É mais ou menos da forma como ocorre a evolução nas espécies. Não há um objetivo final. A evolução do espírito segue um caminho diferente da biológica (um padrão diferente), pois se dá por meio do aperfeiçoamento, e não pela adaptação a um ambiente. É que nem um ser humano que vai ganhando experiências ao longo da vida. Porém o espírito faz isso por meio de várias existências, ao contrário do corpo físico, que só faz em sua existência enquanto funcional.
Vocês querem prova de laboratório? Sinto muito, mas eu não tenho isso. Às vezes fico pensando assim. Será que somos capazes de conseguir controlar todos os fenômenos da natureza em uma sala especializada? E os que não podem ser controlados ou reproduzíveis, não existem? Como resolver este dilema então? Para mim o método científico não é o único caminho de se obter conhecimento. Sinto muito por não pensar como vocês, mas é assim que eu penso. O método científico só é capaz de compreender fenômenos que podem ser controlados, e a partir disso se construir uma teoria. Mas parece que nem tudo se adequa a isso. Portanto penso que, para certos fenômenos, é, no momento, mais adequado outros tipos de métodos que não sejam necessariamente pelo controle e mensuração.
Quanto à imortalidade, nem sempre acho que isso seja um prêmio. Ainda que se evolua, normalmente seu evolui pelo sofrimento (na maioria dos casos). Ou seja, em certo aspecto é melhor se apagar depois da morte do corpo físico do que depois disso ficar consciente e continuar sofrendo. Imagine como seria ser imortal e não poder se livrar do sofrimento por um longo tempo. Ficar sofrendo séculos ou milênios (dor psicológica)? Tendo que se submeter à dor, se você ainda não consegue se aperfeiçoar de outra forma?
Para mim essa idéia de achar que ser imortal é bom acho essa associação uma grande besteira. Nem sempre é bom ser imortal. E é ruim reencarnar, você lá no além curtindo sua erraticidade e então ter que se ligar a um corpo. Os desencarnados relatam que a experiência é ruim e assustadora quando o espírito volta a se ligar a um novo corpo. Você começa a se sentir como se estivesse sendo amarrado em algo. Você perde parte de sua liberdade. Perde a consciência e então acorda... se sentindo sendo puxado para fora de uma câmara aconchegante que te protegeu durante nove meses para então sentir aquele frio do ar condicionado das salas de cirurgias, e então aquelas sensações estranhas e desagradáveis quando os médicos colocam um tubo dentro da sua garganta (para tirar resíduos), entre outras coisas. Fora todo o sofrimento que você terá durante sua encarnação.
Se parar pra pensar um pouco, verá que se está o tempo inteiro imerso no sofrimento. Ou seja, existem certas situações em que simplesmente não parece bom ser imortal. E então a mesma situação se repetindo por várias existências a fio... Há aqueles que acreditam sim como forma de prêmio para si mesmos, mas no meu caso eu quero é eliminar esta sensação de prêmio. Para então sair do ópio espiritual e então ver as coisas pela ótica da razão, de forma mais clara do que pela busca de conforto, que obscurece sim a razão. O religioso em geral busca esse prêmio por meio de uma crença, mas no meu caso eu estou indo para um caminho oposto. O meu objetivo com a espiritualidade não é a zona de conforto, mas sim a compreensão por outros elementos que não somente o método científico.
Não acho correto se buscar o conforto pela idéia da reencarnação. Isso é para aqueles que se apegam demais a este mundo, às coisas deste mundo. Não que eu esteja totalmente desapegado a este mundo, mas o que ocorre é que quanto mais o tempo passa, maior a minha decepção em relação a este mundo. Talvez por isso acabe ficando muito mais desapegado por isso, às coisas mundanas (mais uma vez, pela dor). E com isso, consequentemente, acabo vendo as coisas de forma mais clara, como é realmente o ser humano, o mundo. Mas isso não significa que eu tenha que me submeter à filosofia reducionista. Posso muito bem resolver seguir um caminho que acho até mais interessante do que o reducionismo, e sem para isso buscar conforto que, como já disse, não é o que quero.
Conforto mesmo, para mim, só por meio de uma afetividade material, e não espiritual. É assim que funciona comigo.