Não sei porque, o sistema está cortando a análise completa do Brian Josephson sobre o caso natasha. Envio em separado o restante:
2. As motivações I
Em face disto, parece que há algum tipo de trama para desacreditar a adolescente alegada psíquica por criar as condições que tornem possível fazê-la passar como um fracasso. Poderiam os investigadores simplesmente terem feito um erro computacional quando decidiram colocar o ponto de corte em 5 acertos? Aparentemente não: Wiseman, quando interrogado sobre isto, pareceu saber sobre a estatística de 50 contra 1, mas não teria aceito que o ponto de corte foi colocado injustamente. O que então ele teria a dizer sobre o fato de Natasha ter conseguido quatro acertos? Admite que o resultado é “interessante”, mas então é citado como dizendo: “no máximo, ela já fez bastante isso e ela tem uma perícia real em ser capaz de olhar as pessoas e fazer razoavelmente diagnósticos exatos.” Talvez compreendendo que esta declaração pode não ser convincente, então sugere que talvez Natasha tenha fraudado, um meio de escapar à questão.
Um segundo argumento duvidoso para Natasha não ter nenhuma capacidade especial (com exceção da ‘perícia em ser capaz de olhar as pessoas e faz razoavelmente diagnósticos exatos’) envolveu discrepâncias numa prova preliminar, mas dada a extensão limitada a que estas discrepâncias foram seguidas acima seria difícil de concluir apenas baseado nisto que Natasha realmente não colhia algum problema que os indivíduos não tinham anotado em seu cartão (tendo visto o programa real, eu agora considero o argumento baseado nestas discrepâncias ter sido brutalmente dissipado).
Nas palavras de Sven-Goran Eriksson, ‘isto é um nonsense’. Um resultado estatisticamente muito significativo foi obtido na parte quantitativa da investigação, mas os experimentadores ocultaram o fato com sua conversa de ‘fracasso na prova’. A investigação alega ser científica, mas fracassa em quase todo teste prático de boa ciência. Isto importa para um programa de TV? Sugiro que se um programa finge ser científico então importa, e seu fracasso em se adaptar a normas científicas é uma questão séria.
3. As motivações II
Se esta linha de licenças de pesquisa nos deixa duvidosos, talvez nós devemos olhar em outra parte para entender por que a investigação tomou a forma que tomou. De acordo com o artigo do Guardian, a experiência foi projetada por cientistas trabalhando para o Comitê para a Investigação Científica de Alegações do Paranormal (CSICOP), uma organização de céticos profissionais. Além do mais, o líder da investigação, Andrew Skolnick, é o diretor da organização do CSMMH, a assim chamada Comissão para Medicina Científica e Saúde Mental. Esta organização não é um corpo oficial como alguém pode pensar pelo título Comissão, mas antes uma coleção das pessoas interessadas “no exame científico de medicina alternativa não demonstrada e terapias mentais de saúde”, sua filosofia em
http://www.csmmh.org/about.html é uma leitura instrutiva, com referências a ‘remédios aberrantes’ e ‘pesquisa duvidosa’. A situação agora talvez torna-se um pouco mais clara. Seria coerente com os objetivos de membros de tais organizações para a experiência ser projetada para aumentar ao máximo as possibilidades de levar Natasha ao descrédito. Colocando o corte em 5, ao invés do valor que faria mais sentido, a saber 4, ajudaria a conseguir isto, como iria o cenário onde seria anunciado que Natasha ‘tinha fracassado na prova’. Talvez não necessitamos olhar mais para ver por que o corte de 5 ao invés de 4 foi escolhido?
4 Wiseman e a mídia
As investigações de Wiseman são surpreendentemente bem divulgadas pelos meios de comunicação, o que certamente não pode se dar exceto se projetado para isso. Outras investigações seguem um padrão semelhante ao descrito. Tome o seguinte relatório de uma de suas enormes demonstrações. Aqui segue um exemplo:
Nenhum encontro de mentes em teste de telepatia
Por David Derbyshire
(Daily Telegraph, 14 dezembro de 2000)
A maior experiência psíquica do mundo feita na semana passada falhou em mostrar qualquer evidência para a telepatia.
Mas então, o verdadeiro psíquico teria sabido disso de qualquer jeito.
Sobre o curso de 10 experiências, várias centenas pessoas não conseguiram projetar uma série de imagens oferecidas em um lugar selado a várias centenas de pés de distância. Os voluntários deviam acertado entre duas e três imagens somente pela chance. Acertaram uma em 10.
O comentário jocoso de Derbyshire ‘o verdadeiro psíquico teria sabido disso de qualquer jeito’ é mais verdadeiro do que se pode perceber, já que muitos parapsicólogos profissionais predisseram que a prova “fracassaria”, justamente pelo seu conhecimento das condições de prova.
Vemos as mesmas características como em nosso exemplo anterior: uma prova altamente publicada é executada de certo modo que seja improvável o sucesso, e o fato de que fracassa é altamente trombeteado como se fosse um resultado altamente significativo: uma exposição disfarçada para parecer-se com ciência.
5. Os comentários no programa de TV
Suspeito que a maioria dos observadores acabariam profundamente céticos quanto ao modo com que a ‘prova’ foi feita, e imaginado os motivos dos investigadores. Um comentário feito pelo próprio Wiseman nos estágios finais do programa parecia sintetizar a mentalidade dos investigadores precisamente:
“ … Não importa o que [a experiência alcance] em termos de prova. Isto não é sobre os resultados; isto é sobre a crença”.
Parece para mim que a única conclusão que pode vir a respeito da prova é que ela foi inconclusiva; nenhum observador com o mínimo de inteligência teria sentido que o fato de Natasha não ter conseguido 5 acertos (‘ a contagem que os experimentadores tinham posto’), sob as condições obtidas na prova, queria dizer muito absolutamente.
Os três investigadores resolveram ignorar a estatística inconveniente do resultado, e falaram em vez disso como se o resultado da prova tivesse refutado as alegações de Natasha, o que claramente não fez. Proceder assim não foi somente não científico mas, sob as circunstâncias, contrário à ética.
6. Reflexões posteriores
(Adicionado em 28 de novembro de 2004) Em correspondência, Andrew Skolnick expressou em palavras fortes a visão de que a experiência do CSICOP/CSMMH era boa ciência, enquanto a crítica nesta página da web era não científica, afirmações que eu achei duro de considerar de modo sério. Há, no entanto, uma perspectiva imaginável de que a forma dos cépticos de fazer as coisas pode parecer racional. Vamos examiná-la.
O cenário em questão é um onde (a) não se acreditou que as alegações de Natasha talvez pudessem ser verdadeiras; (b) considerando serem verdadeiras poderiam ter conseqüências indesejáveis. Se alguém pensasse assim, então desmentir as alegações seria da mais alta prioridade. Suponha também (c) que há uma possibilidade que pode parecer como o resultado de uma investigação que Natasha tinha a habilidade alegada, quando realmente ela não tinha (uma situação que os céticos afirmam ser a verdadeira), que pode levar às conseqüências indesejáveis presumidas em (b). Nesse caso, pode parecer racional projetar a experiência para reduzir a probabilidade de um resultado falso positivo como em (c). Esta linha de pensamento poderia ter sido o raciocínio subjacente na escolha de 5 em 7 como o ponto de corte.
Essa linha de pensamento é problemática porque, ao reduzir a probabilidade de um falso positivo desta maneira, os experimentadores significativamente aumentaram a probabilidade da alternativa, a de um falso negativo igualmente indesejável, i.e. declarando que Natasha parece não ter nenhuma capacidade quando aliás tem alguma. Tudo o que obter menos do que 5 sucessos realmente provou, sob condições que eram muito desfavoráveis ao exercício de suas habilidades (incluindo, seria mostrado, um dos sujeitos aparecendo estar rindo dela), era que ela não pode obter resultados perfeitos sob condições arbitrárias (e mesmo assim, tem havido discussões se seus ‘fracassos foram realmente fracassos; por exemplo, registros médicos adequados não foram fornecidos que confirmassem que os pacientes não tinham as condições que Natasha acreditou que eles tinham).
Há ainda o fato de que não havia hipótese nula, outro fato cientificamente suspeito dela ter que conseguir uma pontuação de ao menos 5 sob as condições pouco familiares do experimento, torna a ‘prova’ duvidosa do ponto de vista científico. E a experiência não forneceu absolutamente nenhuma justificativa para o Prof. Hyman dizer o que disse no programa, “minha esperança para Natasha é que crescerá … e abandonará este aspecto de sua vida … eu não penso que seja bom com o tempo para qualquer um de nós estar vivendo uma ilusão”.
Foi a experiência do CSICOP propaganda? Sim. A demonstração de TV foi “permanente”? No sentido discutido nesta seção, outra vez sim.
(Adicionado em 13 de dezembro de 2004 ) Mais análise, feita por Julio Siqueira, baseada em parte na troca de correspondência com os investigadores, está agora disponível:
CSICOP vs Natasha Demkina, a Menina com os “Olhos de Raios-X”.
respostas embaraçosas.
7. Conclusões
Deve-se ser desconfiado dos procedimentos do CSICOP? Deixemos o leitor decidir.
A decisão inicial para considerar uma contagem de 4 acertos de 7 como um ‘fracasso’ quando a probabilidade de obter tal contagem é de menos que dois por cento está dificilmente em passo com a prática científica normal. Tendo adotado-a, e usado-a para declarar Natasha um fracasso (“Ela fez a alegação, nós testamo-la, ela não passou na prova”), os investigadores baseados nisto parecem ter tido uma presunção automática de fraude ou ilusão (“as pessoas acreditam que ela pode fazer … como pessoas espertas chegam a acreditar em coisas que não existem? “).
A manipulação de conceitos tal como “fracasso”, e o abuso de estatística, são corriqueiros no mundo da propaganda. Isso é o que acontece aqui, ou ciência honesta?
Não é incomum a organização do CSICOP assumir uma autoridade que não merece. Tais organizações são em realidade grupos de pressão, tomando cada possibilidade que eles podem conseguir para pressionar suas crenças nos meios de comunicação, freqüentemente em meios que ficaram caracterizados como enganadores. Os representantes dos meios de comunicação necessitam estar resguardados contra este tipo de coisa. Algumas recomendações dirigidas em direção a este fim seguem:
Mantenha suas faculdades críticas ativas, e tenha em mente que o que parece, em face disto, ser uma investigação científica imparcial pode na realidade tem uma agenda subjacente declarada. No caso acima, por exemplo, a escolha de ponto de corte, e o modo que o ‘fracasso’ foi manipulado, pelo contrário, fortemente sugere alguma intenção deliberada, mas em outros casos pode ser mais difícil de julgar.
Como um corolário, levando em conta tal incerteza, é de bom tom, em relatórios escritos, evitar frases tais como ‘cientistas mostraram’ : em vez disso, você pode falar em termos de ‘alegações’, que carrega uma conotação menor dos pronunciamentos dos cientistas serem uma verdade absoluta.
7. Links
Alguns sites e links fornecendo críticas a estes tipos de atividades:
Quem é Quem na Mídia Cética
http://www.alternativescience.comCSICOP e os Céticos (por George Hansen)
e aqui estão os links para as duas home pages das duas organizações discutidas, CSICOP e CSMMH.
O relatório acima foi produzido por Brian Josephson
Artigo disponível em
http://www.tcm.phy.cam.ac.uk/%7Ebdj10/propaganda/