Os empréstimos para Cuba não passaram pelo Congresso, o programa não passou pelo Congresso.
Coincidência que tudo que envolva o governo PT e o governo cubano tenha acertos assim?
Não foi coincidência. No seu post você sugeriu que lessem com atenção a matéria do link.
Você leu com atenção?
Por que você acha que houve esse cuidado de driblar o congresso?
O impressionante é que esta matéria confirma quase tudo que eu já tinha explicado sobre aquela reportagem marota da Band, com o título de "Objetivo do Mais Médicos era Atender Cuba" e tanto o Euler quanto o Entropia viram a reportagem ( e assim como eles talvez milhares de pessoas ) e foram induzidos achar que estavam vendo uma reportagem com PROVAS de que o objetivo do programa era a transferência de recursos públicos para a ilha de Fidel. Que loucura, porque a combinação da manipulação jornalística com o desejo da pessoa de acreditar fez ela ver algo que não estava ali.
A reportagem era marota a começar pelo título, que se quisesse realmente descrever a notícia que seria dada, deveria ser: "Gravações Revelam que no Mais Médicos houve objetivo (intenção) de ATENDER às exigências de Cuba".
Não atender Cuba no sentido de dar assistência ao governo cubano ou financiar Cuba, mas atender às exigências que Cuba fez para trazer os médicos ao Brasil.
E agora essa matéria que você linkou trouxe mais informações para gente entender isso.
Parece que Cuba, desde os anos 90 quando perdeu o patrocínio da URSS, está "exportando" médicos e tecnologias na área de saúde para fazer dinheiro. E ao que parece muitos países se aproveitam dessa excelente oportunidade para obter estes serviços a um baixo custo.
Médicos cubanos estariam em 62 países, na maioria destes (35 países) em condições similares àquelas em que foram enviados para cá, e estes 62 países (atente bem para este fato!) não são todos governos de esquerda bolivarianos!
Vou repetir: Uruguai, México... 24 países da América Latina contam com estes profissionais. Alguns pagando a Cuba como fez o Brasil, como fez o próprio Fernando Henrique, porque estes médicos saem a um custo mais baixo. Para 27 destes 62 países Cuba fornece estes médicos de graça por razões humanitárias, outros 35 pagam pelo serviço como faz o Brasil.
Vou repetir mais uma vez para dar chance de ligar todos os pontinhos: 24 países da AL, 62 do mundo, a maioria com governos que não poderiam ser acusados de querer financiar ditaduras marxistas, e SÓ o Bolsonaro expulsou esse pessoal.
Países como Portugal, África do Sul, dois grandes aliados dos EUA na OM como o Kwait e a Arábia Saudita, entre outros, seriam exemplos de países com governos fazendo acordos "escusos com objetivo de financiar ditaduras socialistas".
Médicos cubanos trabalhavam em 62 países no fim de 2016, em 35 dos quais o governo cobrou por seus serviços, segundo estatísticas oficiais publicadas nesta segunda-feira.
A venda de serviços profissionais, fundamentalmente médicos, é a principal fonte de divisas para a ilha, acima do turismo.
Em um artigo recente publicado pelo site oficial Cubadebate, o ex-ministro da Economia José Luis Rodríguez calculou que esta atividade forneceu “um (valor) estimado de 11,543 bilhões de dólares na média anual entre 2011 e 2015”.
O Anuário Estatístico de Saúde 2016 revela que os profissionais cubanos estão em 24 países da América Latina e do Caribe; 27 da África subsahariana; dois do Oriente Médio e da África setentrional; sete da Ásia Oriental e do Pacífico, além de Rússia e Portugal.
A edição digital do Anuário, publicada pelo site especializado Infomed (www.sld.cu), não registra a quantidade de profissionais que intervêm nessas missões, mas segundo o Ministério da Saúde, em meados de 2015 eram mais de 50.000, a metade deles médicos.
Além de Venezuela e Brasil, os mercados mais importantes, os médicos cubanos estão em países como Catar, Kuwait, China, Argélia, Arábia Saudita e África do Sul.
Ainda com a aguda crise na Venezuela, o maior sócio comercial de Cuba, a venda de serviços médicos supera as receitas da florescente indústria turística, que se situaram em 2,8 bilhões de dólares em 2016.
A ilha também oferece serviços gratuitos mediante o chamado Programa Integral de Saúde, destinado a 27 países com menos recursos como Haiti, Bolívia, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Honduras, Etiópia, Congo, Tanzânia, Zimbábue, entre outros.
Segundo o Anuário, Cuba encerrou 2016 com 90.161 médicos, incluindo os que trabalham no exterior.
O Estado cubano financia por completo o sistema de saúde, uma de suas conquistas mais divulgadas, junto com a educação universal gratuita.
Um total de 493.368 pessoas trabalham no sistema, incluindo 16.852 odontólogos, 89.072 enfermeiros e 63.471 técnicos.
A ilha mantém também a formação de médicos para outras nações, na Escola Latino-americana de Medicina (ELAM), onde 2.326 estudantes cursam atualmente os seis anos da carreira, aponta o Anuário.
Mas só no Brasil criou-se esta celeuma em torno do caso. E isso já dá um indício do porquê acharam conveniente não passar pelo congresso.
Porque evidentemente o programa iria enfrentar resistência oportunista e sofrer objeções por razões políticas, por o governo ser do PT. Coisa que não aconteceu com o PSDB de FHC que pôde trazer os cubanos, pagar a Cuba, e ninguém nem fez alarde.
Tá tudo na matéria que você mesmo linkou, e também naquela reportagem da Band.
Olha só, Cuba repassa 3 mil reais a cada médico, uma ninharia porque ele poderia receber mais de 10 mil trabalhando por conta própria. Então o que impede que esse cara peça asilo político no país para onde ele vá e se desligue do programa cubano? Muitos, senão a maioria, fariam isso, e segundo essa matéria mesmo mais de 400 dos que FHC trouxe fizeram. Então, dos anos 90 pra cá Cuba adotou algumas medidas para o programa funcionar, que são as exigências que são feitas no acordo bilateral com o outro país. Como, por exemplo, o compromisso de não conceder asilo político e se comprometer a repatriar este médico ao final do contrato.
Mas pelo que eu entendi ( e que deve ser uma exigência legal nossa ) se for feito um acordo bilateral entre o Brasil e outro país, isso precisa passar pelo congresso, e obviamente eles previram que encontrariam resistência com motivação política. O que está se comprovando agora com esse ato político do Bolsonaro. Por esse motivo bolaram o plano de usar a OPAS, para fazer como se fosse um contrato entre a OPAS e governo brasileiro, e não um acordo bilateral com Cuba. Mas claro, para que fosse viável, a exemplo de todos os outros países, aceitaram as mesmas exigências que Cuba faria caso se firmasse um acordo bilateral. Todas, EXCETO justamente aquela que estava relacionada com financiar (pagar) o governo Cubano.
Porque o Brasil pechinchou, pechinchou, até conseguir os médicos cubanos pela metade do preço.
Eu acho que agora você já pode reler a matéria COM ATENÇÃO e ver finalmente o que o texto está dizendo.