Autor Tópico: Transexualidade  (Lida 46341 vezes)

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Offline Dodo

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Re: Transexualidade
« Resposta #350 Online: 09 de Maio de 2006, 14:56:26 »
Chegando tarde no tópico :

Vc quer ser mulher e gosta de mulher???
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

Offline Guinevere

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Re: Transexualidade
« Resposta #351 Online: 09 de Maio de 2006, 17:00:44 »
Pela trezentézima vez desde o ano passado: yessssssssss!!!!

Mulher é a melhor coisa que tem, não concorda? :D

Rhyan

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Re: Transexualidade
« Resposta #352 Online: 09 de Maio de 2006, 18:49:14 »
haha, concordo, por isso mesmo gosto de ter nascido homem...

Offline Guinevere

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Re: Transexualidade
« Resposta #353 Online: 09 de Maio de 2006, 18:51:21 »
Não é por isso, embora voce pense que seja. Não estou falando de mim, mas lésbicas em geral gostam de mulher e gostam de ter nascido mulher.

Rhyan

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Re: Transexualidade
« Resposta #354 Online: 09 de Maio de 2006, 19:02:24 »
haha, calma... tava só brincando...
:hihi:

Offline Guinevere

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Re: Transexualidade
« Resposta #355 Online: 13 de Maio de 2006, 10:51:21 »
Neste link:

http://www.disforiadegenero.org/modules.php?name=News&file=article&sid=361

lemos:

Citar
Argentina: La adecuación de sexo a transexual fue un éxito

La Plata, (NA) -- Una delicada intervención quirúrgica a la que fue sometido ayer en un hospital platense un ingeniero transexual de 47 años para adecuarle los genitales a su condición femenina "fue un éxito", y el paciente "despertó sonriente", según indicó esta tarde el médico que encabezó la operación, Pablo Maldonado.

Maldonado señaló que la intervención "duró cinco horas" y que la paciente Alejandra Victoria deberá permanecer "48 horas en terapia intensiva" y estará, al menos, diez días internada en el Hospital Gutiérrez de La Plata.

"La paciente se despertó sonriente y feliz, evolucionó favorablemente, estará unos diez días internada y se le realizará un seguimiento durante algunos meses", reveló el médico.

Asimismo Maldonado explicó que: "En la cirugía de reafinación sexual se trata de adaptar el sexo biólogico de la paciente a su sexo psíquico. Hubo que tomar tejidos del pene y del escroto para hacer una vagina y los labios de la misma".

El médico señaló que Alejandra Victoria realizaba desde hacía un año y medio un tratamiento con hormonas, lo que le permitió que le crecieran los senos y que tuviera condiciones femeninas.

La intervención fue realizada por el doctor Maldonado y su equipo de cirugía plástica del Hospital Gutiérrez de La Plata y técnicamente la operación fue similar a las otras ocho de reasignación de género llevadas a cabo hasta ahora en el mismo nosocomio.

Alejandra Victoria vive en Buenos Aires y es una persona estudiosa de la problemática transgénero, según trascendió. Antes de someterse a la intervención, Alejandra dijo que no quiere que la operación que adecua sus genitales a su condición
femenina le sirva solamente a ella.

Según dijo, le gustaría que sea útil también para crear conciencia en la sociedad sobre la existencia de un síndrome, el de Harry Benjamin, que padecen las transexuales como ella.

En tal sentido, señaló que es tan grande su interés por mejorar la situación de las personas con ese problema que, habiéndose podido operar en Chile o presentando su caso ante la justicia provincial, donde ya había antecedentes de operaciones
autorizadas, eligió llevarlo a la justicia federal.

Noticia tomada de: www.elindependiente.com.ar

Reparem na idade: 47. Antes tarde do que nunca, certo?

Offline Dark Angel

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Re: Transexualidade
« Resposta #356 Online: 24 de Maio de 2006, 17:12:27 »
Não sei quem é a forista transexual mas gostaria de dizer a vc que conheço uma transexual e acredito que ela fez o que era melhor para ela, hoje ela se sente realizada e luta pelos direitos dos transexuais. Porém, ela possui em sua identidade o sexo masculino e o nome masculino. Acredito que isso não deveria ocorrer. O Direito deve respeitar o direito das pessoas serem quem elas desejam realmente ser, e não negá-las o reconhecimento de uma mudança tão significativa emocionalmente e corporalmente para elas.

Se o problema é colocar na carteira de identidade o sexo feminino apesar do transexual não ser fértil(argumento utilizado por juristas), que se crie o sexo T. A transexual que conheço passa por situações desnecessárias quando apresenta sua identidade, o atestado da cirurgia... E muitas vezes é vítima de preconceito, inclusive de colegas da miinha sala de Direito... É incrível como o preconceito e a ignorância complica as nossas vidas, em todos os seus gêneros. |(
"Eu perdôo a pior verdade, mas não tolero a menor mentira"

Offline Dark Angel

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Re: Transexualidade
« Resposta #357 Online: 24 de Maio de 2006, 17:14:22 »
e a burocracia também... havia me esquecido...
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Offline Guinevere

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Re: Transexualidade
« Resposta #358 Online: 24 de Maio de 2006, 17:20:32 »
Sexo T? Nem morta! :D :D :D

Tem que ter o sexo F e pronto! meninas recem nascidas nao sao ferteis e recebem sexo F nos documentos, mulheres pós-menopausa também, quem é o jurista retardado que fala isso? heheheh

Offline Dark Angel

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Re: Transexualidade
« Resposta #359 Online: 24 de Maio de 2006, 19:32:00 »
Também acho que o adequado seria o sexo F, mas é difícil mudar o sexo na identidade brasileira... Nesse sentido, o T já seria melhor que o M, que é absurdo.
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Offline Ego

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Re: Transexualidade
« Resposta #360 Online: 26 de Maio de 2006, 14:11:34 »
Esse tópico é para qualquer um opinar?

Eu vou ser bem sincero. Não sei se vai acrescentar algo ou não.

Não acho isso normal como você disse em alguma das respostas "trocar de sexo e virar lésbica" só para mim que isso soa como piada e infantil?

Ter um sexo feminino entre as pernas não vai mudar o fato que você é homem, assim como o louco que acha que é super-homem não vai deixar de ser um louco.

Você está perseguindo a felicidade? Quem disse que na vida temos que ter felicidade? Seja o que é e prova da infelicidade sem artifícios. Mudar de sexo não vai resolver tudo, eu garanto. Assim como ler livros de auto ajuda não resolvem tudo.

Me dá vergonha ler que, você como crente, diz que isso não é pecado, mas ser lésbica te preocupa. Ah, por favor!

Viva a infelicidade, pare de se auto enganar. Você deve ser feliz? Você deve ser o que é? Você deve ter suas vontades atendidas? Isso simplesmente não é o mundo real. Ninguém é o que é, faz o que quer ou tem as vontades atendidas.

Acredito na mente e na inteligência. Se você se vê como mulher não precisa mudar nada. Afinal, você se vê como mulher. Não precisa ninguém te ver como mulher, isso é muito subjetivo. Se você precisa trocar de sexo para ser mulher, isso só trás a certeza de que você não se vê ou sente como mulher realmente, como foi dizendo nas outras páginas.

Ego
Visite meu blog, "Fat Free: A Vida Com Um Exaustor":

http://fatfree.jubiiblog.co.uk/



Quero práticar o cérebro.

Offline Guinevere

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Re: Transexualidade
« Resposta #361 Online: 27 de Maio de 2006, 17:25:46 »
Gostei muito desse texto abaixo. Sugiro que leiam TODO. São textos como esse que me dão vontade de desistir de TUDO.

(ah, "dyke" é uma palavra meio equivalente a "sapatão")

Citar
Virando de costas: uma Introdução para a Questão da
Inclusão das Mulheres Trans

Por Julia Sereno
Traduzido por Aline de Freitas

Nunca foi minha intenção de me envolver tão intensamente na questão da 
inclusão das mulheres trans em espaços lésbicos e feministas. A 
primeira vez que ouvi sobre a questão foi em 1999, na época em que eu 
estava começando a me identificar como trans – mais ou menos dois anos 
antes eu comecei minha transição física. Naquela época, eu estava 
lendo vorazmente tudo o que eu pudesse pegar em mãos relacionado com 
experiências e questões trans. Enquanto eu lia, tropeçava em 
instâncias de discriminação anti-trans de dentro da comunidade 
lésbica. Isto incluia comentários anti-trans depreciativos por 
influentes pensadoras lésbicas feministas como Mary Daly, Andrea 
Dworkin, e claro Janice Raymond, que escreveu o infame livro 
anti-trans O Império Transexual: A construção de She-Male; histórias 
sobre ações cometidas contra Sandy Stone e Beth Elliot sendo expulsas 
do festival da comunidade lésbica por serem transexuais; e claro, a 
política de exclusão de mulheres trans do Festival Musical de Mulheres 
de Michigan (eufemisticamente chamado de política 
“só-de-mulheres-nascidas-mulheres”), que foi iniciada no início dos 
anos 90 depois de um incidente onde uma mulher chamada Nancy 
Burkholder foi expulsa do festival quando foi descoberto que ela era 
trans.

Enquanto eu achava decepcionante que pessoas que se identificavam como 
lésbicas e como feministas agissem tão duramente contra outra minoria 
sexual, eu não estava de fato surpresa. Afinal, praticamente todas as 
facetas da nossa sociedade parecem odiar ou ter medo das pessoas 
trans, e esses incidentes me pareciam mais como um sintoma de uma 
transfobia social generalizada do que algo único ou específico da 
comunidade lésbica. E como alguém que estava procurando se envolver 
com ativismo trans, parecia haver uma plenitude de outras mais 
práticas e relevantes questões para mim a serem levantadas: violência 
anti-trans e crimes de ódio, discriminação no emprego, acesso à saúde, 
reforma do CID, ajuda a trans jovens, e claro, mudar a opinião pública 
sobre as pessoas trans.

Mas no decorrer dos anos que se seguiram, eu experimentei uma série de 
mudanças na minha vida que poderiam consideravelmente remodelar minha 
visão nesta questão. Primeiro, havia minha transição. As pessoas são 
sempre mais fascinadas sobre os aspectos físicos da transição 
(hormônios, cirurgias, etc.), mas eu pessoalmente acho que as mudanças 
físicas não são nada dramátcas como foram as diferenças que eu 
experimentei na forma como as pessoas passaram a me tratar. Como eu 
escrevi certa vez sobre minha transição: “meu corpo está tomando um 
novo formato, mas de fato está tomando novos significados.” Enquanto 
eu me considerava uma feminista muito antes da minha transição, e 
muitas vezes perguntava para minhas amigas sobre como é viver como uma 
mulher num mundo androcentrista, nada havia me preparado 
verdadeiramente para ser tratada pelo mundo como uma mulher. Em um 
nível intelectual, eu sabia que não seria fácil, mas eu subestimei 
apenas que era frustrante, enfurecedor, e dolorido ter estranhos 
regularmente sussurando e fazendo insinuações sexuais para mim, ou ter 
homens falando baixo para mim, falando sobre mim, e algumas vezes 
usando praticamente voz de bebês quando direcionando a mim.

Mas para mim, ser trans não envolvia apenas aprender como percorrer 
meu caminho no mundo como uma mulher. Como eu tive o privilégio de 
poder passar batida como uma mulher, no meu dia-a-dia quando sou 
forçada a sair do armário para alguém, a cada nove de dez vezes é como 
lésbica e não como transexual. Isso acontece sempre que alguém me 
pergunta se estou a procura de alguém e eu respondo, “na verdade, eu 
tenho uma esposa.” Isso me acontece também, toda vez que minha esposa 
Dani e eu nos damos as mãos ou nos beijamos em público  Isso acontece 
quando Dani não está por perto, mas alguém assume que sou dyke de todo 
geito por causa da forma como eu me visto, falo, ou me cuido.

Depois da minha transição, eu comecei a escrever não apenas sobre ser 
trans, mas sobre minhas experiências vivendo no mundo como mulher e 
dyke depois de anos sendo percebida como um “homem hétero”. Não 
surpreendentemente, muito do que eu escrevi tem um definido fundo 
feminista. Como uma mulher trans, parece-me impossível discutir minha 
jornada de homem a mulher sem contextualizar a diferença de valores 
sociais para a masculinidade e para a feminilidade, Depois de tudo, ao 
crescer como um garoto, eu aprendi cedo que algumas poucas pessoas em 
nossa cultura são facilmente ridicularizadas e violentamente 
desprezadas como meninos femininos. E eu não pude ajudar mas desenhei 
uma conexão entre a forma como os meninos femininos eram tão 
cruelmente atormentados tanto por meninos quanto por meninas na escola 
em minha juventude e a condenscente atitude que alguns homens têm 
contra mim agora – o sinal de que perceberam que sou “menos” sexy.

Eu sei que é popular nos dias de hoje falar sobe discriminação 
anti-trans partindo do fato de que nós, as pessoas trans, 
“transgredimos as regras de gênero.” Francamente, isto não corresponde 
completamente com minhas experiências pessoais. Como um garoto 
excêntrico, eu tinha plenitude de liberdade para fugir das atividades 
de meninos e cultivar uma aparência e pessoa andrógena. Eu era algumas 
vezes implicada por ser diferente, por ser um menino atípico ou 
não-masculino, mas isso não era nada comparado com o veneno reservado 
para todos os meninos que agiam femininamente. E agora, como uma 
mulher transexual, eu acho que todos que me ridicularizam ou me 
diminuem não o fazem simplesmente pelo fato de eu falhar na 
concordância com as normas de gênero – ao invéz disso, mais 
freqüentemente do que nunca, eles ridicularizam minha feminilidade. 
Pela minha perspectiva, a maior parte do sentimento anti-trans que eu 
tenho que enfrentar é provavelmente melhor descrito como misoginia.

Esta idéia – que muito do que é comumente chamada “transfobia” é tão 
somente o tradicional sexismo disfarçado – passei a perceber quando eu 
comecei a receber convites para falar nos varios eventos queer de 
mulheres ao redor da Baía de São Francisco. Enquanto eu era 
calorosamente bem recebida pela maioria das mulheres que freqüentavam 
estes eventos, eu cruzaria algumas vezes com certas mulheres que me 
regeitavam, que se sentiam preocupadas com minha presença, que agiam 
como se estivessem me dando um favor especial por “tolerar” minha 
presença, que recusariam apertar minha mão e fariam comentários 
inapropriados  sobre meu estatus trans como para me lembrar de que eu 
não era uma mulher “real” como elas. Este senso de propriedade sobre 
ser uma mulher ou ser lésbica me parecia hipócrita.

Além do mais, assim que caminhássemos para fora da porta, ambas nós 
enfrentaríamos discriminação similar por ser mulher e por ser dykes. 
Mas o que era mais frustrante sobre a forma como essas mulheres me 
rejeitavam estava no fato de que pareciam não ter problemas com 
mulheres que expressavam masculinidade e com homens trans (FTM) em 
seus eventos. Em outras palavras, elas não tinham tantos problemas com 
pessoas trans, conquanto fossem masculinos- ou com identidade 
masculina do que femininas- ou com identidade feminina.

Esta preferência especial de tratamento com homens trans sobre 
mulheres trans atesta que homens trans foram crescidos como mulheres e 
assim possuem direito a um lugar em comunidades feministas e lésbicas, 
ao passo que mulheres trans experimentam o privilégio da masculinidade 
e permanece masculinas em algum nível, e assim devem ser excluídas. 
Entretanto, este argumento não faz muito sentido quando examinamos a 
questão mais de perto. Afinal como alguém que identifica-se como 
mulher e atualmente vive como uma mulher têm menos em comum que uma 
pessoa com identidade masculina que possui aspectos físicos masculinos 
e atualmente se beneficia do “privilégio” masculino? A premissa de que 
mulheres trans deveriam ser postas para fora porque “costumavam ser 
homens” é bastante suspeita. Ao invéz, acredito que esta preferência 
por homens trans sobre mulheres trans simplesmente reflete a 
inclinação social em ver a masculinidade como forte e natural, e a 
feminilidade como sendo fraca e artificial. Em outras palavras, isto é 
um produto do tradicional sexismo.

Minha constatação sobre como o sexismo tradicional modela a suposição 
popular sobre mulheres trans começou a realmente assumir forma entre 
os anos de 2003 e 2004 quando eu comecei a me envolver no Camp Trans, 
uma organização que trabalhava para acabar com a exclusão de mulheres 
trans de espaços de mulheres, mais notavelmente o Festival Musical de 
Mulheres de Michigan. No meu trabalho nesta questão, eu aprendi em 
primeira mão que o sentimento ocasional anti mulheres trans que eu 
tinha enfrentado na relativamente amigável Baía de São Franciso era 
apenas a ponta do iceberg. Algumas mulheres que viajavam ao redor do 
mundo para o Michigan nada pensavam sobre suspeitar ou odiar mulheres 
trans, e muitas vezes faziam comentários extraordinariamente ingênuos 
e insensitivos sobre mulheres trans numa tentativa de justificar nossa 
exclusão. Eu tenho certeza que essas mulheres acreditam que estão 
protegendo os valores dos espaços lésbicos e feministas fazendo 
oposição à nossa inclusão a todo custo, mas na verdade os pontos 
específicos que fazem geralmente minam as metas feministas enquanto 
acreditam que as estão sustentando. Além do mais, o feminismo é 
baseado na convicção de que a mulher é muito mais que apenas o sexo 
dos corpos em que nascemos, e nossas identidade e habilidades são 
capazes de transcender a restritiva natureza da socialização de gênero 
que suportamos durante a infância. Estou pronta para encontrar a 
pessoa que possa explicar, como recusando mulheres trans o direito de 
participar em espaços e eventos de mulheres é consistente com o 
aspecto principal do feminismo.

Este é o porque de me sentir tão desapontada em ver membros de minha 
própria comunidade dyke praticamente cegas, andando para trás, 
abraçando hipocresia, no último esforço para impedir mulheres trans de 
entrarem em espaços lésbicos e feministas. Mulheres que são 
horrorificadas pela política “não pergunte, não diga” sobre 
homossexualidade parecm não encontrar falta para com a política 
similar de Mishigan sobre gênero. Mulheres que têm lutado contra os 
ideais patriarcais sobre o que é uma mulher “real”, nada pensam sobre 
dar as costas e usar a palavra “real” contra mulheres trans. Mulheres 
que se sentiriam escandalizadas se um painel de discussão sobre 
questões femninas nas revistas Newsweek ou Times fosse levado apenas 
com homens não vê nada de errado com o fato de que nos últimos anos 
muitas das maiores revistas lésbicas terem publicado artigos e 
colocado mesas de discussões sobre a questão de Mishigan e a inclusão 
das mulheres trans sem convidar nenhuma mulher trans para participar. 
É triste ver que as mulheres que estão tão desesperadas em prevenir as 
mulheres trans de participarem do Mishigan estão na verdade é fazendo 
com que este festival de “mulheres” nunca seja de fato um evento de 
mulheres, mas apenas um evento daquelas que nasceram e foram criadas 
como garotas.

Eu tenho certeza de que a maioria dessas pessoas que apóiam a política 
de exclusão de mulheres trans do Michigan, ou que ficam em cima do 
muro nesta questão, teriam uma opinião muito diferente se fosse a 
inclusão delas que estivesse sendo debatida. Você pode imaginar como 
estas mesmas mulheres estariam furiosas se o festival anual de 
mulheres fosse realizado apenas por mulheres hetero que decidissem 
excluir mulheres lésbicas de participarem? Você pode imaginar como 
insultante elas iriam se sentir se ouvissem que não são permitidas a 
entrar no espaço só de mulheres porque não são mulheres “reais”, ou 
que a atração que sentem por mulheres pode ameaçar a segurança das 
outras mulheres? Você pode imaginar como iriam se sentir frustradas se 
mulheres hetero conversassem com elas sobre diversidade sexual por um 
minuto, para depois dar as costas e pagar $400 num ingresso para um 
evento de mulheres “homo-free” em seguida?

Tanto quanto me choca a longa história de mulheres trans sendo 
expulsas de comunidades lésbicas durante os anos 70, 80 e início dos 
90, o fato é que o movimento trans não pôde dar seu próprio passo, e 
haviam apenas umas poucas pessoas capazes de articular uma mensagem 
clara pelos direitos trans e inclusão naquela época. Mas agora, em 
2005, não há desculpa legítima para a exclusão de mulheres trans em 
espaços lésbicos e feministas. A maioria dos grupos LGB colocaram há 
um bom tempo a letra T no final de seus acrônimos. E enquanto houve um 
tempo em que os debates sobre a inclusão trans apenas tomaram lugar na 
periferia da comunidade queer, eles agora tomam lugar nos ambientes de 
trabalho e tribunais ao redor do Estados Unidos. Nos últimos quinze 
anos, seis estados (Minnesota, Rhode Island, New Mexico, California, 
Maine e Ilinois) e muitas cidades ao redor do país extenderam suas 
leis anti-discriminação para explicitamente incluir pessoas trans. É 
embaraçoso que tanta gente dentro da comunidade lésbica, que 
geramlmente se orgulham de suas políticas progressivas, tratem de agir 
como Peoria, Ilinois e El Paso, Texas no reconhecimento e respeito 
pelas identidades de gênero das pessoas trans.

Então porque eu continuo nisso? Porque não seguir o conselho das 
exclusionistas de mulheres trans do festival de Mishigan que sugerem 
que nós trans deveríamos começar nosso próprio festival? Bem, porque 
eu não sou apenas uma transexual; eu sou também uma mulher, uma dyke, 
uma feminista, e esta é minha comunidade também! E seria irresponsável 
da minha parte virar as costas para o ativismo feminista ou lésbico-bi 
por conta da voz preconceituosa de uma minoria contra mim. Eu continuo 
trabalhando para esta causa porque eu acredito que é crucial para 
outras mulheres lésbicas-bis e feministas reconhecerem como a 
transfobia e a misoginia trabalham de mãos dadas para marginalizar 
todas as mulheres e reforçar os privilégios masculinos.

Artigo original: http://www.hottrannyaction.org/outside.html#backwards



« Última modificação: 27 de Maio de 2006, 22:02:59 por Guinevere »

Offline Sharon

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Re: Transexualidade
« Resposta #362 Online: 27 de Maio de 2006, 17:55:35 »
Bom, eu acho que os gays em geral (homens mulheres e trans) são melhor aceitos na sociedade quando não se unem a movimentos. Tenho horror a feministas. Prefiro mostrar no dia-a-dia a importância de uma pessoa competente e correta, humana e solidária, seja homem, mulher ou lésbica ou gay ou trans. Acho que tudo isso aí (do texto, Guinevere, não da fase em que você se encontra) é coisa de quem não tem muito o que fazer. Porque é que mulheres trans lésbicas precisam ir a festivais só de mulheres??? Que coisa mais chata, a não ser que seja uma suruba. Não tem nada pra discutir a não ser o fato de ser lésbica, de ser mulher trans e blá-blá-blá.

Quanto a lutar por direitos como carteira de identidade com nome de mulher, eu sugiro reuniões de trabalho com políticos sérios e envolvidos e não festinhas particulares de "aqui-não-entra-quem-não-for-igual-a-mim".
Fanática contra o fanatismo. (Bertrand Russel)

Offline Sharon

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Re: Transexualidade
« Resposta #363 Online: 27 de Maio de 2006, 17:57:21 »
deixe que se ferrem sozinhas essas pessoas azedas.
Fanática contra o fanatismo. (Bertrand Russel)

Offline Guinevere

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Re: Transexualidade
« Resposta #364 Online: 27 de Maio de 2006, 18:34:52 »
É, eu mesma não faria parte de um grupo desses, nem tentaria ir nesses eventos... 

Mas o texto é muito bom, mostra muitas coisas interessantes.

Ah, esse texto é massa, também:

http://ftmichael.tashari.org/trans101.html

Em Inglês, resumão básico sobre todo esse lance de sexo/gênero/transeuxalidade/pessoas intersexuadas.

Offline Oceanos

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Re: Transexualidade
« Resposta #365 Online: 27 de Maio de 2006, 20:30:02 »
Citar
PS: não, eu não sinto atração por homens!!!
:lol:

Offline FZapp

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Re: Transexualidade
« Resposta #366 Online: 02 de Junho de 2006, 22:52:23 »

Finalmente terminei este tópico !  :vergonha:

Enfim, que queria te perguntar duas coisas :

-> vc tem compreensão / apoio de alguém da sua família ?
-> imagino que vc teve poucos relacionamentos com mulheres. Estou certo ?
-> vc 'tentou' algum relacionamento homosexual (isto é, em algum momento 'tentou' ter atração por homens) ?
-> Além de ter problemas com espelhos, alguma outra situação vc não consegue superar no teu atual natureza (não precisa mencionar qual) ? São muitos ?
--
Si hemos de salvar o no,
de esto naides nos responde;
derecho ande el sol se esconde
tierra adentro hay que tirar;
algun día hemos de llegar...
despues sabremos a dónde.

"Why do you necessarily have to be wrong just because a few million people think you are?" Frank Zappa

Offline Guinevere

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Re: Transexualidade
« Resposta #367 Online: 03 de Junho de 2006, 09:17:41 »

Finalmente terminei este tópico !  :vergonha:
BRigada, Julián!

Enfim, que queria te perguntar duas coisas :
Duas? Esse negócio de "previsão prévia de quanto vou digitar" nunca dá certo...

-> vc tem compreensão / apoio de alguém da sua família ?

Eu acredito que eles estão me "compreendendo" e apoiando no momento atual, em que sou apenas uma alma perturbada e confusa, que etm sentimentos de querer ser mulher mas não se decidiu pela transição. Não sei se continuarão compreensivos nem se vão em apoiar caso eu comece a mudar efetivamente. Gosto de pensar que sim. Pretendo trabalhar com eles pra que isso aconteça.

Quer dizer, pra mim é inconcebível quando vejos certos trans contarem que já estavam tomando homônios a meses em segredo e ainda não tinham contado tudo pra mãe! Fosse pro pai (deles) eu até entendia...

-> imagino que vc teve poucos relacionamentos com mulheres. Estou certo ?
-> vc 'tentou' algum relacionamento homosexual (isto é, em algum momento 'tentou' ter atração por homens) ?
Não sei se ficou claro... mas... "Não". Nunca. Nem com homem nem com mulher. Em nenhum momento também tentei deixar de gostar de mulher ou passar a gostar de homem. (nem sei que tipo de auto-tortura usaria pra isso, heheheh)

E também quero enfatizar de novo que considero a idéia "arrume uma namorada pra vocÊ ter certeza do que gosta e do que sente" desnecessária, prejudicial até. Porque não se trata de orientação sexual, este tópico, mas de indentidade de gÊnero. Eu sei que gosto e sempre gostei de mulher e quero uma pra mim. O que está em jogo hoje é que eu "me vejo" como mulher e se eu devo ou não tentar modificar meu corpo (transição) e passar a me apresentar para as pessoas como sendo do gênero feminino.

(estou respondendo as perguntas de forma mais completa, porque outras pessoas além de você vão ler, tá?)

-> Além de ter problemas com espelhos, alguma outra situação vc não consegue superar no teu atual natureza (não precisa mencionar qual) ? São muitos ?
O problema com espelho é o problema mais geral com minha imagem, o que quem me conhece da Internet pode constatar pelo fato de nunca ter visto minha foto nem aqui nem no orkut nem nada. Eu não tiro foto desde... uns 10 anos atrás ou mais. (fora pra documento) Nem minha mãe tem foto minha.

Mas é claro há várias outras coisas que me incomodam e me incomodaram sempre. A principal delas foi o que mais pegou na depressão que tive ano passado. E que me levou a decobrir que isso é disforia de gÊnero.

Mas há problemas que ainda  não são problema e vão emergir no futuro, por exemplo: meus irmãos vão casar e ter filhos. Essas crianças vão me chamar de "tio"! Socoooooorro!!!!!!!!!!!!!!

(isso é sério, me dá pavor só de me imaginar sendo tio. Mas se for pra ser a tia deles, a coisa muda de figura :D)

Offline FZapp

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Re: Transexualidade
« Resposta #368 Online: 03 de Junho de 2006, 10:06:24 »
"E também quero enfatizar de novo que considero a idéia "arrume uma namorada pra vocÊ ter certeza do que gosta e do que sente" desnecessária, prejudicial até. Porque não se trata de orientação sexual, este tópico, mas de indentidade de gÊnero."

Sim e não. Eu não quis dizer 'arrume uma namorada' (ou namorado), mas sexo é prática.

Atenção: quando digo sexo, não quero dizer 'coito', e sim gostar de alguém e deixar que alguém goste de você. Não há relação sexual (novamente, não esotu falando de 'coito') sem atração mútua, e se não deixar que alguém goste de você, nem homem, nem mulher, nem barata nem arcanjo vai conseguir se aproximar.

Amar é principalmente deixar ser amado.

Além disso, falhar é bom quando sabemos que estamos tentando entender quem somos.

Sei lá, é a minha opinião e obviamente digo isso para vc pensar, não para vc concordar.


--
Si hemos de salvar o no,
de esto naides nos responde;
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Offline Guinevere

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Re: Transexualidade
« Resposta #369 Online: 03 de Junho de 2006, 10:12:51 »
Você está se referendo a um relacionamento amoroso/romântico, certo? Mas dá na mesmo. Quero amar e ser amado/a por uma mulher, disso eu não tenho dúvida.

Offline FZapp

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Re: Transexualidade
« Resposta #370 Online: 03 de Junho de 2006, 11:38:07 »

Após o nosso papo pelo MSN, espero que tenha mais claro o que quero dizer quanto a amar e deixar ser amado.  :ok:
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Offline Diegojaf

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Re: Transexualidade
« Resposta #371 Online: 25 de Junho de 2006, 15:27:53 »
Putz... li o tópico inteiro...

Agora a Gui não pode ficar reclamando de eu ficar fazendo pergunta que ela já respondeu aqui...:ok:
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Guinevere

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Re: Transexualidade
« Resposta #372 Online: 25 de Junho de 2006, 15:33:02 »
Posso, porque vocÊ geralmente demonstra não entender o que leu...

Offline Diegojaf

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Re: Transexualidade
« Resposta #373 Online: 25 de Junho de 2006, 15:37:20 »
Posso, porque vocÊ geralmente demonstra não entender o que leu...

O que você quer dizer com isso? :hein:


:histeria:



Mas sério... você não acha que seria um passo adiante usar um programa como o Photoshop pra ver como vai ficar se virar mulher?

Acho que seria interessante no quesito aceitação... você já vai ter uma imagem muito próxima do que vai realmente ser, sem ilusões...

Além do mais, isso poderia te ajudar a visualizar aquelas coisas que você diz não conseguir imaginar fazer enquanto na pele de homem e ver se realmente esse mudança radical é necessária...
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Offline Guinevere

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Re: Transexualidade
« Resposta #374 Online: 25 de Junho de 2006, 15:49:40 »
Mas sério... você não acha que seria um passo adiante usar um programa como o Photoshop pra ver como vai ficar se virar mulher?
Pra fazer isso eu teria que tirar uma foto minha como eu sou hoje.

E isso eu não tenho coragem.

Além do mais, isso poderia te ajudar a visualizar aquelas coisas que você diz não conseguir imaginar fazer enquanto na pele de homem e ver se realmente esse mudança radical é necessária...
mmmm, tipo o que?

 

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