Parece que são anti sionistas:
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
Condenação da Igreja ao sionismoO Estado Judeu da Antigüidade, após a destruição do Templo e a dispersão do povo pelo Império Romano seguida pelas revoltas do ano 70 e do ano 135, foi destruído por Deus, como punição dos pecados do povo hebreu. Desta forma, para a Igreja só o Messias de Deus, no tempo de sua Segunda Vinda, poderá restabelecer o reino de Israel e dos judeus sobre sua terra [1].
Assim, a Igreja contesta, por razões teológicas, a idéia de um Estado Judeu, tal qual foi constituído segundo as modalidades de sua criação pelos sionistas, ou seja, pelos homens e não pela vontade de Deus. Isso explica porque São Pio X, desde 1904, declarava firmemente a Theodor Herzl [2], pai fundador da ideologia sionista: « Nós não poderemos impedir os judeus de irem a Jerusalém, mas não poderemos jamais os encorajar. O solo de Jerusalém não foi sempre sagrado, mas foi santificado pela vida de Jesus. Os Judeus não reconheceram Nosso Senhor e não poderemos então reconhecer o povo judeu. Non possumus. » (São Pio X, 25 de janeiro de 1904, Cidade do Vaticano).
Essa posição foi em seguida repetida e reafirmada por Bento XV, que sublinhou de modo extremamente explícito: « os judeus não têm qualquer direito à soberania sobre a Terra Santa. » (Nota na margem da declaração de Belfort 1917).
Até em uma alocução do Consistório em 10 de março de 1919, Bento XV exprimiu claramente sua ansiedade sobre o assunto do plano que devia criar na Palestina uma situação privilegiada em favor dos judeus e « livrar » os monumentos cristãos dos não cristãos - em 13 de junho de 1921, ele se alarmava com o fato que « os judeus não venham a se encontrar na Palestina em posição de preponderância e de privilégio ». Mais tarde, ele insistiu alhures fortemente para que os direitos da Igreja Católica e de todas as igrejas cristãs na Palestina fossem escrupulosamente salvaguardados (13 de junho de 1921).
É nesse contexto que, em abril e maio de 1922, o Patriarca Latino de Jerusalém, Monsenhor Barlassina, retornou a Roma, e preparou uma preleção muito estimada na qual dizia o que se segue:
« ...A intenção do Sionismo é a conquista da Palestina. Em vista de chegar aos seus fins, os sionistas apelam a quaisquer meios. Protegidos pelas autoridades britânicas, eles são, em verdade, os mestres da Palestina, criam as leis e impõem sua vontade a toda a população. Os católicos, os muçulmanos, e mesmo os israelitas ortodoxos são submetidos a incontáveis aflições. ...eles têm a sua disposição grandes somas de dinheiro enviadas pelas organizações sionistas... principalmente por aquelas dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha. Com esse dinheiro, eles compram as terras dos pobres muçulmanos arruinados pela guerra; fundam escolas e às vezes corrompem a consciência moral.... Como os relatos fundados o provam, a intenção dos sionistas é de expropriar pouco a pouco os árabes e os cristãos... Para adicionar o nome de seus correligionários, eles organizam a imigração à Palestina de judeus russos, quase todos bolcheviques. Não menos fatal é a obra de imoralidade dos sionistas; desde que eles se tornem os mestres da Palestina, ela é terrivelmente expandida naquela Terra, banhada pelo sangue de Jesus Cristo. Os bordéis são abertos em Jerusalém, Haïfa, Nazaré... as mulheres de vida depravada pululam por toda parte, e desgraçadas doenças se pulverizam. Hoje, qual é a condição dos católicos na Palestina? Subversivamente, mas sistematicamente, os sionistas os afligem com todos os tormentos possíveis. » Civilta Cattolica, vol. 2, 1922, pp. 461-462.
Após a Segunda Guerra Mundial, quando não se assistia a uma instalação massiva de judeus na Palestina nas condições escandalosas à consideração das populações locais, o novo papa Pio XII não ajustou menos de sete intervenções nas encíclicas, discursos e mensagens sobre a questão de Jerusalém, sublinhando que os « Lugares Santos deviam ser preservados, que os fiéis deviam neles ter livre acesso sem perigo, e que os cristãos tinham o direito de exercer um controle absoluto sobre seus lugares de prece. » (Auspicia Quaedam, 1 mai 1948)
Sempre em « Auspicia Quaedam », Pio XII fazia esse apelo : « Façamos de forma que a religião, defensora de todas as virtudes, possa gozar da liberdade que lhe é devida. E façamos de forma que o trabalho pacífico dos homens - posto sob os auspícios da justiça e do desejo divino da caridade - produza abundantes frutos para o bem de todos ». Depois, fazendo referência aos Lugares Santos, o Papa apelava a rezar a fim de que « a situação na Palestina pudesse enfim ser resolvida na justiça, e que a paz e a concórdia pudessem enfim triunfar ».
Subseqüentemente, em sua Encíclica « Redemptoris nostri », na data de 15 de abril de 1949, Pio XII convidava novamente cada um, e em primeiro lugar os católicos do mundo inteiro, a se engajarem em « persuadir os governantes das nações, e aqueles cujo dever é regulamentar esta importante questão, a garantir à Cidade Santa e à região próxima um status jurídico apropriado, dentro das quais a estabilidade não possa ser assegurada senão por um acordo mútuo entre as nações que amam a paz e respeita os direitos dos outros. »
Isso tinha por meta, sobretudo, negar aos sionistas sua pretensão à autoridade sobre os Lugares Santos, e pleitear em favor da internacionalização de Jerusalém.
Observemos a Igreja anterior ao Vaticano II em sua sabedoria, malgrado as garantias que Theodor Herzl oferecera ao São Pio X quanto ao estatuto dos Lugares Santos, objetaria sempre o famoso « non possumus » como resposta católica tradicional em sua atitude face ao sionismo e ao Estado de Israel; uma atitude antissionista fundada sobre a recusa teológica durável de um retorno dos judeus sobre sua terra ancestral obtida sem o concurso da Providência Divina, mas pela utilização de meios inaceitáveis e de métodos em completa contradição com as leis de Deus, cujas terríveis conseqüências não cessam de produzir frutos perversos os quais uma constante atualidade nos mostra os efeitos terríveis.
https://www.icatolica.com/2015/02/condenacao-da-igreja-ao-sionismo.html