos mortos na natureza; psicografia, psicofonia, psicopictografia, materializações e mais...
Em exame superficial tem-se a impressão de crença arrimada em fatos e isso gratifica os crentes, pois se sentem confortáveis para propagandear a veridicidade das comunicações. Ocorre que, quando se aprofunda a examinação, salta à vista a anemia desse alicerce. Em verdade, as provas da ação de mortos entre vivos são provas para crentes, para quem não necessita de provas por ter previamente acatado a crença como veraz, ou seja : não por estar apoiada em eventos objetivos, concretos, mas porque a proposta soou agradável.
Falando em Pe Quevedo, o qual nunca tomei conhecimento, vi uma reportagem sobre a "mulher do algodão" e ele afirmando que a tinha desmascarado. Então procurei o vídeo desta alegação.
Não mesmo. Fez exigências para controlar a demonstração e ao final, não tendo como explicar, alegou que mulher tirava as coisas de si mesma, até do ânus.
Ele ficou interessado quando viu uma reportagem da Globo em que o reporter procurou, juntamente com sua equipe, evitar qualquer possibilidade de fraude, tendo ficado satisfeito.
Mas é interessante porque a afirmativa do Quevedo, embora imaginativa, não é toda destituída de razão. Vale a pena ver. São três vídeos de um blogueiro que a defende ferrenhamente.
Considerando as podridões que Ederlazil tira (ou tirava) do algodão não surpreenderia que algumas lhas viessem do ânus...
O xou de Edelarzil é tão macabramente insólito que admira-se pessoas irem ao seu encontro para receberem lixo “revelativo”, e se sentirem satisfeitas...
Quevedo não é bom argumentador em público (nos livros melhora um pouco, mas não é grande coisa), principalmente se a reportagem não se inclinar para seu lado. Não assisti aos vídeos, mas suponho que o padre não tenha tido oportunidade ou condições favoráveis para descobrir como a mulher forjava o logro. A não ser que se defenda que a “espiritualidade” enlouqueceu, é patente que de Ederlazil de real só se pode esperar m*.
Quando examinei um vídeo do trabalho da sujeita, de início, supus que houvesse fundo falso no tanque, por onde alguém introduziria as lixarada, mas mudei de ideia. O que deveria ser controlado é a preparação do algodão em todo o processo, pois, ao que tudo indica, o truque se faz aí.