Piada de hoje do governo, dia 5,
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/01/filho-de-bolsonaro-orienta-professores-a-evitarem-temas-como-feminismo.shtml
É burro demais, agora é que o feminismo ganha a força que precisa.
É burro mesmo.
Se fosse só vigarista eu ficaria mais tranquilo. Porque o vigarista engana aos outros mas é esperto, tem consciência que está se valendo de mentiras.
É melhor que um homem público seja vigarista do que burro. Pois engana em benefício próprio, mas na hora de tomar decisões o vigarista inteligente e esclarecido sabe discernir discurso ideológico de realidade objetiva.
Por exemplo: a tese do inimigo judeu, que traria consigo falhas morais próprias da sua raça, foi útil aos nazistas. Todo o discurso nazista ajudou Hitler a chegar ao poder e unir o povo em torno do projeto nazista. Mas a ideologia trabalhou contra esse próprio projeto na medida em que a cúpula do partido acreditou parcialmente nessas besteiras racistas.
Generais de carreira não queriam abrir uma nova frente invadindo a URSS. Mas os nazistas subestimaram o potencial de um país gigantesco com base na fantasia do eslavo sub-humano. Eu já li o Minha Luta e o último capítulo defende a ideia da necessidade e direito da Alemanha se expandir para o leste. Ali Hitler atribui as poucas - segundo ele - contribuições russas para a cultura e a civilização à influência de uma elite de origem prussiana.
Bobagens assim são boas pra manipular o povão, mas fatais quando um líder toma decisões acreditando
nas próprias mentiras.
Feminismo não é uma invenção da esquerda. Muito menos do PT. Demandas por direitos iguais independentemente de sexo, orientação sexual, raça e religião não se prestam a colocar a sociedade no rumo do socialismo.
Por ironia não houve movimento feminista nos países do bloco socialista. Como legado desse período a Rússia de hoje é um dos países mais sexualmente desiguais. Se não considerarmos os islâmicos e os muito subdesenvolvidos.
Homossexualismo também era reprimido como subversão na maioria dos países socialistas. Apenas
muito recentemente a esquerda descobriu estas causas.
O Canal Brasil está exibindo o documentário "A Vida Extraordinária de Tarso de Castro", um dos fundadores do famoso Pasquim.
Recomendo, muito bom. Nesse filme há o Tarso entrevistando Leonel Brizola chegando do exílio para fundar o PDT. Questionado sobre o porquê dos direitos dos homossexuais não estarem na agenda dos partidos de esquerda, Brizola responde que isso realmente não está na pauta do PDT e o partido não tem nenhuma posição oficial sobre a questão. E muitos se lembram do Lula fazendo piadinha homofóbica com os "viados de Campinas", em um tempo não muito longe quando o PT não ligava pra viado e feminista.
O que aconteceu neste meio tempo?
Uma parte da elite política da esquerda passou a revisar antigas crenças, antigos dogmas. Especialmente depois do colapso do bloco soviético e da adesão bem sucedida da China a um modelo de economia de mercado, bandeiras históricas da esquerda passaram a ser repensadas: como por exemplo a eficácia de uma ampla reforma agrária, o assistencialismo excessivo, a estatização da economia, etc... A esquerda necessitava se reinventar e isto pode ser verificado na própria política econômica dos governos petistas que divergiu muito de tudo que eles mesmos sempre pregaram desde a fundação do partido.
É verdade que o PT criou várias estatais, mas se examinarmos o porquê se constata que a real motivação foi corrupção: desvio de dinheiro, distribuição de cargos, empreguismo... Nada muito diferente de terem inventado um Ministério da Pesca só para ter algo pra dar de presente para o representante político da Igreja Universal.
Esse desvio da esquerda em direção a uma política mais de estilo rotulado como neo-liberal não ocorreu só no Brasil e daí nasce a necessidade destes partidos assegurarem uma identidade ideológica abraçando novas causas, levantando novas bandeiras. Algo que os distinguisse marcadamente da direita. Surge a chamada "política de substituição": em vez de reforma agrária, defesa dos povos indígenas, em vez de estatizar multinacionais, defesa dos direitos das mulheres, em vez de saúde e educação universal e gratuita de qualidade, cotas em universidades e defesa dos direitos dos transexuais...
O contra-ataque não demorou: se por um lado o apoio fez estes grupos se aproximarem ainda mais da
esquerda, a direita começa a atacar e demonizar estes grupos e estas reivindicações. Mas o alvo mesmo
destes ataques é o capital político do adversário. Se o adversário tivesse abraçado a causa dos idosos teria surgido um discurso para gerar antipatia pelos velhinhos.
Uma tese ridícula, mas que vem fazendo até a cabeça de gente que não chega exatamente a babar na gravata, se aproveita de textos de autores como Gramsci para inventar uma teoria da conspiração que interpreta essa tal política de substituição como um plano em escala global para degenerar a sociedade ocidental por meio da libertinagem sexual. Estimulados por esquerdistas libidinosos todos passarão a transar não só com todos, mas até com entes dos reinos vegetal e mineral, e acredita-se que a orgia vai ser tamanha que ninguém mais trabalhar conduzindo ao completo colapso econômico. O capitalismo se desorganizaria com todo mundo transando, abortando e mudando de sexo como se muda de roupa... o cenário propício para restaurar aquele mesmo velho comunismo que, sem libertinagem nem feminismo, faliu em todos lugares em que foi tentado.
Idiotices como esta até funcionam para tirar adversários do poder e vencer eleições. Nosso atuais líderes em Brasília usaram e abusaram destas bobagens, mas se percebe que também foram usados. São patetas, vítimas idiotizadas por estas besteiras. Por pouco não nomearam um astrólogo com oitava série incompleta para ministro da educação porque acreditam em qualquer coisa.
Acreditam até no Silas Malafaia.