Euler, você vai chegar a diferentes conclusões sob vendo a questão sob diferentes prismas ideológicos.
Isso é irrelevante para o debate. O que se discute aqui é a definição de escravidão, e não a ideologia que a sustenta.
Sob a ótica dos escravagistas brasileiros, a abolição da escravidão era comunismo, já que tirava aquilo que eles consideravam como propriedade privada: o escravo.
Independente da ideologia que se escolha, um ser-humano que nasceu e viveu em Cuba, e, por isso, deve a vida e tudo o que tem à "sociedade cubana" (que continua ganhando alguns dólares, apesar do governo cubano ficar com 60% do salário dos médicos cubanos), independente da própria vontade, é um escravo, e o que caracteriza aqui a escravidão é justamente a falta de liberdade dos médicos que são obrigados a dar 60% do que ganham ao governo cubano e que não podem fugir porque têm suas famílias presas por lá.
Sob uma ótica socialista, o médico não está pagando a faculdade ( como em uma espécie de FIES ), até porque não foi só a faculdade que foi gratuita, mas sim é o tal do acordo tácito que o Sérgio inadvertidamente se referiu, que existe de servir a sociedade por se servir desta.
E todos servindo ao regime socialista Cubano.
Ou seja, ideologicamente é o oposto da ideia fascista de servir ao Estado, mas sim não de um Papai Estado, mas uma espécie de mamãe sociedade que provê as necessidades essenciais de seus indivíduos através de um sistema coletivo com a participação de todos.
Comovente. Falando em mamãe sociedade, quase me fez acreditar que Cuba é uma democracia e as decisões são feitas em referendo. Aliás, nós também temos um sistema coletivo parecido aqui no Brasil: O estado provê serviços públicos de graça, em troca, nós pagamos impostos. A diferença é que eu não sou propriedade do meu governo, diferentemente dos médicos cubanos.
Ou seja, são vieses ideológicos, mas essa não era a questão principal, mas sim a hipocrisia de querer pretender se mostrar como muito preocupado com a situação destes profissionais cubanos ( que diga-se de passagem, querem muito estar aqui nessa situação ) e não haver nenhuma preocupação com milhares, talvez milhões de pessoas que fiquem sem assistência médica, mesmo a mais básica.
A contratação de médicos cubanos também se deu por vieses ideológicos parecidos. Não se seguiu como política pública com base em uma relação custo/benefício, mas como um meio do governo brasileiro transferir dinheiro publico para o regime cubano. Bolsonaro quis acabar com isso, e não com o fim do programa, mas o regime de Cuba não gostou muito da ideia e decidiu mandar de volta para casa seus médicos. Se Bolsonaro conseguir resolver o problema, seja dando asilo a esses médicos, seja importando mais médicos de outros países ou contratando médicos daqui, estaremos numa situação melhor do que a que estávamos antes.
Ainda em relação às críticas a qualidade do profissional cubano, não podemos ser ingênuos de não perceber que é necessário filtrar todos os interesses que envolvem estas avaliações. Tanto positivas quanto negativas. Porque eu também posso linkar facilmente agora milhares de textos, vídeos, documentos, etc, atestando a ótima qualidade dos profissionais cubanos na área de saúde.
Só há um meio objetivo de testar a qualidade dos profissionais cubanos, que é, justamente, aplicar sobre eles o revalida, mas o regime cubano não quer isso. Aliás, os médicos cubanos são os únicos profissionais estrangeiros que não precisam desse teste, mesmo eles sendo a maior parte dos médicos estrangeiros. Isso é um escândalo e mina ainda mais a confiança que se tem dos ex-governos do PT com esse programa de transferência de renda para Cuba.
E sobre os interesses "republicanos"... bem... você não está enxergando interesses nessa medida do Bolsonaro?
E os interesses de quem realmente interessa, que são as pessoas vivendo em lugares onde antes só tinham acesso a rezadeiras?
Deve haver mesmo interesses nessa promessa de Bolsonaro, o que não torna os interesses por trás desse programa que o PT criou menos escusos, e como eu disse antes, se Bolsonaro conseguir resolver a situação sem ter que dar nosso dinheiro ao regime cubano, já estaremos melhores do que estávamos antes.