Luz,
O ceticismo científico atual apenas herdou o nome do ceticismo filosófico, para reforçar que um cético não possui crenças e está sempre duvidando de alguma coisa, buscando achar provas. Ao estudar Filosofia, verá que qualquer referência ao ceticismo é bem diferente da que usamos por aqui. Esse ceticismo filosófico é absoluto, e envolve todas as coisas às quais se pode pensar. Até mesmo a própria existência de tudo e, inclusive, de quem pensa.
Entenda que os céticos daqui não são assim. Não duvidamos da nossa própria existência nem nada tão extremo. Temos convicções que, geralmente, usamos em conjunto com a lógica e o empirismo para definir um mínimo de realidade. Estamos abertos a qualquer sugestão que possa explicar o mundo melhor, mas a descartaremos se não seguir os critérios científicos.
É por isso que estamos sempre pedindo evidências, provas ou demonstrações sobre alegações religiosas ou metafísicas. Entendemos que, para tentar explicar o mundo, devemos utilizar apenas o que dispomos na realidade e só cogitamos a existência de algo mais se nada mais puder explicar algum fato. Essa é a Navalha de Ockham.
Alenônimo,
O ceticismo científico, além do nome, herdou o princípio (ceticismo deriva de um verbo grego que significa “olhar cuidadosamente” e no caso, esse cuidado equivale a “questionar” o conhecimento adquirido e não a possibilidade de adquirir conhecimento), a estrutura (lógica, pensamento crítico, coerência, percepção, etc) e os métodos [empirismo – Sexto Empírico (séc. ll-lll d.C), Navalha de Ockham – Guilherme (Willian) de Occan (1300-1350 d.C) etc] adicionando a tudo isso o “método científico”.
A crítica “absoluta” das certezas baseadas na razão, concluindo que o conhecimento não é possível, ate mesmo a existência, inclusive de quem pensa, são características do “cinismo”, ao que tudo indica, formulado por Pirro de Elida (360-270 a.C). E apesar de cinismo e ceticismo não serem de forma nenhuma a mesma coisa, são muito confundidos, pois o cético (filosófico ou científico) pode adotar a postura cínica, embora, não necessariamente.
A questão é que como o método científico está limitado apenas ao que pode ser “fisicamente” verificado, ele limita o ceticismo científico às mesmas circunstâncias, obrigando, necessariamente, tudo aquilo que não pode ser “comprovado” (lacunas e limitações, assim como modelos, hipóteses e terias científicas relativas ao plano intelectual, e também ideologias de forma geral, religiosidade, misticismo, pseudociência etc) à analise do ceticismo clássico. Em resumo, isso significa que o ceticismo científico deve ser preferencialmente adotado para toda questão “fisicamente” verificável e o clássico para as hipotéticas.
O ceticismo é um processo de filtragem e nunca foi sua “função”, principalmente do científico, “reforçar” qualquer idéia, muito menos a de que o cético não possui crenças, na defesa “sutilmente” disfarçada de defender a postura ateísta, mas ao contrário, submeter toda e qualquer idéia, inclusive o próprio ateísmo, ao questionamento, a argumentação e ao método científico quando possível, como sugeriu Carl Sagan no trecho postado nesse tópico, embora ele próprio fosse ateísta, no sentido religioso da palavra, quando escreveu o livro. A idéia era separar ideologia, no caso ateísmo, de ceticismo e mostrar que embora as duas coisas possam ocorrer paralelamente não existe a necessidade de correlação.
E tanto a Ciência que declaradamente admite suas limitações sempre substituindo verdades antigas por novas verdades em função de suas constantes descobertas quanto o ceticismo clássico ou científico não recomendam alimentar convicções, mas apenas a crença nas possibilidades.
Muito ao contrário do que é reiteradamente afirmado por aqui a Ciência e o ceticismo, inclusive o científico, exigem sim a “prova” tanto da existência quanto da inexistência de qualquer coisa para toda “afirmação” feita. É permitido acreditar, mas não afirmar a veracidade do que se acredita sem provas que sustente a afirmação, seja ela qual for. E do ponto de vista cético, tanto o teísmo quanto o ateísmo são crenças em possibilidades e não certezas “comprovadas”, pois esbarram nas limitações do ceticismo científico. E no caso, por teísmo, não me refiro a crenças religiosas.
Wikipedia:
O ceticismo científico tem relação com ceticismo filosófico, mas eles não são identicos. Muitos cientistas e doutores que são céticos quanto às demonstrações paranormais não são adeptos do ceticismo filosófico clássico. Quando críticos de controvérsias “científicas” ou paranormais são ditos céticos, isto se refere apenas à postura cética científica adotada.
O termo cético é usado atualmente para se referir a uma pessoa que tem uma posição crítica em determinada situação, “geralmente” por empregar princípios do pensamento crítico e métodos científicos (ceticismo científico) para verificar a validade de idéias. Os céticos vêem a evidência empírica como “importante”, já que ela provê provavelmente o melhor modo de se determinar a validade de uma idéia.
Apesar de o ceticismo envolver o uso do método científico e do pensamento crítico, isto não necessariamente significa que os céticos usem estas ferramentas constantemente ou simplesmente achem que existe evidência de sua “crença”.
Acho que você resumiu bem. Pior que isso é que o ceticismo filosófico parte de um pressuposto que sequer ele próprio discute: o de que não há como sabermos a verdade. Isso é um dogma que nem os "céticos filósofos" se deram conta por aqui.
Depois vêm as definições de dicionário, onde também se poderá ver que teologia é ciência, afinal, é uma área do conhecimento.
Ciência atual é outra coisa, assim como ceticismo moderno.
Atheist,
O ceticismo filosófico não afirma que não há como conhecer a verdade, mas apenas que toda verdade é questionável. E isso não é um dogma, mas um processo que pede um “olhar cuidadoso” em relação a todo conhecimento adquirido, como por exemplo, esse que estou postando aqui. Por isso, além dos sites relacionados (já que a Internet deve ser considerada por qualquer cético como uma das fontes de conhecimento mais questionáveis que existem), sugiro a leitura dos livros que ajudaram a construir minha interpretação “A História da Filosofia” e “Grandes Filósofos – Biografia e Obra” da coleção “Os Pensadores” da editora Nova Cultural.