O problema dessas áreas é que elas não são muito "limpas", não se baseiam tanto em evidências empíricas (como a Biologia, a Física ou a Química, por exemplo) e permitem interpretações diferentes conforme convém com a linha ideológica do pesquisador (não que não haja um enviesamento em outras áreas do conhecimento, porém, o próprio mecanismo científico dá conta de eliminar o que é falso).
É uma generalização apressada. A maioria dos estudos em ciências sociais utiliza métodos quantitativos de análise de dados com validação estatística. A questão é que, em certas circunstâncias, os pesquisadores (de qualquer área) precisam elaborar modelos amplos para compreender a realidade e fazer previsões. Dada a dificuldade de falsear esses modelos, os campos de estudo acabam se dividindo em escolas. Mas apesar de essa divisão acontecer bastante em ciências humanas e sociais, acontece também nos mais diversos campos, e até na matemática, ao nível de a validade da demonstração de um teorema ser objeto de disputa por séculos.
Não estou querendo generalizar, pois eu sei que métodos científicos são utilizados em estudos sociológicos sérios.
Na Matemática, existem teoremas matemáticos ainda não solucionados, que causam discórdia dentro da Academia. Porém, quando são solucionados, revisados por pares até a exaustão, e comprovada a solução, você não têm "Escolas de pensamento matemático"* diferentes discordando sobre a solução. Ninguém da academia hoje discorda da solução do Teorema de Fermat dada por Wiles(até onde eu saiba), por exemplo. Isso não me parece ocorrer dentro das Ciências Sociais e Humanas, que parecem ter várias escolas, que além de discordar de métodos, também discordam de resultados. Me corrija se estou errado, pois não sou da área de CS ou CH e posso estar falando uma besteira muito grande.
*Existem diferentes escolas matemáticas, principalmente no início do século XX, porém, a maioria delas são/eram focadas em métodos, talvez numa questão muito mais filosófica do que prática, e não tentam dar resultados diferentes a equações, ou discordam que 2+2=4.
http://www.if.ufrgs.br/ienci/artigos/Artigo_ID97/v8_n1_a2003.pdfOutra coisa: o que predominantemente se faz no Brasil em ciências sociais e mesmo em filosofia não é exatamente pesquisa no sentido de elaborar conhecimento novo e propor ideias originais. O que se faz aqui é majoritariamente exegese. Pegar autores e se aprofundar em seus conceitos, fazer amplas revisões bibliográficas, crítica textual etc. para esmiuçar ideias pré-concebidas. Assim, nossa produção nacional não é parâmetro sequer para o que há de ruim sendo produzido na academia, porque não estamos produzindo basicamente nada. É um grande erro, portanto, tomá-la como representativa do quadro geral.
Certa vez me falaram que ao menos no ensino de Ciências Humanas, as faculdades são ministradas dentro de um a ótica de uma Escola de Pensamento. Por exemplo, as faculdades de Ciências Humanas da UFRGS e da USP são declaradamente Marxistas. Os próprios professores dizem isso nas aulas, e as mesmas são ministradas com a ótica marxista. Isso também ocorre nas faculdades de Ciências Sociais?
Quer um exemplo prático? Em qual área que surgiram e vivem os pós-modernos?
"Eu tenho uma resposta maravilhosa, mas a margem deste post é pequena demais para contê-la."
Pós-modernos são como aquele primo chato que você tem que aturar. Aceite os filhos das Ciências Sociais e Filososfia. Mas refute os charlatões, e use o mantra do positivista malvadão: "Alegações extraordinárias exigem evidências igualmente extraordinárias".